As ações afirmativas

Por José Roberto Militão

Prezado LN,

a todos as boas festas. Ainda hoje (26/12) às 19:00 hs reprise na TV Senado, de debate que participei com o excelente Juiz Federal do TRF-RJ, Doutor William Douglas, dissidentes sobre as leis de ´cotas raciais´ nas Universidades Públicas. Tal projeto de Lei PLC 180/08, já aprovado na Câmara dos Deputados em 20/11, encontrava-se para ser aprovado no Senado Federal na semana pp. e foi adiado para logo após o recesso parlamentar, em fevereiro.

Como sempre, embora seja a favor de Ações Afirmativas, apresento argumentos contrários a identidade jurídica racial – pelos efeitos colaterais não desejados – e o ilustre Juiz, advoga a favor desse tipo de legislação.

Os comentários e críticas serão bem-vindas, o que não podemos é permitir que legislação dessa dimensão que vai alterar a cidadania das gerações futuras, seja acolhida por nossa geração, sem maiores debates e reflexões.

Por Antonio Arles

Nassif, que tal, para promover o tal debate que o Sr. Militão diz ser tão importante, publicar aqui no Blog o excelente texto do Juiz Federal Willian Douglas sobre suas posições sobre a questão das cotas. O texto foi publicado também no Viomundo do Azenha e o Endereço é esse: clique aqui.

Agora, fiquei com a impressão de estar ouvindo a Regina “Eu tenho medo” Duarte nessas curtas palavras do Sr. Militão. Parece que a estratégia de 2002, quando o jogo estava perdido, continua valendo.

Forte abraço.

Por Fernando Antonio Moreira Marques

As várias nuances do racismo

José Eduardo sucessor de Agostinho Neto na presidência de Angola só pode assumir o posto após ter trocado de esposa (uma mulata). Segundo seus pares era “branca” demais para ser a primeira dama de uma nação africana…

Seria o mesmo que dizer que Obama é “preto” ou “árabe” demais para ser presidente de uma nação americana ou que Evo e Chávez são “índios” demais para serem presidentes de nações colonizadas por europeus.

Os direitos humanos devem ser assegurados pelo Estado independentemente da gênese dos seus cidadãos. A verdade é que as políticas de estado são capengas com a maioria dos seus cidadãos, independentemente da cor de sua pele.

Se grupos existem, que pensam em termos de cor da pele, credo, mistura de etnias ou qualquer outro atributo, devem ter sua ação barrada pelo Estado de Direito. Infligem vergonhosamente os inalienáveis direitos da cidadania do grupo, seja de que mistura de credos ou etnias for, que forma aquela nação.

Aliás, não devemos importar problemas alheios. No fundo nos orgulhamos da herança cultural e racial que forma a nossa nação. E assim a queremos. Que outra nação apresenta um número tão grande de cidadãos mestiços. Não venham, os que acham que podem melhorá-la da noite para o dia por decretos, destruir o que foi progressiva e admiravelmente construído de forma natural e pacífica.

Muito existe a ser feito, mas devemos trilhar os caminhos corretos. Para os que estão com pressa em resolver, num piscar de olhos, todos os problemas da nação brasileira lembro que a Lei Áurea foi promulgada há, apenas, um pouco mais de cem anos. Os imigrantes europeus, que vieram por livre e espontânea vontade, levaram várias gerações para saírem da condição rural quase escrava, quando aqui desembarcaram, até conseguirem verdadeiramente se integrar à cidadania. Algumas cidades do sudeste ainda descriminam cidadãos do nordeste. Se for para resolver os problemas, não vamos ardilosamente segregá-los. Vamos resolver todos.

Luis Nassif

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  1. Nassif, que tal, para
    Nassif, que tal, para promover o tal debate que o Sr. Militão diz ser tão importante, publicar aqui no Blog o excelente texto do Juiz Federal Willian Douglas sobre suas posições sobre a questão das cotas. O texto foi publicado também no Viomundo do Azenha e o Endereço é esse: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/as-cotas-para-negros/
    Agora, fiquei com a impressão de estar ouvindo a Regina “Eu tenho medo” Duarte nessas curtas palavras do Sr. Militão. Parece que a estratégia de 2002, quando o jogo estava perdido, continua valendo.
    Forte abraço.

  2. Li o texto, mas o que ele fez
    Li o texto, mas o que ele fez foi reforçar minha convicção: as cotas são justas e urgentes para pobres e oriundos da escola pública, mas critérios de raça.

  3. … ser pobre é um problema,
    … ser pobre é um problema, ser pobre e negro é um problema maior ainda…

    Sou, sem nenhuma dúvida, a favor das cotas para pobres e negros.

    Não digo em causa própria, todos por aqui já se formaram, como não o é também pela cor da pele.

    Não podemos afastar qualquer coisa feita e a ser feita em favor de resolver ou minimizar o sofrimento de uma grande parte da sociedade vivendo em verdadeiros guetos, “produzindo” pessoas despreparadas, para não dizer o pior, alimentando um ciclo vicioso e viciado.

    Querer transformar o tema em assunto racial, é cortina de fumaça para esconder a oposição “raivosa” às políticas sociais implementadas recentemente, em detrimento ou dividindo preferência com as de investimentos produtivos.

    Os defensores do estado mínimo, agora detonados pelos acontecimentos mundiais, sempre defenderam que a iniciativa fosse privada, mas o que não diziam e não dizem é que a fonte deve ser estatal…a velha leiteira…
    Querem exclusividade…é isso que escondem…

  4. O prezado Militão está tão
    O prezado Militão está tão preocupado com a cidadania das gerações futuras que, infelizmente, se esquece das gerações passadas, que tiveram negada a cidadania, e das gerações presentes, que podem não ter futuro, caso algo não seja feito. Raça não é uma criação meramente ideológica, Militão, é um fator político. Nem se discute se raça existe ou não no sentido biológico; o fato é que pessoas morrem e são excluídas por um sistema que, declaradamente ou não, utilza o critério racial. Queira você ou não a idéia de raça é uma estratégia real de poder que está entranhada nas relações e nas instituições brasileiras.

    Não se pode falar em cidadania quando boa parte da população não está representada nas instituições políticas, exatamente por conta deste critério racial que você quer negar. Se discorda, explique porque os jovens negros pobres morrem em maior número do que os jovens brancos pobres, porque há mais brancos na universidade do que negros (inclusive na docência), e porque boa parte das mulheres negras, mais do que as brancas, não tem acompanhamento de saúde.

    E quem disse que não é possível criar políticas públicas que combinem os dois critérios, o racial e o sócio-econômico?

    Abraços!

  5. O texto do Juiz Federal
    O texto do Juiz Federal William Douglas é primoroso, irretocável. Qualquer pessoa decente, após a sua leitura, irá apoiar a nobre causa das cotas raciais. Até hoje não vi ninguém apresentar um argumento sólido contra as cotas, mas apenas sofismas como o alardeado por José Roberto “Tenho Medo” Militão.

    Um negro contra patrulhamentos do movimento negro não é sinal de medo, meu caro.

  6. Depois das “gerações futuras”
    Depois das “gerações futuras” do Militão, inevitável lembrar de Keynes quando dizia que no futuro estaremos todos mortos…

  7. Conforme entrevista em audio
    Conforme entrevista em audio disponibilizada pelo caro Nassif com o velho Olavão Setubal, quando fala das origens do Itau, diz com orgulho que “nosso pessoal saiu da Politécnica”, ou seja, foi o dinheiro do estado que financiou a formação da mão de obra que construiu o banco. E continua financiando.
    Não seria o caso do governador chamar a direção do Leviatã bancário às falas, e fazer financiar mais umas 3000 vagas na Usp, como compensação, e destinar essas vagas ao pessoal de baixa renda saído das escolas públicas do estado? Não haveria a confronto de classes e o desgaste da discussão das cotas.O governador Ademar aumentou em 200 vagas a Politécnica, pra acomodar seu sobrinho Reinaldo de Barros que ficou de fora no vestibular, ou minto? Quando o governador quer, faz. Ou é palhaçada?

  8. Caro ARLES, o próprio Doutor
    Caro ARLES, o próprio Doutor Willians tinha opinião distinta e boas razões p/ ser contra. Veja, entrevista de 05/11/06: ” Pergunta: – O senhor é voluntário do projeto Educafro, que oferece cursos pré-vestibulares para negros. Qual sua posição com relação as cotas nas universidades?
    WD – Sou a favor das cotas para alunos do ensino público, mas sou contra cotas para os negros. Acho que não se pode criar um critério baseado na cor da pele. É muito difícil definir quem é negro em um País como o Brasil, que tem uma miscigenação racial muito grande. Além disso, conheço pessoas negras que têm uma boa condição, que se preparam de forma adequada, mas que se utilizam das cotas para entrar na faculdade, enquanto pessoas brancas que não têm condições não conseguem uma vaga. Acredito que deva ser criado outro critério. Há um problema racial no País, mas a forma de combater não é dando cotas baseadas na questão racial.” (Jornal Fluminense (Revista O Flu) 05/11/06- http://www.william douglas.com.br/conteudo04.php?id=97 – v.Google).

    Antes e depois do debate tivemos um longo e fraterno encontro. Ele mudou de opinião (confesso nas razões do artigo). A questão é que antes argumentava com a razão, agora, com a emoção. Esse é o problema de leis ´raciais´: a emoção nos impede da melhor reflexão. BOBBIO ensina que ” o indivíduo age por raiva, por paixão, por interesse, em defesa própria. O Estado responde de modo mediato, reflexivo, racional.” em “A Era dos Direitos”.

    Sou favorável a bolsas de estudos, cotas para oriundos de escolas públicas com corte econômico. Iguais disputando com igualdade. Cursos pré-vestibulares gratuitos etc., as boas Ações Afirmativas que não se confunde com ´cotas raciais´ não existe em nenhum outro país, exceto a Índia e que foi imposta pelos britânicos (1.912) como mecanismo de dominação colonial. Decorridos cem anos, os ´dallits´ continuam vítimas de violentas discriminações e exclusões raciais. V. google (http://www.orepelaindia. com/especial/dalits.php).

    No caso, tratamos de imposição compulsória pelo Estado, de políticas em bases raciais em que os mais ricos (primeiros colocados) nada perdem. Sem investir nenhum real, o Estado retira vagas de brancos pobres (os últimos colocados) e entrega a pretos pobres oriundos, ambos, do mesmo ambiente social, escola pública, periferia, bairro, rua e até da mesma família.

    Isso é semente de uma catástrofe quando essa perversidade é Estatal e vai calar fundo na personalidade e caráter da nossa elite jovem, e de sua família, de brancos e pretos.. Incluídos e excluídos jamais esquecerão que uma falaciosa ´diferença racial´ conferida pelo Estado, puniu um e privilegiou outro. Isso é a derrocada da n/ luta contra a crença em ´raças humanas´, portanto, o fim da luta contra o racismo e a consagração da existência de inferiores e superiores. São frutos venenosos.

    Destarte, insisto, é matéria que exige reflexão sobre o ambiente social que desejamos entregar às gerações futuras. Onde o Estado conferiu ou excluiu direitos baseados em ´raças, etnias´ os resultados foram trágicos: EUA, A.do Sul, Alemanha, Itália, Congo e Ruanda onde hoje trava-se o maior genocídio humano entre Tutsis e Hutus.

    Nos EUA, por exemplo, ao contrário do que afirmam os racialistas, a maior integração dos afro-americanos coincide com a proibição do Estado legislar com bases raciais. Foi o fim das leis de segregação a grande conquista do movimento de Direitos Civis. J. Roberto Militão.

  9. Àqueles com quem sempre
    Àqueles com quem sempre discuti o tema das cotas apresentei os seguintes argumentos, dentre outros:

    No Brasil sempre houve política de cotas:

    a) Nenhum branco foi escravo;
    b) Os melhores empregos são dos brancos;
    c) A Universidade Pública é dos brancos e de boa renda;
    d) Nas camadasde mais alta renda, negros são exceção.

    Assim como sempre tivemos Bolsa para as famílias mais abastadas e da classe média: abatimento no Imposto de Renda para financiar as melhores escolas privadas para seus filhos poderem ocupar 99% das vagas das UNiversidades Públicas, as melhores.

    O problema da política das cotas e do Bolsa Família é que, de repente querem extender os direitos a todos?

    A pergunta dos “afortunados”, cuja reprodução da fortuna é assegurada pela legislação, é simples: “onde já viu uma coisa dessas?

    Felicito o juiz pela coragem de mudar.

    A meu ver não há emocionalismo no convite que ele faz para a visita aos presídios. Pelo contrário. A abstração conceitual permite que as seres humanos sejam pensados como meros números processados em algum sistema de dados informatizado.

    Pessoas não são apenas unidades em bases estatísticas. São corporeidade e aproximar-se da “encarnação” (já que estamos em tempos natalinos, usar o termo teológico é útil) é condição sem qual, sequer nós mesmos, somos plenamente pessoas.

    Pessoas só são pessoas quando vivem próximas às outras pessoas. Não há racionalidade em substituir o adensamento dos conceitos pela encarnação das pessoas concretas pelo esvaziamento da abstração formalística ou estatística.

    Pelo contrário, só se pode pensar as pessoas quem conhece àquelas que vivem em situações limite.

    A FAVOR DAS COTAS RACIAIS E SOCIAIS!

  10. Como dizia um professor do
    Como dizia um professor do Departamento de Psicologia Social da Universidade de Brasília, quem é contra cotas em 99% dos casos é homem, branco e no mínimo de classe média. Sou formado na Universidade de Brasília e lá o sistema de cotas funciona de maneira relativamente positiva e os alunos em geral (há pesquisas que demonstraram) possuem desempenho superior, pq compreendem que é uma chance única. Precisamos tomar consciência das barbáries que fazemos ou deixamos de evitar. Fui aprovado recentemente em um concurso extremamente concorrido e dos 120 novos colegas apenas 3 eram negros (um deles na cota dos deficientes), se isso não merece uma ação afirmativa não conheço nada q não mereça. A constituição nos garante direitos iguais, mas para os iguais, no entanto devemos desigualar os desiguais. Quero concorrer com as mesmas chances que todos. Ações afirmativas já.
    Ps- sou branco, homem e de classe média.

  11. Sr. Militao o senhor discute
    Sr. Militao o senhor discute conceitos, mas nao respondeu à questao levantada pelo comentarista Silvio Almeida quando ele diz: “O prezado Militão está tão preocupado com a cidadania das gerações futuras que, infelizmente, se esquece das gerações passadas, que tiveram negada a cidadania, e das gerações presentes, que podem não ter futuro, caso algo não seja feito. Raça não é uma criação meramente ideológica, Militão, é um fator político. Nem se discute se raça existe ou não no sentido biológico; o fato é que pessoas morrem e são excluídas por um sistema que, declaradamente ou não, utilza o critério racial.”

    Por isso entendo o “Projeto das Cotas” como uma açao nao só afirmativa, como também de reparaçao social, para que nao tenhamos de esperar as atuais 02 ou 03 geraçoes morrerem no ostracismo e outras surgirem para se beneficiarem dessa sua proposta.

    Acho o seu raciocínio essencialmente filosófico e de “pouca fé”. Ao meu ver voce parece desprezar o valor do componente emocional nas grandes decisoes tomadas ao longo da história da humanidade. O Juiz em seu artigo foi muito feliz ao rejeitar o argumento puramente jurídico ou puramente técnico-filosófico como verdade. O que ele sentiu ao comparar a realidade de sua família com a realidade que ele encontrou nos cursos gratuitos que ministrou o arrebatou e o fez enxergar que é urgente se impor uma mudança radical na imensa injustiça que ele viu à sua frente e ao seu lado.

  12. Apenas para finalisar Sr.
    Apenas para finalisar Sr. Militao: eu (branco, classe média, nivel superior e bem empregado) sou a favor das cotas por que extamente carrego em mim, há muito tempo, o mesmo sentimento que provocou essa mudança de pensamento do Sr. Jurista.

  13. Sou a favor da cota
    Sou a favor da cota SOCIAL

    NOSSO problema é SOCIAL, sócio econômico, NÃO é racial

    COTA RACIAL é prática imprecisa, racista

    NÃO praticamos e nem toleramos a segregação institucional …o preconceito de poucos (enrustidos) não pode ser confundido com a pratica da grande maioria

    COTA RACIAL prega a reparação …reparação INJUSTA e não aplicável …reparação feita por inocentes vivos (brancos pobres) a pecados de culpados mortos (inclusive negros que se beneficiaram na escravidão)

    NÃO podemos aplicar aos brancos pobres as mesmas injustiças que foram aplicadas aos escravos negros …como tolher-lhes direitos em nome de relativismos eugenistas

    AS COTAS sociais, atreladas a um programa de ajuda de custo ao aluno carente, promoveriam em MUITO MENOS TEMPO a tão propagada revolução …revolução silenciosa, ordeira e JUSTA, uma autentica reparação, só que COM CRITÉRIO e MÉRITO

    UNIVERSIDADE publica tem que primeiramente servir a aluno carente, aluno carente cuja maioria é de pretos e pardos

    O QUE DEFENDO é MUITO MAIS revolucionário !!!

    PELAS COTAS SOCIAIS que defendo, se 90% dos VESTIBULANDOS forem de escola publica (pra determinado curso/universidade/ano), 90% das vagas daquele curso seriam reservadas pra disputas entre eles, alunos de escolas publicas …e que vencessem os melhores pelo MÉRITO, naquela estratificação …fusca concorre com fusca, ferrari com ferrari

    PRECONCEITO não se combate com cotas raciais, mas sim com exemplos … e PUNIÇÃO a quem insistir em tratar diferentemente HOMENS IGUAIS …tal qual os cotistas raciais

    O HOMEM tem que ser respeitado pelo que é, e tratado no que esta …as chances tem que ser iguais pra todos

    As cotas sociais que proponho corrigem PROPORCIONAL e automaticamente uma injustiça histórica (e que será mantida pela cota RACIAL) …esta vergonha que é a universidade publica no BRASIL, universidade que se vale de impostos regressivos, que é cobrado de pobre, pra oferecer curso ao rico …rico que pode melhor se preparar para concorrer no vestibular e se manter no curso regular

    FIXAR percentuais rígidos pra TODO PAÍS, Estado e/ou curso é uma ESTUPIDEZ …a procura por cursos (em universidades e escolas técnicas) varia a cada ano e em cada espaço geográfico no país …os critérios tem que ser FLEXÍVEIS e adaptáveis pela PROCURA

    ..Não devemos usar ACHISMOS como os 50% que querem os cotistas raciais …se sim, então porque não usar 50,18%, ou 62,31%? Número por númeor, qq valeria…interessa se justo, e coerente, não?

  14. Weden, acho que você confunde
    Weden, acho que você confunde as coisas. Pensar em cotas em obras artísticas não parece razoável. Também, quem toca um empreendimento privado e tem que sobreviver com recursos próprios e gerar sua receita ou morre, não pode está sujeito a cotas. No dia em que colocar maioria negra num elenco de um filme ou novela for comercialmente vantajoso, eles o farão. Ou, pensar em impor a um empresário que tenha cota de negros em seus empregados, também não parece razoável.

  15. Militão,

    Você só pode estar
    Militão,

    Você só pode estar brincando, não é possível, meu caro. Você primeiro cita Bobbio quando este diz que o Estado, ao contrário do “indivíduo”, responde de “modo mediato, reflexivo, racional.” E na sequencia menciona lugares em que, segundo você, “o Estado conferiu ou excluiu direitos baseados em ‘raças, etnias'” e cujos “resultados” foram” trágicos”. Não entendi: não é Estado, este mesmo que produziu este resultados trágicos, “racional e reflexivo”, que não age por paixão? O problema dos “racialistas” não é justamente a “paixão”? Desculpe, meu caro, mas seu argumento não faz o menor sentido. Citar uma inflexão hegeliana de Bobbio só demonstra o quanto você está no campo do idealismo.

    Cuidado com seu exemplos: a divisão entre Tutsis e Hutus foi inventada pelos belgas. Portanto, este exemplo é esdrúxulo. Quanto aos EUA, mais uma vez, seu exemplo falha: não foram os negros que inventaram o racismo; eles são vítimas, Militão. Em ambos os casos, a desgraça do racismo exige uma ação do Estado, e é disso que se tratam as ações afirmativas, inclusive as cotas. Elas visam combater o racismo, não como ideologia, mas como prática política, que tem efeitos concretos na vida das pessoas. Com seus exemplos você iguala racismo e políticas públicas voltadas a combater a discriminação sofrida por grupos étnico-raciais. Lembre-se que os EUA, um dos países que “conferiram direitos baseados em raça/etnia” elegeram um presidente negro, o que, de fato, aponta para uma possibilidade democrática e igualitaria. “Resultado trágico”, não? Duvido que isso aconteceria sem a política que você chama de racialista, que o Estado americano patrocinou nos anos 60.

