Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Brexit: quando a burocracia global leva a desastres políticos, por André Araújo

Por André Araújo

BREXIT – A BUROCRACIA GLOBAL LEVA A DESASTRES POLíTICOS – A burocracia da Comunidade Europeia em Bruxelas é uma das causas do EXIT votado no plebiscito inglês.

Burocratas não eleitos aos montes, 170.000 segundo o jornal Daily Telegraph, ocupam seu tempo criando dificuldades para a vida econômica dos países, emitindo regras e travas que incomodam a todos e não trazem nenhum benefício real.

Os burocratas de Bruxelas tem regras para o tamanho e curvatura dos pepinos, para a altura da espuma nos copos de chopp, 45 regras para batatas, sobre vinhos tem um livro do tamanho do Novo Testamento de regras desde a aragem do solo até o envelhecimento  no tonel, a burocracia da Comissão Europeia congelou a economia da Europa, tudo é proibido e tudo é controlado demais, gasta-se enorme tempo cumprindo regras.

O pior é que o mundo segue essa tendência que vem da Europa e contaminou os EUA, é regra demais para tudo, metade dos empregados das empresas trabalha no COMPLIANCE, o departamento  que fiscaliza o cumprimento de regras, é um imenso custo inútil e uma paralisia das iniciativas, acabam com os aventureiros e empreendedores que criaram a base econômica do mundo, negócios só existem quando gente que corre risco se aventura a montá-los.

O Brasil, na sua secular ignorância e volúpia de copiar, segue essas regras sem fim, as absurdas regras sobre lavagem de dinheiro, um crime de ficção inventado para atormetar pessoas físicas e jurídicas, infernizar a vida de pessoas de vida normal e de empresas produtivas que pega todos, menos os bandidos e terroristas que continuam traficando e operando sem problemas e contra quem teoricamente a lei se fez.

As leis de lavagem de dinheiro criminalizam toda a liberdade de empreender e arriscar, são tantos os controles que muita gente deixa de empreender porque os burocratas pretendem um mundo regrado e organizado que nunca existiu na vida real das sociedades, a maior parte dos negócios são cheios de altos e baixos e  de improvisos, de avanços e de recuos, de dinheiro que a tia emprestou misturado com o dinheiro de um antigo padrasto, nada disso é sempre muito claro ou muito bem explicadinho nos mínimos detalhes, esse excesso de regras e controles está paralisando a economia mundial, parte da revolta dos ingleses deve-se ao excesso de regras que torna a vida insuportável, Bruxelas virou sinônimo de burocracia inútil.

Na História real da humanidade e da economia há muita desorganização,  improvisação, muita bagunça, muito iniciativa de impulso, há especialmente muito aventureirismo, a base concreta da economia moderna foi construida basicamente por aventureiros e não por auditores com mestrado, de vida organizadíssima, as regras que os burocratas estão impondo em todos os níveis em escala global, internacional, nacional e supranacional estão bloqueando a vida e as iniciativas, a demonização dos offshores centers vão travar a circulação de dinheiro pelo mundo, sem todavia impedir o perfeito funcionamento das redes de tráfico de drogas, de armas, de pessoas, de produtos falsificados, de antiguidades, de animais, de madeira ilegal, em nenhum lugar ás comissões de lavagem de dinheiro impediram as 200 máfias que operam no mundo, cada vez mais fortes, não impedem o terrorismo em nenhum nível, mas interferem na vida das transações, das empresas, dos negócios, tudo é suspeito até mandar dinheiro para manter filho no exterior, tudo pode ser criminalizado, comprar um quadro do Volpi exige relatório ao COAF e explicações ao imposto de renda, tudo entra no radar das “operações”, as corporações do concurso público crescem geometricamente para dar conta do cumprimento de infinitas regras as quais pelo seu preciosismo e interpretações dúbias podem pegar qualquer um e é quase impossível que não peguem, são tantas e com tantos pontos nebulosos que ninguém, na prática, escapa de cair na rede da burocracia, para regojizo dos burocratas de terno escuro.

