Eremildo – o idiota, no Bacalhau do Batata, por Sergio Saraiva

Elio Gaspari não brinca Carnaval, aproveita o tríduo momesco para exercícios mediúnicos. Deixou sua coluna a cargo de Eremildo. O idiota, no entanto, abandonou o serviço e caiu na folia.

Dispensando-se do necessário tempo de introspecção da Quaresma, Gaspari, nesta quarta-feira de cinza, 18fev2015, em sua coluna da Folha de São Paulo, antecipa a Páscoa e malha seus Judas em ”O galinheiro de ovos Fabergé”.

Sob o pretexto de surrar Eike Batista, amarra no poste dois programas do governo federal. O programa para a indústria naval brasileira e o FIES, programa de financiamento estudantil para o ensino superior.

Gaspari é um americanófilo, em vários textos já louvou o ensino pago das universidades americanas, donde ter simpatia pelas formas onde o próprio estudante banca a sua formação. Com o FIES não é diferente. Porém, crítico abre-alas do governo federal, Gaspari critica até os acertos nas correções de rota que o governo fez nesse programa.

“O governo propôs duas mudanças singelas: só terão acesso ao Fies os jovens que tiverem conseguido 450 pontos no exame do Enem e as faculdades com bom desempenho”.

E por singelas entenda-se irrelevantes, de pouca importância. Ainda que tais medidas aperfeiçoem o programa distinguindo o mérito de estudante e instituições de ensino, não lhe agradam os juros subsidiados cobrados dos empréstimos estudantis.

“… os empréstimos passaram a ser tomados sem fiador, a juros de 3,4% ao ano… o comissariado petista estatizou o financiamento das universidades privadas”. 

E desconfia da honestidade dos alunos:“ … a evasão dos estudantes beneficiados pelo Fies cresceu 88%. Pergunta óbvia: um garoto que abandonou a faculdade vai devolver o empréstimo que tomou sem fiador?”.

Preferiria que os estudantes tomassem empréstimos a juros de mercado junto aos bancos privados, dando todas as garantias necessárias e que se graduassem carregando uma hipoteca que só resgatariam próximo da aposentadoria? A educação não como uma política de Estado mas como mais um produto, tão somente. É assim nos EEUU. E se é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil – lema de vida de Gaspari e de boa parte da sua geração.

Mas o que incomoda mesmo a Gaspari é o polo nacional da indústria naval.

“Veja-se o caso do que se chama de polo da indústria naval. A ideia é banal. Assim como sucedeu com a indústria automobilística, o Brasil poderia produzir navios… [mas] ao contrário dos projetos similares do Japão, Coreia e Singapura, no Brasil não se respeitaram metas, prazos ou custos … jamais acreditará que, pelos tempos afora, se poderão produzir navios que custam mais caro que os do mercado internacional”.

A indústria automobilística nacional produz ou, pelo menos, vende automóveis produzidos no Brasil por um preço muito acima do internacional e Gaspari não quer se livrar dela. Mas parece-lhe um absurdo que o Brasil produza navios a um custo maior do que os que teria se simplesmente os importasse do Japão, Coreia ou Singapura. Gaspari não apresenta números, mas demos de barato que esteja certo.

O interessante é que Gaspari não considere que os navios produzidos Brasil são pagos em reais e os estrangeiros em dólar. Ou que os navios produzidos aqui gerem empregos aqui enquanto os produzidos no estrangeiro os geram nos países de origem dos navios. Que não considere que produzir conteúdo nacional, desenvolver tecnologia de ponta própria tem um custo. Mas que esse custo deve ser lançado na coluna de investimento e não na de despesas. E que o que o governo está fazendo tem um nome, chama-se política industrial. Não foi diferente, por certo, no Japão, Coreia ou Singapura.

Aceitaria se de Eremildo, mas não de Gaspari.

Ainda no campo dos estaleiros, Gaspari recorda de outros programas nacionais voltados para a indústria naval e que não deram certo. Vaticina, então, que o atual não dará também. Recorda que esses programas fracassados trouxeram grandes prejuízos aos cofres públicos. E cita um caso em especial onde levaram lucros a cofres privados:

“Primeiro veio o polo de Juscelino Kubitschek. Quebrou. Depois veio o da ditadura. Também quebrou. Com uma diferença: nele, os maganos transformaram seus papéis micados em moedas da privataria. Assim, um banqueiro que poderia ter quebrado investindo em estaleiros trocou o papelório pelo valor de face e comprou a Embraer. Agora está aí o polo do Lula, com suas petrorroubalheira”.

Que não se esperasse que Gaspari fosse deixar o “petrolão” de fora. É editoria da casa.

Lembremos, porém, que “privataria” – neologismo surgido da aglutinação das palavras privatização e pirataria, é da lavra do próprio Gaspari. Logo, ele deve saber do que fala. Mas o que chama atenção é que, para denunciar a roubalheira nos governos tucanos, o texto vá da ditadura a Lula sem citar o nome de Fernando Henrique Cardoso.