    E não se esqueça de que as teorias igualitárias de que você tanto gosta (Bobbio, Rawls etc) são produto destes países que, para dentro são “racionais e reflexivos” (exceto no caso de algumas “minorias” que estejam no território, onde o que vale é a “paixão”), mas para fora, são artífices das maiores barbáries e crimes, muitos dos quais os negros foram as maiores vítimas.

    Atenciosamente,

    Silvio.

  16. Caro Militão, sei muito bem
    Caro Militão, sei muito bem das posições do William Douglas. Tenho uma história muito parecida com a dele na questão sobre as cotas. Sou branco, passei no vestibular de três das maiores universidades desse País (PUC-Rio, UFRJ e USP) e acreditava que as cotas deveriam ser apenas “sociais”. Em 2003 passei a dar aulas num curso pré-vestibular comunitário ligado à EDUCAFRO e ainda era reticente quanto à questão das cotas “raciais”. Mas, em minha “visita à cadeia”, vi que a questão “racial” é colocada todos os dias. Dizer que o Estado não promove distinção racial é um equívoco. Basta ver o tratamento dado pela polícia – o Estado – dá à brancos e negros. Vi esse tratamento de perto com os meus alunos nesses cinco anos. Também há a questão histórica. Convido você a dar uma pesquisada nos chamados Arquivos Paroquiais de Terras do Século XIX. Como você sabe, esse sistema de titulação de terras foi instituído pela Lei de Terras de 1850. Pesquise a titularidade de terras de ex-escravos, identificados com os sobrenomes remetendo aos seus locais de origem na África. Vai ver que ali o Estado Brasileiro nascente já revela seu “racismo”. Mas o argumento que prefiro é aquele que pode ser percebido com uma simples visita ao departamento em que estudo lá na USP, o de História. O “racismo” de nossa sociedade se materializa ali. Agora, não use o termo “racialista” para des(dis)criminar aqueles que são favoráveis às cotas. Você sabe bem que é um termo fora de contexto, anacrônico para dizer o mínimo, e usado como recurso retórico para discriminar os que se colocam como favoráveis às cotas. Conceitos fora de contexto são imprestáveis. Aliás, me responda uma coisa mais particular: como você, com toda sua história de lutas, consegue defender idéias que, no contexto atual, são as mesmas defendidas por personagens como Demétrio Magnóli, Reinaldo Azevedo e Ali Kamel? Não perece que esse jogo de conceitos está “fora da ordem”? Mas acredito que esse debate em torno da questão das cotas têm um componente pedagógico (apud Fátima Oliveira) que é fundamental para que avancemos nessa questão.
    Fique em paz e forte abraço.

    Antonio Arles dos Anjos Junior

  17. como sempre o estado recorre
    como sempre o estado recorre a soluções mais fáceis para se desimcubir de sua responsabilidade. em contrapartida ao direito de arrecadar impostos que o estado tem, deveria ser seu dever prover educação de qualidade para todos, sem distinção de côr de pele, religião, ideologia ou o que quer que fosse, para que todos competissem em igualdade de condições. como ele, o estado, não cumpre com o seu dever, fica criando estes monstrinhos que só gerarão, preconceito, ódio racial, além de abrir brecha para fraudes. tipo: preto riico pode se inscrever nas cotas raciais? quem definirá quem é preto? se preto é raça, branco também é. os brancos podem pleitear entrar em cotas raciais?

  18. Caro Fernando, não reduza o
    Caro Fernando, não reduza o Estado dessa forma:

    “Estou com Militão. O estado não pode legislar sobre o conceito de raças. Ponto final.”

    Nem reduza a interpretação. O Estado não classifica negros ontologicamente, como que se fossem biólogos, mas sim metodologicamente, de forma a servir eficazmente à um problema social.

    É fato que o negro foi discriminado no passado e ainda não superou isso, apesar de não existir um preconceito expresso amplo, será que não é hora de ajudar a quebrar esse paradigma retribuindo para aqueles que construiram a fortuna de tantos ?

  19. Jürgen Habermas sustenta que
    Jürgen Habermas sustenta que o maior perigo para a unidade e o equilíbrio um país se encontra na exacerbação dos aspectos étnicos e religiosos de seus grupos sociais.

  20. Muito bom Nassif, esta
    Muito bom Nassif, esta postura sua de promover debate sobre tema tão polêmico, mas de forma igualitária.

    Infelizmente, só temos uma posição na grande mídia. Não há possibilidade alguma das vozes contraditórias serem ouvidas.

    Minha maior crítica é a esta falta de pluralidade, visto que conheço bons argumentos dos dois lados.

    Em particular, devo dizer uma coisa: não há qualquer animosidade entre cotistas e não cotistas nas universidades. Hoje conheço alunos e não há qualquer sentimento de inferioridade, também. Pelo contrário, hoje há incríveis demonstrações de solidariedade.

    Estes argumentos, tantas vezes repetidos e premonitórios, não são mais válidos, porque foram negados pelos fatos.

    De qualquer maneira, Militão ainda tem outros bons argumentos – e diga-se de passagem muito fundamentados historicamente. Aliás, uma fundamentação de quem conhece a fundo as ações afirmativas.

    Para animar o debate, faço uma pergunta por pura provocação:

    – Como vamos punir aqueles que destinam cotas raciais para brancos nos empregos, visto que diz-se aqui no post que deveríamos ter punição para quem adotasse as cotas raciais?

    Tomemos as nossas novelas como exemplo, e os excelentes atores negros, quase sempre excluídos.

    Chamamemos àquelas cotas de “cotas raciais reificadas culturalmente”, em contraposição às “cotas institucionalmente estabelecidas”, ok? E elas, no exemplo citado, correspondem a 95% do elenco.

    Obs. Argumente a partir da distribuição demográfica reconhecida pelo IBGE. E dê exemplos práticos como pudemos mudar esta realidade, imediatamente.

    ______________

    Ao Nassif, de novo, meus parabéns por este post com duas posições distintas.

    Dá orgulho de pertencer a esta comunidade, que faz o que a imprensa deveria fazer, mas se nega.

    Problema dela. Nós fazemos.

    Abs..

  21. Estou com Militão. O estado
    Estou com Militão. O estado não pode legislar sobre o conceito de raças. Ponto final.

    No Brasil, ainda segundo ele, nós temos cores e não raça. Uma misturada de amarelo, vermelho, branco e preto. Legislar sobre apenas uma raça seria um completo contra-senso. Seria, sem nenhuma dúvida, um tiro pela culatra. Se reparações passadas existem a serem feitas pelos atos dos colonizadores praticados contra índios e africanos é outro assunto, a ser resolvido de outra forma. Não destruindo a integração e harmonização que se busca no presente, resultante deste extraordinário processo social e cultural de que somos fruto.

    Criar os mecanismos que assegurem a igualdade de oportunidades absolutamente, sim, SEMPRE. Mencionar raças em leis de cotas JAMAIS.

  22. A maior parte dos comentários
    A maior parte dos comentários aqui postados comprovam o alto nível intelectual e ético do seu público, Nassif, parabéns. A propósito, a questão das cotas raciais dizem mais respeito à ética do que à razão.

  23. Desculpem a ingenuidade da
    Desculpem a ingenuidade da pergunta: por que será que as cotas para deficientes físicos não geram polêmica? Por que será que só as cotas para os pretos geram uma reação tão furibunda e/ou dissimulada?

  24. Nassif,

    Eu poderia ter a
    Nassif,

    Eu poderia ter a pele clara, poderia ter a pele escura
    Poderia ser branco, poderia ser negro
    Poderia ser amarelo, poderia ser índio
    Poderia ter estudado nos melhores colégios particulares
    Poder ter estudado nas sucateadas escolas públicas
    Só não poderia ser contra as ações afirmativas
    A não ser que desejasse manter, por medo ou omissão
    A enorme parcela da população que subsidia as
    Universidades públicas para os egressos dos colégios particulares
    Exercerem o direito de suas cotas que ultrapassam 90% dos aprovados.

    Não sei, sinceramente, e começo a questionar
    As benesses dessa democracia à brasileira
    Que só se vê em tempos de eleições, mas
    Jamais permite a inclusão daqueles que não tem voz
    Sequer para gritar por necessidades básicas,
    Quanto menos sonhar, numa universidade pública, estudar.

    E não digo isso por pertencer à classe dos privilegiados
    Tão menos por aspirar para mim, ou para os meus, a cota que
    Sorrateiramente sempre nos foi reservado,
    Mas sobretudo por desejar uma verdadeira democracia,
    Um cidadania plena que garanta oportunidades para todos.

    Por isso, entre outras, sou absolutamente e irreversivelmente
    A FAVOR DAS COTAS, sejam raciais, sejam sociais.
    E não apenas para Universidades Federais, mas também para
    As Universidades Estaduais, estas sim, enfestadas por privilegiados
    De anos a fio de governos oligárquicos, mesquinhos, hipócritas e enfadonhos.

    Hipócritas como essa atriz, como o Sen Demóstenes, como o ministro
    da Educação da era FHC, hipócritas como todos aqueles que defendem
    a manutenção de um sistema desigual, para uma sociedade desigual,
    para um país que, só se fará país, quando reconhecer as desigualdades
    e as formas para reduzi-las e eliminá-las.

    abraços

  25. Nassif,

    Ou sendo um pouco
    Nassif,

    Ou sendo um pouco mais radical:

    “”Alguém acha mesmo que as portas do racismo já não estão abertas? Que a mentalidade racista já não está instalada? Que o racismo não se instala no Brasil até que uns negros (agressivos ou se fazendo de vítima) começam a usar camisas “100% Negro” e falar em cotas universitárias? Que foi NESSE MOMENTO que a mentalidade racista se instalou? Sério mesmo?

    A mentalidade racista está instalada (e muito confortável, obrigado) desde que se escravizou o primeiro índio. As portas do racismo nunca estiveram nem entreabertas: estão escancaradas há 500 anos.

    * * *

    Naturalmente, só não repara no racismo quem se beneficia dele. Quem sofre seu peso todos os dias sabe bem do que se trata. O racismo é como se fosse um Contrato Social (na verdade, um Contrato Racial) no qual os membros da raça dominante formam um acordo tácito de, ao mesmo tempo em que garantem para si a maior parte das riquezas/oportunidades/etc da sociedade, também consentem em não ver o próprio sistema, criando assim a “alucinação consensual” de um mundo sem raças, meritocrático e igualitário, que passa a mediar sua interpretação da realidade. Nem todos os brancos são signatários do Contrato Racial, mas todos são beneficiários. (Mills, 11)

    Numa sociedade racialmente estruturada e profundamente desigual, as únicas pessoas que são psicologicamente capazes de negar a centralidade do racismo são justamente aquelas que pertencem à raça privilegiada: a raça, para eles, torna-se invisível porque o mundo é estruturado em função deles; eles são a norma em oposição a qual são medidas as pessoas de outras raças (“esses outros tem raça, não eu!”). Assim como o peixe não vê a água, os membros da raça dominante não vêem o racismo. (Mills, 76) Desse modo, como citei ontem, é possível que os membros do sindicato dos ferroviários, sinceramente e de boa fé, neguem acesso aos negros ao comitê de práticas raciais porque eles eram “representantes de uma raça”, sem nunca se dar conta de que eles também tinham raça e que também representavam os interesses dela. Pra eles, quem tem raça é sempre o outro.

    Em uma sociedade racista e desigual como o Brasil, afirmar não ver raça, não ligar pra raça, que raças não existem, que isso não tem importância, “que besteira você se importar com isso”, etc, significa na prática tomar partido racialmente ao se aliar com a hegemonia invisível que *precisa* desse tipo de negação para sobreviver e prosperar.

    Não existe neutralidade possível: negar raça já é uma afirmação política que te coloca em um dos lados bem definidos de uma briga antiga. Negar raça já é intrinsecamente racista.

  26. Prezados, para não
    Prezados, para não monopolizar a riqueza do debate e estimular novas intervenções, não posso ficar respondendo ponto a ponto, farei comentários em geral, conceituais.

    O que disse na Audiência Pública no Senado Federal é que nossos legisladores não receberam um Estado com direitos raciais e não podemos caminhar na contra-mão da história, que a eleição do ´vira-lata´ (que não tem raça) OBAMA indica ser PÓS-RACIAL e introduzir direitos raciais distintos na cidadania do povo.

    SILVIO, ” a divisão entre Tutsis e Hutus foi inventada pelos belgas.” Isso é o que afirmei. Foi o Estado belga, colonizador, que conferiu direitos distintos o que produziu o ódio genocida que ora assistimos. Eles conviveram milhares de anos em paz, até a divisão de direitos p/ belgas.

    SILVIO, sempre afirmo que serão sempre os pretos/pardos as vítimas preferenciais do racismo, por isso, não quero a construção de uma sociedade racializada. Nos EUA foram 150 anos de leis de segregação, desde as Jim Crown. A luta dos blacks moviments foi impedir que o Estado legislasse s/ raças, na antiga concepção: iguais, mas separados. A vitória foi a lei dos ´Direitos Civis´, q/ alterou isso, revogando e proibindo leis raciais. Não há nenhum artigo na Civil Righs Act prevendo ´cotas raciais´.

    Legisla somente sobre Affirmative Action. Foi isso que disse: o estado parou de produzir leis raciais. Passou a neutralizar as discriminações correntes e a promover e induzir políticas de inclusão através do Equal Employment Opportunity Commission. Foram direitos civis, trabalhistas e eleitorais o que assegurou as leis contra o racismo nos EUA.

    WEDEN, saudações fraternas. Qq. ´cota racial´, inclusive as perpetradas pelo racismo contra os negros, viola a dignidade humana. Cito palavras de LUTHER KING: “Uma lei injusta é uma lei humana sem raízes na lei natural e eterna. Toda lei que eleva a personalidade humana é justa. Toda lei que impõe a segregação é injusta porque a segregação deforma a alma e prejudica a personalidade.” Cartas da Prisão, 1963.

    Com ações afirmativas, essas empresas indenizariam as vítimas de exclusões injustas. JOAQUIM BARBOSA diz que AA não se limita a ´cotas raciais´: “Porém, falta ao Direito brasileiro um maior conhecimento das modalidades e das técnicas que podem ser utilizadas na implementação de AA. Entre nós, fala-se quase exclusivamente do sistema de cotas, mas esse é um sistema que, a não ser que venha amarrado a um outro critério inquestionavelmente objetivo [ex. oriundos da escola pública], deve ser objeto de uma utilização marcadamente marginal.”

    No mesmo trabalho, BARBOSA demonstra que são os inimigos de Ações Afirmativas que as denominam como ´cotas raciais´, em citação de MARCELO PAIXÃO e WÂNIA SANTANA (hoje talvez neguem o escrito) em «Muito Além da Senzala: Ação Afirmativa no Brasil»: “Ação afirmativa é um conceito que, usualmente, requer o que nós chamamos metas e cronogramas. Metas são um padrão desejado pelo qual se mede o progresso e não se confunde com COTAS. Nos EUA, opositores da Ações Afirmativas a caracterizam metas como sendo cotas, sugerindo que elas são inflexíveis, absolutas, que as pessoas são obrigadas a atingi-las”.

    O n/ DR. MANGABEIRA UNGER, professor de OBAMA em Haward (belo título acadêmico hein) diz mais ou menos a mesma coisa: “O regime de quotas não serve porque é e deve ser inconstitucional: fere qualquer entendimento contemporâneo plausível da igualdade. Por isso mesmo só poderia ser instituído por iniciativa constitucional como foram as quotas adotadas na Índia para libertar os “intocáveis”. Nos EUA apenas os adversários de “ação afirmativa” as descrevem como quotas. E o Judiciário vem impondo restrições para assegurar que não funcionem como tal.” (no site do A.).

    O próprio OBAMA em seu a ´Audácia da Esperança´ (2004) diz não conceber um estado com políticas baseadas em raça, gênero ou origem das pessoas.

    Enfim, o que defendo, em boa companhia, são AÇÕES AFIRMATIVAS em que o Estado atue para neutralizar as discriminações correntes e ao mesmo tempo promova a igualdade de tratamento e de oportunidades com isso induzindo a diversidade humana e não a diversidade racial que alguns, por equívoco, alegam. Com boas AA o que gera direito não é a raça, nem o sexo, nem a opção sexual das pessoas, mas o fato social da existência de discriminações persistentes contra essas pessoas que, exige atuação do estado para serem neutralizadas e impedidas de manifestarem-se.

    Na hipótese em debate, como o projeto de lei é de ´cotas sociais e raciais´ na Universidade é que argumento com a fragilidade emocional dessa clientela na idade da disputa dessa que talvez seja sua oportunidade unica, porisso, exige-se, cuidados especiais.

    CONFLITOS: a história dos conflitos ´dentro´ da universidade. Não uso esse argumento, pois, ´dentro´ das universidades estarão somente os incluídos. Não há razão para conflitos. Os excluídos, estarão nas ruas, na periferia, nos bairros pobres, num ambiente social em que debitarão seus fracassos e frustrações a uma política racial aleatória e falaciosa.

    RACIALISMO: infelizmente o dicionário não me dá alternativa para definir quem defende políticas em bases raciais. Muitos são meus amigos faz 30 anos. Já tentei. Porém não os confundo com racistas, que é uma categoria repugnante.

    COTAS P/DEFICIENTES> IVALDO, o problema são cotas como medida estatal que consideram a ´raça´ p/ exclusão ou privilégio de direitos. O projeto não se refere a ´cor´, refere-se ao termo racial ´negro´. Veja bem: deficientes, idosos, crianças, mulheres, homossexuais, são todos fatos naturais e tanto pode ser branco, preto, amarelo, são todos tratados como humanos portadores de características ´especiais´. Tenho um sobrinho surdo-mudo, afro-descendente. Natural que o Estado o trate especial.

    Nós pretos, somos simplesmente humanos e o que precisamos é que a disputa seja justa, entre pessoas com a mesma história e condições. É isso que queremos: disputar em igualdade de condições. Somente o racismo que nos imputa uma característica especial, a da inferioridade.

    MALCON X foi condenado à execução pelos radicais racialistas quando compreendeu que a estratégia do racismo era retirar a nossa condição de humanos e passou a negar direitos separados e nos deixou uma frase extraordinária: ´não queremos separação nem integração. Queremos apenas nossos direitos humanos. Queremos ser tratados como seres humanos”

    O tratamento diferente em razão da crença em raça, legitima o ideal do racismo e viola a dignidade humana. Devemos repudiar isso.

  27. Quando o Militão fala em
    Quando o Militão fala em gerações futuras ele não esta só falando de daqui a 20, 30 anos, mas dos nossos já hoje adolescentes, neste caso.
    Desculpem-me, mas querer remediar a situação de gerações passadas através de cotas de entrada nas Universidades é, no mínimo, uma ação deslocada e sem relação de causa-efeito.
    Temos que pensar no que será bom para os jovens de hoje e de amanhã, e dos efeitos destas mudanças (que têm de ser, obrigadtoriamente, temporárias) na nossa sociedade daqui para a frente.
    Um dos maiores problemas deste país, para além até das questões raciais, é a recompensa do mérito e do esforço. Deveria ser tema de luta nacional corrigir qualquer distorção que possa ser causada por algo que não seja fruto do esforço consciente. Isso envolve desde a direção da escola da esquina à vaga no STF, senado e quetais. A pessoa não pode ser conduzida a uma posição que represente um invstimento do público porque tem uma condição genética, seja isso parentesco, cor dos olhos ou da pele.
    Não vejo ,neste sentido, qualquer efeito possivelmente bom para a nossa sociedade em termos cotas raciais. Certamente que poderá haver benefícios a alguns indivíduos, não à sociedade. É claro que o que digo leva em conta um ideal de sociedade em que a cor da pele não represente vantagem ou desvantagem alguma (além da natural proteção contra o sol).
    Há os auw achem que o bom mesmo é termos uma sociedade segregada e em latente estado de guerra interna, como algumas partes dos EUA caminham para deixar de ser.
    Mais uma vez tentamos imitar o que há de pior deles. Deprimente.
    Ao invés de corrigirmos distorções estaremos criando uma provável fonte delas.

  28. Militão,
    “´não queremos
    Militão,
    “´não queremos separação nem integração. Queremos apenas nossos direitos humanos. Queremos ser tratados como seres humanos”

    Frase maravilhosa, mas não vejo porque – e nem como – não precisaremos das cotas para universidades como meio para chegarmos lá.

    Não acredito que as pessoas criem preconceitos contra cotistas. Mais do que ser o que acredito ou não, não é o que têm demonstrado os estudos com cotistas. O preconceito com negros Militão, já existe- vc sabe – e ganha verniz intelectual com a questão das cotas.

