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Por André Motta Araujo
Em sua terceira viagem internacional desde a posse, Lula e Janja foram conversar com Biden e… com Biden. A 40 dias de sua terceira posse, o tripresidente Luiz Inácio quer demonstrar ao mundo, e os EUA ainda são a maior caixa de ressonância do universo político, que seu governo deixará para trás o pesadelo chamado Bolsonaro – nome que remete a personagens fictícios do tipo Gollum, porque únicos e irrepetíveis. Jamais teremos outro presidente tão vilanesco, cuja marca registrada não foi uma escola, uma creche, um hospital, mas uma ideologia sinistra que cativou pelo menos 50 milhões de brasileiros que votaram nele e insistem em defendê-lo intransigentemente, em qualquer roda de conversa, o que quer que ele faça ou diga – sobretudo agora, nesta temporada tipicamente brasileira em Miami. É Flórida. E é o governo Lula.
Para Lula, nada mais cômodo e oportuno do que suceder algo como Bolsonaro – lembrando que, em seu primeiro mandato, iniciado em 2003, pegou a faixa presidencial das mãos de alguém como Fernando Henrique. Se mandar limpar uma fossa em frente ao Ministério da Educação, ele já terá feito mais do que seu antecessor, que nada fez em quatro anos além de cultivar fobias, preconceitos e inações contra brasileiros fora do eixo ideológico da extrema direita – os que não detonariam a pedradas a Praça dos Três Poderes. Ao defenderem seu ídolo, o único argumento de bolsonaristas convictos e golpistas é que, em antítese, Lula vai conduzir o Brasil ao comunismo – não levando em conta, literalmente, que petistas adoram o capitalismo. Em oito anos lulistas anteriores, os bancos, por exemplo, nunca faturaram tanto – e a lista dos bilionários da Forbes ficou engalanada. E nunca se desviou tanto também.
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Mas, nesses 40 dias, já deu para concluir que Lula não está facilitando as coisas. Com oito anos de experiência presidencial nas costas, e não foi uma má experiência, os primeiros passos de seu governo foram, por assim dizer, dispersivos – a começar pelos inéditos e rigorosamente absurdos 37 ministérios, incluindo o das Cidades, como se os demais fossem silvícolas. Na suposição de que todos propiciem políticas de desenvolvimento humano e econômico aos 210 milhões de brasileiros, são tantas pastas que suas eventuais propostas se perdem no ar.
Claro, óbvio mesmo, que Lula quer um Brasil melhor para os brasileiros – mas estes esperam sinais concretos, fortes sinais, como diria Eymael, do que realmente deve e pode ser feito. Falta aos primórdios do terceiro governo Lula uma concretude de programas, ações, planos, objetivos. Que tal uma proposta-mãe, uma ideia-líder, quem sabe até mesmo uma obsessão que convença os brasileiros de que Lula e Janja transformaram a suíte-mãe do Palácio da Alvorada em uma usina de megaprojetos, liderados por um?
Que tal a interminável e mitológica Estrada do Pacífico? Você já deve ter ouvido falar. Também conhecida como Rodovia Interoceânica, é uma estrada binacional de cerca de 3 mil quilômetros, que liga no papel o noroeste do Brasil ao litoral sul do Peru, através do Acre. O trecho da Estrada do Pacífico dentro do território brasileiro é identificada duplamente como BR-317, que vai da fronteira com o Peru até Rio Branco, e BR-364, de Rio Branco até o sudeste do Brasil. Aliás, dentro do Brasil ela começa em Limeira, atravessa a Bolívia e vai até a tríplice fronteira Brasil/Bolívia/Peru. É uma estrutura de asfalto tão complexa que os especialistas chamam essa estrada de “primeiro eixo multimodal Atlântico-Pacífico”, favorecendo a integração sul-americana de gentes e produtos. Ela começou a sair do papel em 2003 – no início do primeiro governo Lula. Sim, começou com ele. E, evidentemente, não terminou. Que tal agora? Bem, mesmo que a retomada da Estrada do Pacífico não seja feita na prática, seria um desses projetos mitológicos que sustentam um governo, de tanto se falar nele.