Os fenômenos BREXIT e TRUMP são reações a esse sufocamento por excesso de regras, não há mais liberdade para nada e com esses bloqueios o mundo fica paralisado, ninguém mais empreende, sonha com um empreendimento, faz o trabalho dos aventureiros.

Enquanto isso, a classe dos burocratas se expande, ganham muito bem mas não produzem nada, nem um pé de alface, seu ganhos saem dos que produzem e pagam impostos, eles mesmo são um peso inútil para a economia.

Na construção do imenso parque hidrelétrico brasileiro, o maior do mundo, houve a atuação de grandes lobistas, operadores, intermediários que juntam de um lado o investidor, de outro o construtor, de outro o fornecedor de equipamentos, liga todos ao governo concedente, depois procura o financiador, junta tudo e cria um projeto que se define em um leilão onde o lobista monta a estratégia do grupo, hoje todas essas etapas podem ser criminalizadas por burocratas do direito que veem em tudo o pecado e a ganância, mas sem o qual nada se cria.

Assim também foi em outros países, grandes negócios tem brokers e lobistas sempre, nada é “by the book” bonitinho e limpinho, tem sempre um lado mais cinzento nos grandes lances de negócios, na formação das grandes empresas, dos grandes projetos, nas fusões e aquisições, há encontros furtivos, há amigo do amigo, tem amantes, padrinhos e brokers em tudo, assim é a vida, a realidade, a História, as novelas são muito mais pálidas do que a complicada realidade, querer pasteurizar a vida por manuais de compliance só tem um resultado: nada mais se faz de concreto na economia, tudo se burocratiza e se mediocriza.  

Bruxelas é um dos epicentro desse processo de excesso de controles, de excesso de burocracia, de excesso de regras, o mundo tal qual o conhecemos foi construído por gente que hoje seriam todos suspeitos de crimes e encarcerados, desde Fernande de Lesseps, que construiu o Canal de Suez e faliu como picareta no Panamá até os “robber barons” que construíram as ferrovias americanas, Percival Farquhar que construiu boa parte da infraestrutura brasileira na primeira metade do século, de eletricidade a bondes, de telefonia a Vale do Rio Doce, de portos a companhias de gás, nos tempos de hoje nem teria começado, já estaria preso no primeiro movimento.

Com a economia inteiramente travada o Brasil vai andar para trás, sem o aventureiro não há negócios, burocratas não gostam de se arriscar e nem sonham em inventar grandes iniciativas e projetos complicados, mas o Brasil está sendo governado por eles, então esperam sentados por um novo ciclo de crescimento.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

29 Comentários

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    1. E quanto a OTAN?
      Nada a ver

      E quanto a OTAN?

      Nada a ver com o pânico de que o “exit” se espalhe parece provocar?

      Insatisfação com as guerras sem fim que os países europeus são instados a participar não tem qq peso nessa questão?

      1. A OTAN tem configuração e

        A OTAN tem configuração e objetivos completamente diferentes, é uma aliança militar que inclue os EUA e o Canada e está solida e sem nenhum indicio de alterações, ao contrario, nos ultimos vinte anos só se expandiu a leste até a fronteira russa.

        1. Só EUA, Canadá e países do

          Só EUA, Canadá e países do Leste Europeu até a fronteira russa? É isso mesmo? Da última vez que pesquizei sobre os países membros tinha Noruega, Dinamarca, Alemanha, França, Itália, Grã Bretanha, Portugal, Espanha … enfim, a quase totalidade da União Européia.

          1. Mas quem disse que é só EUA e

            Mas quem disse que é só EUA e Canada? Eu disse que a OTAN não é só europeia, ele inclue paises de outros continentes, ela já nasceu com toda a Europa Ocidental como bloco e depois da queda do Muro de Berlim passou a incluir tambem a Polonia, a Hungria, os paises balticos, encostando na fronteira russa e a causa primeira da crise ucraniana foi a Ucrania querer aderir a OTAN.