    Mais ainda, o colégio dos meus filhos – da elite intelectual, claro, branca, com dois ou 3 negros ( TODOS adotados) promoveu um debate onde os adolescentes se colocaram a favor de concorrer em igualdade com os negros.
    E, bem entenderam eles – a meu ver – igualdade no caso significam também cotas. Para compensar a desigualdade que essas crianças/adolescentes sofreram desde sempre.

    Seu argumento é -como sempre – bem fundamentado. Assim como o que li -infelizmente não lembro quem nem onde -que dizia que a Universidade não é local de promoção social, mas de estudo com a nata intelectual do país, qualquer cor ela tenha.

    Meu temor é que todos esses argumentos “lógicos e corretos” sirvam para um país ideal que ainda estamos longe de ser, e no meio disso, na prática, perpetuem gerações e gerações sem futuro.

    Passemos, como diz o jurista, um dia na cadeia. Negros são mais propensos ao crime pela cor? Os racistas estão certos?

    Meu avô era imigrante português – do outro lado italiano – pobres, muito pobres. Meus pais classe média . Eu e meus irmãos tínhamos que fazer Universidade Pública ou babau…
    E fizemos, mas….
    Somos todos brancos.
    Na USP (onde me formei em Medicina) tinha UM colega negro – contando os seis anos antes de mim e os seis anos após.
    Também não tive inglês, ballet, natação, psicóloga…
    Sabe qual a minha vantagem? Não precisar trabalhar durante o pré-vestibular ou a faculdade e…..ter comida em casa.
    Fez toda a diferença.

    Nos diversos empregos que tive – e trabalho em saúde publica, ingresso via concurso – conheci apenas um negro.

    Tem algo MUITO errado. E como disse aqui uma vez o Orlando – e ele me desculpe se não foi bem isso que disse – os negros não precisam que todos os amem e os considerem como iguais em sua intimidade – utopia – precisam de chances iguais, de respeito, se necessário promovido e garantido pelo Estado.

    Claro, clllllaaaarrrroooo que isso não desimplica o dever do Estado de boa educação fundamental e média, que permita a brancos, negros, amarelos, vermelhos, roxos, o mesmo preparo para a pauleira do vestibular, mas……….. e até lá?

    Hoje vivo uma situação financeira que não me permitiria pagar duas faculdades- das mais caras (tenho dois filhos), mas ainda assim sou favorável às cotas.
    Porque? porque meus filhos tiveram TODAS as chances que uma formação completa exige, então que lutem pelas vagas públicas com outros brancos – em condições de igualdade de formação – e com negros e oriundos da escola pública com direito a cotas.
    Isso é equidade.
    Se não passarem, alguém mereceu mais…

    Ser branco e pobre e ser negro e pobre neste país ainda é diferente.
    Eu sei, por experiência própria. Fui pobre, mas branca. Sei bem o que passavam meus colegas negros.

  29. Creio que a oposição às cotas
    Creio que a oposição às cotas raciais está vinculada aos conceitos filosóficos que decretam o fim da história.
    A quem interessa essa decretação? Evidente que a quem se beneficia da manutenção do status quo.
    Realmente a questão é social.
    Ocorre que históricamente se produziu condições sociais desfavoráveis aos afro-descendentes, cujos antepassados não vieram para o Brasil como seres humanos livres, como vieram os imigrantes brancos.
    A dignidade humana lhes foi retirada ali, na escravidão.
    E não será por mero declaratório que se extinguirá a condição social que lhes foi imputada.
    Seja por preconceito, seja por falta de auto-estima, os negros têm as oportunidades reduzidas diante de uma sociedade que sempre privilegiou brancos (e homens) em todas as funções públicas e profissões valorizadas e perpetuou a desigualdade.
    Como explicar que, também vítimas de preconceito, mulheres brancas conseguiram superar muito mais aceleradamente os bloqueios a elas colocados?
    Só se vislumbra a questão racial, inserida na questão social.
    É inadmissível que em função de cotas raciais, vinculadas às cotas sociais, seja gerado preconceito, apenas que o preconceito dissimulado seja colocado às claras para sua extinção.
    Os negros não viveram condições históricas idênticas aos brancos. Estes permanecem devedores de um tratamento desigual que persiste nos dias de hoje.
    Ou não seriam necessárias plaquinhas alertando contra a discriminação onde quer que se vá.
    Apenas com a oferta de maiores oportunidades pelo Estado devedor dessa reparação que se poderá futuramente se dizer que somos todos iguais em direitos, na prática e não apenas filosoficamente.
    O ritmo do aumento de oportunidades para os negros nesses 120 anos da abolição é denunciador das dificuldades enfrentadas.
    Teremos que aguardar mais 120 anos em um ritmo natural para que as condições sociais sejam idênticas?
    Seria interessante verificar os efeitos, nesse curto espaço de tempo, tanto no aspecto positivo de inclusão social, quanto no negativo de retro-preconceito.
    Empiricamente, me parece que o positivo supera em muito o negativo, que permanece ainda no campo das alegações.

  30. Nassif,

    Desculpe-me, mas o
    Nassif,

    Desculpe-me, mas o que devemos repudiar são os “militões” que enfeitam os discursos dos bem-nascidos, bem-alimentados, bem-escolarizados, enfim, dessa parcela que nega para se beneficiar dos privilégios da negação.

    Boa noite a todos!

    Prezado, é fácil ficar do lado da maioria. O Militão tem história e contribuições para a afirmação dos negros e coragem para defender suas idéias. Não diga bobagem.

  31. Militão,
    enrolei, enrolei e o
    Militão,
    enrolei, enrolei e o Sílvio disse tudo tão diretamente….
    É isso que acho:

    “Você utiliza um sofisma inadimissível numa discussão séria. Nem todas as leis que falam de raça são racistas. A lei não é produtora de racismo, mas a sociedade. As pessoas são ou não são racistas com lei ou sem lei. Quando a sociedade é racista, e o Estado não é conivente com o racismo, por óbvio a lei deve repudiar isto. É como a lei vai lidar com a questão do racismo sem falar de raça ou reconhecer que ela existe? É a mesma coisa que exigir que o Estatuto do Idoso trate da questão do abandono a que nossos iidosos são submetidos sem reconhecer que existem idosos!!

    Ao Estado cabem ações contra o racismo, que pressupõe discriminação, e não contra o preconceito. A discriminação exige poder, e é aí que entra a ação do Estado, que tem poder também.

    O Estado não vai intervir na cabeça de quem não gosta de negros. Mas deve intervir quando negros não conseguem acessar a Universidade ou o mercado de trabalho devido a uma estrutura que historicamente exclui pessoas pela cor de sua pele. “

  32. É…o Silvio está jogando
    É…o Silvio está jogando pesado e desconstruindo todos os argumentos do Militao. Me conveci de que, mesmo com toda a minha ignorancia, a minha crença e paixao” pela causa das populaçoes pobre e “negras”, a favor das cotas, estava certa.

  33. Caro Militão,

    É
    Caro Militão,

    É inacreditável. Nós definitivamente não estamos falando a mesma coisa, como você insiste em afirmar. E quantas contradições, Militão! Como você admite que “pretos e pardos” podem ser as maiores vítimas do racismo se, segundo você, não existe raça?

    Você distorce argumentos de forma impressionante, inserindo várias citações descontextualizadas de autores que claramente reconhecem o uso sociológico do termo raça. Você chama de estruturar uma sociedade em raças a adoção de políticas públicas que reconheçam que certos grupos são racialmente discriminados. E o mais incrível é uso que você faz da lei Jim Crow para fortalecer o seu argumento: todos sabem que a luta dos negros americanos foi para que o Estado reconhecesse a discriminação baseada na raça e fizesse algo a respeito. O Estado americano legislou sobre raças sim, mas para acabar com o racismo, Militão! É sabido que várias universidades americanas adotam um sistema de pontuação diferenciada para pessoas negras.

    Você utiliza um sofisma inadimissível numa discussão séria. Nem todas as leis que falam de raça são racistas. A lei não é produtora de racismo, mas a sociedade. As pessoas são ou não são racistas com lei ou sem lei. Quando a sociedade é racista, e o Estado não é conivente com o racismo, por óbvio a lei deve repudiar isto. É como a lei vai lidar com a questão do racismo sem falar de raça ou reconhecer que ela existe? É a mesma coisa que exigir que o Estatuto do Idoso trate da questão do abandono a que nossos iidosos são submetidos sem reconhecer que existem idosos!!

    Ao Estado cabem ações contra o racismo, que pressupõe discriminação, e não contra o preconceito. A discriminação exige poder, e é aí que entra a ação do Estado, que tem poder também.

    O Estado não vai intervir na cabeça de quem não gosta de negros. Mas deve intervir quando negros não conseguem acessar a Universidade ou o mercado de trabalho devido a uma estrutura que historicamente exclui pessoas pela cor de sua pele.

    E, por favor, não cite Malcom X fora de contexto. Ele jamais concordaria com a sua posição, Militão. Ele entendia que não há direitos humanos e nem dignidade se não se reconhece o fato de que pessoas são tratadas de modo diferente por causa da raça.

  34. Decisões: Emoção contra a
    Decisões: Emoção contra a razão

    O Dr. Militão ponteou muito bem o caráter superior das decisões tomadas sobre a influência da razão sobre as tomadas sobre a influência das emoções. Talvez seja indiscutível que em uma tese, em uma discussão, em um colóquio tenhamos sempre esta superioridade. Políticas públicas devem ser direcionadas com este caráter, com técnica e com planejamento, para que possam ser duradouras e eficazes.

    Mas arrisco dizer aqui, que sou a favor das cotas sociais, raciais e das decisões que se deixam levar pelas emoções. Penso que não é possível ver o ser humano em sua magnitude sem ter a emoção como conselheira.

    O Dr. Militão fala com a propriedade de quem é negro e com certeza passou por experiências que um branco escolarizado como eu jamais imaginei. Mas não é preciso ser negro para saber o que é discriminação e é preciso ser cego para não vê-la por onde ando.

    Já falei (e pensei) que o preconceito no Brasil seria contra pobres e não contra negros, mas dizer que as chances são iguais para um branco pobre e para um negro pobre é ser cínico, no mínimo.

    Também fico com um nó na garganta de pensar que estas cotas seriam um modo de se afirmar que negro precisaria mais ajuda que um branco para conseguir sucesso (no caso de ambos serem pobres) e que este raciocínio nos manteria em um círculo vicioso de discriminação, mas a realidade é um lembrete cruel de que, para se ascender socialmente, ser negro e pobre é sempre muito mais duro do que ser branco e pobre (aqui quem pode falar com propriedade sou eu).

    Talvez haja muito mais razão nas falas do Dr. Militão, muito mais argumentos, mas vivi vários “dias de cadeia” em minha vida, fui educado em colégio de bóias-frias na zona da mata mineira e vi que meus colegas negros ficaram pelo caminho nas malhas destas dificuldades.

    Neste caso sigo com a emoção, pelas cotas sociais e raciais.

  35. Nassif,

    Desculpe-me, mas
    Nassif,

    Desculpe-me, mas quem está dizendo bobagens não sou eu, meu caro.

    De que lado você imagina que se encontra essa “maioria”?

    Claro. Onde você situa? Que “maioria” você mesmo pertence?

    Poupe-me, por favor!

    abraços

  36. Militão, de novo com
    Militão, de novo com estimas

    Sinceramente, não gosto da discussão circular a favor ou contra as cotas. Inclusive já deixei de participar aqui, porque acho absolutamente inútil esta polêmica, se não redundar em alternativas concretas.

    Hà os que são contra. Há os que são a favor. E ponto. Todos têm argumentos defensáveis.

    Uma questão pragmática, é que soluções poderemos encontrar. Não soluçoes em tese. Soluções práticas, pragmáticas, reais, que não estejam somente na pauta de ideais da humanidade.

    Sabemos que se não existe raça, existe racismo (a sociologia trabalha com este conceito normalmente, sem traumas: Lois Wacquant, Arrighi, etc. Aí o racismo não como questão biológica, mas sociológica, de valores).

    Então vamos ao desafio de superar a circularidade e fazer propostas reais.

    1. Como você é um analista e pesquisador das ações afirmativas, gostaria de saber quais são as medidas efetivas que poderíamos tomar contra a exclusão de negros na mídia brasileira de materialidade visual (televisão, imprensa, publicidade, etc)

    Urge que esta representação seja proporcional. Queremos atores negros, figurantes negros, garotos propagandas negros exatamente na proporção anunciada pelo IBGE (+ – 45%). Não preciso explicar porque este setor está em discussão: ele mexe com os valores nas sociedades complexas e midiatizadas contemporâneas.

    E queremos agora, neste momento, sem mais adiamentos. Queremos que o Brasil seja representado pluralmente a partir de primeiro de janeiro – aí está uma bela meta. Representado em toda sua diversidade étnica e regional.

    Se não der para ser totalmente, em quanto tempo, efetivamente, poderíamos ter isso? Não quero realmente – concordo com as críticas – pensar em geraçoes futuras somente. Quero pensar nos jovens de hoje.

    Vamos falar de metas específicas, quantificadas, numeradas, reais.

    2. Através de que mecanismo jurídicos poderíamos obrigar as televisões e as agências de publicidade a atender esta urgência que é a real representação da pluralidade etnica brasileira?

    Observação: não adianta “conscientizar”. Eles tiveram 60 anos de televisão para se conscientizar e não o fizeram. Além do que a noção de “conscientização” é teoricamente insustentável (pelo simples fato de que a noção de consciência é absolutamente idealista. O que há são forças sociais em disputa e o consenso é sempre fruto de ações coercitivas. É lógico me coloco abertamente aqui na contramão dos pensadores liberais que acreditavam “no espírito humano” e “no destino harmônico da Humanidade”, o que é irreal sob aspecto das comprovações históricas).

    3. O que poderíamos fazer contra aqueles que usam critérios raciais para excluir os negros da publicidade, da televisão, etc. Como poderíamos processá-los, como poderíamos mostrar que eles cometem crime de racismo, ao expor nossos negros a papéis tão subalternos, e tão ínfimos.

    4. Se eles se negarem a atender esta urgência, o que poderemos fazer em relação a isso? A quem poderemos recorrer? Que ações devem ser propostas?

    5. Existem exemplos reais no mundo hoje contra esta desigualdade? Onde e quando foram tomadas medidas para garantir a pluralidade de representação na mídia, e quais foram os resultados disso?

    6. Existem leis que já permitem esta ação? E se não há, como poderíamos aprová-las, visto que medidas de punição ao racismo na mídia provocaria reações extremas na sociedade?

    Por favor, você poderia me responder por meio de exemplos concretos? Como forma de superar definitivamente as teses “em tese” de um lado e de outro da peleja?

    Grande Abraço

  37. Perdi o debate que deve ter
    Perdi o debate que deve ter sido muito interessante.

    Simplesmente não há qualquer debate na mídia-corporativa sobre este tema… apenas a reprodução de opiniões contrárias as cotas.

    O texto do juiz William Douglas é muito bom.

  38. Nassif,

    Já que você defendeu
    Nassif,

    Já que você defendeu o Militão que supostamente defende uma tese de “minorias”. Então permita-me, por favor, expôr alguns números estatísticos e analíticos dessa “minoria”:

    a UFRJ, lançou em outubro o seu Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil. Não sei se você, ou o Militão, ou alguns desses que defendem a permanência do sistema de acesso ao ensino superior como está. Para quem duvida que exista racismo no Brasil, ou para quem tem sede de números, dados e gráficos, está tudo lá, atualizado até 2007.

    http://www.laeser.ie.ufrj.br/relatorios_gerais.asp

    Você pode fazer o download da versão integral ou só das conclusões gerais.

    http://www.laeser.ie.ufrj.br/pdf/RDR%20Cap%C3%ADtulo_8_pt.pdf

    Para mandar para seus amigos estrangeiros, ou para aqueles que acham fofinho ler em ingês, as conclusões também estão disponíveis em sua língua mater:

    http://www.laeser.ie.ufrj.br/pdf/RDR%20Cap%C3%ADtulo_8_en.pdf

    Para os preguiçosos, os textos abaixo fazem um resumo das principais conclusões do Relatório:

    – Podem ser menores as diferenças?
    http://www.jap.org.br/oktiva.net/1823/nota/129553

    Relatório da UFRJ aponta para a diminuição das desigualdades sociais e raciais no país:

    – De cada dez brasileiros pobres, seis são negros;

    – A mortalidade infantil é 60 por cento superior entre as crianças negras;

    – Uma negra, pobre, nordestina, moradora da área rural ganha, hoje, em média, um terço do que ganha um cidadão branco;

    – No Brasil, os negros são quase três vezes mais atingidos pela insegurança alimentar do que os brancos;

    – Entre os 10% mais ricos apenas 18% são negros (pardos ou pretos). Já na parcela dos 10% mais pobres, 71% são negros;

    – 19% dos negros e 11% dos pardos ou mulatos já se sentiram discriminados por causa da cor em alguma situação relacionada ao trabalho;

    – 37% dos negros e 25% dos pardos ou mulatos afirmam que se sentiram discriminados ao procurar por trabalho, e citam a rejeição pura e simples, o fato de a vaga ser destinada a pessoas de uma determinada cor e a obrigatoriedade de declarar a cor no momento de preenchimento de ficha;

    – 24% dos pardos e mulatos e 14% dos negros afirmam ter sido vítimas de piadas ou insultos no trabalho em virtude da cor;

    – 9% dos negros foram acusados de roubo ou reclamam de serem vistos como ladrões;

    – 13% dos negros não se sentem ou sentiram aceitos no grupo ou turma de trabalho;

    – Os negros, que têm rendimentos, em média, de R$ 390,90, recebem em média 46% a menos do que os brancos, que ganham, em média, R$ 718,50 por mês. Já os pardos (rendimento médio de R$ 441,50) ganham 39% a menos do que os brancos. Essa diferença é verificada em todos os segmentos passíveis de análise, sem que importe a ocupação, o setor de atividade, a escolaridade ou as horas trabalhadas: os brancos ganham sempre mais do que negros e pardos.

    _ Mercado de trabalho, 120 anos depois da Lei Áurea, oferece oportunidades restritas de ascensão na hierarquia das empresas. Preconceito e acesso limitado à educação são apontados como grandes barreiras para os negros, que são 49,5% da população. … “O objetivo do levantamento é trazer uma informação inconteste.

    Geralmente, os gestores fazem uma avaliação mais positiva do que está acontecendo: 34% responderam sim, quando questionados se a proporção de negros no patamar executivo é adequada.

    Confrontados com dados objetivos, eles são obrigados a fazer uma reflexão.” Na opinião de Gastaldi, isso é porque o brasileiro em qualquer assunto tem facilidade de fazer críticas no coletivo, mas não reconhece os problemas nele próprio.

    Ações afirmativas e políticas de afirmação do negro no Brasil
    http://www.comciencia.br/reportagens/negros/01.shtml

    Segundo esses dados:

    1- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o número de alunos brancos é de 76,8%, o de negros 20,3% para uma população negra no estado de 44,63%;

    2- na Universidade Federal do Paraná (UFPR) os brancos são 86,6%, os negros, 8,6%, para uma população negra no estado de 20,27%;

    3- na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), brancos são 47%, negros 42,8% e a população negra no estado, 73,36%; na Universidade Federal da Bahia (UFBA), 50,8% são brancos, 42,6% negros e 74,95% a população negra do estado;

    4- na Universidade de Brasília (UnB ), são brancos 63,74%, são negros 32,3%, tendo o Distrito Federal uma população negra de 47,98%;

    5- na Universidade de São Paulo (USP), os alunos brancos somam 78,2%, os negros, 8,3% e o percentual da população negra no estado é de 27,4%.

    Vê-se, assim, que o déficit produzido por essas diferenças é bastante desfavorável ao negro nos estados onde se encontram essas universidades:

    * 24,33% na UFRJ, 11,67% na UFPR,
    * 30,56% na UFMA,
    * 32,35% na UFBA,
    * 15,68% na UnB e
    * 19,1% na USP.

    Obs.: Perdoe-me, se me alonguei nas bobagens. Que alívio! Ainda bem que não somos um país racista! Imagina como esses números seriam piores se fôssemos!

    Tenha um fosforescente final de semana!

    LN: Você colocou argumentos a favor das cotas. Não li nenhum que justificasse seu ato de intolerância para com uma pessoa (por acaso, militante negro) que pensa o contrário. Solicito não usar o negrito no comentário.

  39. Nem sempre o que é bom pra
    Nem sempre o que é bom pra cavalo é bom pra cachorro

    Claro que a maioria já ouviu a notícia de que a Venezuela, Bolívia e Cuba são os 1os países latinos que se livraram do analfabetismo.

    PERGUNTO, e daí ? “Só isso resolve” seus males?

