Adoção irregular: Damares tirou Lulu da aldeia aos 6 anos para “tratamento”, e “nunca mais voltou”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Damares Alves tirou a indígena Lulu Kamayurá aos 6 anos de sua aldeia, no Xingu, prometendo levá-la para fazer um tratamento dentário. A menina nunca mais voltou. É o que narra reportagem da revista Época nesta quinta (31), sobre o processo irregular de “adoção”.
 
Há anos, em cultos e palestras, Damaras afirma que é mãe adotiva de Lulu. Já na condição de ministra da Mulher, usou Lulu várias vezes para afirmar que ela e a jovem, hoje com 20 anos, constituem um “núcleo familiar”. 
 
Agora, com as revelações de Época, Damares informou por meio da assessoria que é, na verdade, uma “cuidadora” com anuência da família de Lulu, e que trata a indígena como filha.
 
Damares se recusou a explicar por que, ao longo dos últimos 14 anos, não regularizou o status de adoção de Lulu. Por ser se tratar de uma indígena, além da Justiça comum, a Funai também deveria ter acompanhado o processo.
 
Na reportagem de Época, a avó paterna de Lulu, Tanumakaru, quem criou a menina do nascimento aos 6 anos, afirmou que “nunca” imaginou que Damares e a amiga Márcia Suzuki não devolveriam Lulu quando a levaram da aldeia, embora tenham prometido fazê-lo.
 
“Chorei, e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?”, comentou a avó.
 
Procurada por Época, Damares se recusou a responder uma série de perguntas. Insistiu que observou os direitos de Lulu e que a menina fez visitas aos parentes biológicos ao longo dos anos. Sobre a adoção estar com status irregular, Damares não disse nada.
 
Por meio da assessoria, a hoje ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos disse que conheceu Lulu em Brasília, e não na aldeia.
 
No seu Instagram, Damares postou um vídeo, em dezembro de 2016, relatando a visita do pai, da mãe e da irmã de Lulu. Segundo Damares, eles foram passar o Natal em Brasília.
 
“Lulu não foi arrancada dos braços dos familiares. Ela saiu com total anuência de todos e acompanhada de tios, primos e irmãos para tratamento ortodôntico, de processo de desnutrição e desidratação. Também veio a Brasília estudar”, afirmou Damares por meio da assessoria do ministério.
 
Segundo a reportagem, contudo, Lulu só visitou a aldeia, pela primeira vez desde que foi levada, há 2 anos.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Psicologia de almanaque e de botequim

    Todos os casos de sequestros de crianças em maternidades ou não, tem como fundo mães frustradas, desesperadas pela maternidade a qualquer preço e custo. No presente caso, pior ainda, pois uma concepção por vias naturais seria impensável, sujo e pecaminoso, digno de queimar no mármore do inferno. Essa senhora dá conformidade em todos os compêndios de psiquiatria. 

  2. Intenção subjacente???

    Nassif,

     

    Não seria o caso de se tentar criar um vínculo “familiar” com uma indígena, para abrir uma

    ação de integração forçada através de um suposto parentesco e assim, se intitular como

    detentora de direitos sobre a propriedade daquelas terras??

     

    Temos juízes dispostos a tudo…

     

  3. Intenção subjacente???

    Nassif,

     

    Não seria o caso de se tentar criar um vínculo “familiar” com uma indígena, para abrir uma

    ação de integração forçada através de um suposto parentesco e assim, se intitular como

    detentora de direitos sobre a propriedade daquelas terras??

     

    Temos juízes dispostos a tudo…

     

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