Eremildo é idiota, mas não é tolo. Sabe com quem pode e com quem não pode mexer.

Sim, porque um texto desses não é de Gaspari, é de Eremildo. Que deve tê-lo escrito alguns minutos antes de cair de cara no último bloco a sair no Carnaval – o “Bacalhau do Batata”.

Redação

10 Comentários

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  1. Nenhuma surpresa. Uma das

    Nenhuma surpresa. Uma das principais regras que vigora nas redações da “grande” mídia é: pra criticar de leve um tucano tem que bater forte em algum petista, seja lá qual for. O Boechat é a maior prova viva disso. Gaspari apenas aperfeiçoou a regra, chegando a esse requinte malabarístico que o Sérgio expõe no fim do antepenúltimo parágrafo.

    Idiota não é o Eremildo. Idiota mesmo é quem leva a sério essa gente…

  2. Muito bom, Sérgio

    Os textos do Gaspari ficaram tão previsiveis, não é? Esta parecido com o mediocre analista politico Arnaldo Jabor — ainda que Gaspari tenha muito mais bagagem e seja bem mais magano que esse. Mas basta ler o primeiro paragrafo para saber que todos se sucederão da mesma forma. Pena que a Alexandrina não funcione poeticamente, apenas uma retorica para eremildos se sentirem satisfeitos de pagarem para ler aquilo que os conforte, ainda que nem sempre compreendam. Paulo Francis, como reaça, ainda melhor naquilo que fazia.

     

     

  3. A estrutura de texto de Gaspari é repetitiva e enervante.

    Eu recebo um jornal em que aparece os textos de Gaspari, algumas vezes tento ler os seus textos, porém são de uma previsibilidade igual a filmes de terceira categoria norte-americanos, lidos os dois primeiros parágrafos e sendo uma pessoa que acompanha medianamente a política e economia brasileira não é necessário ir até o fim.

    Colunistas deveriam ser menos previsíveis e surpreender seus leitores, o que Gaspari não faz. Ele parece mais alguém que se auto-plagia-se do que um colunista de verdade. A impressão que dá é que Gaspari chegou ao seu esgotamento na vontade de pensar, o processo de plágio em pessoas com mais idade não é um sintoma de senilidade, mas sim um processo que indica o cansaço em procurar novas formas de se expressar, está dando certo porque mudar?

    Para um novo leitor de Gaspari seu texto pode até parecer interessante, mas para quem o acompanha a mais tempo, sem julgar o seu viés ideológico, Gaspari já desistiu de muita coisa tornando um texto, além de repetitivo, enervante.

  4. Élio Gaspari é um

    Élio Gaspari é um pretencioso. Se acha um Voltaire. Só lhe falta uma qualidade: a coragem. Como disse o Zizec no artigo de ontem (sobre o Charlei Hebdo): seu humor serve e muito ao status quo. Afinal como manter o status e o empreguinho sagrado se não escrever na cartilha dos patrões.

    Voltaire esteve sempre em conflito com o poder, mas por causas humanistas e para Gaspari cabe com uma luva a proposição do filósofo: “deveríamos julgar os homens mais pelas suas perguntas do que pelas suas respostas”.

  5. O cara sem nenhun compromisso

    O cara sem nenhun compromisso co a verade, selecuina linhas escritas num contexto.

          O PT faz isso desde os anos 80 com seus bancários,É uma atitude porca. Sempre vasculhando contas nacárias a a orifem do dinheiro, Uma ”CIA”  brasileira.

                Foi eleito Lula e Dilma por 16 anos.Mas eles não perdem o costume. Que gente maldita!!!( muitos mas não todos)

                     Colocarei o artigo de Gaspari, e não  precisa ter mais que UM neurônio pra perceber que não tem nada a ver com que esse pertubardo petista doente e fanático( desculpe a REDUNDÂNCIA escreveu)

    Numa de suas operações espetaculosas, a Polícia Federal apreendeu na casa de Eike Batista um ovo do joalheiro Fabergé, o queridinho dos czares russos. Valeria R$ 2 milhões e revelou-se uma cópia barata, daquelas que se compram no eBay por R$ 60. Cão danado, todos a ele. Essa seria mais um prova das mistificações megalomaníacas do empresário. Problema: Não há registro de que Eike tenha dito que aquele ovo era verdadeiro. Era apenas um momento de sonho. Uma pessoa poderia acreditar que ele tinha um Fabergé e sua vida não pioraria. Ferraram-se aqueles que acreditaram no seu império de portos, minas e campos de petróleo. Os Fabergés de R$ 60, bem como os pinguins de geladeira e as reproduções da Mona Lisa não fazem mal a ninguém. O problema é outro, quando se acredita em grandes lorotas empacotadas pela sabedoria de governantes e opiniões de sábios. Eike Batista foi uma delas, mas há outras.