    Evidente que diante das provas (e paralelos c/a nossa realidade) podemos intuir que muitas questões sócio-culturais e econômicas não se resolvem apenas atacando-se um ou outro aspecto do problema, mesmo que estes venham, hipoteticamente, a explicar a maioria deles

    …e mesmo que SIMPLISTAS achem EQUIVOCADAMENTE que as causas “estão-na-cara”

    Reflitam sobre os EUA de HOJE, até bem pouco, INSTITUCIONALMENTE racista, e depois, cotista (pratica recentemente declarada um equivoco)

    ..entre homens
    1 em cada 100 adultos esta preso
    1 em cada 36 hispânicos
    1 em cada 15 negros
    1 em cada 9 negros jovens entre 20 a 34 anos

    ..entre mulheres
    1 em cada 359 mulheres adultas esta presa
    1 em cada 100 mulheres negras

    E OLHA, desnecessário dizer que LÁ, nos EUA, as cotas tentaram reparar vítimas VIVAS de seus algozes também CONTEMPORÂNEOS …bem “vivinhos” por sinal

    Pra nós, penso que outros fatores sócio-culturais, como natalidade e PATERNIDADE IRRESPONSÁVEIS, poderiam, com boa vontade e reflexão, compor e PRIORIZAR boa parte da questão

    GENTE ?! O BRASIL esta se tornando campeão em fabricar ETERNOS consumidores SEMI-ANALFABETOS, precariamente empregados, de baixa renda e que vivem pendurados em cartão e em crediários de 24x que embutem juros de AGIOTA !!

    …pior, c/a economia crescendo em ciclos dados pela indústria do automóvel (dec. 60, parte 70, 90,94 e de 04-08), indústria que pelo modelo atual INVIABILIZA as cidades e o planeta …isso lá é fórmula pra qq etnia?

    Há pouco ouvi que 30% dos jovens de famílias de BAIXA RENDA (de maioria negra e parda) NÃO sabem quem é o pai, e a maioria dos lares é mantida só pelas mães …é problema racial ou cultural ?

    Será que isto tb não colabora e não deveria PRIORIZAR a discussão? Isto numa época de AIDs e camisinha gratuita hein?

    E o que dizer da tolerância que nos FORÇARAM a ter com as favelas urbanas, apelidadas de comunidade pela mídia, talvez pra não chocar, revoltar, ou talvez pra parecer “policamente correto” ?

    Favelas que na verdade são instalações indignas, humilhantes e degradantes a que são submetidos cidadãos de BAIXA RENDA (de maioria negra e parda), que ainda veem a tal comunidade tomar seus filhos como refém do tráfico ….e aí vem uns e falam …veja que barbaridade:

    “o problema é que somos racistas e a molecada é negra”, qualé Mané ?

    e sobre a qualidade do ensino publico então? Por exemplo aqui em SP, no ESTADO mais RICO do país, e dos PIORES índices de desempenho (depois de 25 anos de administração liberal) ?

    Verdade é que o modelo, mais precisamente NOSSAS PRÁTICAS é que facilitam a concentração de renda, que é nosso maior PROBLEMA …e não a FICTÍCIA questão racial (e dada por alguns, criminosamente, como sendo prática institucional)

    Querendo ou não, precisamos atacar este TEMA, pois independente da cor, esta realidade acabará SEMPRE por empurrar MILHÕES dos nossos à miséria, inclusive a engenheiros brancos, que nascidos em tempos e épocas erradas, acabam virando SUCO

    O que tento dizer é que NEM SEMPRE o que vemos no espelho pode explicar todas as nossas dificuldades e problemas

    Enquanto no BRASIL a maioria de nossos POBRES estiverem DESAMPARADAS (independente da cor) e sem condições de VIDA, acesso e preparo minimamente igualitário, pra mim, NINGUÉM TEM O DIREITO DE AFIRMAR QUE NOSSO PROBLEMA é RACIAL

    AMPARANDO o POBRE, de qq cor ou MATIZ, automaticamente estaremos fazendo justiça aos MAIS NECESSITADOS, que aqui, por coincidência e momento histórico, são os negros e pardos (um mero detalhe)

  40. A capacidade de imitação deve
    A capacidade de imitação deve representar uma vantagem evolutiva enorme, ou não se manifestaria com tanta força em tantos aspectos de nossa vida. O Jô Soares vê-se na obrigação de imitar até mesmo a caneca de seu equivalente norte-americano. Se o mundo inteiro acha a Madonna o máximo, por que é que não haveríamos de achar? Se os noecons fizeram sucesso no Norte, vamos reinventá-los no Sul, acrescentando-lhes umas generosas colheradas de ridículo. E por aí vai.

    Cotas para negros em universidades é exatamente a mesma coisa. Uma idéia que nos chega pronta, com décadas de atraso, mas que nos sentimos na obrigação de assumir como bandeira. Se não fizermos isso, não seremos capazes de subir mais um degrauzinho da escadaria hegeliana que leva ao paraíso. É do peru.

    Não vou repisar aqui os apelos à evidência palmar. Bastará, creio, uma lista de itens, à maneira de lembretes: o contínuo cromático de nossas peles, infenso a qualquer compartimentação; o caráter econômico, e não racial, da exclusão escolar; a convivência de negros e brancos de todos os matizes nos mesmíssimos espaços de exclusão; a percepção negativa de que tende a ser vítima o agraciado pelas cotas dentro da própria universidade; a injustiça que se abate sobre os que vinham no final da lista classificatória, e que tiveram que ficar de fora para dar lugar a pessoas que vinham depois deles.

    A lembrança é inútil, eu sei, apesar de qualquer evidência. Se as pessoas pulam com a Madonna lá nos EUA, vão pular também por aqui. É uma lei da natureza. Mesmo assim, vai aqui um argumentozinho que não me chegou pronto, mas me parece digno de reflexão.

    Vamos ter cotas também para mulheres? E para homossexuais? E para gordos? E para pessoas com problemas crônicos de insegurança? (Não se preocupe com critérios. Simplesmente perguntaremos, no ato de inscrição ao vestibular – “você se considera uma pessoa com problemas crônicos de insegurança?”) E para pessoas com sotaque nordestino? E para punks? (É uma opção? É uma opção que gera discriminação, e as pessoas devem ter direito a fazerem opções sem serem discriminadas.) E para pessoas excluídas mais de duas vezes da universidade simplesmente pelo fato de terem cedido lugar a agraciados por cotas? Teremos cotas para elas também, ou não? Afinal, foram explícita e tremendamente discriminadas.

    Algum dia as pessoas vão compreender que o problema é criar um ensino secundário diferenciado, de elite, para POBRES. Para dez por centro dos POBRES, e não mais do que isso. Para o resto, escolas técnicas antenadas com o mercado de trabalho. Mas, antes, é preciso esperar que a sonoridade atraente da última moda nos EUA pare de produzir seu encantamento. Esse é o desafio do Terceiro Mundo – aprender a pensar com a própria cabeça. Ousar saber. Iluminar-se com as próprias luzes. A esquerda brasileira adora lusco-fusco, lança-perfume e meia-luz.

    Atolou na década de 60, e NÃO QUER sair de lá.

  41. As várias nuances do
    As várias nuances do racismo

    José Eduardo sucessor de Agostinho Neto na presidência de Angola só pode assumir o posto após ter trocado de esposa (uma mulata). Segundo seus pares era “branca” demais para ser a primeira dama de uma nação africana…

    Seria o mesmo que dizer que Obama é “preto” ou “árabe” demais para ser presidente de uma nação americana ou que Evo e Chávez são “índios” demais para serem presidentes de nações colonizadas por europeus.

    Os direitos humanos devem ser assegurados pelo Estado independentemente da gênese dos seus cidadãos. A verdade é que as políticas de estado são capengas com a maioria dos seus cidadãos, independentemente da cor de sua pele.

    Se grupos existem, que pensam em termos de cor da pele, credo, mistura de etnias ou qualquer outro atributo, devem ter sua ação barrada pelo Estado de Direito. Infligem vergonhosamente os inalienáveis direitos da cidadania do grupo, seja de que mistura de credos ou etnias for, que forma aquela nação.

    Aliás, não devemos importar problemas alheios. No fundo nos orgulhamos da herança cultural e racial que forma a nossa nação. E assim a queremos. Que outra nação apresenta um número tão grande de cidadãos mestiços. Não venham, os que acham que podem melhorá-la da noite para o dia por decretos, destruir o que foi progressiva e admiravelmente construído de forma natural e pacífica.

    Muito existe a ser feito, mas devemos trilhar os caminhos corretos. Para os que estão com pressa em resolver, num piscar de olhos, todos os problemas da nação brasileira lembro que a Lei Áurea foi promulgada há, apenas, um pouco mais de cem anos. Os imigrantes europeus, que vieram por livre e espontânea vontade, levaram várias gerações para saírem da condição rural quase escrava, quando aqui desembarcaram, até conseguirem verdadeiramente se integrar à cidadania. Algumas cidades do sudeste ainda descriminam cidadãos do nordeste. Se for para resolver os problemas, não vamos ardilosamente segregá-los. Vamos resolver todos.

  42. Sr. Militão,

    Sou negra e
    Sr. Militão,

    Sou negra e favorável às cotas, que para mim são sociais, embora envolvam componente étnico. Entendo que o Sr. é contra esta proposta específicamente e concordo que não é mais perfeita solução, mas qual é a sua proposta concreta para lidar com a questão?

    O que me incomoda muito nessa discussão toda, é que pela primeira vez na nossa história estamos lidando abertamente com a questão do negro como política pública no país e temos uma proposta, ainda que copiada, que pretende ser uma ação para recuperar o tempo perdido de um povo, e que deveria ter ocorrido à época da abolição. Devemos continuar no mundo da fantasia de que este país não impede a vida das populações negras? Devemos continuar ignorando que o estado já agiu politicamente contra os negros em outras ocasiões? Qual é exatamente sua idéia, deixar as coisas fluirem? Em qual direção?

    O Sr. também fala em fato natural ser mulher, criança, pessoa com deficiência, homossexual. Aí foi que eu não entendi mesmo, me desculpe. A cor da pele não é fato natural? A ciência de hoje faz mudança de sexo, mas de cor de pele ainda está longe (vide a tentativa louca de Michael Jackson). Não entendi sua tentativa de explicação para as cotas de pessoas com deficiências. Quer dizer que mulheres precisam de “tratos especiais” do estado? E entre mulheres negras e brancas? Os números dizem que as brancas recebam salários maiores que os nossos e têm preferência na contratação. Somos mesmo iguais? Me desculpe, mas nenhuma política pública deve ser entendida como tratamento especial, mas sim como direitos sociais destinados a grupos sociais que têm diferentes demendas.

    Outro comentarista acima fala em “integração e harmonização” presente. Olha, eu tenho 41 anos, sou negra mestiça e casada com branco, sempre fui classe média, nunca tive direito a cotas. Mas jamais abrirei a boca para dizer que este país vive em harmonia étnica; sinto o preconceito em todos os ambientes públicos, moro num edifício no qual todos que não me conhecem pensam que sou a funcionária da minha casa, trabalho em órgão público no qual a maioria negra é trabalha em serviços gerais e no qual minha aceitação pelo chefe melhorou quando ele conheceu meu marido branco. Mas nada disso está escrito em nenhuma lei, nada disso é oficial e jamais será porque o brasileiro é assim. Por que devemos perder a oportunidade de tirar esse véu imundo da harmonia social desse país?

    As cotas nas universidades públicas não vão acabar com o preconceito, nem é esse seu objetivo. Mas vão deixar mais claro o fato de que o Estado não pode permitir que a elite branca continue determinando quem faz o que no país, quais os lugares que pertencem aos negros e aos brancos. Sr. Militão, segregação é o que vivemos, ainda que não esteja nas leis ( e está em alguns casos, ou o Sr. acha que cela especial para quem tem curso superior é fruto de quê?); a política de cotas é tentativa de inclusão.

  43. João Vergílio

    Você é
    João Vergílio

    Você é daqueles que não acreditam que pessoas sejam barradas nos empregos por causa da cor da pele, não é mesmo?

    Pois é. Você assiste televisão?

    Fazer o que?

    Abs..

  44. Ivaldo Souza, ser deficiente
    Ivaldo Souza, ser deficiente é uma coisa. Ter a pele escura e o cabelo enrolado, é outra absolutamente diferente. Não existem raças, isso é conceito das antigas, ultrapassado. No Brasil colonial, já existiam negros livres, ricos e poderosos, embora fossem poucos. No Ceará, só existem uns poucos negros na região sul, descendentes de quilombos de fugitivos do Piauí e de Pernambuco. A maioria da população pobre do Ceará vem de índios, que também foram explorados como escravos. E há, como em todo o nordeste, focos consideráveis de pobres de origem germânica, louros de olhos azúis (como Corisco, como Lenine) porque quando os holandeses foram embora nas carreiras, só se foram os oficiais e a elite, os soldados e os pequenos burgueses ficaram a ver navios. Estes, foram admitidos nas cidades, tais como os famosos Dantas. Aqueles, internaram-se na caatinga e trocaram de nome. Muitos são miseravelmente pobres até hoje. No Ceará, os índios, mesmo sendo oficialmente livres, eram quem trabalhava no pesado e vestiam-se com calções. Odiavam os negros, que eram escravos domésticos, andavam bem vestidos e limpos, faziam bons casamentos arranjados por seus donos e negavam-se a sequer cumprimentar os índios. No Ceará, esta história de cota racial não passa de uma piada.

  45. Weden,

    Minha resposta
    Weden,

    Minha resposta PODERIA ser – “Você é daqueles que não acreditam que pessoas gordas, tímidas, homossexuais, etc. sejam barradas nos empregos por causa dessas características, não é mesmo?”
    Seria só um truque verbal.
    Que tal tentarmos um diálogo genuíno?

    Abraço,

    João

  46. Sr. MILITÃO
    Penso que muito
    Sr. MILITÃO
    Penso que muito do que ensina Bobbio não merece acolhimento.
    O sr. afirma: ” BOBBIO ensina que ” o indivíduo age por raiva, por paixão, por interesse, em defesa própria.” Será ?
    Como explicar, por exemplo, o comportamento de pessoas da comunidade de Paraisópolis (pobres, muito pobres) que recolheram parte do pouco que têm e destinaram para as vítimas de Santa Catarina ? Onde estão os motivadores de Bobbio ? Ou melhor seria: amor, compreensão, solidariedade, fraternidade ?
    Para Bobbio, “a serenidade não é uma virtude política”. Portanto, para esse pensador italiano, Gandhi, Mandela, Luther King, Dom Helder Câmara e tantos outros não seriam políticos… Foram o quê ?
    Penso que a receita simples proposta pelo juiz Willian Douglas é decisiva: olhe ao lado e veja quantos negros estão em igualdade de condições sócio-econômicas. No meu tempo de USP, na minha turma não havia um negro sequer. Nenhum. Zero.
    Afaste-se um pouco das teorias de Norberto Bobbio e sinta a sua, a nossa realidade, pelos próprios olhos. E pelo coração, também !

  47. Hoje, se uma empresa
    Hoje, se uma empresa resolver, por conta própria, estabelecer uma certa cota para negros (ou homossexuais, ou gordos, etc.), pode ser processada por isso.
    Que tal uma lei que permitisse que empresas e órgãos públicos pudessem dar preferência (explícita, declarada desde o início) a grupos discriminados enumerados em lei?
    Imaginem o Banco do Brasil cheio de negros(as) e mulatos(as) nas agências. Que lindo!
    Ou agências “gays” da Caixa Econômica Federal.
    Uma agência de viagens onde quase todos os funcionários fossem gordos.
    Do outro lado da rua, uma livraria em que todos os funcionários tivessem mais de 45 anos.
    Não tentaram no EUA, até onde eu sei. Mas, acho que seria mil vezes mais efetivo e impactante do que essa idéia besta gravada com Desenhocop no caderninho de sonhos de boa parte da esquerda brasileira – as cotas para a universidade.
    É tão difícil assim PENSAR COM A PRÓPRIA CABEÇA?
    Coragem!

  48. “LN: “Você colocou argumentos
    “LN: “Você colocou argumentos a favor das cotas. Não li nenhum que justificasse seu ato de intolerância para com uma pessoa (por acaso, militante negro) que pensa o contrário. Solicito não usar o negrito no comentário.”

    Nassif, estimado e venerado media analist, não fui eu quem elenquei argumentos a favor das cotas. FOI O PRÓPRIO MILITÃO, se você tivesse um pouco de perspicácia para perceber os dogmas racistas dos brancos incrustados em mentes condicionadas, independentemente de essas mentes pertencerem a corpos cobertos por peles brancas, negras, pardas, vermelhas ou amarelas.

    Por ora, não pedirei desculpas a que vou aqui postar: A intolerância maior está no âmago do discurso anti-costas, o racismo contido não é latente, é manifesto e público desde que não se haja com paixões ou sentimentos de piedades por quem estar dizendo ser dessa ou daquela raça.

    Afinal, meu caro, no fundo branco da tela todos os gatos parecem pardos mas não são.

    abraços

  49. qual é o intuito em escever
    qual é o intuito em escever em ”’negrito”?

    Dá mais credibilidade?

    É mesmo,é?

    então irei escrever em roxo.( simbolizado pela mortalha de Jesus)

  50. INTERESSANTE

    PROPONHO uma
    INTERESSANTE

    PROPONHO uma alternativa às imprecisas, injustas, eugenistas e racistas COTAS RACIAIS, e ninguém discute

    PROPONHO um método MAIS abrangente, mais coerente, mais rápido e eficiente …e ninguém fala nada

    Ou estou ficando maluco, ou a maioria NâO SABE NEM O QUE FALA …e só defende porque o “seu mestre mandou”

    a maioria quer mesmo é ficar remoendo seus ódios e conversar com seus fantasmas …olhando e lamentando o pretério e temendo o FUTURO

    IDÉIAS e alternativas as cotas raciais tem?

    eu tenho …inclusive topo críticas e comparações

    COTAS SOCIAIS, reservas proporcionais de acordo c/a inscrição pro vestibular, proporcional a demanda, entre alunos de escolas publicas e privadas, tanto pra escolas técnicas, como pra universidades públicas

    …a partir da garantia do preparo, cada um por si e PELO MÉRITO

    detalhe …o dia que as escolas de base se equipararem, o critério nem precisaria ser revisto, pois ajustaria-se automaticamente

    NÃO é pq não se aparece no debate da imprensa que não podemos debater aqui

  51. Cotas sociais para alunos
    Cotas sociais para alunos carentes de escolas públicas é mais que necessário. Não vejo o por quê do viés da raça, por mais que eu leia textos argumentando a favor. A maioria dos negros, infelizmente, são pobres e estudam, quando podem, em escolas públicas.

    Meus pais e meus avos passaram fome, são retirantes nordestinos e não seriam classificados como negros, vejam teríamos um sistema de classificação de pessoas em raças?. Ainda tenho primos de segundo grau que vivem em situação desumana. Juntamente com vizinhos pobres e negros…

    Como explicar para o jovem pobre e “branco” que o seu vizinho negro terá uma política afirmativa enquanto que ele não terá nada. Qual a responsabilidade desse “pobre” branco no horrível processo da escravidão e da abolição dos negros? E se a maioria dos pobres são negros, uma política baseada em situação sócioeconomica teria como maioria beneficiária os negros. E sem o viés da raça.

  52. João Vergílio.

    Não confunda
    João Vergílio.

    Não confunda as questões: homossexuais não são barrados por serem homossexuais na TV.

    Negros são barrados por serem negros. Sejam tímidos ou não. “Deficientes” ou não. Sejam gordos ou não

    Vamos direto ao fato e ao diálogo genuíno: não tergiversa.

    Há racismo na TV e em muitos outros lugares. Estou usando o exemplo da mídia pelo simples fato que é tão óbvio que ninguém em sã consciência negaria.

  53. Romanelli

    Aceito a
    Romanelli

    Aceito a discussão.

    Como resolveríamos o problema do preconceito no mercado de trabalho. Para duas pessoas com a mesma formaçaõ e capacidade, mas de fenotipos diferentes, ainda há diferenças na preferência pela contratação, isso é comprovado.

    Qual seria sua proposta?

    Abs..

  54. Fernando

    Observe sua frase:
    Fernando

    Observe sua frase: “Não vamos destruir o que foi progressiva e admiravelmente construído de forma natural e pacífica.”

    Pacífica?? Jura?

    Para quem não vive nas prisões e não conhece as execuções pela polícia no Rio de Janeiro contra negros e nordestinos, tudo é muito pacífico.

    Você sabe o que dizem as estatísticas dos autos contra “atitude suspeita”, que leva à cadeia centenas de pessoas anualmente? Todas são negras.

    A violência contra os negros não vem à tona enquanto violência contra os negros (se disfarça e se confunde como violência contra o pobre).

    Mas existe e é real. É experimentado a cada dia, e a cada hora.

    Isto é urgente. Isto tem que parar. Assim também como não é certo acreditar que “temos quer ter paciência para resolver problemas herdados há pouco mais de um século”.

