Ajudantes de Bolsonaro apagaram 17 mil e-mails, mas esqueceram de limpar a Lixeira

Acervo foi enviado à CPMI dos Atos Golpistas e pode servir de prova para mostrar o envolvimento de pessoas próximas ao ex-presidente em possíveis crimes

Depoimento para CPMI do golpe do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante-de-ordens do então presidente Jair Bolsonaro. Crédito: Lula Marques/ Agência Brasil.

Quando um usuário apaga um e-mail ou arquivos, em geral, estes conteúdos são direcionados para uma pasta chamada Lixeira, até para que a ação possa ser revertida em caso de equívocos. Só quando tais arquivos são excluídos da Lixeira é que eles se tornam definitivamente inacessíveis.

Ainda que esta seja uma premissa básica da informática, os ajudantes de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparentemente não tinham tal informação, tendo em vista que havia um modus operandi para destruir vestígios das mensagens trocadas durante a gestão do ex-presidente. Assim, os ajudantes excluíram 17.354 e-mails funcionais da caixa de entrada, mas não da lixeira do servidor.

Todo este material foi enviado à CPMI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro e pode servir de prova para mostrar o envolvimento de pessoas próximas ao ex-presidente nos atos que depredaram as sedes dos Três Poderes ou em participação de outros crimes.

Mensagens suspeitas

Mauro Cid, coordenador-geral dos ajudantes de ordem, é um dos aliados do ex-presidente que não sabe apagar mensagens. Na lixeira dele foi encontrada um e-mail em que tenta vender um Rolex por US$ 60 mil para Maria Farani, ex-assessora do gabinete pessoal da Presidência, relógio este que foi recebido em viagem oficial e que, portanto, pertence à União.

Outro ex-ajudante flagrado é Osmar Crivelatti, que fala sobre a existência de pedras preciosas recebidas por Bolsonaro em uma viagem de campanha pela reeleição, em outubro de 2022, para Teófilo Otoni (MG).

Danilo Calhares foi o único ajudante de obras que conseguiu apagar, definitivamente, as mensagens que trocou entre dezembro de 2020, quando tomou posse, e novembro de 2022.

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Camila Bezerra

Jornalista

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