Ex-presidente da Funai afirma que perdeu cargo por barrar indicações

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Foto: Mario Vilela/Funai
 
Jornal GGN – Demitido menos de quatro meses após assumir o cargo, Antônio Costa, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) afirma que perdeu o posto por barrar indicações políticas para a o órgão. 
 
“Saio porque sou honesto e não me curvei a malfeitos.  O povo brasileiro precisa acordar. Estamos próximos de viver uma ditadura que a Funai já está vivendo, uma ditadura que não permite o presidente da Funai executar as políticas constitucionais”, disse Costa.  
 
A demissão foi assinada por Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, e publicada na edição de hoje (5) do Diário Oficial da União. Por ora, o governo não anunciou o substituto de Antônio Costa, que assumiu a presidência da Funai em janeiro, depois de ter sido apadrinhado pelo PSC. 

 
Pastor evangélico, Costa tem pós-graduação em Saúde Indígena e coordenou o monitoramento e a avaliação da saúde dos índios na Secretaria Especial de Saúde Indígena, entre os anos de 2010 e 2012. 
 
“A Funai é composta de cargos técnicos e de servidores concursados. E jamais eu poderia deixar entrar na instituição pessoas que não têm nenhum compromisso com as causas indígenas”, afirmou o ex-presidente do órgão nesta sexta. 
 
Sobre as indicações políticas, Costa disse que a pressão teria vindo do líder do governo no Congresso, mas não mencionou o nome do deputado federal André Moura (PSC-CE). Segundo a GloboNews, Antônio Costa teria dito que Moura queria colocar 20 pessoas “que nunca viram índio” dentro da Funai. 
 
Quando Antônio Costa foi indicado ao cargo, em janeiro, gerando críticas de movimentos ligados à causa indígena, Moura saiu em sua defesa e disse que não havia “nenhum problema” na indicação, porque fato de o indicado ter “perfil técnico”.
 
Costa deixa o cargo da Funai em um momento difícil para os indígenas, com diversos casos de violência como o ataque contra os índios Gamela em Viana, no Maranhão, no qual ao menos 10 pessoas ficaram feridas, com relatos de vítimas que tiveram suas mãos decepadas. 
 
Sobre este caso, Antônio Costa afirmou que situação fugiu do controle do órgão, reclamando que não havia condições de acompanhar todos os pedidos de demarcação de terras indígenas por causa da “mão de obra escassa”. 
 
Ele também reclamou do corte de 44% do orçamento da Funai, afirmando que isto pode acirrar ainda mais os conflitos. “São 12 frentes de proteção de índios isolados. Estão lá e, sem essa proteção, isso poderá causar uma grande catástrofe internacional se esses índios ficarem desprotegidos. Me preocupa faltar recurso para dar proteção a eles.”
 
Costa também criticou o ministro Osmar Serraglio, da pasta da Justiça. “Os povos indígenas precisam de um ministro que faça justiça, e não um ministro que venha a pender para o lado que sempre defendeu na Câmara”, afirmou. 
 
Serraglio, que foi eleito deputado pelo PMDB do Paraná, é ligado ao agronegócio. Após o ataque em Viana, o Ministério da Justiça publicou nota dizendo que estava apurando o “ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas”. 
 
Em relação à demissão de Costa, Serraglio afirmou, por meio de nota, que a Funai “necessita de uma atuação mais ágil e eficiente, o que não vinha acontecendo”. 
 
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Redação

1 Comentário

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  1. enquanto isso, a quadrilha assalta o pais..

    enquanto isso, a quadrilha assalta o pais..,,…..há um ano atrás o alvo era Dilma….hoje o alvo é Lula …e a mesma classe media imbecilizada jorrando odio pelos poros…mal sabe que, com a saida de Lula do cenário politico, esse pais estará defintivamente entregue às traças.

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