    Sinceramente: experimente submeter as classes dominantes a esse exercício de paciência, e veja o que acontece?

    Esta história parece aquela do soldado nazista contra o judeu: calma, calma. No céu a gente se encontra.

  55. WEDEN

    Pra preconceito aí nem
    WEDEN

    Pra preconceito aí nem a cota vai, OU PRETENDE, resolver

    Pega leve, reconheça nosso mérito …Aqui negro NÃO é barrado em concurso, escola ou acesso a qq lugar publico. Não admitimos isso nem no privado …agora, assim como latrocínios, ninguém quer, mas eles acontecem

    No serviço publico há o concurso

    Na inciativa privada TAMBÈM o PREPARO (que aqui as cotas sociais que propus são MUITO melhores) e as leis, leis como as do assédio e as de equivalência funcional

    é só cumprir e não deixar de punir

    NÃO podemos sonhar em construir uma sociedade de HOMENS bons, justos, só pela força das leis …e que aqui nem isso temos

    Verdade é que pra corrigirmos erros passados e injustiças presentes, não podemos nos dar ao luxo de cometermos outros tantos erros que compromete-nos no futuro, PRINCIPALMENTE quando há soluções melhores

    PRECONCEITO se combate com EDUCAÇÃO .e lei aos radicais de ambos os lados

    Só te digo uma coisa, não é difícil vermos que, se suportado por AJUDA DE CUSTO, as reservas sociais poderiam destinar em curto espaço 90% das vagas em universidades e escolas publicas a alunos carentes …muito melhor que os 50% do pleito dos cotistas, só que com ciência, transparência e sem gerar polêmica

  56. Realmente, estamos atolados
    Realmente, estamos atolados no “democratismo” da década de 60.
    Ocorre que negros são a maioria da população brasileira, em que pese a distribuição irregular pelas diversas regiões.
    As cotas raciais, portanto, dirigem-se à maioria da população, sejam homossexuais, mulheres, etc…
    Uma maioria, que aparte sexo, condição sexual, aptidões, sempre carregou o acréscimo dos estigmas de sua origem , sejam sociais ou psicológicos.
    Lidar com o preconceito racial dissimulado em nossa sociedade é lidar com todos os preconceitos.
    Evidente que a questão racial não é todo o nosso problema, mas certamente a solução de nossos problemas passa pela afirmação dessa imensa massa marginalizada.
    Foi por decreto que os brancos tornaram-se hegemônicos no país.
    Criou-se a falsa idéia de que os brancos são mais competentes, mais interessados, mais estudiosos, justamente porque históricamente as oportunidades foram direcionadas a brancos.
    A tal ponto que mesmo negros em sua maioria acreditam que só podem ascender socialmente jogando bola, cantando pagode… e é essa visão que precisa ser alterada. Que seja por decreto.
    Temos de trabalhar para que engenheiros não virem suco, mas também para que muitos negros possam vir a ser engenheiros sem tantos obstáculos em seu caminho.
    Ficamos admirados quando vemos um negro no Supremo, um negro no Senado, ou em altos cargos corporativos. Em um país de negros.
    Quem sabe um dia, não nos admiremos tanto quando um deles for Presidente da República… tal qual hoje pode vir a ser uma mulher. Branca.

  57. Respeito muito o João
    Respeito muito o João Vergílio. Ele foi meu professor no curso de filosofia da USP.

    Mas continuando o questionamento do Weden, pergunto ao caríssimo professor quantos colegas negros ele tem na faculdade? Eu estudei lá e não vi nenhum.

    Já na faculdade de direito havia uma professora.

    Abraços,

    Silvio.

  58. Sílvio,

    Há um professor
    Sílvio,

    Há um professor negro na Filosofia, e há alguns professores negros nas Ciências Sociais. Mas, você tem razão. É pouco, se você comparar ao número de negros na população como um todo. Mesmo assim, eu diria que o problema, na universidade, não é de preconceito. O problema é o número de POBRES que consegue chegar à universidade pública. Não há nenhuma barreira racial no vestibular em si, nem muito menos dentro da universidade. Tenho 25 anos de magistério, e posso lhe dizer que jamais assisti a um único caso de discriminação racial dentro da universidade. Nas agências de banco, assisto a isso todos os dias. Na competição por uma vaga no mercado de trabalho, só não vemos o racismo operante porque o trabalhinho sujo é feito pelos avaliadores do departamento de pessoal, entre quatro paredes. Ali, a discriminação é feia de verdade. E é ali, e não na universidade (essa IDÉIA FIXA!) que temos que mexer, se quisermos mudar alguma coisa.
    Abraço, e obrigado pelas palavras carinhosas.

    João

  59. Todos os que defenderam
    Todos os que defenderam ardorosamente as cotas raciais, antes, descreveram, na forma de sentimento de culpa, seus privilégios. O inferno está cheio de boas intenções! Boas intenções, que se traduzem em ações desastradas causam catástrofes.

    Fingem não perceber o que representa considerar, para efeitos de direitos da cidadania, de um país como o nosso, dividir o povo brasileiro em pretos, brancos, mestiços e o que mais queiram. Vamos enumerar as dezenas de mestiços e algumas das tonalidades de brancos. Branco caucasiano, branco ariano, branco judeu, branco ibérico com possibilidade de mistura com árabes, branco cigano, etc. Pardos oriundos do entrelaçamento de holandês com índio, branco, de qualquer uma das variações acima, com índio, com africano, com outros pardos, etc. Etc. Etc. E por aí vamos debulhando os espécimens injustiçados, conforme sua gênese, que merecem a proteção especial e particular do Estado. Por acaso, o próximo passo será criar reservas para seres humanos ameaçados de extinção?

    Não percebem que particularizar uma lei, que deveria ser extensiva a todos que dela precisam, além de não resolver o problema ainda vai causar novos e maiores problemas? É segregacionismo brabo disfarçado de caridade. A cidadania não carece de “caridosa” particularização. Precisa que a igualdade de direitos seja feita para todos e respeitada por todos.

  60. João Vergílio

    Se você
    João Vergílio

    Se você acompanhar a discussão desde o início, verá que tento dizer que a discussão sobre as cotas aqui sempre alcança um grau de circularidade absolutamente improdutivo para pensar o problema do racismo no país.

    Não é a toa que os argumentos se repetem e não avançam, desde que o tema foi tocado aqui. Todos os argumentos, contra ou a favor, aqui já foram absolutamente afirmados e reafirmados.

    Verá também que percebo bons argumentos nos dois lados da contenda.

    Mas que, ao mesmo tempo, para superar aquela mesma circularidade, estou propondo discutirmos medidas efetivas para o combate à desigualdade que, entre outros fatores, também se refere ao preconceito racial.

    É aí que entra meu questionamento: de que maneira efetiva, podemos igualar as oportunidades, quando estamos diante de duas pessoas com o mesmo grau de formação ou mesmo talento, e uma delas é excluída por conta da cor.

    O exemplo da televisão é um caso visível – ótimo exemplo para discutirmos em bases concretas.

    Útil para ir além da discussão das cotas. Discussão interminável. E pelo jeito indecidível.

    Mas podemos ir além: o que diremos para uma jovem negra que perdeu o emprego na recepção de uma clínica, mesmo tendo uma formação melhor do que a outra concorrente, por causa da cor da pele?

    As teorias são ótimas. Eu trabalho com teorias, inclusive. Mas às vezes o pragmatismo é útil.

    Por isso desde algum tempo estou discutindo menos as cotas na universidade e mais oportunidades desiguais de trabalho para pessoas com a mesma capacidade e talento.

    Abs

  61. Silvio, para
    Silvio, para reforçar.

    Estudei com dois ou três negros (num universo de mais de 300) no Instituto de Comunicação, nos anos 80; depois, nos anos 90, fiz um mestrado sozinho, sem nenhum “pardo” para contar história.

    Depois um doutorado com uns dois negros, no máximo. Isso já nos anos 2000.

    Entra década, sai década, e nada muda. Meu percurso vem sendo solitário há mais de vinta anos.

    E hoje mais um pós doc, com nenhum negro perto de mim.

    De novo e sempre: conheço ótimos argumentos dos dois lados. Mas um dos lados propôs algo concreto. E outro fala dos valores humanitários.

    Quero práticas e usos. Quando se critica, deve-se oferecer medidas substitutivas (náo apenas na questão da universidade, mas do mercado de trabalho).

    Não estou vendo. A sugestão da cota social é ótima. Mas na hora em que o branco pobre e o negro pobre chegarem na porta da empresa. Elas terão sido suficientes?

  62. Ok, Romanelli,

    Gosto assim
    Ok, Romanelli,

    Gosto assim de andar pra frente.

    Leio isto: “PRECONCEITO se combate com EDUCAÇÃO .e lei aos radicais de ambos os lados”

    Há um problema aí: a educação que combate o preconceito é da parte do preconceituoso ou da vítima? O preconceito está ligado a formas de identificação do sujeito com o discurso com que ele se reconhece. E pouco tem a ver com graus de informação ou formaçaõ.

    Há inúmeros preconceituosos com títulos de doutor. Não precisamos ir muito longe, certo.

    Ou você está dizendo que alguém com mais formação educacional pode vencer melhor os preconceitos? Tudo bem, mas há limites, você sabe.

    Quanto ao rigor da lei, tenho minhas dúvidas. Temos leis anti-racismo. e quantos racistas estão presos?

    Mas vamos discutindo. Vamos fazendo propostas de preferência.

  63. Prezados

    Acho que estamos
    Prezados

    Acho que estamos perdendo o bonde da história.

    Estamos cá a discutir: 1. se existe ou não racismo no Brasil; 2. se as cotas ações/afirmativas não seriam racialistas; 3. se as cotas/ações afirmativas não iriam estimular o ódio racial no Brasil e por aí vai.

    Tudo isso passa pela questão de identidade.
    Quem é esse ser brasileiro? Qual é a nossa cara? Alguns dirão que somos um cadinho de cada coisa, isto é, misicigenado. Então por que o branco [em sua esmagadora maioria] aparece – em destaque – na foto?
    Por outro lado, essa discussão/debate [étnico] já se deu, nos EUA, há mais de 100 anos atrás. Isso possibilitou uma sociedade mais coesa e em condições de eleger um presidente negro. Fato – ainda – impensável no Brasil.
    Se até antigos guerrilheiros/presos políticos, no Brasil, estão sendo indenizados pelo Estado, por que não os negros?
    Militão você representa a minoria da comunidade negra.
    Já lhe perguntei antes e o faço outra vez: se seus filhos estivessem se afogando em um naufrágio, você iria – primeiro – se certificar de que todas as outras pessoas fossem salvas antes de cuidar dos seus meninos? Eu acredito que não. Logo, porque o negro brasileiro tem que esperar que o Brasil resolva todos os seus problemas sociais e econômicos para merecer um lugar digno na foto?
    Por que não seguirmos o “péssimo” exemplo americano/ Ou seja, uma sociedade multicultural e menos hipócrita onde todas as suas etnias [negros/brancos/índios/orientais/latinos] tenham visibilidade social/econômica/cultura.
    Em verdade, as cotas/ações afirmativas não transformarão o Brasil em racialista. O Brasil já é. Apenas não sabe…

    Combinado. Então primeiro criemos o apartheid, depois a KKK, depois assassinemos alguns líderes negros pacifistas e, assim, encontraremos o caminho idêntico aos dos irmãos do norte.

  64. Brilhante Nassif !!

    O
    Brilhante Nassif !!

    O “apartheid” já existe. Os negros, em sua imensa maioria, no Brasil, ocupam os guetos e periferias. Não algo é institucional, no entanto é aceito pelo senso comum. Incomoda menos do que cotas/ações afirmativas para negros. Não vejo na mídia ou em seu blog nenhum protesto a respeito. Tudo bem eu já sei o que vai dizer. Concordo. Também há brancos lá nesses guetos. Nassif, agora eu lhe pergunto: por que, por outro lado, é mais fácil encontrar uma pepita de ouro do que um negro no alto da pirâmide social e econômica no Brasil? Onde estão [proporcionalmente] os vários negros juízes, grandes empresários, banqueiros, médicos etc? Afinal somos 50% da população.
    Quanto à KKK, quem são, preferencialmente, os alvos de chacinas no Brasil? Vide Candelária/ônibus 194. Ganha um doce se disser que são negros.

    Nassif, é ingenuidade e algo hipócrita, na questão étnica, nos acharmos [nós brasileiros] melhores do que americanos ou sul africanos. Tanto lá quanto cá no Brasil o negro é cotidianamente “massacrado”. Senão fisicamente, o negro brasileiro é vilipendiado em sua dignidade e auto estima. Olha o que fizemos com nossos índios!!!

    Senão vejamos. Pelo simples fato de de lutar por cotas/ações afirmativas o negro é chamado, pela mídia em geral, de nazista e racista. E sobretudo de pregar o ódio étnico. Isso até está no livro “Divisões Perigosss…” onde há textos seus e do Militão. E o que você me diz do índio a dormir no ponto de ônibus ser queimado por três adolescentes brancos?

  65. Prezados, o nível dos
    Prezados, o nível dos comentários é estimulante. Vou enumerar algumas respostas que considero questionamento relevante.

    1) SILVIO, não nego a existência do racismo. Porém rejeito o remédio racial. É a prescrição do medicamento errado para uma enfermidade inexistente. No Brasil – diferentemente dos EUA – está consagrado pela sociologia que as discriminações não têm raízes na origem (raça) mas na marca (cor). Vide ORACY NOGUEIRA, 1953, USP: “Quando o preconceito de raça se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações os traços físicos, a cor, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de MARCA (Brasil); quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo racial para que sofra as conseqüências, diz-se que é de ORIGEM (EUA)” (Tanto Preto; Quanto Branco; 1979 p. 78 e 79).

    2) ARTHEMÍSIA, com meus cumprimentos. Ora, se ´raça´ não é a causa de exclusão somente a ´cor´ é que pode ser levada em consideração. Portanto em Ações Afirmativas são considerados: o sexo, idade, côr, opção sexual, condições físicas etc, enfim, condições ´naturais´. A ´raça´ é uma condição artificial, produto de construção social ruim que deve ser destruida e não consolidada pelo Estado.

    Minha crítica é que o Brasil caminha p/ equivocada ´racialização´ que não faz parte da índole de n/ povo. Quando o Estado fala em ´igualdade racial´, está tomando ´raça´ como verdade jurídica. Se pesquisar no ´google´ o termo ´igualdade racial´ verifica-se o quanto de políticas públicas, leis e projetos de leis raciais em trâmite. São centenas e se aprovado a nível federal, cada um dos 5.700 municípios terá algum político ávido em aprovar uma lei racial. Estaremos racializados de cima abaixo.

    3) MARCO VITIS, s/exemplo da generosidade e fraternidade vinda da população de PARAISÓPOLIS é exemplar da índole do n/ povo. Foi onde em 1983 levei, pessoalmente, o saudoso Stokely Carmichael’s, ex-black panther, a quem devo todo o meu convencimento da luta contra o racismo.

    Tal como MALCON X, após 1966, Sokely, abandonou o racialismo black para lutar por socialismo e humanismo. Por essa atividade anti racista fui preso e conduzido ao DEOPS do Dr. Tuma, do que me orgulho. Stokely, banido dos EUA, vivia na Guiné como assessor do Presidente Sékou Touré (enterrado ontem – 26/12/08). PARAISÓPOLIS comprova, nós afro- brasileiros somos fraternos e NÃO SOMOS RACISTAS. Ora, se a cultura catarina é racista, o problema é deles. Nós somos solidários.

    CABOCLA, saudações. “´não queremos separação nem integração. Queremos apenas nossos direitos humanos. Queremos ser tratados como seres humanos” Frase maravilhosa, mas não vejo porque – e nem como – não precisaremos das cotas para universidades como meio para chegarmos lá.” Minha prezada, a frase não é minha e de MALCON X, pouco antes de ser executado por pretos radicais que não aceitavam sua nova concepção de luta por humanidade e não mais pela ´black race´. Foi sua conversão ao socialismo, abandonando o islamismo que o conduziu a rever sua posição.

    SILVIO, não utilizei a frase de MALCON X fora de contexto. Vc. é que defendendo a populista política ´racial´ talvez ainda esteja como os radicais afro-americanos que preferiram executar MALCON do que evoluir com ele. STEVE BIKO compreendeu a evolução de MALCON e consagrou outra frase que vc. precisa dela: capitalismo e racismo são faces da mesma moeda. Com isso, nós socialistas, queremos dizer é que a exclusão de afro-descendentes faz parte da estratégia capitalista.

    O racismo e o racialismo que vc. defende apenas facilitas a tarefa do capitalismo.

    O lugar onde os afro-descendentes alcançaram a melhor média de condições de vida, saúde, educação e dignidade humana foi na empobrecida CUBA, sem qualquer lei baseada em ´raça´, embora a cultura do racismo também ainda continue presente. Em Cuba, com 11 milhões de habitantes, forma mais médicos negros por ano que o Brasil em cinco séculos.

    Nos EUA de crenças raciais, os números do ROMANELLI (acima) são irrespondíveis. Fora o que vimos em New Orleans, as condições dos afro- americanos estão péssimas. O racialismo, meu caro, degrada a alma e deforma o caráter, denunciava LUTHER KING.

    ..entre homens
    1 em cada 100 adultos esta preso
    1 em cada 36 hispânicos
    1 em cada 15 negros
    1 em cada 9 negros jovens entre 20 a 34 anos, estão na prisão.

    ..entre mulheres
    1 em cada 359 mulheres adultas esta presa
    1 em cada 100 mulheres negras

    O admirado prof. Cornell West, denunciava em 2004, de 2 milhões de presos nos EUA, 62%, cerca de 1.200 milhão, eram afro-americanos.

    4) SILVIO, mais ainda, MALCOM X teve uma trajetória política de evolução na compreensão e condução de parte do black moviment nas década de 50 e 60 à três pontos fundamentais: 1) O islamismo, 2) a violência como método para auto-defesa e 3) ao final da vida ao socialismo. Apesar da religião ter sido a porta de entrada para perceber os problemas sociais de afro-americanos, pouco a pouco, ele percebeu a questão do negro não era apenas de caráter teológico. Era uma questão política, econômica e civil e que a violência não tinha que ser ´racial´ mas revolucionária e anti-capitalista. Foi nesses 2 anos finais que passou a repudiar a divisão racial, e foi p/ essa razão que foi executado por radicais blacks e chamado de ´traidor´. Aquela frase q/ voce acusa de fora de contexto, foi na verdade, sua condenação à morte por racialistas radicais. Eu, como militante, tenho esse MALCON X como exemplo, ao lado de FRANTZ FANON, STOKELY, LUTHER KING, STEVE BIKO, N. MANDELA e OBAMA, todos rejeitaram conviver com um estado em que as pessoas sejam consideradas pela ´raça´ ou pela cor da sua pele.

    5) Para quem pensa que ´não passei meus dias de cadeia´, ainda os passo. Faz muitos anos dedico mais de 50% de meu tempo e de minha atividade profissional à luta contra o racismo e por ações de inclusão sócio-econômica de afro-brasileiros, hoje com enfoque nas famílias de presidiários e vítimas da violência, que são os pretos mais excluídos, dentre os excluídos.

    Não sou criminalista. Sou civilista, e se me dedico às famílias dos presos é porque elas é que são as vítimas do racismo, não quem se deixou levar pela delinqüência.

    6) Para quem pensa em minhas alianças e interesses ´escusos´ informo que tenho filhos de 18 (prestando USP neste ano) e de 16 anos p/ o próximo e teria razões pessoais p/ lhes facilitar a vida a oportunidade da boa universidade pública que não tive.

    7) TATO MACEDO: Não prego somente políticas universais. Se vc. pesquisar, tem artigo meu de abril/1988 em homenagem a LUTHER KING (20 anos de sua morte) e falando s/ o ´Centenário da Abolição´, no qual, faço minha primeira defesa pública de AÇÃO AFIRMATIVA. Publicado no jornal do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do governo do Estado de São Paulo – um órgão oficial e também no dia 13/05/1988, publicado no DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, comemorativo do Centenário da Abolição.

    Portanto, meu prezado, jamais tomei partido ao lado de racistas, assim como renego tomar partido ao lado de racialistas – mesmo que sejam afro- brasileiros – pois ambas, são correntes perniciosas de louvação da ´crença racial´ a base ideológica do racismo: a divisão da humanidade que foi idealizada para nos sonegar a inteira humanidade (MALCON X).

    RAÇA e RACISMO: Como defendo Ações Afirmativas, não prego apenas a ´neutralidade´ estatal. Mas jamais concordarei com tua pregação raivosa e temerária qdo. voce diz: “Não existe neutralidade possível: negar raça já é uma afirmação política que te coloca em um dos lados bem definidos de uma briga antiga. Negar raça já é intrinsecamente racista.”

