Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Os tóxicos domésticos, por Rui Daher

canteiro doméstico

Os tóxicos domésticos, por Rui Daher, em CartaCapital

No mais recente texto no blog que mantenho no GGN (Luís Nassif Online), trato da decomposição política, econômica e social que hoje em dia ocorre no Brasil. Chego ao setor da agropecuária com a lupa sempre usada neste site de CartaCapital.

Embora sob aspecto menos usual, volto nesta coluna à discussão em torno dos agrotóxicos, editada pela possível aprovação do projeto de lei 6.299/2002, que após o golpe de 2016 açodou o instinto fatal do grupo “Moléculas Venenosas”.

Bons tempos em que isso era apenas uma gostosa versão de Rita Lee para o rock Poison Ivy.

Hoje, no entanto, saio do ambiente rural para o urbano, como muitos me pedem ao comparar a inocência agropecuária à barbárie de esgotos a céu aberto como os rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo. Ora, ora … façam-me o favor.

Acham que os aprovo? Há mais de 70 anos, aguardo os gestores de São Paulo finalizarem o que prometem e nunca realizam. Um escárnio. São 40 anos passando sobre a ponte da Cidade Universitária e constatando o que me exigem crítica. Deixo para vocês. Eu não voto tucano e nem elegi Doriana Júnior, em 1º turno.

Para quem quiser voltar ao rural, de que já muito escrevi, sugiro irem a alguém muito mais preparado do que eu. O agrônomo e economista José Eli da Veiga, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, em matéria “Esquenta a discussão em torno dos agrotóxicos”, publicada no jornal Valor Econômico do dia 23 de julho.

Sobre os agrotóxicos, reclama-se com veemência de seu uso excessivo na agricultura, mas se fez deixar, gradativamente, que os aspectos relativos às saúde humana e animal fossem sobrepostos pelas esferas política e econômica. Rolam aí muita grana, lobbies, influências estrangeiras. A conta é feita em bilhões de dólares.

Da parte do governo, acompanha-se a divulgação pela Anvisa das análises de alimentos no Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (Para), e ficamos indignados com o alto índice de substâncias tóxicas, às vezes cancerígenas, proibidas em outros países, e vamos para a lista de vilões – batatas, pimentões, morangos, verduras, etc.

Mas, amigos e amigas conscientes, serei singelo: e em suas casas como vocês se comportam com vasos, canteiros, floreiras, gramados, hortas e pomares domésticos?

Sim, falo de ambientes urbanos ou, pior, lares. Salas, quartos, varandas, onde seus bebês, cachorrinhos, gatinhos, rolam engraçados, brincando.

O agricultor se justifica. Diz, em clima subtropical, precisar combater pragas e doenças com venenos para evitar que prejudiquem sua produtividade e aumentem os preços dos alimentos. Discute-se isso no planeta e já sabemos que a verdade está longe disso.

Repito a pergunta: e no uso doméstico? São muitas as pragas e doenças a combater? Será difícil tratá-las com recursos menos agressivos? Se “deu zebra”, que tal um replante? Precisam tanto aumento de produtividade? Vendem as plantinhas caseiras?

O mesmo se repete nos projetos de paisagismo realizados em lojas, restaurantes, shoppings, bancos. Químicos à vontade, certo? Mais fácil e lucrativo usar os convencionais bactericidas, fungicidas, mata-formigas, acaricidas, herbicidas, do que procurar a efetividade do natural e do orgânico, certo?

Mas como a sociedade veria uma placa num jardim de uma agência bancária: “Jardim tratado sem agrotóxicos”? Talvez até aceitasse pagar os juros estratosféricos com melhores grados.

Produtos naturais e/ou orgânicos para uso doméstico, domiciliar, são raros em grandes cadeias, pequenas lojas “especializadas”, viveiros. Existem, mas despertam pouco interesse. Poucos os fabricam e menos ainda os comercializam.

