Unidos pelo petróleo líbio

Do Valor Online

Por David Gauthier-Villars | Wall Street Journal

PARIS – Os líderes mundiais se reuniram nesta quinta-feira em Paris para mostrar união no apoio aos rebeldes líbios que derrubaram o regime do ditador Muamar Gadafi e para discutir a melhor forma de ajudar na reconstrução do país africano após seis meses de guerra civil.

Michel Euler/AP Photo
O presidente francês e o primeiro-ministro britânico lideraram a ação militar internacional contra o regime de Gadafi

“Exortamos (o governo provisório da Líbia) a começar um processo de reconciliação e perdão para assegurar o que aprendemos com os erros cometidos em outros países”, afirmou o presidente da França, Nicolas Sarkozy, durante entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e de Mustafa Abdel Jalil, que lidera o Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT).

Mas por trás dos apertos de mãos e sorrisos está uma corrida global para garantir o acesso às riquezas naturais da Líbia: petróleo e gás. E uma desavença já está surgindo entre os países que tomaram parte da intervenção militar internacional contra as forças de Gadafi e aqueles que não participaram, como Rússia e China.

Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppe, disse que achava que seria razoável se as companhias francesas fossem beneficiadas com um acesso preferencial aos contratos líbios, considerando que Paris, junto com o Reino Unido, liderou a ofensiva militar internacional contra o regime de Gadafi.

“O CNT disse publicamente que, no esforço de reconstrução, daria tratamento preferencial àqueles que tivessem dado apoio a eles”, disse Juppe em entrevista à rádio francesa RTL. “Isso parece bastante lógico e justo”, acrescentou. Em março, a França foi o primeiro país a reconhecer o CNT como o “legítimo representante do povo líbio”.

A Rússia, que se absteve quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou em março uma resolução autorizando o uso da força na Líbia, tem defendido que a ONU, e não um grupo de pequenos países, deve assumir a liderança no apoio à reconstrução da Líbia.

MAIOR PRODUTORA DA ÁFRICA

A Líbia possui uma das maiores reservas conhecidas de petróleo da África e, até o início da guerra, era uma das maiores produtoras do continente, com uma produção diária de 1,6 bilhão de barris. Contudo, a produção caiu drasticamente e as exportações foram completamente suspensas quando a violência se intensificou e os analistas dizem que poderá levar de 12 a 18 meses para a Líbia retomar a produção nos níveis pré-guerra civil.

A Itália, ex-país colonizador da Líbia, que desempenhou um papel ativo na intervenção militar internacional, está sendo rápida na retomada dos negócios na Líbia. No início desta semana, a italiana Eni SpA, a maior companhia estrangeira de petróleo na Líbia, assinou um acordo com o governo provisório para fornecer gás natural e combustível para atender as necessidades imediatas da população local.

Nesta quinta-feira, o executivo-chefe da Eni, Paolo Scaroni, disse em uma entrevista que a companhia espera reabrir o gasoduto Greenstrem, que transporta o gás natural da Líbia para a Itália, fechada desde o início do levante.

Sarkozy e Cameron disse que todos os participantes da conferência concordaram em agir rapidamente para liberar bilhões de dólares em ativos líbios que foram congelados em fevereiro em resposta à violenta repressão de Gadafi contra os protestos contra o seu regime.

Os países já descongelaram cerca de US$ 15 bilhões em ativos líbios para ajudar o governo provisório a financiar as necessidades mais urgentes, disse Sarkozy.  “O dinheiro de ontem da Líbia deve ajudar a financiar as necessidades de hoje da Líbia”, afirmou o presidente francês.

OPERAÇÕES DA OTAN CONTINUAM

Enquanto o paradeiro de Gadafi não for conhecido, Cameron disse que as forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) vão continuar a operação militar para ajudar a derrotar os últimos focos de resistência das forças leais ao ditador.  “Esse apoio é muito bem vindo”, disse Mustafa Abdel Jalil, líder do CNT.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que seu desafio mais imediato é responder à crise humanitária na Líbia. No prazo mais longo, ele disse que o CNT pediu o apoio da ONU para estabelecer um sistema judiciário, uma polícia, organizar eleições gerais e escrever uma nova constituição.

(David Gauthier-Villars | Wall Street Journal)

Luis Nassif

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