          2. EDA ( OCCAR )

                A Ucrania já está com um pé na NATO, pois em dez/2015 assinou sua “entrada” na EDA ( European Defence Agency ), na condição de ” associado “, o acordo inclusive foi assinado na sede da NATO ( Bruxelas ), pela Federica Morgherini, tanto que já neste ano a empresa estatal ucraniana “Ukroboroprom”, já esta em contatos com empresas européias visando desenvolvimentos conjuntos.

                 www.eda.europa.eu/info-hub/press-centre/latest-news/2015/12/07/eda-and-ukraine-sign-administrative-arrangement

             

          3. A OTAN é o braço armado do Imperialismo.

            Com a queda da União Soviética parecia evidente que a OTAN perderia o seu sentido, porém ela vive e se expande, contra um país que é capitalista neste momento, ou seja, o sentido da OTAN não é para ser um contraponto ao passado “perigo soviético”, mas sim impedir que países menores europeus sejam prejudicados nos seus negócios Imperiais.

            O atual aparente conflito com a Rússia é uma forma de manter o grupo coeso, mas a OTAN na realidade serve para manter a submissão da África, América Latina e parte da Ásia mostrando que estes podem sofrer retaliações militares se mexerem com os negócios europeus.

  1. Bom mesmo é u mundo sem regras…

    Se eu puser crianças de oito anos para aparar veludo, que se dane. Se eu puser trabalhadores em jornadas de 16h por dia, que se dane. Se eu mandar os velhotes embora, sem eira nem beira, que se dane. Se eu pagar um terço ou um quarto do que recebe um homem às mulheres, que se dane.

    Pra que regras, essas coisas odiosas que só fazem as pessoas se sentirem mal e atrapalham a criatividade e o empreendedorismo?

    Aliás, quando vier esse mundo sem regras, estou pensando em lançar um empreendimento de eliminação de barreiras: se teu chefe não te promove, matamos ele pra você. Ou se a sogra enche o saco, jogamos a velha na vala pra você. Não haverá regras, então, que se dane…

    1. As regras são necessarias em

      As regras são necessarias em um ponto certo, alem deste tornam-se um peso desnecessario e inutil.

      Veja-se a diferença de tamanho das constituições inglesa e americana com a nossa com mais de 300 artigos.

      No Brasil temos 110.000 leis e muito mais do que isso em portarias, resoluções, atos normativos e isso vai ao infinito,

      a Receita Federal emite Instruções todo dia, o Banco Central emite circulares a cada semana, ninguem nunca estará dentro de todas as leis, sempre alguma coisa escapa e lá vem autuação, auto de infração, processo.

      Depois vem as SUMULAS ás centenas, do STF, do STJ, do TST,  nãi tem fim , ninguem jamais estará conforme a tudo.

      1. André, concordo que a

        André, concordo que a quantidade de leis no Brasil é feita para que nenhuma pessoa fique livre do risco de estar infringindo uma lei por ter cumprida outra. A burocracia de kafka é pinto comparada com a brasileira rs. O meu temor é que os grupos que apoiam o governo temer , aproveitando-se de um fato justo que é essa burrocracia ao cubo, vão de uma vez para o  outro lado e crie uma desregulamentação total num momento em que o lado do trabalhador está bem fragilizado. 

  2. Burocracia a serviço de quem?

    “Bruxelas virou sinônimo de burocracia inútil”.

    Eu não acredito nisto. Ela é útil para alguém. E é por isto que ela está aí.

    Existe algum grupo, os mais poderosos do momento, lucrando com isto.

    O mercado financeiro! (?)

    Os “analistas econômicos” da Globo e demais da grande mídia estão lamentando esta saída inglesa.

    Isto é o suficiente para me dar esperanças de que foi algo positivo.

  3. Caro André

    Quanto à entrada e saída de dindin aqui vai um breve relato.

    Infelizmente sou síndico. Mais infelizmente ainda não há uma administração profissional. Alguns condôminos pagam ao subsíndico em dinheiro que paga alguma contas e fica com algum em caixa e às vezes deposita.

    Alguns depositam no banco, onde algumas contas são igualmente pagas e sempre há um milhão de taxas. 

    Há uma taxa de reforma, onde apenas proprietários depositam, mas que eventualmente, por faltar dinheiro no condomínio, retira-se algum.

    Eventualmente o trouxa aqui põe do dinheiro dele, devido à urgência para depois ser ressarcido.