    Portanto vc. seria mais honesto se assumindo como racialista, ou seja, alguém que entende a legitimação de ´raça´ que foi inventada a partir de 1.750 e acredita que isso seja uma condição humana. E, por ser uma condição humana, pensam os racialistas, o Estado deve considera-la e a .tornar institucional, assim, a faz natural. Mas ´raça´ não é natural e devemos lutar para destruir essa crença estúpida.

    TATO, todas as estatísticas dos diversos institutos revelam sempre a mesma coisa: a desigualdade entre pretos e brancos. Isso é inegável.

    O que ora debatemos – e precisamos fazer isso a nível nacional – é a forma pela qual o Estado – racional, reflexivo e pensando no futuro – deva promover políticas públicas de inclusão, visando neutralizar as discriminações e livrar o povo dos preconceitos que ainda levam a isso.

    Por exemplo, o bolsa família, aliado a educação é um programa que retirou 40 milhões de pessoas da miséria absoluta, dentre eles, cerca de 80% são afro-brasileiros. Ao vincular a educação significa que a futura geração dessa população estará em melhores condições sociais. É um programa ´universal´, porém, nós sabemos que tem um endereçamento que nos contempla.

    O mesmo se dará com as COTAS SOCIAIS. É uma política unniversal para oriundos de escola pública com ´corte na renda familiar´. Com isso, nossos jovens, brancos e pretos, competirão em igualdade de condições que é suficiente para nos contemplar.

    Neste sentido esse n/ debate é essencial. Uma boa política pública ataca ao mesmo tempo, causas e efeitos. Cotas somente ataca os efeitos.

    Outro ponto relevante que as estatísticas não revelam é que as vagas por ´cotas´ em quase todas as Universidades Públicas não estão sendo preenchidas por afro-brasileiros. Na UERJ, desde 2006, sobram mais de 2.000 vagas. Portanto, as ´cotas raciais´ não estão garantindo a presença dos pretos/pardos, estão somente cumprindo o papel de assegurar a identidade jurídica racial. Mesmo assim, acaba de ser prorrogada por DEZ ANOS, ou seja, após QUINZE anos, estará consolidada uma geração de vítimas do racialismo desnecessário.

    8) WEDEN pede quais as propostas concretas para o campo trabalhista, comunicações e outros setores sociais e apresentarei no próximo post – esse está muito longo – e já respondo são AÇÕES AFIRMATIVAS e que não contempla COTAS RACIAIS, pelo simples fato que ´cotas´ compulsórias somente ataca os efeitos, porém, ao mesmo tempo, racializando direitos via estatal, faz o aprofundamento das causas.

    9) FERNANDO ANTONIO, tem um artigo fantástico de MIA COUTO escritor moçambicano “E SE OBAMA FOSSE AFRICANO?” denunciando que em razão do ´racialismo´, OBAMA, se africano, por ser mestiço, nem poderia ser candidato na maioria dos países africanos. (vide:www.viomundo.com. br/voce-escreve/mia-couto-se- obama-fosse-africano/)

    Por ora, abraços. J. Roberto Militão

  66. WEDEN

    Novamente

    As cotas
    WEDEN

    Novamente

    As cotas raciais NÃO vão resolver os problemas do mercado de trabalho e os preconceitos …e nem por isso devemos deixar de melhorar, e repensar outras práticas

    Mas o mundo, na prática, não aceita o VOCÊ tem que me amar, na marra

    TUDO tem um início …primeiro há que prepararmos mais de outros Joaquim Barbosa pra depois querermos vê-los no STF

    a propósito, o que fazemos com os brancos feios ? percebe …tem coisa que não dá, entende (by Pelé)

    ORLANDO

    Olhe os dados que coloquei sobre os EUA …lá as cotas RACIAIS tentavam reparar vítimas diretas, vítimas VIVAS, ainda vivas …pense sobre a condição social do negro, o cárcere …sei que você consegue …lembre-se, me respeite, sou branco, minoria

    no mais

    olha …veja….perceba …preste atenção ….áhhh …ãããã….xá pra lá …..

    beijos e FELIZ 2009

  67. Os pretos e brancos estudados
    Os pretos e brancos estudados e “sarados’ não fazem idéia da discriminação contra gordos, diabéticos, epilépticos, etc.

    Urgente: cotas para os gordos ! Os obesos são, brancos e pretos, uma parcela cada vez maior da população.

  68. ORLANDO ao final respondo a
    ORLANDO ao final respondo a quem represento. Com certeza não represento os racialistas frustrados que precisam da barreira ´racial´ como auto justificativa. Nem aos que se apegam a cargos públicos e precisam de políticas públicas raciais p/ apresentação de relatórios e resultados. Tampouco os que na Universidade tem seus projetos acadêmicos vinculados a existência de conflitos raciais para amparar seus estudos, pesquisas e a própria carreira. Menos ainda aos em ONGs precisam do embate racial e das estatísticas que engordam seur projetos e justificam a busca de financiamentos públicos e internacionais.

    WEDEN, calma, esse post foi iniciado para debater o projeto de leis de ´cotas raciais´ (Juiz William Douglas) ou ´cotas sociais´ (Militão) a partir da audiência pública de 18/12 pp no Senado. Portanto vamos sugerir ao LN abrir outro post a partir de sua proposta para a gente falar de AÇÕES AFIRMATIVAS no gênero, pois ´cotas raciais´ é a pior espécie de AA.

    ORLANDO, não é correto dizer que os americanos ´resolveram´ suas questões raciais a mais de 100 anos. O que fizeram de 1.880 a 1960, foi a produção das infamantes leis segregacionistas e financiamentos de projetos raciais de afro-americanos a fim de manter a divisão do povo.

    É falso dizer que foram as leis raciais nos EUA que propiciaram a inclusão dos afro-americanos.

    Quem o fez, foi a lei de DIREITOS CIVIS, cuja principal vitória foi impedir que o Estado legisle sobre ´raças´ e implementasse, a partir de 1964, AÇÕES AFIRMATIVAS em caráter geral, cujas maiores beneficiárias foram as mulheres e depois os afro-americanos e os latinos, uma vez que tais leis visavam assegurar políticas AFIRMATIVAS ou sejam, neutralizar as discriminações injustas e promover políticas de inclusão assegurando a igualdade de tratamento e de oportunidades.

    ORLANDO é falso dizer que ´cotas raciais´ é equivalente a Ações Afirmativas. Já citei acima, o que dizem os bons pensadores a respeito. Somente os inimigos de AÇÕES AFIRMATIVAS as denominam como se ´cotas raciais´.

    REPRESENTAÇÃO: segundo pesquisa do CIDAN (Zezé Motta) feita pelo IBPS (http://Ibpsnet.com.br/pdf/104.zip), publicada em 20/11/2008, 63% dos cariocas foram contra as leis raciais. Qdo. pretos, 62,3% e qdo pardos 62,9%.

    Portanto, ORLANDO, não sou minoria na ´comunidade negra´. Estou falando e represento a voz da maioria dos brasileiros DESORGANIZADOS que não estão vinculados a interesses duvidosos, pessoais, de grupos ou partidários. Evidente que são desorganizados e talvez porisso, vc. ache que não devam ser representados.

    Além disso, falo em nome de minha consciência cívica e de quem sempre lutou contra o racismo e agora também contra o racialismo.

  69. Militão

    “ORLANDO, não é
    Militão

    “ORLANDO, não é correto dizer que os americanos ´resolveram´ suas questões raciais a mais de 100 anos. O que fizeram de 1.880 a 1960, foi a produção das infamantes leis segregacionistas e financiamentos de projetos raciais de afro-americanos a fim de manter a divisão do povo.”

    O debate étnico, nos EUA, começou logo após a Guerra da Secessão [1865]. Foi a primeira vez que o negro, nos EUA, de certa forma, se colocou diante da realidade americana. Eclodiu [debate] com os direitos civis nas décadas de 1950/1960. Sem isso não haveria um Obama. Se houve leis segrecionistas, elas foram derrubadas pela ação de negros [Malcom X, King, Sara Parks e outros] que lutaram e por tombaram em nome do negro americano. Eles tinham o bom senso e humildade de não querer mudar o mundo/ser humano inteiro de uma vez só. Como negros peleavam pelos negros.
    Não falo em “raças”. Reafirmo etnias. Se você as nega, o que então misturamos para chegar à tão propalada miscigenação brasileira? Reafirmo diferenças. Se elas não existem como percebo o outro? Acredito na diversidade multicultural que nos enriquece. Não obstante diferentes, reafirmo direitos/privilégios iguais para as várias tribos/comunidades que compõe a humanidade.

    Sim dentro das comunidade negra sua leitura da questão étnica e minoria. Todavia, atrapalha um bocado.

    Não prego ódio. Advogo reparações aos negros por danos de mais de 300 anos de trabalho escravo e cerca de 120 anos de discriminação/ racismo.

  70. Ação social afirmativa
    Ação social afirmativa concreta: 56 mil estarão se diplomando este ano pelo PróUni. No final de 2010 serão aproximadamente 200 mil. De pouco serve a grande mídia não noticiar. Quem foi beneficiado e suas famílias, sabem. Enquanto isso, amídia prefere noticiar a queda do poste da obra do PAC. Eu devo ser muito burro, porque não entendo a lógica desse pessoal.

  71. Militão,

    Você é tudo menos
    Militão,

    Você é tudo menos socialista. Se fosse socialista, em primeiro lugar, sequer falaria de dignidade humana ou igualdade no prisma de abstração e idealismo que tem sido a marca do seu pensamento (e do pensamento liberal-burguês). Obviamente que a luta pela emancipação do negro não pode ser desvinculada da luta contra as mazelas do capital, mas o entendimento disso não se dará com as leituras de Rawls e Bobbio, autores que você adora. Mas como fica difícil defender posições ambíguas como as suas, o jeito é apelar para gente que foi a luta, que forçou o Estado a adotar políticas efetivas de combate à discriminação racial, como Malcolm X, Biko e Fanon. Diferentemente do que você quer fazer crer, Malcolm X, com muita sabedoria, percebeu que o problema da discriminação é uma estratégia de poder que visa a excluir certas pessoas do acesso aos bens. Por isso ele afirmou que o problema do negro é o capitalismo. O próprio Marx já disse que “um negro é um negro, e ele só se torna escravo em certas condições sociais”.

    Mas não coloque Malcolm X do seu lado em sua pregação liberal pela “dignidade humana” e contra as políticas públicas que você, de forma pejorativa e muito ao gosto dos racistas, chama de “raciais”. E mais uma vez você é contraditório, quase paradoxal. Veja que interessante: você cita autores que reconhecem o preconceito de “marca” no Brasil, e não de “raça”. Militão, por favor! Segundo o seu raciocínio políticas raciais seriam inadimissíveis, mas políticas de cor (reconhecendo-se que a discriminação é de marca) seriam admissíveis? Você toma o continente pelo conteúdo, Militão! Vamos repetir, mais uma vez: o que chamamos de raça é uma construção teórica da sociologia que tem por finalidade explicar o porquê certas pessoas são oprimidas, seja pela sua origem, seja pela sua cor. No Brasil, dizemos que há discriminação racial quando alguém é oprimido pela cor da pele! Você pôs na cabeça que quando se fala de raça está a se falar de biologia, o que é um equívoco enorme da sua parte. Você é negro, assim como eu também sou, e sabe muito bem que o que chamamos de raça é primordialmente cor da pele. Duvido que alguém já lhe pediu exame de DNA para lhe discriminar. E por este motivo não vejo porque desvincular as políticas que privilegiam os mais pobres (chamadas de “sociais”, como se o problema do negro não fosse “social”), das chamadas políticas afirmativas. São suas citações fora de contexto e este uso inadequado de conceitos é que impedem um debate sério sobre o tema.

    E citar Fanon é absurdo para um legalista como você. Fanon lutava contra a colonização, pregava inclusive a violência, a expulsão do colonizador pelas armas. Ele não ficaria no “véu da ignorância” do John Rawls, que você adora. Ele acreditava na intervenção real, na remoção dos obstáculos do mundo real que impedem a emancipação do homem. E sabe o que é mais irônico? Foi o Rawls um dos primeiros autores a falar do “racismo institucional”…

    Você disse que rejeita viver num Estado em que as pessoas são consideradas pela cor de sua pele. Não sei, não, Militão. Você quer viver num Estado que simplesmente negue que as pessoas são consideradas pela cor da pele, e que nada faça a respeito das iniquidades e das injustiças do mundo real, ainda que elas existem. Já eu me recuso a viver numa sociedade que permita a permanência de um Estado inerte, em que as pessoas sejam rejeitadas pela cor da pele. Eu quero uma sociedade igualitária em que negros e brancos participem das decisões políticas e decidam os rumos da sociedade com os mesmo interesses. Você acha mesmo que políticas universalistas, as cotas sociais vão resolver a baixa representação de negros no ensino universitário, nas carreiras de Estado, nas empresas? Como explicar a vantagem que alguém de pele clara tem quando disputa uma vaga com alguém do mesmo estrato social e mesma formação? E repito: qual o problema em vincular as cotas “sociais” (e o termo “sociais” já demonstra muito bem como se posicionam seus defensores) e as raciais? Por que devemos lutar em uma só frente? Segundo o último estudo do IPEA, o número de vagas no ensino superior cresceu nos últimos 30 anos tanto para brancos como para os negros. A diferença entre os dois grupos, porém, também avançou. Os 4,3 pontos percentuais de 1976 foram a 13 pontos em 2006, sempre a favor dos brancos. Ou seja, as políticas não são tão universais assim

    E você quem facilita a tarefa do capitalismo, Militão. Negros fora da universidade, negros ganhando menos do que os brancos com a mesma formação, prontos para servirem ao exercito de reserva do capital. Negros impossibilitados de pensar numa transformação social efetiva pois alijados de condições materiais, sem entender sua própria condição existencial é tudo que o capitalismo quer; menos gente para dividir o bolo. Mas, afinal de contas, com a poítica do mérito e a exclusividade de políticas “universais” que você defende, vai demorar muito para que um número expressivo de negros obtenha a formação necessária para demonstrar as confusões e as citações fora de contexto que você utiliza em suas discussões.

  72. Caríssimo professor João
    Caríssimo professor João Vergílio,

    Será que os mesmos motivos que fazem o negro ser mais pobre do que o branco, não são os mesmo que o impedem de estar na universidade em número proporcional à sua participação na sociedade? E será que o fato do senhor ter apenas um colega (será que ele se considera assim?) e pouquíssimos alunos não é algo mais significativo do que todos os casos de discriminação que o senhor pudesse ter presenciado? Assim como o silêncio pode dizer muita coisa, a ausência pode significar a presença de algo.

    Só mais uma coisa: imagine alguém que é vítima do “trabalhinho sujo” deste pessoa de RH. Havia, inclusive, uma agência aqui em São Paulo que tinha ordens expressas de colocar um “P” na ficha se o candidato fosse negro. Imagine que esta “vítima” está desempregada faz um tempo, o filho acaba de se terminar o enisno médio. O pai estava esperando uma oportunidade de emprego e daí, quem sabe, poderia dar uma folga para o filho que, sem ter que trabalhar à noite (também, pois já trabalhava durante o dia), poderia fazer um cursinho pré-vestibular comunitário. O garoto fez colégio público no período noturno e era muito inteligente. Vítima do RH, o pai não vai poder dar este privilégio ao filho; eles precisam comer. O filho inevitavemente vai ter que arrumar um trabalho no turno da noite, porque a mãe, que trabalha durante o dia, tem que cuidar da criança pequena.

    O garoto sabe que o sonho da faculdade está adiado. E que mesmo quando puder, já que não fará cursinho, terá que pagar uma privada. Claro que não a PUC, o Mackenzie ou a FGV. USP e Unicamp? Nem pensar.

    Ele jamais terá o privilegio que tive de asistir as aulas do professor João Vergílio. Ele dificilmente saberá soletrar o nome “Wittigenstein” com o querido professor.

    E o RH, lembra? Por que foi mesmo que não deram o emprego para o pai do garoto? O que significava aquele “P” na ficha? Sei lá. Não dá tempo de ficar pensando nisso. A vida tem que seguir.

    Abraços,

    Silvio.

  73. ORLANDO, ORLANDO:
    ORLANDO, ORLANDO:

    Reparação é outra coisa cujo conceito não se confunde com Ações Afirmativas. Aliás, caso queira, te convido para a gente atuar juntos em projetos de ´reparações históricas´. Meu amigo Fernando Conceição, da Universidade Federal da Bahia está pedindo ajuda e como estou nessa labuta contra ´leis raciais´, não tenho tido tempo para esse relevante debate que não é contra o Brasil, mas contra o capitalismo ocidental, beneficiário direto do sistema escravista. Acho que vc. poderia dar grande contribuição, pois envolve um conceito de pan-africanismo moderno, ou seja, pós sistema colonial da África. Agora se fala em ´reparações´ às nações africanas e aos afro-descendentes na diáspora, pois tanto os africanos como nós, fomos vítimas do maior sistema escravista e mais desumanos de toda a história da humanidade.

    A idéia atual de ´reparações´ inclusive visa beneficiar países como o Brasil, Cuba, Colômbia, Haiti, São Domingos enfim onde houve intensa exploração do braço africano a fim de investimentos nessas populações que o sistema, levou a riqueza e deixou uma massa humana na mais completa miséria. Além de beneficiar as nações africanas que perderam grande quantidade de seus filhos seqüestrados para servir ao escravismo desumano.

    É portanto uma demanda política distinta do cotidiano que é tratado pela doutrina jurídica de Ações Afirmativas que não se confunde com ´cotas de privilégios raciais´. AA são políticas públicas e privadas, induzidas pelo Estado, que assegurem a igualdade no dia a dia.

    Reparação não se faz com Ações Afirmativas que serve para o cotidiano das pessoas no exercício pleno da cidadania. AA faz compensação, no sentido de compensar o comportamento preconceituoso no dia a dia e não ´compensação´ histórica. A compensação que faz AA é impedir que hoje os preconceitos oriundos da cultura racista, sexista, homófoba ou qq. outra impeça a pessoa de exercer direitos ou impeça o tratamento com igualdade nas oportunidades.

    Vc. que é racialista (fã do racialismo norte-americano) assim como os racialistas oficiais passaram, por estratégia semântica, a utilizar etnia como sinônimo de ´raças´, o que tb. é falso. A etnia é vínculo de pertencimentos culturais, tradicões etc. e isso, nós perdemos em razão no escravismo. Qual a n/ origem africana? Ou vc. pensa que todos os africanos tinham a mesma cultura, crença e tradições? Entre nós, mesmo as religiões afro- brasileiras, o samba e a capoeira não significam identidade étnica.

    Os afro-americanos não falam em etnia. LUTHER KING, lutou contra as ´leis raciais´ e contra o racismo no dia a dia dos afro-americanos. Tinha como prioridade a luta por JUSTIÇA e IGUALDADE, e não a luta ´racial´. Releia, vc. que pode ler no original ´I have a dream´ e a Carta da Prisão de Birmingham. MALCON X foi executado por radicais blacks, exatamente quando passou a defender o que defendo: a restauração da n/ humanidade e não a essa estupidez de ´identidade racial´.

    A solidariedade aos afro-descendentes é devida em razão da violência do racismo de que somos vítimas pela bobagem da cor da pele e não é devida solidariedade alguma em razão da origem ´racial´. Somos todos humanos.

    KING, em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que inicialmente deveria ser uma marcha de protesto, acabou se tornando uma celebração das conquistas do black moviment (e do governo) – o que irritou bastante ativistas mais radicais.

    A partir de 1965 o líder passou a militar contra a Guerra do Vietnã. Em fevereiro e abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os EUA desempenhavam na guerra. Em 1968 King e o SCLC (Conferência Cristã do Sul) organizaram uma campanha por JUSTIÇA SÓCIO-ECONÔMICA, contra a pobreza (a Campanha dos POBRES) que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país (não era apenas para ´the black race´). Na Carta da Prisão ele diz, algo para você: “Eu não tenho como justificar que pretos ricos tenham acesso a benefícios estatais diante de tantos brancos pobres.”

    Enfim, é falso dizer que lutaram pelos ´negros´. Eles lutaram por justiça, contra a pobreza e por igualdade de tratamento e de oportunidades. Nelson MANDELA, n/; símbolo mais próximo prega: ” “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, por sua origem ou ainda por sua religião.Para odiar, as pessoas precisam aprender; e,se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

    Qto. ao que represento, num debate honesto, exige-se respeito às informações confiáveis.

    Segundo pesquisa do CIDAN (Zezé Motta) feita pelo IBPS (http://Ibpsnet.com.br/pdf/104.zip), publicada em 20/11/2008, 63% dos cariocas foram contra as leis raciais. Qdo. pretos, 62,3% e qdo pardos 62,9% são contrários a leis raciais.

