Feito com apoio de policiais e da Fiesp, filme sobre a Rota ataca direitos humanos

Enviado por Leo V

Primeiro dia da Ponte (ponte.org), veículo que reúne jornalistas de alta credibilidade e que trata de Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos, já trouxe essa bela reportagem, entre outras.

Da Ponte

Com apoio da Fiesp, Rota quer ser pop

Filme feito com apoio de empresários e policiais ataca direitos humanos e encanta molecada fã da violência policial

Que tal aproveitar uma manhã ensolarada de domingo para se enfiar numa roupa preta e gastar R$ 15 num cinema para ver um documentário de 45 minutos, produzido com o apoio da Polícia Militar e da elite empresarial de São Paulo, que ataca os direitos humanos e a mídia, e ainda ganhar a oportunidade de tirar fotos ao lado de homens conhecidos por matar dezenas de pessoas?

Muitas pessoas diriam que é um programa imperdível. Pelo menos, gente o bastante para quase lotar uma sessão dupla do filme A Verdadeira História da Rota, do diretor Elias Júnior, ocorrida em 8 de junho, numa sala de 444 lugares do cine PlayArte Bristol, na Avenida Paulista. A estrela do filme, naturalmente, é a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da PM paulista, criada em 1970 para “ações de controle de distúrbios civis e de contraguerrilha urbana”.  Os policiais da Rota colaboraram na produção do documentário e também na divulgação, distribuindo ingressos na sede do batalhão, localizada no Quartel da Luz, centro de São Paulo. Mesmo assim, o governo diz que não tem nada a ver com a história. “A Secretaria da Segurança Pública não tem qualquer participação nesse documentário. As opiniões emitidas são de inteira responsabilidade dos seus produtores e daqueles que dele participaram”, afirmou a Secretaria em nota. Outro colaborador importante foi a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O nome da Fiesp aparece com destaque no começo do filme e nos cartazes da produção. Ainda assim, a Federação parece não se sentir à vontade com o apoio, já que sua assessoria de imprensa se recusou a responder às perguntas feitas pela Ponte, desde 11 de junho, sobre a participação da Federação no filme.

Rota na pele

O elo mais visível entre as gravatas da Fiesp e as boinas-pretas da Rota é a figura de Antonio Ferreira Pinto, oficial aposentado da PM e ex-procurador do Ministério Público que, entre 2009 e 2012, atuou como secretário da Segurança Pública, nas gestões de José Serra e Geraldo Alckmin. Na sua gestão, Ferreira Pinto colocou a Rota na linha de frente da repressão ao PCC (Primeiro Comando da Capital). No segundo semestre de 2012, a estratégia deu início a uma guerra, em que o crime organizado matou pelo menos 26 PMs na Grande SP, enquanto a ação de policiais fardados e de grupos de extermínio (alguns comprovadamente formado por policiais, como na chacina do Jardim Rosana) provocou centenas de mortes na periferia.

Um dano colateral da guerra de 2012 foi a perda do cargo para Ferreira Pinto. Ele deixou a pasta da Segurança Pública em novembro, mas se manteve próximo ao poder, como assessor estratégico do presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Neste ano, Skaf se lançou pré-candidato ao governo estadual e convidou Pinto a acompanhá-lo na empreitada. O ex-secretário hoje acumula a dupla função de candidato a deputado federal e responsável pelo projeto de Skaf na área de segurança pública. Também faz parte da equipe o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho, que comandava o Estado durante o massacre de 111 presos na Casa de Detenção do Carandiru, em 1992.

Ferreira Pinto é um dos entrevistados que mais dão as caras no documentário de Elias Júnior, despejando frases de efeito sobre a Rota (“pode ser igualada, mas nunca superada”) e reclamando dos jornalistas que chamam de “suspeitos” as pessoas mortas pela PM, em vez de apenas aceitar a versão oficial e dizer que são bandidos. O ex-secretário também ataca as normas que obrigam o PM a se afastar temporariamente do serviço após matar alguém em serviço, lembrando que essa prática atrapalha o “bico”, que é “um direito do policial”.