    E para piorar, às vezes esqueço de registrar algumas entradas e saídas.

    Sentiu a situação em que me encontro ao ter de repassar o condomínio se não for contar com a compreensão dos moradores?

    Quando transporto para empresas de qualquer dimensão, passo a acreditar que teoria quântica de campos é mais palatável.

  4. Esse seu modo de pensar é

    Esse seu modo de pensar é muito  interessante, meu caro André. E mais espantoso é ver que pessoas que aqui vêm, apenas para ler, para ler e comentar  e, especialmente, comentar, as quais possuem um claro viés de esquerda, viés esse que significa – em resumo – apreço a um estado forte e seus controles (os quais vc está chamando genericamente de “compliance”), contradizem-se lhe apoiando. VC,meu caríssimo e ilustrado amigo, que tem tudo para ser um grande liberal… Porque, não se iludam, companheiros, isso do que o André está reclamando é simplesmente curado com um estado mínimo, deixando como tarefa do mercado a autorregulação. É o “laissez faire”, situação que deu origem à grande parte das riquezas contemporâneas, é a força criadora do capitalismo com toda a sua punjança, nela própria se escondendo sua força destruidora, nesse ciclo que se eterniza e que faz parte da essência do sistema.

    Portanto, caríssimos e contraditórios companheiros, apoiar um texto desse tipo, é finalmente aceitar que o mal que o estado causa é muit maior que um eventual bem contido em suas ações. Eu, liberal que sou, sou posso me congratular com vcs…

    1. O problema da esquerda é não entender planilhas de custos

      Não fosse isso, teriam meu apoio para todas as suas demais políticas. Como não entendem sobre custos, em geral dão opiniões erradas em administração e economia. Você diz: “dinheiro não dá em árvores”; e logo te acusam de neoliberal… Mas vejam: nem na USSR o dinheiro foi abolido, o que significa que até lá era preciso fazer planilhas de custos. E lá, como em qualquer outro lugar do mundo, dinheiro não dava em árvores…

  5. Caro André

    Achei que brincavas quando falou das restrições ou regras para venda de produtos. Corri atrás e fiquei abismado. Manda esse povo catar coquinho ( eufemismo).

  6. país das arábias

    Andre,

    Entendo a burocracia como algo necessário, só que na medida certa e não como vem sendo praticada no brasilsil.

    A idéia básica da burocracia é coibir notórios exageros e desvios de finalidades, assim como indicar através de normas o melhor caminho para uma determinada atividade, só que a idéia se perdeu pelo caminho sem que as pessoas tenham tido interesse em questionar, ou mesmo frear, a chuva de idiotices que foi sendo exigida ao longo do tempo. O principal agente a fazer funcionar este pandemônio foi, como não poderia deixar de ser, o Judiciário.

    Criar portarias prá isto e praquilo, normativos até mesmo para ir ao w.c. e um sem número de formas de controle, além de alimentar a nossa querida indústria do carimbo, aquela que emprega milhares de inúteis incompetentes em quase todos os 5.500 municípios do país, tem um custo $$$ fantástico, $$$ sistematicamente jogado fora, mas este é detalhe que jamais será analisado pelo exército de burocratas, até porque isto terminaria em auto-demissão.

    Sem dúvida, esta paranóia que veio para ficar só faz atrapalhar a vida da maioria, pois raramente é capaz de pegar o pilantra, por falar nisto, onde anda o Youssef amigo do moro, qual foi a pena que sobrou para o, incrivelmente, reincidente ? Já existem alguns empresários pegos pela LavJato andando livremente.

    É um país das arábias

  7. Regras para acompanhar

    Regras para acompanhar Lavagem de Dinheiro….. Segue um relato real. Por questões de segurança, locais e nomes serão omitidos.

    Gerente de agência bancária localizada próxima à uma favela. Agência de uma das maiores Instituições Financeiras do Brasil. Diariamente, uma senhora residente nesta favela, efetuava depósitos, em espécie, valores consideráveis, na referida agência. Sempre comparecia trazendo o dinheiro em uma sacola de papelão, nunca era incomodada por ninguem. Não precisa ser especialista para saber qual origem do dinheiro depositado. E o gerente e seu pessoal que estão nesta agência, o que podem fazer? Comunicar a movimentação para departementos responsáveis? Comunicar autoridades responsáveis? E a segurança dos funcionários da agência, como ficará, caso seja comunicado o fato para as instâncias pertinentes? Quem irá garantir a integridade dos funcionários e seus familiares? Não pensaram nisso pelo visto….