    DATAFOLHA (23/11/08, Cad. Especial Racismo, p.5): 86% apóiam ´cotas sociais´ p/ pessoas de baixa renda, independente de raça. 53% entende que as reservas de ´cotas para negros´ é humilhante. 70% desconhece os projetos de leis raciais. Diante da questão: ´Se Deus fez raças diferentes é para que elas não se misturem?” somente 9% pensam igual ao Sr. ORLANDO e os racialistas que desejam direitos separados.

    Destarte, não sei a que ´comunidade´ você entende que não represento, além daqueles guetos organizados que fazem lobby´s por interesses menores que não são coincidentes com os interesses dos brasileiros, pretos, pardos e brancos.

    Retificando: IBGE, 2005 – 6,3% de pretos; 42,8% de pardos, que os racialistas engordam pelo nome ´racial´ de negros = 49,1%.

  74. Militão

    Seu discurso é
    Militão

    Seu discurso é ambíguo e capenga.
    Para quem, como você, abomina o conceito de “raça” você cultiva um rigor quase matemático na escrutinação da negritude brasileira.
    [Retificando: IBGE, 2005 – 6,3% de pretos; 42,8% de pardos, que os racialistas engordam pelo nome ´racial´ de negros = 49,1%.] Se, como você diz os negros brasileiros são divididos [bem a gosto dos racialistas/racistas não negros] em pardos e negros, eu pergunto: e os brancos são coesos e uniformes? E se são, qual a base sociológica ou outra para essa sua afirmação?
    Militão, etnias/raças são conceitos ideológicos/sociológicos/antropológicos e nesse sentido, é válido falar em negros [não diferencio pardos e negros] e brancos. Ou seja, o Brasil é no mínimo bicolor.
    Deixo para o Sílvio de Almeida, ser humano e negro como eu, responder à você -…[E você quem facilita a tarefa do capitalismo, Militão. Negros fora da universidade, negros ganhando menos do que os brancos com a mesma formação, prontos para servirem ao exercito de reserva do capital. Negros impossibilitados de pensar numa transformação social efetiva pois alijados de condições materiais, sem entender sua própria condição existencial é tudo que o capitalismo quer; menos gente para dividir o bolo. Mas, afinal de contas, com a poítica do mérito e a exclusividade de políticas “universais” que você defende, vai demorar muito para que um número expressivo de negros obtenha a formação necessária para demonstrar as confusões e as citações fora de contexto que você utiliza em suas discussões.]…
    Militão, és minoria até no debate do Blog. A maioria – brancos e negros – discordam de você.
    O Brasil é formado por comunidades. Por mais que você não queira você pertence à dos negros. Essas inúmeras e diversas comunidades são/formam o Brasil. Multicural e multi-étnico. Comunidades que em suas diferenças são unas. Nele, Brasil, há lugar até para seres humanos…
    Militão, seu discurso é inócuo. Serve mais ao sinhozinho [senhor de escravos/feitor/capitão do mato] do que ao negro.
    A originalidade de sua argumentação não se sustenta frente ao discurso de Ivonne Maggie, Peter Fry, Magnoli e outros, estes, sim, verdadeiros construtores desse discurso tervegizante, isto é, no feitio exato para confundir a opinião pública. E, sobretudo, fazer do negro um vilão.
    Militão falta-lhe originalidade. ..

  75. Me parece que existe, a raça
    Me parece que existe, a raça humana; sub-dividir um país em raças, não é uma boa saída, para resover problemas que existam entre seus cidadãos.
    Toda vez que ouço falar em sistema de cotas para negros nas Universidades, lembro vagamente, pois já vai mais de meio século, de um senhor médico já falecido, negro, no bairro de S. Cristóvão – RJ, que tratou com sucesso e salvou ,este que escreve, acometido que foi por meses, de uma infecção intestinal crônica, grave, que outros médicos não conseguiram sanar.
    Este senhor, tinha esposa e filha professoras e o único filho, estudante do Colégio Militar no RJ. Não vinham de família rica, mas estudiosos.
    Ao longo da vida, conhecí diversas outras pessoas de sucesso, ( não tenho certeza se sei o que é isso), de cor negra.
    Acho, que a dificuldade de acesso às Universidades, é dos pobres, negros, brancos, índios e que passa pela facilidade e qualidade do ensino público de primeiro e segundo gráu. O resto, é vontade de estudar. Sdc

  76. Nassif,

    Militão propôs que
    Nassif,

    Militão propôs que você abra um post para discutirmos como eliminar o racismo nas oportunidades de trabalho.

    Acrescento que podemos discutir também como devemos eliminar as abordagens policiais racializadas contra negros.

    E vamos discutir propostas efetivas, que eliminem por exemplo casos como o curso da Polícia Militar do Rio que ensinava que negros são os suspeitos (link abaixo).

    _______________

    Há muito tempo aqui a única discussão aqui é: cotas/não cotas.

    E pelo que vejo os dois lados têm virtudes e problemas graves na argumentação.

    Vou apontar dois problemas graves de argumentação nos dois lados.

    Os que são contrários às cotas raciais geralmente apostam nas previsões mais sombrias: estudantes negros se sentirão inferiorizados, haverá um clima de animosidade entre os cotistas e não cotistas, o país começará uma onda interminável de leis baseadas no conceito de raça.

    Os argumentos são fragilizados pelos próprios fatos: não houve qualquer problema parecido em relação aos alunos beneficiados com as cotas até agora; não há registro de animosidade, e nem percebo qualquer desdobramento racialista em outras leis e instituiçoes por causa das cotas.

    Se as previsões não se confirmaram, o argumento não é válido.

    Do lado dos cotistas raciais, vejo um problema:

    Em que sentido as cotas sociais não dariam conta da ampliação de oportunidades para os negros? Podemos argumentar de todo jeito, mas é necessário que se prove que as primeiras não são suficientes.

    Ou seja: podemos argumentar segundo nossas convicções: sejam elas materialistas ou idealistas, como parecem ser os lados aqui em disputas.

    Mas precisamos argumentar respeitando a realidade. E já temos no Brasil exemplos que fragilizam tanto um lado quanto o outro da polêmica.

    __________

    Particularmente, a fragilidade dos argumentos favoráveis e contrários me deixa sem ponto de decisão e de definição. Mas sinceramente não estou preocupado com isto. Gostaria mesmo de ouvir as respostas para as duas questões acima: trabalho e polícia.
    ___________________

    Romanelli,

    “Primeiro há que prepararmos mais de outros Joaquim Barbosa pra depois querermos vê-los no STF”

    Você quer dizer que só há um negro da categoria de Joaquim Barbosa neste Brasil?

    Temos que preparar outros, ou temos que dar chance a outros? Olha rapaz, pelo menos igual a Gilmar Dantas, deve ter vários. rsrs, brincadeirinha.

    Você pode estar ignorando que existem bons nomes negros neste país. Bons e preparados.

    Só uma dica: precisamos preparar outros. E precisamos dar chances aqueles que já existem.

    Assim fica melhor?
    _______________________

    http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/post.asp?t=preconceito_em_curso_da_policia_civil&cod_Post=127621&a=443

  77. Prezado Militão

    Abaixo
    Prezado Militão

    Abaixo coloco comentários do Afropress a respeito da sua leitura da questão étnica no Brasil.
    Anti-cotistas revelam sua tática
    Por: Redação – Fonte: Afropress – 26/5/2007

    S. Paulo – Durante o ato na Comissão do Negro e Assuntos Anti-Discriminatórios da OAB, na tarde de sexta-feira (25/05) os anti-cotistas apareceram para questionar o senador Paim, sobre a validade e oportunidade do Estatuto.
    O advogado negro, José Roberto Militão, que tem engrossado o coro do lobby anti-Estatuto da Igualdade, liderado por intelectuais brancos como Ivone Maggie, Peter Fry, Demétrio Magnoli e Ali Kamel – o todo poderoso chefe da Central Globo de Jornalismo – compareceu ao ato para questionar a validade do projeto.
    Foi interrompido pelo presidente da CONAD, Marco Antonio Zito Alvarenga, que recomendou que fizesse às suas considerações por escrito e no momento adequado. Nervoso e pigarreando muito, Militão começou fazendo um histórico da trajetória no Movimento Negro e dizendo-se incomodado com a fala do editor de Afropres, jornalista Dojival Vieira. “Fui atacado”, afirmou, trêmulo.
    Ao propor a mobilização dos advogados e de toda a sociedade em favor do Estatuto, o jornalista lamentou a existência de “novos feitores e capitães do mato”, que passaram a levantar a bandeira anti-Estatuto. Não citou nomes, a não ser os nomes dos intelectuais brancos anti-cotistas.
    Na semana passada, a Revista Veja, trouxe matéria, com a antropóloga Ivonne Maggie, que se disse assustada com as lideranças negras que defendem o Estatuto, explicitando a estratégia dos anti-Estatuto de posarem de vítimas, repetida por Militão na OAB de S. Paulo. [..]
    Comentário sobre a notícia “Anti-cotistas revelam sua tática”.

    Caro amigo Dojival Vieira,
    Como é de seu conhecimento, dos membros da CONAD, do Conselho da Ordem dos Advogados de São Paulo, da Diretoria Executiva e, em especial, de nosso Presidente Dr. Luiz Flavio Borges D’Urso. Na qualidade de Presidente da Comissão e como cidadão sou plenamente favorável ao Estatuto da Igualdade Racial, porém, por dever da função faço um reparo à notícia subscrita pelo ilustre colega.
    Eclareço expressamente não comungar das idéias do Dr. Militão que, mesmo embasadas em estudos e em vivência do mesmo como militante da Causa pela Igualdade Racial, tem um enfoque a ser respeitado, pelo dever e amor ao debate.
    Manifestado e afastado à sua manifestação de que um determinado grupo estaria agindo contra a aprovação do Estatuto, pelos mais diversos motivos, inclusive de serem preconceituosos ou mesmo racistas, com a participação de negros, pois devemos separar o joio do trigo para não sermos injustos.
    Devo fazer o seguinte retrospecto de que o ilustre advogado Militão, embora tenha opinião contrária, fato que é de nosso conhecimento, desde de há muito, compareceu ao evento e se portou, até o momento de sua fala, de forma educada e com urbanidade, ouvindo com atenção às brilhantes palavras do Senador Paulo Paim, sem fazer intervenção, porém resolveu reagir às suas duras palavras ao identificar e mencionar nomes de pessoas que não estavam presentes e com a participação de negros alinhados com os mesmos intelectuais contra a forma em que se encontra redigido o mencionado diploma legal. […]
    Comentário sobre a notícia “Anti-cotistas revelam sua tática”.

    Meu caro Dojival Vieira,
    Agora mais do que nunca sinto não ter podido comparecer ao ato com o senador Paim, na Comissão do Negro e Assuntos Anti-Discriminatórios da OAB, na tarde de sexta-feira (25/05), para hipotecar nosso antigo e total apoio ao Estatuto da Igualdade Racial.
    Principalmente para ser mais um a testemunhar as barbaridades que os anti-cotistas (“novos feitores e capitães do mato” sim), vêm fazendo com seus discursos e suas práticas para convencer e converter a sociedade à suas idéias e, inclusive, se fazendo de vítimas. Lamento muito o posicionamento do Dr. Marco Antonio Zito Alvarenga, que em sua carta/comentário se preocupou em defender o advogado Dr. Militão, dando mostra de que nessa hora o corporativismo fala mais alto do que a causa primeira do evento em sua casa.
    Meu caro Dojival, assino com você a Nota da Redação. Como o próprio Paim disse, nós vamos vencer essa parada porque somos fortes e somos muitos, e nossa luta é por uma causa maior. É por justiça, Igualdade e Cidadania para todos!!! E não para preencher egos pessoais ou corporativistas de quem quer que seja. […]
    Comentário sobre a notícia “Anti-cotistas revelam sua tática”.

    O capitão do mato do século 21 está em ação. Mandado pelos “senhores de engenho”, ou porta-vozes da democracia racial, os anti-cotistas estão apelando para todos os lados. Para mim não chega a ser nenhuma novidade, eles agirem dessa maneira, ainda mais com a ajuda da Revista Veja. Não podemos esquecer um fato muito importante: A Revista Veja tem como acionista um grupo de comunicação que, por muito tempo, foi o sustentáculo do regime racista da África do Sul. É, no mínimo, interessante esta união: Revista Veja, Yvonne Maggie, Ali Kamel, MSN e os colaboradores do regime racista da África do Sul! Estamos bem arrumados. […]

    Um abraço

  78. Caro SILVIO, a tática da
    Caro SILVIO, a tática da desqualificação do interlocutor e alegação da confusão conceitual, vale para debates acadêmicos e não para uma disputa política. Se vc. considerar fatos perceberá que não defendo apenas políticas ´universais´, e certamente fui dos primeiros militantes nos anos 1980 a escrever e defender Ações Afirmativas, numa época que o movimento negro ligado aos partidos de esquerda (PT e PCdoB) a repudiavam como sendo políticas burguesas alienantes e contra-revolucionárias. Isso consta em documentos. Pesquise.

    Reitero, a questão é a forma. Já citei aqui as palavras de JOAQUIM BARBOSA, MARCELO PAIXÃO e WÂNIA SANT´ANA afirmando que somente os ´inimigos de Ações Afirmativas é que as designam como cotas raciais´. E vc. ao que parece, é um desses inimigos, pelo menos pela descortesia no debate e ignorância a respeito do que são AA e da própria formulação teórica que a legitima. Se cito JOHN RAWLS é pq. foi quem formulou a doutrina que passou a ser aceita no mundo jurídico em subsídio a políticas públicas de ações afirmativas.

    Por razões de tempo, repito a vc. o que já manifestei ao TATO MACEDO em post anterior, em réplica a tuas considerações.

    ” Não prego somente políticas universais. Se vc. pesquisar, tem artigo meu de abril/1988 em homenagem a LUTHER KING (20 anos de sua morte) e falando s/ o ´Centenário da Abolição´, no qual, faço minha primeira defesa pública de AÇÃO AFIRMATIVA. Publicado no jornal do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do governo do Estado de São Paulo – um órgão oficial e também no dia 13/05/1988, publicado no DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, comemorativo do Centenário da Abolição.

    Portanto, jamais tomei partido ao lado de racistas, assim como renego tomar partido ao lado de racialistas – mesmo que sejam afro- brasileiros – pois ambas, são correntes perniciosas de louvação da ´crença racial´ a base ideológica do racismo: a divisão da humanidade que foi idealizada para nos sonegar a inteira humanidade (MALCON X).

    RAÇA e RACISMO: Como defendo Ações Afirmativas, não prego apenas a ´neutralidade´ estatal. Mas jamais concordarei com tua pregação raivosa e temerária qdo. voce diz: “Não existe neutralidade possível: negar raça já é uma afirmação política que te coloca em um dos lados bem definidos de uma briga antiga. Negar raça já é intrinsecamente racista.”

    Portanto vc. seria mais honesto se assumindo como racialista, ou seja, alguém que entende a legitimação de ´raça´ que foi inventada a partir de 1.750 e acredita que isso seja uma condição humana. E, por ser uma condição humana, pensam os racialistas, o Estado deve considera-la e a .tornar institucional, assim, a faz natural. Mas ´raça´ não é natural e devemos lutar para destruir essa crença estúpida.

    Ttodas as estatísticas dos diversos institutos revelam sempre a mesma coisa: a desigualdade entre pretos e brancos. Isso é inegável.

    O que ora debatemos – e precisamos fazer isso a nível nacional – é a forma pela qual o Estado – racional, reflexivo e pensando no futuro – deva promover políticas públicas de inclusão, visando neutralizar as discriminações e livrar o povo dos preconceitos que ainda levam a isso.

    Por exemplo, o bolsa família, aliado a educação é um programa que retirou 40 milhões de pessoas da miséria absoluta, dentre eles, cerca de 80% são afro-brasileiros. Ao vincular a educação significa que a futura geração dessa população estará em melhores condições sociais. É um programa ´universal´, porém, nós sabemos que tem um endereçamento que nos contempla.

    O mesmo se dará com as COTAS SOCIAIS. É uma política de AÇÃO AFIRMATIVA, sem corte racial, para oriundos de escola pública com ´corte na renda familiar´. Com isso, nossos jovens, brancos e pretos, competirão em igualdade de condições que é suficiente para nos contemplar.

    Deixo uma pergunta: Porquê o ´corte racial´ se na maioria das Universidades estão sobrando vagas para cotistas??? Qual o papel senão o papel de fazer-se ´políticas raciais´? Porque a renovação da lei de cotas raciais no Rio de Janeiro se, desde 2006, 2007 e 2008, tem sobrado mais de 2.000 vagas não preenchidas?

    Ora, sejamos sinceros. O que estamos discutindo não são garantias de ´vagas´ e de ´oportunidades´ para os afro-brasileiros. Isso políticas de AÇÕES AFIRMATIVAS sem ´raça estatal´ é suficiente. O que estamos debatendo, e tenho feito em nível nacional, é se queremos ou não viver num país juridicamente dividido em ´raças humanas´.

    Sejamos sinceros que o debate flui melhor.

    Outra coisa: declinem também seus vínculos, entidades, organizações, partidos para melhor qualificação do debate. Não é correto apresentar-se como simples cidadão, quando na verdade estejam representando interesses ou corporações, o que também considero legítimo.

  79. Caro SILVIO, a tática da
    Caro SILVIO, a tática da desqualificação do interlocutor e alegação da confusão conceitual, vale para debates acadêmicos e não para uma disputa política. Se vc. considerar fatos perceberá que não defendo apenas políticas ´universais´, e certamente fui dos primeiros militantes nos anos 1980 a escrever e defender Ações Afirmativas, numa época que o movimento negro ligado aos partidos de esquerda (PT e PCdoB) a repudiavam como sendo políticas burguesas alienantes e contra-revolucionárias. Isso consta em documentos. Pesquise.

    Reitero, a questão é a forma. Já citei aqui as palavras de JOAQUIM BARBOSA, MARCELO PAIXÃO e WÂNIA SANT´ANA afirmando que somente os ´inimigos de Ações Afirmativas é que as designam como cotas raciais´. E vc. ao que parece, é um desses inimigos, pelo menos pela descortesia no debate e ignorância a respeito do que são AA e da própria formulação teórica que a legitima. Se cito JOHN RAWLS é pq. foi quem formulou a doutrina que passou a ser aceita no mundo jurídico em subsídio a políticas públicas de ações afirmativas.

    Por razões de tempo, repito a vc. o que já manifestei ao TATO MACEDO em post anterior, em réplica a tuas considerações.

    ” Não prego somente políticas universais. Se vc. pesquisar, tem artigo meu de abril/1988 em homenagem a LUTHER KING (20 anos de sua morte) e falando s/ o ´Centenário da Abolição´, no qual, faço minha primeira defesa pública de AÇÃO AFIRMATIVA. Publicado no jornal do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do governo do Estado de São Paulo – um órgão oficial e também no dia 13/05/1988, publicado no DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, comemorativo do Centenário da Abolição.

    Portanto, jamais tomei partido ao lado de racistas, assim como renego tomar partido ao lado de racialistas – mesmo que sejam afro- brasileiros – pois ambas, são correntes perniciosas de louvação da ´crença racial´ a base ideológica do racismo: a divisão da humanidade que foi idealizada para nos sonegar a inteira humanidade (MALCON X).

    RAÇA e RACISMO: Como defendo Ações Afirmativas, não prego apenas a ´neutralidade´ estatal. Mas jamais concordarei com tua pregação raivosa e temerária qdo. voce diz: “Não existe neutralidade possível: negar raça já é uma afirmação política que te coloca em um dos lados bem definidos de uma briga antiga. Negar raça já é intrinsecamente racista.”

    Portanto vc. seria mais honesto se assumindo como racialista, ou seja, alguém que entende a legitimação de ´raça´ que foi inventada a partir de 1.750 e acredita que isso seja uma condição humana. E, por ser uma condição humana, pensam os racialistas, o Estado deve considera-la e a .tornar institucional, assim, a faz natural. Mas ´raça´ não é natural e devemos lutar para destruir essa crença estúpida.

    Ttodas as estatísticas dos diversos institutos revelam sempre a mesma coisa: a desigualdade entre pretos e brancos. Isso é inegável.

    O que ora debatemos – e precisamos fazer isso a nível nacional – é a forma pela qual o Estado – racional, reflexivo e pensando no futuro – deva promover políticas públicas de inclusão, visando neutralizar as discriminações e livrar o povo dos preconceitos que ainda levam a isso.

    Por exemplo, o bolsa família, aliado a educação é um programa que retirou 40 milhões de pessoas da miséria absoluta, dentre eles, cerca de 80% são afro-brasileiros. Ao vincular a educação significa que a futura geração dessa população estará em melhores condições sociais. É um programa ´universal´, porém, nós sabemos que tem um endereçamento que nos contempla.

