Uma Cena Típica da História Recente Pós- Ditadura na AL, por Jorge Alberto Benitz

Uma sugestão ao governo Lula: Para combater o vírus de extrema direita sugerimos como vacina a exibição do filme “Argentina, 1985”

Cena do filme “Argentina, 1985”. | Imagem: Divulgação

por Jorge Alberto Benitz*

No filme Argentina 1985, que recomendo, tem uma cena que deve retratar o que ocorreu em toda a nuestra triste latinoamérica das no pós – ditaduras militares. A cena se desenrola quando o promotor de justiça Julio Strassera (interpretado pelo excelente ator, Ricardo Darín) está a confabular e escolher uma equipe para levantar provas em cinco meses, para condenar os responsáveis pela ditadura,  Jorge Videla a frente, pelos crimes perpetrados contra a nação e contra o povo argentino.

Ao analisar nomes se sucede uma infindável negativa, diante dos possíveis escolhidos para tão difícil tarefa, acompanhado do dito fascista dado pelo promotor ou pelo seu companheiro, isto é, os elencados inicialmente para integrar a equipe, todos ou quase todos, eram pró ditadura seja por ideologia mesmo ou por mesquinhez que acomete profissionais de carreira de Estado do judiciário, legislativo e executivo cujo norte é ascender na carreira e/ou ganhar dinheiro. Em certo momento, quando o amigo e companheiro cito o nome de fulano, o promotor Strassera, de pronto afirma “Este é um clássico!”. Refere- se ao fato de que o fulano de tal citado era o típico sujeito que tinha sido de esquerda na juventude e, provavelmente, mesmo no inicio da maturidade que vai até os 25 anos, se não estou enganado, e depois, para se dar bem, dá uma guinada para a direita ou extrema direita, o que melhor convir.

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Para poder fazer bem seu trabalho, sem risco de traição ou qualquer outra canalhice comum quando se trabalha com carreiristas e dinheiristas, se cercou de jovens inexperientes, mas leais e confiáveis, como o seu inesperado braço direito, Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani), mais um grupo de jovens que não sei se eram estudantes ou procuradores em estágio probatório, no difícil trabalho de levantar provas, em cinco meses. Foi o que tornou possível o que parecia impossível de se prever naquela conjuntura madrasta e ainda permeada de medos. Nada mais atual, para nós brasileiros, que uma situação destas, não é?  

Uma modesta sugestão ao governo Lula: Para combater o vírus de extrema direita inoculado em doses cavalares aos militares via, por exemplo, “ensinamentos” de Olavo de Carvalho sugerimos como vacina a inserção, no programa curricular da AMAN e das palestras no Comando do Estado- Maior, da exibição, com posterior debate, deste filme. Sei, é um tratamento de choque mas, smj, torna- se imperativo depois de tudo que fomos forçados a vivenciar em 08 de janeiro e sofreu a república e a democracia brasileira durante o governo que se encerrou em 2022.

*Jorge Alberto Benitz é engenheiro e escritor.

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Redação

2 Comentários

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  1. o filme (que nem eh tao bom), por si so, nao vai transformar nenhum fascista/milico em gente. Tivemos uma CNV extremamente competente, mas a divulgação dos resultados de seus trabalhos foi um fiasco. Todas as midias (inclusive o GGn) deram (e continuam dando) muito mais destaque aos chiliques dos torturadores fardados do que ao conteúdo do relatório. As forcas armadas brasileiras so vao começar a mudar no dia em que os planos pedagógicos de suas escolas e academias estiverem sob controle civil (e do MEC) e politicas de cotas e acoes afirmativas forem plenamente implementadas nessas instituicoes. Seu artigo eh superficial e ingenuo, Jorge, com todo respeito.

  2. A sugestão não deveria ser apenas para calouros das FA’s, mas pra todos órgãos de controle, tipo MPU, CGU, MPF, Ouvidorias em geral, etc… e tb indicar onde acessar o filme, deve ter em algum lugar na “nuvem”.

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