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Foto: Fausto Salvadori Filho

Os astros do filme, mesmo, são outros: os oficiais da Rota, da ativa ou da reserva, como os vereadores Paulo Telhada (PSDB), com 36 mortes no currículo, e Conte Lopes (PTB), que afirma ter matado mais de cem, ambos tietados como celebridades pelos fãs do batalhão.

“O Telhada está na Europa, mas você pode tirar foto com o Conte Lopes. E tem outros capitães da Rota também”, informa uma funcionária da HDV Studio, produtora do filme, na entrada do cine Bristol.

Como uma pré-estreia das franquias Harry Potter ou Jornada nas Estrelas, a exibição atrai adolescentes fantasiados. Só que, em vez de capas mágicas ou orelhas pontudas, a molecada faz cosplay da Rota. As peças da fantasia são as boinas pretas, compradas por R$ 60 na internet ou em lojas de uniformes, e as camisetas escuras com o R de Rota em amarelo, que saem por R$ 35 no próprio Quartel da Luz, onde podem ser adquiridas durante as visitas que o batalhão recebe nas tardes de sexta-feira.

E tem quem leve a tietagem na pele, feito uma professora com cabelo rosa que faz questão de tirar uma foto ao lado de Conte Lopes exibindo o R de Rota tatuado no braço esquerdo.

“Mente fraca, maconheira e vadia”

“Quero ser policial para ajudar a população. A PM trabalha para tirar o mal das ruas”, afirma o estudante M.W., 15 anos, que foi à sessão acompanhado de outros quatro amigos, todos fantasiados de “rotarianos”. O adolescente é o criador de uma comunidade no Facebook chamada Admiradores da Polícia Paulista. Ali, na sua cruzada em defesa da polícia, ataca mulheres, maconheiros e frequentadores de bailes funk.

Comentando sobre uma menina que escreveu que gostaria de “fumar aquele baseado e fazer um amor”, M. escreve: “Como será que vai ser o futuro de uma garota desse tipo ? (Analfabeta, mente fraca, maconheira e vadia)”. Sobre uma foto da Tropa de Choque, seu recado é “Muitos criticam, mas, a regra é simples. Basta andar dentro da lei”. A respeito de um jovem morto num baile funk, diz que “quem vai para bailes funk o final é esse mesmo”.

…o que mais atrapalha o trabalho da Rota é “um grupo chamado direitos humanos”

Primo de um PM assassinado, M. diz que sempre quis ser policial, desejo que ficou mais forte no ano passado, quando conversou com PMs da Rota num mercado em Guaianazes, bairro periférico da zona leste, onde mora. Os policiais o convidaram para assistir à festa de aniversário da tropa, realizada em 15 de outubro, e o estudante se encantou com o que viu.

Segundo M., muitos moradores de Guaianazes não partilham da sua admiração pela polícia, mas ele não liga. “Eles falam sem saber. A polícia só prende bandidos”, diz. Se tem algo que M. não gosta, é do “pessoal dos direitos humanos”. “Eles defendem bandidos e não dão apoio para a polícia”, diz.

Só elogios

O discurso do adolescente é o mesmo do documentário. Com uma entonação de trailer de filme de terror, o narrador afirma que o que mais atrapalha o trabalho da Rota é “um grupo chamado direitos humanos”. São “os direitos dos manos”, que só servem para proteger bandidos, complementa o radialista e ex-deputado estadual Afanásio Jazadji, atacando também a “imprensa esquerdista” que manipula as informações sobre os policiais.
O filme mistura cenas reais com encenações. Nas cenas de tiroteio, claramente encenadas, os PMs só matam para não morrer, atiram contra bandidos armados. Os atores Oscar Magrini e Paola Oliveira, filha de um capitão da Rota, aparecem nos depoimentos, sempre fazendo elogios à corporação.

E não são só eles. A Verdadeira História da Rota, que deve ser a primeira parte de uma trilogia, não busca parecer isenta: só há espaço no filme para falar bem dos policiais. No documentário, Elias segue a mesma linha do seu primeiro filme, a ficção Rota Comando, de 2009, que contava com a participação especial de Conte Lopes. Longe dos cinemas e ignorado pela crítica, o filme virou um sucesso, em versão pirateada, nas barracas dos camelôs.