    O mesmo se dará com as COTAS SOCIAIS. É uma política de AÇÃO AFIRMATIVA, sem corte racial, para oriundos de escola pública com ´corte na renda familiar´. Com isso, nossos jovens, brancos e pretos, competirão em igualdade de condições que é suficiente para nos contemplar.

    Deixo uma pergunta: Porquê o ´corte racial´ se na maioria das Universidades estão sobrando vagas para cotistas??? Qual o papel senão o papel de fazer-se ´políticas raciais´? Porque a renovação da lei de cotas raciais no Rio de Janeiro se, desde 2006, 2007 e 2008, tem sobrado mais de 2.000 vagas não preenchidas?

    Ora, sejamos sinceros. O que estamos discutindo não são garantias de ´vagas´ e de ´oportunidades´ para os afro-brasileiros. Isso políticas de AÇÕES AFIRMATIVAS sem ´raça estatal´ é suficiente. O que estamos debatendo, e tenho feito em nível nacional, é se queremos ou não viver num país juridicamente dividido em ´raças humanas´.

    Sejamos sinceros que o debate fluirá melhor.

    Outra coisa: declinem também seus vínculos, entidades, organizações, partidos para melhor qualificação do debate. Não é correto apresentar-se como simples cidadão, quando na verdade estejam representando interesses ou corporações, o que também considero legítimo.

  80. A reparação histórica a ser
    A reparação histórica a ser feita aos povos de diversas localidades do planeta é devida pela sanha colonizadora principalmente dos povos europeus, não excluindo os asiáticos e africanos, que surrupiaram a possibilidade de evolução natural de outros povos que se encontravam em diferentes estágios culturais.

    Tendo vivido na África posso afirmar com toda a segurança, para desgosto nos que hoje tentam reativar alguns conceitos do Black Power dos negros americanos, querendo criar aqui guetos universitários de conseqüências desastrosas, tipo apartheid, para eles mesmos, que apesar das condições degradantes e humilhantes a que seus antepassados e descendência foram submetidos pelos colonizadores, os que foram trazidos a força para o continente americano têm, hoje, apesar dos pesares, melhores possibilidades de progresso, aqui, do que os que ficaram no continente africano (não querendo, de forma alguma, minimizar que temos algumas vexamitosas dívidas a serem quitadas).

    Lá vi elites que não distinguem diferenças entre erário e o próprio bolso. Elites de país riquíssimo em petróleo e diamantes, que vivem nababescamente, pagando U$200 por um ingresso para assistir Roberto Carlos, enquanto o restante da população é alimentado pelos órgãos da ONU e cuidado pela Cruz Vermelha, pelos Médicos sem Fronteiras, etc.

    A luta, que aqui tentam travar entre “brancos” x “negros”, lá terá que ser renhidamente travada entre negros x negros. O que quero demonstrar é que não se trata de uma contenda racial. Sem dúvida é uma complicada luta social por Direitos Humanos.

    Quanto à reparação histórica posso afirmar que havia escravagismo no continente africano antes mesmo dos colonizadores lá se estabelecerem e dele vergonhosamente se aproveitarem. A Rainha Ginga colocada em praça pública no lugar do Dom João Charuto colonizador, considerada uma resistente de reino interiorano, lá pros lados de Malange, ao assédio dos colonizadores, tinha uma corte de escravos negros que somavam às centenas de milhares. Os mercadores de escravos da tribo litorânea dos Quimbundos, hoje chefões da MPLA, trocavam seres humanos preferencialmente por cachaça, levada como pagamento pela Companhia Pernambucana, porque o vinho das companhias portuguesas, avinagrava no calor dos trópicos.

    Muita reparação histórica precisa ser feita, de forma profundamente honesta, sem parcialidades

  81. As cotas vão destruir o
    As cotas vão destruir o ensino superior. Temos que lutar por educação básica de qualidade. Medidas eleitoreiras, visando empurrar pobres pra dentro da universidade federal por decreto vão apenas tornar a qualidade dos nossos graduados ainda pior.

    Acorda Brasil!!!

  82. Dois pontos: o primeiro é
    Dois pontos: o primeiro é que, apesar de estarmos importando o modelo de ações afirmativas estadunidense, não podemos esquecer que a formação da sociedade lá é diferente. Os negros lá são imensa minoria, o que difere muito da situação brasileira.

    O segundo ponto é uma pergunta-sugestão ao SR. Militão: diante dos números apresentados pelo Sr. em relação a aceitação das pessoas quanto ao estatuto, por que não é encaminhada ao congresso a proposta do plesbicito? Acho que essa é uma questão fundamental para nossa sociedade e não deveria ser resolvida por um congresso que tem se revelado ser o pior em muitos anos. É uma questão que mexe com os valores e interesses da sociedade e, principalmente, com a forma que decidimos viver em sociedade. Eu gostaria muito de ver essa decisão ser tomada por todos, após muita discussão. Aí sim, estaríamos dando passos muito seguros rumo à democracia. Eu, sendo favorável às cotas, ficaria muito mais tranquila se elas fossem rejeitadas pela maioria da população.

  83. ARTHEMÍSIA, com o respeito a
    ARTHEMÍSIA, com o respeito a que vc. seja favorável mas queira um debate limpo em bases de argumentação e não o que usam os racialistas como o Sr. ORLANDO que preferem a ofensa moral e a desconsideração, conforme acabou de reproduzir logo acima.

    Isso revela que os racialistas são pessoas desse tipo e caráter pessoal e nenhuma responsabilidade com os efeitos de políticas públicas que defendem. Querem a qualquer custo.

    Já propus várias vezes que tais leis fossem aprovadas e ficassem aguardando um plebiscito para referendo mas na verdade os racialistas não querem o debate. Vou relatar apenas um fato recente, da semana passada.

    Dia 11/12 fui convidado a participar de audiência pública no Senado Federal (18/12) para expor as minhas objeções perante a Colenda Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

    Embora tenha sido convite pessoal, sou membro da Comissão de Assuntos AntiDiscriminatórios da OAB-SP e os racialistas que não queriam um militante do movimento negro na bancada ´contra´ articularam com o Presidente da Comissão – também preto – para impugnarem minha participação em razão de não ter havido deliberação da Comissão designando representante. Ora mas o convite não foi para a Comissão e, portanto, eu não estava representando a Comissão… Tentaram com isso impedir que fizesse minha exposição, que ao final, o Senador Marco Maciel rejeitou a objeção e fiz minha contribuição às reflexões dos nobres Senadores. E foi muito bem feita e bem recebida.

    A audiência que seria dia 15 foi adiada para 17/12 e depois para 18/12.

    Na noite de 17/12 o Senado varou a madrugada em debates do Orçamento e da PEC dos vereadores. Durante a madrugada de 18/12, os racialistas pegaram o Senador PAULO PAIM e Sen. SERYS e começaram a colher assinaturas dos LÍDERES e por pouco, faltavam duas, quando descobrimos, pois se todos assinassem, eram 03:00 hs., o projeto de lei de cotas ´racial´ seria aprovado por acordo de lideranças sem a ´audiência pública´ e sem ser submetido a votação.

    Foi assim que aprovaram na Câmara dia 20/11, sem nenhum voto. É o que chamam de ´acordo de lideranças´ e não precisa ser votado.

    Em relação ao que represento questionado pelo Sr. ORLANDO… O que digo é que represento os desorganizados. Os que não têm voz para se opor a essa violência estatal. Sim, a pesquisa do CIDAN/IBPS divulgada em 20/11 pp (a CIDAM é dirigida pela atriz Zezé Motta), diz que a média de 63% dos cariocas ouvidos se declaram ´contra cotas raciais´. Entre os pretos, 62,3% e entre os pardos 62,7% são contrários.

    A pesquisa ´datafolha´ de 23/11 diz que 86% aprovam cotas ´sociais´ e que 51% consideram ´as cotas de humilhação para negros´ e, mesmo assim, querem aprovar isso sem debates.

    Evidente que um PLEBISCITO não interessa aos Ongueiros; aos assessores de gabinetes; aos carguinhos públicos de 5o escalão pois essas pessoas precisam do racialismo estatal para cargos, verbas e os financiamentos públlicos das Ford Foudacion, Fulbright etc. Eles não defendem o interesse da população. Não se preocupam com o futuro.

    Ainda ontem lia um artigo de MIRIAM LEITÃO (blog 27/12 – (http://oglobo. globo.com/economia/miriam/ post.asp?t=produto-obama&cod _Post=149 743&a=496), que é ardorosa defensora de cotas raciais e leis raciais e ela nos revela o seguinte: nos EUA 1 de cada 3 jovens afro-americanos estão sob custódia da justiça criminal.

    Este é um dado absurdo. São 33% dos jovens de 16 a 24 anos. É isso e o que se pretende instalar no Brasil com uma sociedade racializada – que hoje não temos – pois as discriminações aqui são em razão da ´cor´(marca) e não da raça (origem racial). Portanto leis raciais e cotas raciais são remédios inadequados para um mal inexistente pois não temos exclusões baseadas em ´raça´, mas apenas pela cor.

    Nos EUA são 40 milhões de afrodescendentes (12% da população) com 1.200 milhões cumprindo penas criminais (60% dos presos). Nós temos 90 milhões (50,1% da população) e cerca de 150 mil presos (60% de 250.000 penitenciados). Se eles têm 3% da população afro sob custódia judicial, inclusive da CLASSE MÉDIA, na mesma proporção teríamos 2.7 milhões. Não temos… graças a Deus e graças ao fato de não existir a crença em ´raças´ no Brasil.

    A diferença fundamental disso é o ambiente social. Nós não temos jovens negros sem caráter devido ao racismo e eles possuem. É que o racismo ´racial´ contempla o núcleo da ideologia racista, ou seja, a existência da divisão da humanidade e nessa divisão uma hierarquia: superior e inferiores e nessa hierarquia os pretos são a base inferior. São humanos inferiores, diz a crença racial.

    O racismo ´racial´ viola a dignidade humana e s/ vítimas são fragilizadas e nós não temos isso (ainda). Nós temos jovens em situação de risco devido a pobreza e a falta de oportunidades educacionais e de trabalho. Jamais nós vemos jovens pretos da classe média caindo para a criminalidade. Ahh… dirão, tem o filho do Pelé. Porém, ele foi criado nos EUA, e trouxe a marca inexorável do niilismo racial.

    Nessa lógica racial – que nega a humanidade dos afros – os jovens, mais frágeis, é que sucumbem e não suportam a possibilidade dessa presumida inferioridade e com isso, o niilismo e a iniqüidade toma conta, deformando seu caráter e degradando sua personalidade, caminho fácil para as drogas, vícios e daí a p/ o crime.

    ARTHEMÍSIA, tenho três filhos: 18 anos, prestando Fuvest; 17 anos, no ano que vem e 6 anos, indo para o primeiro ano. Eles seriam beneficiários dessa ´facilidade´ racial, mas luto pois não desejo que eles deixem de sentir o pertencimento à humanidade e caiam nessa aniquilação decorrente de uma pseu-vantagem de seu pertencimento racial e que sejam seduzidos ao pertencimento (que os racialistas chamam de identidade étnica – uma falsidade) a uma ´raça´ e descubram que essa raça é inferior, segundo o conceito implícito na divisão racial. Lutarei para que nenhuma criança brasileira, nenhum jovem, passe por essa degradação de s/ humanidade.

    O que quero dizer é que os jovens afro-americanos são vítimas do racialismo – pretos e brancos acreditam em raças – isso que o nosso SR. ORLANDO e todos os racialistas, por ignorância ou por interesses outros, tanto enfatizam como tendo sido a ´solução´ dos pretos americanos o que é falso, conforme nos informa MIRIAM LEITÃO. Essa é a solução??

    A luta ao lado de poucos diletantes, desde 2002, tem sido essa. Não somos funcionários públicos, não temos ONGs e custeamos despesas – com sacrifício pessoal e familiar – recebemos xingamentos, insultos e desconsideração, para Impedir o acolhimento da ´raça´ estatal sem um amplo debate nacional e a troca dessas propostas raciais por propostas eficazes de combate às desigualdades, as chamadas Ações Afirmativas que não são cotas.

    Enfim, eles os racialistas rejeitam a hipótese de um PLEBISCITO com debate nacional pois eles conhecem as pesquisas. É mais fácil os conchavos de gabinetes que ouvir a opinião pública e o povo. Temos por decorrência que derrota-los sob pena da condenação das futuras gerações de afro-brasileiros pagarem caro por essa irresponsabilidade.

    Estarei atento enquanto tiver forças para essa disputa. abraços,

  84. Prezado Militão

    Sua
    Prezado Militão

    Sua argumentação continua inconsistente. Insisto.
    Não falo em “raça” mas em etnias/comunidades. Base primeira de qualquer civilização/povo. Todavia, raças [sub]existem como um conceito social/ideológico/político e não científico. Negar isso isso é o mesmo que negar o preconceito/racismo que existe em toda parte. Inclusive no Brasil.

    Jung já falava em opostos em sua leitura da dinâmica relação entre os seres – humanos ou não. Dessa diversidade de espécies – diferentes – e , em si, complementares viemos nós – seres humanos. Os judeus [etnia/comunidade], o gregos e seus narizes [etnia/comunidade], o negros e seu lindo colorido [etnia/comunidade], os orientais e seus olhinhos puxados [etnia/comunidade], o indianos, os indígenas, os esquimós, os pigmeus etc. Etnia/comunidade implica história, tradições, costumes, culinária, línguas, literatura, música etc.. Enfim, somos – graças a Deus – diferentes. E, em nossas diferenças, somamos.
    É uma abstração falar em povo brasileiro. Compomos, na verdade, várias comunidades/etnias que formam uma rica diversidade cultural. E, no entanto, somos uno, isto é, brasileiros. Cada um em sua singularidade.
    Você propõe um muro amorfo onde, hegemônicamente, se destaque apenas uma dessas etnias/comunidades – a branca. Eu, por outro lado, quero um mosaico onde todas [etnias/comunidades] tenham o mesmo espaço e importância. E que, sobretudo, nenhuma se sobreponha sobre as demais. Não tenho vergonha de ser negro. Tenho orgulho.

    A historia da humanidade se explica muito mais pela diversidade de espécies. Ou seja, de como esse universo de seres se aproximam trocam informações e se renovam. E não uniformidade. Você defende a uniformidade. Eu advogo a multiciplicidade multicultural e étnica. No entanto, com direitos e oportunidades iguais para todas as etnias e comunidades. Simples assim.

    Seu discurso continua confuso e inócuo.

    Um abraço

  85. ORLANDO, pelo menos agora, tu
    ORLANDO, pelo menos agora, tu argumentas e não está jogando sujo. Confesso não ter interesse em debater com quem reproduz em n/debate as ofensas e aleivosias deferidas por quem não tem argumentos mas tem interesses e age por interesses que não são da humanidade, são privados.

    O discurso ´confuso e inócuo´, está apoiado em 86% da população que apóia ´cotas sociais´ e não cotas raciais. Em 63% que rejeitam expressamente as cotas raciais.

    Vamos lá: ´etnias/comunidades´ devem ser respeitadas porém não para ser objeto do Estado p/ conferir ou excluir direitos diferentes com fulcro em bases ´raciais´. O respeito é exatamente impedir que os diferentes recebam direitos diferentes.Ou que sejam discriminados por ser diferente.

    O que deve fazer Ações Afirmativas: assegurar a igualdade uma vez que em n/ambiente social ocorre o vício de preconceitos e exclusões injustas. As AA deverá exatamente neutralizar isso. É o que tem feito no mundo inteiro: induz, promove e garante a igualdade de tratamento e de oportunidades. Não se destina a tratamento desigual nem a privilégio, mas GARANTIA de tratamento igual e INDUTORA de diversidade humana, não de diversidade ´racial´.

    O que diz n/ principal jurista e referência: “Porém, falta ao Direito brasileiro um maior conhecimento das modalidades e das técnicas que podem ser utilizadas na implementação de AA. Entre nós, fala-se quase exclusivamente do sistema de cotas, mas esse é um sistema que, a não ser que venha amarrado a um outro critério inquestionavelmente objetivo [ex. oriundos da escola pública], deve ser objeto de uma utilização marcadamente marginal.” (Min. JOAQUIM BARBOSA:(in O Debate Constitucional sobre as ações afirmativas´; http://www.lpp-uerj.net/olped/ documentos/ppcor/0049.pdf)

    Não proponho ´destaque´ algum p/ brancos. Isso é argumento seu. É maledicência. Faz 30 anos que sou ativista por oportunidades aos afro-brasileiros em universidades, na igreja, em partidos políticos, nos sindicatos enfim, sempre entendi que as instituições precisam ser engajadas na luta contra o racismo e contra as discriminações. O que proponho é a garantia da igualdade de tratamento e de oportunidade para os afro-brasileiros e ao mesmo tempo para toda vítima de discriminação.

    Perdoe-me, ORLANDO, é equivocado o que vc. pensa: “A historia da humanidade se explica muito mais pela diversidade de espécies.” Na verdade vc. acredita da diversidade racial de humanos. Isso não existe, isso é a tal ´construção social´ feita pelo racismo.

    ESPÉCIE (Aulete). Grupo de indivíduos, animais ou vegetais que possuem características comuns, que pertencem à mesma família (espécie humana, espécie vegetal). Não tem nada a ver com a sua ´confusa´ conclusão: “A historia da humanidade se explica muito mais pela diversidade de espécies.” É contra essa crença que vc. e muitos outros têm, pois isso foi o que aprendemos na vida, que o Estado deve atuar para destruir. Luto pela destruição dessa ´crença´ na divisão da humanidade.

    Não significa desconsiderar a existência do racismo e das discriminações. Precisamos cuidas das causas e dos efeitos. As leis e cotas raciais cuidam apenas dos efeitos mas aprofundam as causas ao legitimar a idéia de ´diversidade humana´ em bases raciais.

    Agora Vc. argumenta que não fala em ´raças´, mas considera ´solução´ o racialismo explícito norte-americano. E o que nós estamos debatendo aqui é se o Estado deve ou não ter leis em bases raciais. A proposta de leis em debate é de leis raciais. Porisso que se chama ´cotas raciais´ e ´Estatuto da Igualdade Racial´. Tanto é que o direito previsto na lei é para ´negros´ e não para pretos e pardos. ´Negro´ que vc. se orgulha é a designação dada pelo racismo. Era infamante, degradante e ofensivo.

    Os teus avós ORLANDO, não eram ´negros´. Eram humanos de cor. Eles tinham orgulho de serem ´de cor´. Tivemos milhares de Irmandades de Pretos, de Homens de Cor, de Pardos. Tivemos ´terras de preto´, ´quilombos´. Jamais tivemos ´Irmandades de ´Negros´. É uma designação política recente. Foram os tradutores condicionados pelo racismo que chamaram de movimento negro, os ´blacks moviments´ e do ´black consciousness´ (consciência negra) de Steve Biko que em vez de pretos, o designaram pelo racialismo ´negro´. Por isso que afro-americanos e sul-africanos não aceitam a designação de ´negro´ eles são blacks. ´Negro´ é palavra que data do século XVII e nasceu junto com o racismo. Eu repudio qualquer criação do racismo. Nós devemos repudiar as construções racistas.

    ORLANDO só existe o gênero humano. ´Raças´ é que seriam espécies diferentes e, sabemos, raças humanas não existem. Existem ´raças´ caninas, eqüinas, bovinas, mas, humanos não tem raças.. Esse é o teu equívoco e dos racialistas. É a síndrome de Estocolmo em que vítimas aceitam a lógica do opressor. O racismo quer dividir a humanidade. A luta contra o racismo é destruir essa crença.

    ORLANDO citei os números da criminalidade dos afro-americanos que você considera a ´solução´ deles. Veja, os dados trazidos por MIRIAM LEITÃO: 33% dos jovens (16-24) sob custódia penal. Eles são vítimas da crença racial. A crença racial traz implícito a hierarquia racial, viola a dignidade humana. A criança e o jovem afro-americano, sucumbe a essa violência. Gostaria que vc. comentasse esse aspecto da ´solução´ que vc. defende. Talvez ajude a demonstrar que estou equivocado e que os resultados dessa ´solução´ seja de fato desejado.

    Eu não desejo futuras gerações de jovens aniquilados. É disso que estamos falando. É isso que denuncio. São os efeitos colaterais qdo. o Estado acolhe a identidade jurídica racial legitima a idéia de raças humanas, o que não deve nem pode ser feito pois pensar a humanidade dividida em ´raças´ viola a nossa dignidade. A estratégia do racismo foi sonegar a n/ humanidade. A nossa deve ser a reconstrução da humanidade de todos os pretos e pardos.

    Bem, sei que jamais vou convence-lo, nem vc. a mim, entretanto o exercício do debate nos leva a reflexão e isso é bom para ambos. Com o devido respeito, fico às tuas ordens desde que não seja para ofensas gratuitas.

    bye.

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