    1. Prezado,
      os bancos são

      Prezado,

      os bancos são obrigados a informar ao COAF qualquer movimentação atípica que ocorra relativamente a algum cliente, e também de  movimentações financeiras que ocorram  acima de R$ 100 mil. Isso é feito de maneira automática e não coloca nenhum gerente em risco. Com certeza, essa senhora aí já foi objeto de comunicaçao àquele órgão, que manda seus relatórios aos órgãos de investigação. A partir daí, cabe a eles a inteligência da matéria, que pode culminar com alguma operação policial.

      1. A comunicação automatica pelo

        A comunicação automatica pelo banco é acima de DEZ MIL REAIS para depositos em especie,  uma alteração para ser implantada reduzindo o valor para acima de R$2.000 em especie, o que acho um exagero.

  8. Que debate tolo em tempo de

    Que debate tolo em tempo de financista.

    Previdência Social e SUS são óbvios empecilhos para o livre empreendimento? Na sua lógica, parece que sim.

    Estimado autor, os capitalistas produtivos morreram. Tornaram-se idiotas financistas, sem nenhum benefício óbvio, azedos acumuladores de dinheiro (e quando acumulam, tiram de alguém). Espírito animal foi domado por algumas tigejas de suborno financista.

     

  9. “BURRO”CRACIA DE BRUXELAS

    Há muito não lia nada tão estimulante e verdadeiro! E olha, esta visão deveria ser óbvia. Aliás, o que nos falta é, exatamente, o óbvio, que precisa voltar à ter mais importância, pois, ficamos doentes de tanta novidade! O “novo” seria uma coisa muito boa se soubéssemos o que fazer com ele, mas, estamos longe disto; o ser humano às vezes é tão estúpido que, embora tenha conquistado grandes espaços de conhecimento, continua à agir como alguém que tivesse as ferramentas mais modernas do mundo, porém, não sabendo o que fazer com elas, usa-as para calçar o pé da mesa! Além disto é, normalmente, incapaz de pensar grande, deixar que imaginação e a criatividade o dominem. De tudo tem medo, tudo o assusta. Daí, a mistura que atropela, atrasa a vida e o faz continuar à agir tacanhamente: a da ignorância com o preconceito. Por mais que se traga novas ideias, nem se aprende a usá-las adequadamente, nem se abandona as antigas. Resultado: congela-se a evolução humana e termina vencendo, sempre,  a mesquinhês dos eternos poderosos cheios de ganância e egotismo.

    Ressalvadas as garantias mínimas propiciadas pelo Estado na educação, saúde, segurança e habitação, não há o que questionar nas observações do Sr. André.

  10. Discordo de maneira contumaz.

    Discordo de maneira contumaz. É certo que os regulamentos da União Europeia engessam a economia do continente, mas foi a burocracia europeia que reconduziu o continente europeu a um papel fundamental na geopolítica internacional, principalmente no período pós-Guerra Fria. Antes do Brexit, a UE tinha o maior PIB do mundo em dólares. Iniciou-se o processo de integração por meio de uma calculada aproximação econômica, a CECA, e foi concluída com uma união política, que inclui livre circulação de mercadorias e de mão de obra, uma moeda comum e a adesão de países de menor coeficiente de desenvolvimento relativo. A burocracia europeia é que desempenhou esse papel de integradora, em grande medida. E há de se notar ainda mais uma coisa: até mesmo as regulações têm sua defesa. O primeiro produto de exportação com denominação de origem, no mundo, foi o vinho do Porto, que Marquês de Pombal regulamentou para agregar valor às exportações portuguesas, diante da impossibilidade de revogação do Tratado de Methuen. O objetivo das regulações é agregar valor ao produto industrializado na Europa, principalmente aos produtos alimentícios. Parece que nada disso tem valor nesse momento, e que a UE está fadada ao fracasso. Só que não. A flexibilização de certas regras é que deveria estar em questão, e não o espírito do capitalismo.

