Sabesp é apenas a primeira das privatizações do governo paulista

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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CPTM, Metrô, ginásios de esportes e loterias estaduais estão no escopo do governo Tarcísio para desestatização

Foto: Rogério Cassimiro/Governo do Estado de SP

A autorização para os estudos da privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) é apenas o primeiro dos passos de desestatização do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O anúncio para o início desse processo foi feito pelo governo paulista nesta terça-feira (28/02) após uma reunião conjunta do Conselho Gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas (CGPPP) e do Conselho Diretor do Programa de Desestatização (CDPED), que é presidido pelo vice-governador Felicio Ramuth.

Atualmente, o governo paulista possui 50,3% do capital social da Sabesp, e o restante das ações é negociada na Bolsa de São Paulo e na Bolsa de Nova Iorque (EUA).

“Esperamos ter grandes investimentos, que vão permitir que o prazo para o cumprimento das metas de universalização dos serviços de água e esgoto, que são para 2033, sejam comprimidos. Também teremos um bônus de assinatura elevado, que vai ajudar a melhorar o atendimento. Além disso, também esperamos a redução de tarifas”, disse Tarcísio, em nota oficial.

Vale lembrar que a Sabesp responde por 30% de todos os investimentos em saneamento no Brasil, e é considerada uma das maiores do mundo no segmento. Sua privatização irá atingir mais de 27 milhões de pessoas no Estado de São Paulo (cerca de 70% da população urbana) em 375 municípios (58% do total de cidades paulistas).

O governo paulista também autorizou a análise para a privatização da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), que atua no setor de geração de energia hidrelétrica, além da operação do Canal Pinheiros e de reservatórios localizados na Grande São Paulo.

Privatização de loterias e ferrovias

Contudo, a Sabesp não é a única empresa que está na lista de privatizações do governo Tarcísio. A intenção é colocar nas mãos da iniciativa privada de ginásios esportivos até mesmo a manutenção e adequação das escolas da rede pública estadual.

A começar pelas linhas de mobilidade urbana, mesmo com todos os problemas em torno do funcionamento das linhas já privatizadas (em especial na CPTM): o governo paulista pretende reconfigurar a modelagem do projeto de concessão dos serviços, incluindo a revisão do Plano Diretor de Transporte.

A onda de privatização paulista também pretende englobar a concessão das Linhas 10, 11, 12, 13 e 14 da CPTM, do TIC Sorocaba e das linhas atualmente operadas e em estudo para implantação e/ou expansão pelo Metrô – o governo paulista projeta R$ 69 bilhões em investimentos.

A implantação do TIC Eixo Norte também será avaliada no âmbito do PPI. Os estudos vão avaliar a aplicabilidade da construção de linhas de trens que vão ligar São Paulo, Jundiaí e Campinas, além de Francisco Morato. Parte do projeto integrará a Linha 7-Rubi da CPTM, até Francisco Morato. O projeto está orçado em R$ 12,7 bilhões.

Segundo o governo paulista, trechos de rodovias que cortam o estado também passarão por estudos nos próximos meses para averiguar a viabilidade de concessão.

Parte dos lotes que serão avaliados é referente às estradas que cortam o Litoral Paulista, com investimentos estimados em R$ 3 bilhões, como a Rodovia Rio-Santos (SP-055) – onde o trecho a ser concedido contemplará do entroncamento com a Mogi-Bertioga até o Porto de São Sebastião e da Praia de Martin de Sá até a Rodovia Oswaldo Cruz, com um total de cerca de 135 quilômetros de extensão.

Nem mesmo a educação paulista passará incólume: o governo Tarcísio pretende colocar à disposição das chamadas parcerias público-privadas a adequação e manutenção predial em escolas da rede estadual.

