Com coro de “imbrochável” em 7 de Setembro, Bolsonaro sujeita sua “virilidade frágil” às críticas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Momento Zorra Total, vexame, vergonha nacional: confira as reações ao discurso de Bolsonaro na Esplanada

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, durante desfile cívico-militar do 7 de Setembro de 2022, que comemora o Bicentenário (200 anos) da Independência do Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, durante desfile cívico-militar do 7 de Setembro de 2022, que comemora o Bicentenário (200 anos) da Independência do Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em pleno 7 de Setembro, aniversário do bicentenário de Independência do Brasil, o presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), puxou um coro de “imbrochável” junto à militância que compareceu à Esplanada dos Ministérios, na manhã desta quarta, em Brasília. Nas redes sociais, entre juristas, jornalistas, políticos e outros formadores de opinião, o episódio foi classificado como vexatório e a “virilidade frágil” de Bolsonaro ficou sujeita às críticas.

Falando a uma multidão, Bolsonaro fomentou uma comparação direta entre as feições de Michelle Bolsonaro, sua companheira, e de Janja, a esposa do ex-presidente Lula, que lidera a corrida presidencial.

“Vamos convencer aqueles que discordam de nós. Vamos convencê-los do que é melhor para o Brasil. Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. [Michelle é] Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não está ao meu lado, não: muitas vezes, ela está é na minha frente. E eu tenho falado aos homens solteiros que estão cansados de serem felizes: procurem uma mulher, uma princesa, se casem com ela para serem mais felizes ainda.”

A jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico, escreveu no Twitter: “No dia em que o ‘imbrochável’ transforma o bicentenário da independência numa ode à vergonha nacional, nunca é demais relembrar Simone de Beauvoir: ‘Ninguém é mais arrogante, violento, agressivo e desdenhoso contra as mulheres, que um homem inseguro de sua própria virilidade'”.

O jornalista Bernardo Mello Franco, de O Globo, descreveu a situação como coisa de comediante e afirmou que o ato na Esplanada – que deveria ser institucional, de Estado – foi um “comício”. “Momento Zorra Total no comício da Esplanada. Bolsonaro beija a primeira-dama e inicia um coro para si mesmo: ‘Imbrochável! Imbrochável! Imbrochável!’.”

A jornalista Vera Magalhães, que foi atacada pessoalmente por Bolsonaro no debate da Band, também comentou a vergonha nacional.

https://twitter.com/veramagalhaes/status/1567523205392306176

A jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, também resumiu o evento como comício eleitoral. Mais cedo, como o GGN mostrou aqui, até a primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, conferiu caráter eleitorado ao desfilo cívico-militar na Esplanada, ao bradar, junto à militância: “nossa bandeira jamais será vermelha”.

O jurista Lênio Streck ficou estarrecido com a conduta do presidente. Além de baixar o nível da cerimônia, Bolsonaro colocou o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, de escanteio, para dar protagonismo ao empresário bolsonarista Luciano Hang, investigado em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal por financiar atos contra a democracia.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT) viu o momento como um escárnio e um insulto à história do Brasil. “Brasil passando mais vergonha! O Bicentenário da Independência virou palanque eleitoral, sem representação política nacional, e o (Des)Presidente Miliciano faz um verdadeiro escárnio da Pátria brasileira, puxado o coro de ‘IMBROCHÁVEL’, em seu discurso.”

O ex-ministro da Saúde e deputado federal, Alexandre Padilha (PT), também comentou a situação:

Mais cedo, Bolsonaro fez uma ameaça golpista ao dizer que o golpe de 1964 poderia se repetir em 2022. “Seguramente passamos por momentos difíceis, a história nos mostra: 22, 35, 64, 16 e 18. Agora em 22. A história pode repetir. O bem vencendo o mal”, afirmou em entrevista à TV Brasil.

Para finalizar, uma aula de gramática com o escritor Sergio Rodrigues, colunista da Folha:

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. O antilulismo e antipetismo (que transparece o velho escravismo brasileiro) levou a isso. Ódio de classe. Qualquer porcaria desde que vença o PT.

  2. O empresariado que apoia o BOLSONARO é a PIOR AMOSTRA de EMPRESARIADO que o BRASIL já teve-elitistas, preconceituosos, autoritários, misóginos, fascistas , canalhas, conspiradores contra o direito dos trabalhadores, usurpadores das benesses desse governo de ULTRA-DIREITA, devastadores do MEIO -AMBIENTE, genocidas em potencial, destruidores da harmonia e PAZ SOCIAL, além de muitos estarem a favor da destruição do estado laico, a fim de impor no BRASIL uma DITADURA AGROPECUARISTA BOLSO MESSIÂNICA que , certamente conspirará para a DESTRUIÇÃO da LIBERDADE RELIGIOSA no BRASIL. E a maioria do AGRO que apóia BOLSONARO é a mais criminosa que se possa imaginar que esse país já teve. Bolsonaro tem que ser derrotado em outubro agora!

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