Brasil precisa mudar estratégia no combate à dengue

Enviado por Alfeu Esf

‘Controle da dengue precisa ser revisto’, afirma pesquisa

Por Maíra Menezes

Da Agência Fiocruz de Notícias

Um artigo publicado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) na revista científica Bulletin of the World Health Organization, editada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta para a necessidade de mudança nas estratégias de controle da dengue no Brasil. O estudo mostra que as medidas recomendadas pelo Programa Nacional de Controle da Dengue não foram suficientes para conter a disseminação do vírus tipo 4, detectado na cidade de Boa Vista, em Roraima, em 2010. “Analisamos uma situação em que todas as ações foram realizadas de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, que segue as recomendações da Organização Panamericana de Saúde (Opas) e da OMS. Mesmo assim, o impacto sobre a infestação de mosquitosAedes aegypti foi pequeno. Esse é um exemplo contundente de que é preciso refletir sobre quais são as melhores práticas de controle”, afirma a pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC e uma das autoras do trabalho Denise Valle.

Para tentar bloquear a disseminação do vírus dengue 4, as autoridades de saúde decidiram intensificar as medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti em Boa Vista.

Os diferentes sorotipos do vírus causam a mesma doença, mas são percebidos de forma diferente pelo sistema imune do paciente. Assim, quando uma pessoa é infectada por um deles, desenvolve imunidade e fica protegida em futuros contatos com aquele mesmo sorotipo do vírus. No entanto, esta pessoa ainda pode ter dengue novamente, caso seja infectada por outro sorotipo. Esta característica foi um dos motivos para o combate intenso ao vírus dengue 4 em Boa Vista, em 2010. Uma vez que este patógeno foi identificado no Brasil apenas uma vez até então (em 1981, também na capital de Roraima), havia o risco potencial de epidemias em todo o país. “Nos anos 1980, Boa Vista era uma capital bastante isolada e foi possível conter o surto antes que o dengue 4 se espalhasse para outras regiões. Portanto, 99% dos brasileiros nunca tinham tido contato com este vírus até 2010. Quase toda a população estava suscetível à infecção”, explica Rafael Maciel de Freitas, pesquisador do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC, que também assina o artigo.

Para tentar bloquear a disseminação do vírus dengue 4, as autoridades de saúde decidiram intensificar as medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti em Boa Vista. As ações contaram com a cooperação entre as esferas de governo municipal, estadual e federal. Por solicitação da coordenação geral do Programa Nacional de Controle da Dengue, a avaliação destas ações foi feita por pesquisadores do IOC. Vistorias para eliminar criadouros das formas imaturas do inseto foram realizadas em todas as casas de 22 dos 31 distritos da cidade, recobrindo uma área onde estão concentrados 75% da população. Ao todo, 56.837 imóveis foram inspecionados por agentes de saúde. Os profissionais removeram objetos que poderiam acumular água e aplicaram larvicidas, produtos químicos para matar as larvas do mosquito, nos reservatórios que não poderiam ser eliminados. O trabalho foi acompanhado pelo uso de carros para pulverizar inseticida nas ruas, com o objetivo de matar os mosquitos adultos.

Apesar de todo o esforço, o índice de infestação (calculado pelo Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti – LIRAa, que mede a infestação pelo mosquito a partir da presença de larvas) caiu apenas 0,33 pontos percentuais, passando de 1,7% para 1,37% e permanecendo acima do limite de 1%, considerado perigoso pela OMS. “Além do LIRAa, nós utilizamos armadilhas para monitorar a quantidade de ovos de Aedes aegypti, como um indicativo de que os insetos permaneciam presentes e se reproduzindo. Para nossa surpresa, após duas semanas de trabalho intenso, não houve redução nenhuma”, conta Rafael, que viajou para Boa Vista para coordenar as atividades de avaliação das ações de controle.

 

Redação

5 Comentários

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  1. Nessa altura do campeonato, o

    Nessa altura do campeonato, o primo da dengue é pior ainda.

             Não mata sempre.Mas tortura pra valer.

                  Seu nome é:

                  Chicungunha

                   Se informe e se proteja.

  2. O anão Dengoso e a dengue.

    Sinistro, muito sinistro. E agora, José, o que faremos antes de chamar o Chapolim Colorado? Os pesquisadores descobriram que seguir os protocolos internacionais está tendo pouco ou nenhum efeito. Mas então, o que fazer?

