Médicos pedem cautela com aplicativos de “diagnósticos” dermatológicos

Jornal GGN – Um estudo publicado recentemente no Journal of the American Medical Association, especializado em dermatologia, revelou que, dos 229 aplicativos para smartphones que têm funções de “diagnóstico” de problemas de pele, mais da metade não foi desenvolvida ou projetada com ajuda de médicos especializados. O resultado da pesquisa gerou apreensão entre médicos dos EUA (Estados Unidos), que pedem cautela dos usuários e pacientes no uso desses aplicativos e que nunca deixem de procurar ajuda médica.

Em geral, os aplicativos servem para estabelecer pequenos diagnósticos, por meio da análise de fotos feitas pelo próprio dispositivo, para problemas de pele comuns, como acne, rosácea, psoríase ou eczemas. Já outros apps são voltados para fornecer recomendações sobre, por exemplo, uso de protetor solar de acordo com o tipo de pele dos usuários e em função das condições climáticas de onde vive o paciente.

Mas há também os aplicativos que vão além e prometem diagnosticar câncer de pele por meio da análise das fotos. Os médicos, contudo, questionam se foram desenvolvidos levando-se em conta a consultoria de profissionais especializados. “Vários aplicativos para smartphones que avaliam fotografias de lesões de pele e proporcionam uma avaliação de risco de malignidade demonstraram acurácia diagnóstica muito variável”, aponta o estudo.

Imprecisões

Outras pesquisas revelam que a sensibilidade dessas análises variou de 7 a 98%, mostrando que eles podem não ser confiáveis. Um estudo complementar mostrou que fotos de melanomas malignos foram avaliados pelos aplicativos em 88% dos casos como “médio risco”, dando orientações erradas aos pacientes, como simplesmente monitorar as lesões – quando era o caso de procurar ajuda médica imediatamente.

“As imprecisões de diagnóstico desses aplicativos podem prejudicar pacientes, que substituem o atendimento médico presencial por essas ferramentas relativamente baratas, o que pode potencialmente atrasar o tratamento para o melanoma”, avalia o estudo da revista, que não mensura o número de pessoas que frequentemente recorrem a esses aplicativos porque o número de downloads não implica, necessariamente, que todos os usuários deixem de procurar ajuda médica.

Apesar da cautela, os médicos dizem, por outro lado, que a tecnologia tem aumentado a eficácia desses aplicativos e que muitos podem, sim, ser aliados em diagnósticos por meio de fotos, que podem ser enviadas para que profissionais possam fazer uma avaliação complementar. A importância desses aplicativos se evidencia quando os pacientes estão em áreas remotas ou carentes.

Aplicativos serão regulados

O FDA (Food and Drug Administration), órgão regulador dos EUA para alimentos e medicamentos, anunciou, nesta semana, que vai passar a avaliar esse tipo de aplicativo para reduzir o número de programas lançados sem consultoria de especialistas. De qualquer modo, os médicos recomendam, sempre que possível, procurar ajuda médica e não se limitar aos aplicativos de smartphone. “Pacientes e médicos devem manter um senso saudável de ceticismo, porque pesquisas sobre a segurança e precisão de tais aplicativos são limitados”, informa o estudo.

O trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade do Arizona, University of Colorado, Universidade de Washington, Universidade de Pittsburgh, Department of Veterans Affairs Medical Center e Colorado School of Public Health.

Com informações do Phys.org

Redação

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