Num depoimento em seu canal no YouTube, Elias conta que, após Rota Comandorecebeu total apoio de Telhada, comandante da Rota entre 2009 e 2011, para rodar o documentário. “Seja bem vindo à Rota. Essa casa é sua e de toda a população de São Paulo”, teria dito o comandante.

No mesmo canal, Elias mostra com orgulho o dia em que recebeu no Quartel da Luz a medalha Brigadeiro Tobias, usada para homenagear PMs e outros militares. Pelo decreto que instituiu a homenagem, civis só podem receber a medalha “a título excepcional”, quando tiverem prestado “excepcionais serviços” à PM. Parece ter sido o caso.

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8 perguntas que a Fiesp e o governo não responderam

Redação

5 Comentários

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  1. Jovens já pensam assim. Que pena.

    Este trecho é bastante revelador:

    “Quero ser policial para ajudar a população. A PM trabalha para tirar o mal das ruas”, afirma o estudante M.W., 15 anos, que foi à sessão acompanhado de outros quatro amigos, todos fantasiados de “rotarianos”.

    Lembrando Fiesp e também um jovem que nos anos 70 queria ser oficial do exército (CPOR), se tornou presidente da Fiesp e hoje se candidata a ser o chefe da Rota em todo o estado de SP, dá medo.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Skaf

    Melhor perguntar para um grande jornalista que escreveu um livro sobre quando a Rota imperou e o máximo que fez foi ajudar a criar este temor que a população tem ao ver um tático móvel.

    Rota 66 – A História da Polícia que Mata. Caco Barcelos

    http://casadopdf.blogspot.com.br/2013/09/pdf-rota-66-historia-da-policia-que.html

    1. Iara. compartilho da sua

      Iara. compartilho da sua preocupação, mas…

      Veja, não enxergo nada de ruim em um jovem que deseja ser policial, juiz, promotor ou delegado, etc, para “tirar o mal” das ruas.

      O problema não está neste moleque ou moleca, mas na sociedade que elabora a construção discursiva do “mal” e “bem”.

      Afinal, se vivemos no mundo da imagem e das redes de sociabilidade com altíssimo grau de exposição, não podemos negar às instiutições que disputem o imaginário popular.

      O problema não é localizado na ROTA, no BOPE, na CORE, etc. O discurso bandido bom é bandido morto é transclassista e universal, desde que o “bandido” seja sempre o outro.

      A histeria dos grupos que denunciam o filme não permite um avanço no debate entre as partes envolvidas, até porque, na maioria das vezes o apelo contra a violência policial cessa quando nos beneficiamos desta violência, seja para recuperarmos nosso carro roubado, seja para “vingar” o estupro de alguém querido.

      Eu prefiro minha filha dizendo que quer ser policial para combater o crime, a ouvi-la dizer que será traficante ou assaltante de banco, embora me “prepare” sempre para respeitar suas escolhas.

      Dizer que a ROTA é violenta, com patrocínio da elite, não acrescenta nada ao que sabemos. O problema é dizer que toda esta violência tem terreno fértil aqui embaixo, entre nós, incluindo aí os que se autodenominam progressistas.

      Abraços.

      1. Verdade

        Concordo com você : não são só as classes mais abastadas que apoiam a violência. Essa aceitação da violência permeia todas as camadas da sociedade e todas as regiões do país. A primeira reação da grande maioria da população depois de um crime é querer matar o culpado, e se ele sofrer bem muito antes será ainda melhor.

        Sou belga, moro no Brasil há mais de 20 anos e ainda hoje fico chocado com a apologia à violência que existe em todas as classes sociais. É só ver o desprezo com que se fala da “turma dos direitos humanos”, na popularidade de declarações como a do Ronaldo de “descer o cacete” nos manifestantes, nos gritos de vingança contra acusados de crimes famosos ou nos linchamentos que ocorrem com enorme frequência pelo país afora.

        A violência da ROTA hoje é dirigida para a repressão dos mais pobres e serve como arma das classes mais ricas, mas o buraco é mais embaixo. 