Consumidores, conscientes dessa necessidade, acabam indo à internet pesquisarem como fazê-los eles próprios. Se viram por quererem uma vida mais saudável, pelo menos, dentro de suas casas e para quem nelas habita.

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

1 Comentário

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  1. CONHECEIS A VERDADE. E A VERDADE VOS LIBERTARÁ.

    Quer dizer que excremento fascista oriundo de Golpismo de Quartéis Militares de 1930 produzidos por Sindicalismo Pelego de Contribuições Obrigatórias mancomunado com Ditadura será nossa solução em 2018? Falando em Peleguismo Sindical, que estrutra, números e orçamento tem o Sindicato dos Professores, outra contribuição esquerdo-fascista a produzir Analfabetos? Mas esta Esquerda nunca nos governou. Elites são os outros. As nossas que tomaram o Estado como um cancro cancerígeno não advém de USP, UNE ou OAB. Não é mesmo Temer?  Ou Familiares do Fascista: Tancredo, Aécio, Jango, Leonel Brizola,… Mais Estrutura Fascista, mais Legislação Fascista, mais um Caudilho de Voto Obrigatório (aliás mais uma legislação fascista)  construirá o Brasil, que estes 88 anos não construiram? Mas Fascista é o outro !! Que vem de Quartel Militar como Getúlio Vargas ou Carlos Prestes ou Carlos Lamarca. Bipolaridade é pouco. Mas gostaria mesmo de comentar sobre URBANOTÓXICOS. Ah! Defensivos e Venenos Urbanos e Humanos não são rotulados desta forma? Então o problema não são os Venenos, das mesmas MultiNacionais Internacionais a contaminar o Brasil? É a pujança e vangurada da Agropecuária Brasileira? E EU NÃO SABIA DISTO !!!!  Os mihares de litros de Defensivos agrícolas não chegam perto dos Milhões de litros de Venenos Urbanos. Mas e daí? GREENPEACE, WWF, FMA nunca falarão sobre isto. Como nunca falará dos QUILOMBOS URBANOS. Ou Favelas do Rio não são QUILOMBOS? Ou o bairro da Brasilândia na capital paulista não era um QUILOMBO?  E nunca falarão sobre os INDíGENAS que vivem em Área Urbana? Nunca !! O que interessa aqueles ” cachaceiros, viciados, mendingos vagabundos” a pedir esmolas ao invés de trabalhar? Não são?!! São DONOS DO BRASIL de quem roubamos suas terras e sua dignidade? Mas isto só serve em Área Rural? No Jaraguá, em Parelheiros, na Aldeia Maracanã eles são invisíveis?!! Que Ética e Moral tem nossos Bravos Defensores da Natureza, em Ideologia tão despretenciosa e Ong’s tão mal remuneradas !! Que Espirito AntiCapitalista Lindo !!!! E o TRABALHO ESCRAVO? Nossa Imprensa Ideologizada e compromissada com os Direitos Humanos tinham a Obrigação Civica de acusar aqueles “Latifundiários da Agricultura” por tal prática !!! Vamos desapropriar suas propriedades Vamos por todo mundo na cadeia. Porrada Neles !!! Mas aí descobrimos que o TRABALHO ESCRAVO está embaixo de nossas janelas. Ali do lado da Praça Panamericana. Entre Bolivianos, Peruanos, Africanos que não enxergamos. Nos Shopping’s caros que frequentamos. Nas Obras Públicas dos nossos Ídolos Esquerdopatas? Perdeu a graça? E sobre Latifúndios? Aqueles exigidos por Boulos e não desapropridos por Haddad ou Marta ou Erundina não são Latifúndios? Não tem Função Social? Ainda vamos falar sobre Tiête ou Pnheiros? Indústria da Pobreza, do Analfabetismo, do Racismo Estatal. 88 anos de fácil explicação. Mas os tais ‘fascistas’ são os outros !! Sabemos. abs.  

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