    Veja-se o caso do que se chama de polo da industria naval. Nos últimos 60 anos, os contribuintes brasileiros patrocinaram outros dois. A ideia é banal. Assim como sucedeu com a industria automobilística, o Brasil poderia produzir navios. Primeiro veio o polo de Juscelino Kubitschek. Quebrou. Depois veio o da ditadura. Também quebrou. Com uma diferença: nele, os maganos transformaram seus papéis micados em moedas da privataria. Assim, um banqueiro que poderia ter quebrado investindo em estaleiros trocou o papelório pelo valor de face e comprou a Embraer. Agora está aí o polo do Lula, com suas petrorroubalheiras. Nenhum dos três polos navais deu certo porque, ao contrário dos projetos similares do Japão, Coreia e Singapura, no Brasil não se respeitaram metas, prazos ou custos. Uma pessoa pode ter um Fabergé de R$ 60 em casa, mas jamais acreditará que, pelo tempos afora, se poderão produzir navios que custam mais caro que os do mercado internacional.

    Tome-se outro exemplo, noutra área. O governo criou o programa Financiamento Estudantil, o Fies. Grande ideia: financia jovens que entram para universidades privadas, como se faz pelo mundo. Mexe pra cá, mexe pra lá, os empréstimos passaram a ser tomados sem fiador, a juros de 3,4% ao ano e entra quem pede. A Viúva paga, e os donos das escolas recebem o dinheiro na boca do caixa. Uma beleza, o comissariado petista estatizou o financiamento das universidades privadas. Uma faculdade de São Caetano do Sul tinha 27 alunos em 2010, todos pagando suas mensalidades. Hoje tem 1.272, e só quatro pagam do próprio bolso. Essa conta está hoje em R$ 13,4 bilhões. O governo propôs duas mudanças singelas: só terão acesso ao Fies os jovens que tiverem conseguido 450 pontos no exame do Enem e as faculdades com bom desempenho. Sucedeu-se uma gritaria. Os repórteres José Roberto de Toledo, Paulo Saldaña e Rodrigo Burgarelli informam que, entre 2012 e 2013, o número de estudantes diplomados do setor público cresceu 2%, enquanto no setor privado caiu 7%. Já a evasão dos estudantes beneficiados pelo Fies cresceu 88%. Pergunta óbvia: um garoto que abandonou a faculdade vai devolver o empréstimo que tomou sem fiador? Resposta, também óbvia: para o dono da escola, não faz diferença, pois ele já recebeu o dinheiro da Viúva e sabe mexer seus pauzinhos no governo, o grande galinheiro de ovos Fabergé.

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  6. Ignorancia enciclopédica

    Gaspari e Eremildo de idiota nao tem nada. O que falta neles é conhecimento naquilo que falam.

    se gaspari/eremildo tivessem feito uma pesquisa, ou mesmo lido, sobre a historia do ensino superior e suas universidades nos EUA nao falariam estas bobagens sobre o Fies.

    Ate a segunda guerra, ensino superior era coisa de abastados, aristocratas ou pessoal do andar de cima. As universidades eram todas, ou quase, particulares. Aceitavam, e ainda aceitam, somente quem elas querem. Pode ter GPA 4.0 , e se ela nao quiser o cara nao entra. Ou o contrario, sujeito fraco, pais fortes, e é admitido.

    mas ao final da guerra voltava ao pais alguns milhoes de homens, ex -combatentes, que eles chamam de Gi Joe. Passaram os ultimos anos na guerra, e nao tinha emprego para esta multidao. MAis ainda, boa parte nem tinha o ensino medio, high-school.

    foi  entao criado um conjunto de leis conhecido como Gi Bill. Era um pacote de assentamento para esta multidao. Financiamentos a custo quase zero para compra/hipoteca da casa, abrir pequenos negocios, etc. foi um boom de casamentos, wue deu origem a famosa geracao baby-boomers.

    uma das leis era um fomento para cursos de nivel superior, com taxas irrisorias. houve uma explosao de universitarios. As universidades nao estavam preparadas, e era comum alunos assistirem aulas em pé, pois as salas ficam superlotadas. Houve entao um crescimento enorme das universidades com a construcao de novos predios para aulas, moradias, etc. De certo modo parecido com o nosso Reuni.

    O resultado conhecemos, os EUA tem o maior sistema universitario do planeta. Todos os cursos sao pagoz, mesmo em univ. estaduais. As familias se preparam e economizam para mandar seus filhos.

    Entretanto, o que Eremildo e Gaspari nao sabem, é que 

  7. Claro que não falou, tampouco

    Claro que não falou, tampouco poderia falar do FHC, afinal o que foi de política industrial que aquele governo construiu?

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