Bolsonaro faz discurso incentivando milícias rurais

"Os afagos do presidente às milícias urbanas já eram conhecidos. Agora ele incentiva a atuação das milícias rurais", diz Bernardo Mello Franco

Jornal GGN – Em discurso na Agrishow, feira de tecnologia para o campo que acontece em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (29) que defende a isenção de punição contra o proprietário rural que ferir ou matar um invasor.

“Será encaminhado um projeto nosso à Câmara, vai dar o que falar, mas é uma maneira que nós temos de ajudar a combater a violência no campo, é fazer com que ao defender a sua propriedade privada ou a sua vida, o cidadão de bem entre no excludente de ilicitude. Ou seja, ele responde, mas não tem punição. É a forma que nós temos que proceder para que o outro lado, que teima em desrespeitar a lei, tema vocês, tema o cidadão de bem, e não o contrário”, disse Bolsonaro.

Na avaliação do colunista do jornal O Globo, Bernardo Mello Franco, os agrados do presidente ao eleitorado rural incluíram ataques aos fiscais do Ibama e interferência no Banco do Brasil para baixar juros cobrados aos ruralistas, mas nada disso foi pior do que livrar de qualquer punição fazendeiros que matarem alguém dentro de suas propriedades.

“Os afagos do presidente às milícias urbanas já eram conhecidos. Agora ele incentiva a atuação das milícias rurais. O Brasil tem uma longa tradição de pistolagem no campo. Com a mudança proposta ontem, os matadores podem se livrar de qualquer punição — desde que o alvo dos tiros seja rotulado como ‘invasor'”.

Mello Franco conversou com a freira americana Jean Anne Bellini, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra sobre o que achava do discurso de Bolsonaro.

“Não sei se ele percebe a consequência dessas declarações irresponsáveis, que insuflam a violência (…) É um sinal verde para resolver os conflitos na base da força”, crítica.

Ela explicou ainda que é comum a ligação de bandos de ruralistas com o Estado. “Há uma mistura entre pistoleiros, grileiros de terra e policiais de folga. São milícias de fato”.

Anne era amiga da missionária Dorothy Stang, assassinada a mando de fazendeiros em 2005. Quando perguntada se ela se sentia mais ou menos segura, respondeu: “Menos segura, com certeza”. Para ler a coluna de Bernardo Mello Franco na íntegra, clique aqui.

Redação

4 Comentários

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  1. O fascismo se apoia socialmente em milícias. Foi assim na Itália, foi assim na Alemanha.

    Nada mais natural que um fascista queira formar e fortalecer milícias para dominar a sociedade.

    O que falta é a esquerda acordar e ver que tem que derrubar violentamente o governo OU VAI PARAR NUM PORÃO E NUMA VALA CLANDESTINA!

    Não existe caminho institucional para resolver o impasse atual do Brasil!

  2. Um ser humano com tamanho ódio, no cargo principal de uma nação é uma temeridade. O triste é que ele não apareceu hoje na política, está há pelo menos 3 décadas. Peguemos o fato de ter sido expulso ainda novo, da instituição que ele acredita ter nascido para servir, justamente por atos de insubordinação, indisciplina e terrorismo. O que ele já disse de desprezo em relação a presidentes do país, a sonegar impostos, a matar opositores, a ir exterminando órgãos e entidades dos direitos humanos. A todos os vínculos familiares suspeitos com gente “da pesada”, mas principalmente ao que ele CANSOU DE PROMETER NA ELEIÇÃO, HÁ POUCOS MESES ATRÁS então, o que esperar? Terror, ataques, divisões e muita violência.
    O pessoal do campo em muitos rincões já agem assim. Com malucos em papéis de comando a incentivar só me espanta se os militares acreditam que eles serão funcionais e resolutivos num ambiente bélico onde os milicianos, a exemplo do vizinho do presidente no RJ, terão armamentos bem superiores. Este pessoal assistiu muita série violenta na tv e acredita que aquilo funciona bem na vida real.

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