  2. Em sala de aula, faculdade,


    Em sala de aula, faculdade, tenho um professor, pasmem, de Políticas Públicas, que pensa do mesmo jeito dos guris que adoraram o filme. Falei que eles sempre foram “educados” pela mídia, para odiar o pobre, o negro, o diferente. Mas, no fundo mesmo, esse professor deixa perceptível (para quem está antenado) que não passa de um frustrado, recalcado por não ser um médico(mas ele diz odeiar médicos).. Fala muito mal de tudo(mas finge que não é esse o objetivo) e tem desejo de PADRONIZAR os alunos. Quando fala em aula, dá para perecber que ele se informa pela globo e rbs, única e exclusivamente, porque ele dá nome “aos bois” de quem o “educa”.

  3. A lista de justificativas para aprovar a PEC 51/14 só aumenta…

    Razões para defender a desmilitarização da polícia (PEC 51/13)

    [41]: Coibição de adoção de tática ilegal
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/06/533350.shtml

    [40]: Coibição de atuação violenta
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/06/533112.shtml

    [39]: Pressuposto para a reestruturação do sistema de segurança pública
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/06/532633.shtml

    [38]: Solução para o despreparo para lidar com cidadãos
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/05/532412.shtml

    [37]: Abandono de um modelo de segurança incapaz
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/05/531837.shtml

    [36]: Coibição de abandono da segurança em greve ilegal
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/04/530886.shtml

    [35]: Coibição de mortes ditas por resistência
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/03/529988.shtml

    [34]: Coibição de desrespeito à dignidade humana
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/03/529781.shtml

    [33]: Coibição de violência interinstitucional
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/02/529520.shtml

    [32]: Coibição de violência contra a infância e a adolescência
    http://brazil.indymedia.org/pt/blue/2014/02/529327.shtml

    [31]: Coibição de tragédias familiares
    http://brazil.indymedia.org/pt/blue/2014/02/529225.shtml

    [30]: Coibição de violência contra repórteres
    http://brazil.indymedia.org/pt/blue/2014/02/529085.shtml

    [29]: Coibição de execução de presos
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/02/528829.shtml

    [28]: Coibição de descaracterização de local de investigação
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/02/528744.shtml

    [27]: Coibição de corrupção
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/02/528732.shtml

    [26]: Redução de morte por policiais
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/02/528721.shtml

    [25]: Coibição de atuação ilegal
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528704.shtml

    [24]: Coibição de massacres
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528683.shtml

    [23]: Coibição de chacinas
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528634.shtml

    [22]: Coibição de desvio de conduta
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528617.shtml

    [21]: Coibição de morte de inocentes
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528561.shtml

    [20]: Reivindicação de diferentes setores da sociedade
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528475.shtml

    [19]: Coibição de restrição ao direito de manifestação
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528460.shtml

    [18]: Coibição de abuso de autoridade
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528414.shtml

    [17]: Exigência de atuação igualitária
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528389.shtml

    [16]: Coibição da violência policial
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528366.shtml

    [15]: Coibição da letalidade policial
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528343.shtml

    [14]: Coibição de grupos de extermínio
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528326.shtml

    [13]: Isonomia judicial
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528306.shtml

    [12]: Coibição de tortura
    http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528297.shtml

    [11]: Coibição de violência contra o judiciário
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528282.shtml

    [10]: Coibição de “desaparecimentos” forçados
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528231.shtml

    [9]: Coibição de atitude discriminatória
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528191.shtml

    [8]: Coibição de violência contra a juventude
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528171.shtml

    [7]: Conquista de credibilidade
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528143.shtml

    [6]: Atendimento às recomendações da ONU
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528126.shtml

    [5]: Coibição de uso político contra movimentos sociais
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528112.shtml

    [4]: Coibição de produção incorreta de documentação
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528064.shtml

    [3]: Coibição de forjamento de provas incriminando vítimas
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528032.shtml

    [2]: Coibição de execuções
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/528015.shtml

    [1]: Coibição de relações inapropriadas entre polícia e comerciantes
    http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2014/01/527962.shtml

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