  11. coitados!

    …o que levou à crise então não foi a desregulamentação mas o excesso de regulamentação?

    As maiores empresas do meu país têm sede na Holanda. Por causa do “excesso” de regulamentação, a lrlanda agora disputa este espaço com a referida Holanda. Inglaterra?! A Inglaterra tem muito que se queixar quanto a paraísos fiscais… Caiman, Ilhas Virgens e Bermudas são de quem mesmo?! Um colega de trabalho fazia uns rolos pela internet, era pago na Lituânia e usava aqui o cartão de crédito emitido lá. Deve ter sido a União Europeia que o obrigou. A quantidade de bancos quebrados que deixaram dívidas para o povo pagar estavam presos, limitados para empreender… excessivamente fiscalizados.

    Há burocracia para dedéu sim… sobre um monte de coisas absurdas (cotas para pesca ou produção de leite, comida vai para o lixo porque não encaixa nos tamanhos da UE… não se pode usar colher de pau para cozinhar.. bizarrices mil).

    Mas o dinheiro não tem razão de queixa não.

    O mapa da votação inglesa é clarissimo. Os vencedores no jogo da vida são a turma que orbita a City. Quanto dos paraísos fiscais alimenta esta City?! Londres se reergueu devido a isto – centenas de guindastes atestam isso. Os perdedores deram seu troco em Brexit. 

    Pode argumentar que tanta regulamentação afetaria o retorno da indústria que a Madame destruiu… mas pediria que excluisse o mercado financeiro da argumentação.

    Ou podemos encarar com cinismo..

    Coitadinhos! Queriam tanto produzir bens e retirar lucros de 5, 10%.. mas viram-se obrigados a sonegar e especular com todo o tipo de produto virtual… Coitados! Eles foram obrigados a lucrar sem ter de produzir porra nenhuma.

  12. Também sou contra a burocracia, mas…

    Também sou contra aburocracia, mas deixar de combater a lavagem de dinheiro só para não incomodar as empresas é o mesmo que deixar de subir o morro para combater os traficantes só para não incomodar os favelados. Afinal, os traficantes também são grandes empreendedores e trazem muitos empregos e benefícios para suas comunidades…

  13. Brexit

    O que é que é isso? Todos sabem que a burocracia em excesso é prejudicial até na hora de fazer amor. Mas daí pregar o “seja o que Deus quiser” é demais. Vamos voltar ao tempo da Revolução Industrial, onde não existiam Leis? Nem para os trabalhadores, nem para as regulações entre os países, que eram exercidas pela força dos canhões e das marinhas de guerra? Se o autor estivesse pregando o Anarquismo como forma de governo, com certeza seu texto iria provocar discussões interessantes. Mas se está pregando a radicalização do liberalismo que está implantado, mesmo com toda burocracia denunciada por ele, que quebre a cara e não consiga levar à frente sua ideia. Se com todas as Leis contra, como coloca o autor, a lavagem de dinheiro continua existindo, imagine sem elas.

    Em nenhum momento do texto identifiquei referências ao bem estar da população, preocupação com a questão ambiental. Muito pelo contrário, está claro que autor defende o capitalismo exacerbado, sem amarras onde a democracia deve também ser entendida como mais uma das burocracias que impedem o processo de empreendedorismo, como coloca o autor. Aliás, todos sabem que capitalismo não combina com democracia.

  14. O 09/11 do Reino Unido: a saida do Reino Unido da União Europeia

    Parece que muitas coisas estão acontecendo simultaneamente…

    O resultado esperado do referendo britânico sobre a filiação do Reino Unido à União Europeia, conforme pesquisas feitas dias antes, era favorável ao FICA  (‘STAY’).  No entanto, o resultado final foi SAI  (‘LEAVE’) por uma confortável margem de cerca de 4%.

    Agora, logo após o desastre do referendo no Reino Unido – desastre pois vai ser negativo para a maioria absoluta dos ingleses –, a campanha de Hillary Clinton à presidência dos EEUU vem com a notícia de que as intenções de voto a Donald Trump caíram abaixo de 40%!

