Caso Marielle: delação de Ronnie Lessa pode envolver clã Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ronnie Lessa confessou o crime e dará detalhes sobre o planejamento da morte, mandante e financiadores

Foto: Reprodução

Atenção: Reportagem atualizada com a correção de informações. Ao contrário do que informado anteriormente, não há delação que envolva diretamente o clã Bolsonaro. As suspeitas ainda estão sendo investigadas.

Ronnie Lessa, ex-PM do Rio de Janeiro e acusado de matar Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, confessou o crime e deverá dar detalhes sobre os meses de planejamento da morte da vereadora, mandante e financiadores do assassinato, em acordo de delação premiada fechado com a Polícia Federal.

A informação da delação, divulgada pelo noticiário neste domingo (21), é uma das últimas etapas para a conclusão das investigações sobre a morte da vereadora, em março de 2018, que ficaram no limbo durante os últimos anos do governo de Jair Bolsonaro.

Ronnie Lessa foi preso em março de 2019, já indiciado por duplo homicídio qualificado. No ano seguinte, ele foi condenado à prisão. Sem avanços durante o governo Bolsonaro, a investigação restringia que Lessa seria também o mandante do assassinato, o que ele nega.

Antes da delação do ex-sargento da PM do Rio, em 2020, o motorista de Lessa no crime, Élcio Queiroz, que também foi preso, prestou depoimento aos investigadores. Em delação à PF e ao Ministério Público do Rio de Janeiro, no ano passado, Queiroz afirmou que Lessa teria recebido uma ordem para matar Marielle.

Que o ex-PM teria planejado o crime durante meses e que ele havia sido contratado para ser o motorista no crime algumas semanas antes, e que a morte de Marielle teria sido motivado por seu discurso contra a violência policial e a política de segurança pública do governo.

Agora, Ronnie Lessa fechou acordo de delação com a Polícia Federal e afirmou que dará detalhes sobre o mandante e os financiadores. O acordo está em fase de homologação pela Justiça.

Os investigadores também apuram a relação de Ronnie Lessa com a família Bolsonaro e a possível participação do clã no crime.

Lessa era vizinho do então deputado federal Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro. Os dois também eram conhecidos por frequentar os mesmos círculos sociais.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Melhor esse cara ser objeto de cuidado redobrado. Agora a vida dele não vale nada e os Bolsonaro podem se sentir tentados a abrevia-la.

  2. Seria prudente o STM já deixar prontas as condenações dos graduados oficiais que fecharam com Bolsonaro, com o seu clã e com seus pares, no fatídico (des)governo.
    Fazendo assim, eu penso que reduziriam bastante o desgaste da instituição militar.
    Caso insista na sua tradicional arrogância e truculência corporativista, simplesmente pode deixar entendido que está mais dedicado e mais interessado em preservar o seu mundinho de Clube do Bolinha, do que a imagem honrada e respeitada da soberana instituição militar, que é muito maior que todos que foram, todos que estão e todos que ainda virão estar, no STM.

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