O crescimento dos socialistas na França

Por Fabrício Martins – @Fabricio_ms

O Escândalo envolvendo Éric Woerth, Ministro da Previdência, e a Herdeira da L’Oreal, Lilianne Bettencourt, pode ter o efeito de desmoronamento de um castelo de cartas.

Sabe-se que há muito Nicolas Sarkozy, nem seu governo, não conservam mais popularidade e simpatia do povo francês, no entanto nunca lhe faltou, nesses últimos 3 anos, a força política para implementar as reformas sociais de sua cartilha liberal. Comanda um bloco político atualmente majoritário na Assembleia, coeso e obediente, sob a supervisão de um Primeiro-Ministro, François Fillon, discreto, eficiente, leal e que nunca arremeteu contra as idiossincrasias do Sarkozismo.

A oposição socialista encontra-se imersa desde a tragédia eleitoral de 2002 na intragável e interminável guerra de chefes, mais precisamente entre os “elefantes” (pesos-pesados da hierarquia partidária) e Ségolène Royal (Ex-candidata à Presidência de 2007, que cultiva a independência da tomada de posições vis-à-vis o Partido Socialista).

Mas o cenário está mudando…

A oposição socialista acumula três vitórias eleitorais seguidas: municipais de 2008, europeias de 2009 e Regionais de 2010. Nesta última ganhando em 21 das 22 regiões administrativas da França Continetal.

No PS, a Primeira-Secretária, Martine Aubry, e Ségolène Royal assumem uma trégua e entram em acordo sobre as posições ‘do partido, seja sobre luta para que a idade da aposentadoria se matenha nos atuais 60 anos, seja na oposição aos cortes no Orçamento e a política do rigor.

Há Há que se notar que Éric Woerth, que está no centro do escandalo L’Oreal, foi até pouco tempo Ministro do Orçamento (ortanto, mentor do “rigor orçamentário”) e é o Ministro da Previdência (a quem cabe a elaboração do projeto de lei sobre a reforma das pensões).

A queda de Woerth provocaria o golpe derradeiro na imagem do Governo Sarkozy, sempre involto em suspeitas de favorecimento a grandes grupos econômicos (seja Dassault, Boygues ou L’Oreal). Ao colocar como alvo prioritário o cérebro responsável pela formulação das ações políticas chaves da atualidade francesa, é o legado Sarkozy que está em jogo.

Coube à Ségolène Royal dar o golpe mais forte na maioria presidencial. Em entrevista ao vivo no Jornal das 20H da TF1, acusou o Sistema Sarkozy de estar corrompido. O discurso sem meias palavras promoveu um rebuliço na classe política, gerando reações revoltadas, por vezes histéricas da Direita, e obrigando o PS a ir em seu socorro.

Ségolène Royal, atual Presidente da Região de Poitou-Charantes, re-eleita com uma vitória retumbante em março, mesmo em baixa nas pesquisas, é a única capaz (aparentemente) de colocar Sarkozy na defensiva.

Liderou a oposição à malfadada Taxa Carbono, aos esforços desencontrados do Governo em socorrer as vítimas da Tempestade Xynthia, aos cortes no Orçamento. Súa última plataforma política é promover um plebiscito sobre a reforma da Previdência. Parece ter acertado mais uma vez. Mais de 2 terços dos franceses são a favor da cpnsulta e a maior parte é contra a reforma.

Se cair o Ministro Woerth, Sarkozy perderá o “momentum” das reformas liberais. Perderá também aquele que foi o Ás de seu sucesso político, a capacidade de impor agendas.

Então será apenas o começo do fim… lento e agonizante fim.

Esta é minha contribuição sobre o panorama político francês. Espero que seja de alguma valia!

Abraço,

Fabrício Martins 

Luis Nassif

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