A loucura cambial de Lula

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1710201008.htm

ELIO GASPARI

Lula superou a loucura cambial tucana

Desde o início do mês o dólar está abaixo do valor real que tinha em 1998, durante delírio do tucanato

DESDE O DIA 30 de setembro, quando o dólar caiu abaixo de R$ 1,70, a turma do Comitê de Politica Monetária do Banco Central conseguiu quebrar a marca do câmbio tucano. A taxa efetiva do dólar, descontado o diferencial das inflações brasileira e americana, está poucos pontos percentuais abaixo do valor de 1998. Nosso Guia não conseguiu empurrar o país para o cotidiano da República Velha, quando se consumia manteiga francesa, mas a marca Président (sem ironia) já é vendida a R$ 5,50, contra R$ 4,15 de um bom produto nacional.

O dólar a R$ 1,66 corrói a produção brasileira. Revendendo algumas compras, sai mais barato passar o feriadão em Miami do que em Salvador. A deusa da fortuna botou essa coincidência aos pés de José Serra no auge da campanha eleitoral. Velho adversário dos juros altos e do dólar baixo, até hoje o tucano mal tocou no assunto. Será difícil para Dilma Rousseff insistir em que o câmbio chegou a esse ponto porque recursos externos estão entrando no Brasil. Afinal, centenas de milhões de dólares vêm para Pindorama porque aqui canta um sabiá chamado NTN-B. Trata-se de uma papel que remunera o investidor com a taxa da inflação, mais 6,15% ao ano. No mercado americano o Fed oferece 1,18%, a seco.

A discussão da taxa de juros brasileira e dos poderes extraconstitucionais que o Copom tem tornou-se um assunto tedioso, velha de 15 anos. Ela bem que poderia ser reaberta a partir de uma proposta simples: os nove sábios do Banco Central passam a preservar os áudios de suas reuniões, obrigando-se a divulgá-los num prazo de cinco anos. Assim cada um deles fica responsável pelo que diz e faz. Uma medida dessas aproximaria o Copom da instituição que gostaria de ser. O Federal Reserve Bank, seu equivalente americano, divulga suas discussões depois de um embargo de cinco anos.

Graças a esses áudios estudam-se hoje alguns erros cometidos durante o mandarinato de Alan Greenspan no Fed.

Luis Nassif

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