    Como pode?  Parece manipulação de campanha eleitoral…

    Pode-se até mesmo fazer a pergunta:  estaria a campanha de Clinton usando o resultado do referendo no Reino Unido para promovê-la?  Mais ainda:  teriam eles acertado o resultado com antecedência?

    A ida do Presidente Obama a Londres para ‘ajudar’ Cameron na campanha pelo FICA, em abril, teve resultado negativo, conforme o jornal The Daily Mail noticiou em 28 de abril:  “David Cameron esperava que a visita fosse decisiva no debate sobre o referendo;  mas, a pesquisa YouGov conduzida na segunda e terça feiras mostrou que a campanha pelo SAI havia subido três pontos desde a última pesquisa duas semanas antes.”

    De fato, a mensagem de Obama funcionou mais uma ameaça do que um conselho ‘paternal’ sobre as consequências do SAI, ao dizer ao povo britânico que o Reino Unido iria para o ‘fim da fila’ nos negócios estrangeiros dos EEUU se saísse da EU.

    Desde quando os ingleses aceitam ser instruídos por autoridades estrangeiras sobre o que devem e o que não devem fazer?  Quanto mais serem ameaçados!  Só assim se pode explicar o aumento na pesquisa pela escolha da saída da EU.

    Agora, tenho algumas perguntas que me parecem relevantes diante dos fato.

    Vamos por pontos:  em fevereiro, o americano Jim Messina, chefe da campanha presidencial de Obama, foi apontado Conselheiro Estratégico Sênior na campanha do governo britânico pelo FICA, ao lado do inglês Craig Oliver, Diretor de Comunicações do Primeiro-Ministro David Cameron.

    Messina, guru da campanha de Obama, como Copresidente da firma Priorities USA Action, a Super PAC, está também apoiando a campanha presidencial de Clinton nos EEUU.  Uma nota sobre as Super PACs:  tendo surgido em 2012, as Super PACS são entidades independentes (PAC é abreviatura do inglês Political Action Committee:  Comitê de Ação Política), que apoiam candidatos com doações ilimitadas, frequentemente anônimas, de empresas, sindicatos e indivíduos;  essas entidades não podem contribuir diretamente par o candidato, mas podem fazer propaganda sobre o candidato – ou propaganda negativa sobre seu oponente/s.

    A competição  (‘race’) pela presidência dos EEUU não é para principiantes.  Muito dinheiro é investido.  A atual campanha de Clinton já conta com mais de US$ 310 milhões, enquanto a campanha de Donald Trump, seu adversário, conta com ‘apenas’ US$ 66 milhões  (o total da campanha de todos os candidatos já ultrapassou US$ 830 milhões!).  O que está em jogo na presente campanha, com enorme impacto histórico, é a continuação da empreitada americana pela hegemonia global – na qual milhões de vidas já se perderam em diversas guerras regionais.  Enquanto Clinton representa a continuação da política atual, Trump representa a mudança.  E a mudança certamente acarretará em consequências para os EEUU que, de certa forma, poderia ser comparadas às consequências para o Reino Unido de sua saída da EU, consequências muito bem conhecidas antes do referendo por todos aqueles bem informados.  Por isso, podemos afirmar que, nessa ‘corrida’ pelo poder nos EEUU, tudo vale.

    Assim sendo, aqui vão as perguntas:

    Teria Messina compreendido que o SAI para o Reino Unido seria favorável à campanha de Clinton e desfavorável à de Trump?  E, sendo assim, teria ele criado as condições ideais para que a escolha do povo britânico fosse pelo SAI, inclusive com a ida do Presidente Obama ao reinado para ‘tentar’ convencer os ingleses a votarem pelo FICA, compreendendo que o efeito seria negativo?

    Em outras palavras:  teria o envolvimento de Messina na campanha pelo FICA influenciado, de alguma forma, o resultado do referendo pelo SAI, a fim de ajudar a campanha de Clinton nos EEUU?

    Além disso, estariam as consequências da saída do Reino Unido da UE sendo usadas agora para intimidar outros membros da UE?