Isso é ponto pacífico.
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A rodovia Bioceanica ja esta pronta, no Brasil,Argentina e Chile, tem uma que vai de Santos Corumba MS. Arica Chile, tem outra que vai de Paranagua PR. pasando pelo Paraguay, Argentina ao centro do Chile. so falta dar o ultimo incentivo. Paraguay ja vai ao norte do chile pela bioceanica. ate os portos do pacifico do norte do chile, Arica e Iquique. A rodovia Fernao Dias e conhecida como a rodovia do mercosul!!
Lula não herdou uma batata quente de bolsonaro, Lula herdou uma sopa fervente, quase explosiva, que ele deverá aguardar que vá se esfriando até que seja palatável, pois que sopa quente se toma pelas beiradas. Sobre os 37 ministérios é de se dizer que o país poderia até contar com uma administração única e concentrada em vez de parlamento, ministérios e secretarias, pois não? SQN, quem não sabe dividir não governa. Se não souber administrar benesses, ou não souber como distribui-las, não poderá fazer política em meio às insuportáveis pressões e dissidências. O cerne da inteligência política do Lula é justamente saber conciliar os contrários e entre eles instalar uma confiança mínima, enquanto administra o poder para o bem de todos. Foi por aglutinar ministérios que o país se tornou essa massa insana e bestificada, útil a somente um grupo interesseiro e parasitário. Nem será necessário enumerar as consequências de um ministério só para tratar de direitos humanos, cidadania, mulher, direitos indígenas ou de um ministério único para tratar do trabalho e da previdência. Veja-se que nesses ministérios, por exemplo, todos os cidadãos sob suas responsabilidades perderam direitos, muitos dos quais irrecuperáveis, sem contar a perda de vida e saúde da população em geral. Sobre a idéia das estradas do Pacífico, consideradas as proporções continentais do país e as experiências conhecidas quanto ao acesso rodoviário integralizando o território interno e com paises vizinhos, temos a Transamazônica, que em certos trechos vai de nada a lugar nenhum, exibindo a nossa sempre ignorância na escolha de transportes para integrar nossas grandes extensões territoriais. Nosso governo de corpo sem cabeça, abriu mão de suas ferrovias, deixou perecer grandes riquezas e paralisou o avanço desenvolvimentista para sustentar a indústria automobilística e petrolífera exógena. Não será ocioso dizer que países com nossa extensão territorial, como a China e outros com uma enorme população proporcional como o Japão integraram habilmente seus territórios por ferrovias de grande velocidade para transporte de pessoas e de carga. O que o governo Lula quer fazer, sabemos, o que ele pode fazer, veremos. O que sabemos é que Lula sempre se supera no melhor sentido da palavra.
Nossa, que artigo mal escrito.
O cara tinha que enveredar por assuntos que, talvez, não conheça (Política, com P maiúsculo), para dar o recadinho que queria no penúltimo parágrafo?
Limpar a Latrina Bozominion levará algum tempo ainda !!…..
O mundo inteiro abdicando ha mais de duas decadas de automovel a combustão movido a combustível fossil e esse energumeno me vem dizer que construir mais uma estradinha de asfalto eh “o grande projeto de (pasmen) futuro para o pais”. Esse ai faleceu e esqueceram de enterra-lo.
Gostaria de saudar o retorno do André Araújo ao GGN, após mais de um ano e meio de afastamento.
Feliz pelos bons textos e matérias do site. Tem me lembrado a fase áurea do FdeSPAulo. Alento com tanta bobagem nos grandes potais de notícias…
A quantidade de ministérios é irrelevante, sendo apenas fato político – infelizmente necessário dada a dispersão política brasileira – e nunca administrativo.
O que interessa são as ações daí resultantes.
Vejo maior importância na existência de um núcleo propositivo e aberto a idéias e outro de controle das ações. O resto é capatazia de obras.
Satisfação imensa ver o retorno de André Araújo ao GGN. Bem vindo de volta, caro André
Muito Obrigado pelo seu artigo, André. Satisfação em reencontrá-lo, as suas comunicações sempre foram memoráveis.
Que showwww!!! André de volta!!!!