Fuerza Nueva, o braço franquista na transição espanhola

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Partido fundado em 1976 tinha como intenção continuar os princípios da ditadura; presidente da Liga espanhola atuou na sigla

Blas Piñar López, fundador do Fuerza Nueva. Foto: Biblioteca Virtual de Patrimonio Bibliográfico – via Wikipedia

O posicionamento do presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas, com relação aos casos de racismo ocorridos no Campeonato Espanhol não chega a ser surpreendente quando se descobre a participação de Tebas no antigo partido extremista Fuerza Nueva.

Como lembra o jornal espanhol El Plural, o presidente da Liga Espanhola de Futebol foi chefe provincial das juventudes ultradireitistas Fuerza Joven na cidade de Huesca no final da década de 70 e, anos depois, representante da sigla nos meios de comunicação.

Fundado por Blas Piñar López (1918-2014) em 1976 como contrapartida à morte do ditador espanhol Francisco Franco e o início da transição de poder na Espanha, a intenção do Fuerza Nueva era clara: defender a continuidade dos princípios franquistas.

O Fuerza Nueva, na verdade, teve sua semente plantada por Piñar López em 1966, por meio da Fuerza Nueva Editorial, uma empresa e editora fundada em 1966 e que publica a revista de mesmo nome desde 1967.

Como partido político, a sigla adotou um modelo de fascismo espanhol monárquico-autoritário, carlista e tradicional-católico inspirado na monarquia absoluta próxima aos ideais iniciais de Francisco Franco Bahamonde.

Ao longo do período de transição política, o Fuerza Nueva apoiou ou interviu em diversos ataques realizados pela extrema-direita espanhola contra grevistas, políticos ligados à esquerda, sindicalistas, redações de jornal e até mesmo contra manifestações de bairro ou estudantis.

Um dos grupos de extrema-direita envolvidos em tais ataques se denominava Guerrilha de Cristo Rey, e tinha em sua formação diversos integrantes do Fuerza Nueva. Esse grupo foi responsável pelo assassinato de diversas pessoas, dentre elas a ativista Yolanda González, ligada ao Partido Socialista Operário Trotskista, em 1980.

A dissolução do Fuerza Nueva como partido político ocorreu em novembro de 1982, e suas ideias posteriormente foram absorvidas pela chamada Frente Nacional (1986-1993) e, atualmente, pelo partido de ultradireita Vox.

Contudo, o Fuerza Nueva segue ativo ao realizar eventos sociais e comemorativos em datas como 18 de julho (comemoração do Golpe de Estado dado pelos militares) e 20 de novembro (falecimento de José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange Espanhola, e do ditador Francisco Franco), além de manter a publicação de sua revista e de livros de temática religiosa, política e histórica.

(Com informações de El Plural e Wikipedia)

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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