    No extraordinário jogo geopolítico dos EEUU, tudo pode acontecer…  Somente com Clinton a elite pode garantir a continuação da política externa americana.  Se Clinton está se beneficiando do resultado do referendo britânico, a suspeita de interferência é válida e, também, a ideia de conspiração…

    Como alguém já sugeriu:  ou Cameron é o maior mentiroso do mundo, ou o maior tolo.  Por que teria ele ido em frente com o referendo, se era tão perigoso para o reinado?  Havia muito a perder!  Ou será que  o resultado obtido foi exatamente o esperado, e a elite britânica e seu governo foram cúmplices de uma conspiração para dar uma última cartada no jogo geopolítico pela hegemonia e pela continuidade das políticas externas agressivas do império americano?  Afinal, diante da quebra do sistema financeiro mundial, pode ser que a ordem agora seja quebrar tudo, a começar pela UE.  E, para isso, o Reino Unido seria o primeiro a se sacrificar…

    Veremos.  Com certeza, vivemos numa época muito interessante.

  15. Pedido ao caro André:

    Carissimo Andre,

    Repito aqui o apelo que fiz ao Jr. 50.

    Sei que esta grande, mas vc poderia me brindar com a sua leitura – e os seus comentarios – do meu post sobre o BREXIT?

    Publiquei ontem.

    Mesmo quando um de voces discorda de mim, sempre trazem um grande enriquecimento com a ENORME bagagem de voces.

    Aqui:

    >> Cameron tira faca do pescoço da UE, mas usa para haraquiri: os bastidores políticos do Brexit, por Romulus <<      

     ROMULUS            TER, 28/06/2016 – 11:52            ATUALIZADO EM 28/06/2016 – 16:04

    Cameron tira a faca do pescoço da UE, mas usa para haraquiri: tudo dos bastidores políticos do Brexit 

    Por Romulus

    POST ENCICLOPÉDICO:

    – Cameron tira faca do pescoço da UE, mas usa o punhal para cometer haraquiri – gênio!

    – Tudo o que você queria (e não queria mas deve) saber sobre os bastidores políticos do “Brexit”.

    – O tema “Brexit” permite muitas reflexões – extrapoláveis, inclusive para o Brasil! – sobre ciência política, economia política, direito (internacional, mas também teoria do poder constituinte), democracia representativa, federalismo, justiça distributiva – inclusive entre as gerações, geopolítica, relações internacionais e a malaise da sociedade contemporânea.

    *   *   *

    A semana que passou provocou fortes emoções. Como espectador do noticiário nacional e internacional, fui atingido por uma sucessão de sentimentos como surpresa, esperança, decepção, desprezo, indignação, decepção… – e mais desprezo e indignação.

    Não sabem vocês quais os eventos-gatilho que os provocaram?

    Respondo:

    (i) O Brexit; (ii) os 100g de maconha no avião caído de Eduardo Campos; (iii) o seu operador encontrado morto em um motel; (iv) a última rodada de operações-espetáculo da PF, MPF e Justiça Federal eivada de agenda e timing políticos; (v) o encontro entre o Ministro da Justiça e a força tarefa da Lavajato, para acertarem roteiro e compasso; (vi) a aceitação da segunda denúncia contra Eduardo Cunha pelo STF; e (vii) a cereja do bolo:

    – A apuração pelo Nassif do plano B do golpe: cassar a chapa Dilma/Temer no TSE em dezembro e ungir – não com azeite, como na Bíblia, mas com óleo de peroba, como no inferno – Michel Temer presidente em janeiro, em eleição indireta na nossa baixíssima Câmara baixa, a Câmara dos Deputados.

    Os sentimentos que esses eventos e revelações provocaram em mim talvez tenham sido partilhados por muitos dos leitores. Ou talvez por poucos, não sei…

    Isso porque vivemos tempos tão estranhos – no Brasil e no mundo – que há uma tendência à saturação e à dessensibilização. Por necessidade de sobrevivência e de manutenção da sanidade mental, tendemos a desenvolver uma certa apatia. Rumamos – muitas vezes deliberadamente – a uma alienação em busca de (alguma) salubridade no ar que respiramos.

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