A primeira fase do projeto prevê a inclusão de 500 unidades da rede pública estadual, com estimativa de investimento de R$ 5 bilhões. Ao fim do ciclo, é esperado que outros estabelecimentos de ensino entrem na proposta, podendo alcançar até R$ 52 bilhões em investimentos totais.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

11 Comentários

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  1. Segundo a mentalidade destes indivíduos, logo mais a sociedade civil pagara impostos para o estado prestar apenas dois ou tres acoes publicos; cobrar impostos, fiscalizar e punir

  2. Muito bom. Depois se aprova uma PPI (Preço de paridade internacional) e o consumidor paulista vai poder escolher entre comprar água da Sabesp ou importar L’eau Perrier.

  3. O estado de São Paulo, com toda a imagem de modernidade e dinamismo que procura vender ao mundo (ao resto do Brasil inclusive), segue eleição após eleição escolhendo permanecer como a velha província tímida e caipira de tempos idos. Agora colocou no governo um representante de uma turma que luta pra manter de pé essa mentalidade neoliberal que vem caindo cada vez em descrédito nas nações (essas sim) mais modernas do planeta. Some-se a isso a sobrevivência forçada de uma classe política embusteira e pouco afeita ao trabalho de administrar, e sabe-se lá em que buraco nós vamos nos enfurnar enquanto o mundo lá fora segue em frente.

  4. “Além disso, também esperamos a redução de tarifas”

    Espera? ESPERA?

    Foi o mesmo discurso quando entregaram a Eletrobras para a quadrilha do Lemann: até agora, NADA de redução! Muito pelo contrário…

    E a ratazana junior pretende fazer o mesmo com a Copel no Paraná, com o agravante de que já conseguiu a autorização legislativa para isso (eivada de ilegalidades, diga-se de passagem)!

    E o que me indigna é que a população desses estados NÃO SE LEVANTA! Preferem pagar mais caro mesmo! Quando acordarão dessa letargia? Eu não sei…

  5. Pessoal, com exceção da venda de participação da Sabesp, a grade maioria dos projetos estão em estudos. Basta verificar no site da Plataforma Paulista de Parcerias, na aba “projetos”.
    Não posso opinar sobre a questão do saneamento e dos metrôs.
    Mas com relação às parcerias-publico privadas de unidades de ensino já há projeto semelhante nas UMEIS de Belo Horizonte. São unidades de ensino para crianças na pré-escola. Uma das vantagens é que o concessionário privado só recebe a contraprestação (mensalidade paga do estado) com a obra concluída, o prédio fica pronto na metade do tempo que uma licitação de contrução tradicional. Com restrição orçamentária é o concessionário que faz os investimentos e vai recebendo de volta na vigência do contrato. Há também o incentivo de fazer uma obra durável, já que o mesmo que construiu é que faz a manutenção. Por fim, os serviços pedagógicos dos servidores da educação é preservado. Enfim, a sociedade civil precisa acompanhar de perto, para que não hajam ilegalidades e baixa concorrência na licitação, mas é muito melhor que uma licitação de construção tradicional.

  6. Por que não fazer uma capitalização nos molde do que foi feito na Petrobras no governo da presidenta Dilma?
    É muito fácil para a iniciativa privada pegar tudo de mão beijada.
    Evidentemente,pela enormidade que é a SABESP,qualquer número que for apresentado parecderá,diante dos leigos,também uma enormidade. contudo,dificilmente cobrirá os custos já investidos e,sequer aproximariam-se dos custos de investimento se essa gente dita competente se arriscasse a fazer qualquer investimento começando do zero.
    Tem gente que vai ficar rica,muto rica.

  7. Isso não vai dar certo. Já foi feito em vários lugares e não funcionou. Alguém está ganhando com isso mesmo sabendo que não vai dar certo.

  8. Isso não vai dar certo. Já foi feito em vários lugares e não funcionou. Alguém está ganhando com isso mesmo sabendo que não vai dar certo. Quanto a privatização de escolas isso realmente não vai dar certo. Ora, as vagas para as melhores escolas irão pra quem tem QI dos Vereadores e outros políticos. Aos desamparados, escolas nós confins do mundo. Quem vai distribuir as bolsas? Isso é sacanagem antecipada. Quanto a água, sem comentários. Basta ler as entrevistas do CEO da Nestlé que considera água um luxo. Não é necessidade básica. Talvez porque europeu não tome banho.

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