  3. “Brasil precisa mudar

    Brasil precisa mudar estratégia no combate à dengue

    eu hein! num fico esperando godot pela tão esperada nunca alcançada… “estratégia de governo na solução final para o mosquito dengoso”.

    lanço mão pesada da minha estratégia caseira tiro e queda: ao ver e ouvir o mosquito vetorial zoando abestalhado no meu campo de combate dou-lhe um tapão certeiro nas orelhas que arrebenta com o facínora sanguinário!

    sem chance!

  4. as novas tecnologias

    Pois é, mas parece que há novas tecnologias que são pouco utilizadas nas cidades brasileiras. Às vezes fico com a impressão que a gente gosta mesmo é de otordoxia e dar murro em ponta de faca. Abrir para o novo, em se tratando de políticas públicas, é um arrastar de carruagens.

    Quando eu estudava na Ufmg, eu vivia vendo umas armadilhas espalhadas pela Fafich. Anos depois eu descobri que era uma pesquisa de um professor, Álvaro Eiras, que desenvolveu a tal armadilha e foi premiado.

    Achei uma notícia de 2013 sobre o assunto. Transcrevo dois parágrafos.

    “Longe daqui, uma isca inteligente criada pelo biólogo bauruense Álvaro Eduardo Eiras ganhou, no final do mês de abril, o reconhecimento internacional como tecnologia inovadora ao receber a premiação Edison Award 2013, em homenagem a Thomas Edison, inventor do telefone e da lâmpada elétrica.

    Em 2006, Eiras recebeu das mãos do magnata Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, o prêmio pela inovação tecnológica em benefício da humanidade Tech Museum Awards. Era o definitivo reconhecimento internacional do invento com prêmio entregue em San José, Vale do Silício, Califórnia (EUA), lugar que é uma plataforma de lançamento de inovações tecnológicas.”

    http://www.jcnet.com.br/Geral/2013/05/eua-premia-armadilha-contra-dengue.html

  5.   COMBATE A

      COMBATE A DENGUE

                             Alerta em outubro/2015

     

    ESPIRITISMO VIDA E LUZ: Todos contra a Dengue

    espiritismovidaeluz.blogspot.com/p/todos-contra-dengue.html

    ·          

    Vamos combater com vigor o mosquito da dengue (aedes aegyptis); não podemos mais ficar inertes a esse quadro terrível de epidemia. Temos que fazer a  …

     

    Você Sabia?
    Mosquito transgênico pode acabar com a dengue para sempre
    Nada de inseticidas ou larvicidas! Os casos de dengue podem estar com os dias contados no Brasil, graças a um mosquito transgênico produzido em laboratório, que promete extinguir as fêmeas do Aedes aegypti – que são as transmissoras da doença, já que, ao contrário dos machos, as “mocinhas” se alimentam de sangue humano.
    O mosquito transgênico, que ainda não tem nome, é criado com o material genético das drosófilas – aquelas pequenas “moscas-de-frutas”, que têm o hábito de rodear alimentos doces – e é, exatamente, esse “ingrediente” que dá à espécie o poder de exterminar a dengue.
    Como? Segundo os cientistas, a combinação dos genes das drosófilas com os do mosquito da dengue torna o inseto transgênico mais atraente sexualmente, aos olhos das fêmeas do Aedes aegypti, do que os machos da própria espécie. Logo, elas vão optar pelo “mosquito fake” na hora da cópula, que, graças ao seu material genético, só pode gerar filhotes machos. Conclusão: não nascerão mais fêmeas do Aedes aegypti e, com o tempo, a espécie entrará em extinção. Simples assim! 
    Para aqueles que estão questionando os riscos de se criar uma superpopulação de “mosquitos transgênicos machos” no país, os cientistas avisam: ainda no estágio larval, o material genético do inseto produzido em laboratório começa a gerar uma proteína que mata o animal, pouco a pouco, e o impede de chegar à fase adulta.
    A nova técnica de combate à dengue foi estudada pela bióloga Margareth Capurro, da USP – Universidade de São Paulo, e aprovada pela CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Por enquanto, a cidade de Itaberaba, na Bahia – onde os casos de dengue são frequentes – está servindo de cobaia para a experiência: mais de 10 mil mosquitos transgênicos foram soltos no município e outros 50 mil estão em “fase de fabricação”.
    Segundo os envolvidos na ação, a eficácia da técnica só poderá ser comprovada em cerca de 18 meses. Você bota fé no mosquito transgênico?  
     Débora Spitzcovsky 4 de março de 2011  
    Foto de Genilton José Vieira/Fiocruz

     

     

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