A autonomia universitária

Da Folha

TENDÊNCIAS/DEBATES

Universidade: perversões da autonomia

NAOMAR DE ALMEIDA FILHO

A RIGOR , o termo autonomia significa capacidade de definir as próprias normas. Em uso corrente, inclui o sentido de autarquia ou capacidade de autogoverno.

Para avaliar objetivamente a questão da autonomia universitária, consideremos dois planos articulados: administrativo e acadêmico.

No plano administrativo, as universidades federais encontram-se travadas por aparato normativo que compromete tanto a missão acadêmica de formar com qualidade quanto o dever de buscar eficiência e economicidade como instituição pública.

Rápidos exemplos triviais. Para atividades de ensino e pesquisa, precisamos de bens de melhor qualidade e serviços mais criativos, pertinentes e competentes, quase nunca baratos.

Porém, segundo a lei de licitações, somos obrigados a contratar pelo menor preço.

Na UFBA (Universidade Federal da Bahia), seis meses de conta de água bastariam para substituir todo o obsoleto sistema hidráulico dos campi, reduzindo o consumo em até 40%.

Não obstante, é proibido mudar rubricas de custeio porque o Orçamento da União é prefixado.

Em qualquer caso, inútil economizar, porque todo o montante poupado tem de ser, ao final do exercício, recolhido ao Tesouro Nacional.

Diligentemente, órgãos de controle externo nos têm auditado. O TCU (Tribunal de Contas da União), aplicando a lei, tem punido dirigentes universitários por irregularidades supostas em procedimentos que, o mais das vezes, visam a viabilizar a gestão universitária.

No plano acadêmico, a universidade se engana, e aparentemente gosta, ao pretender-se autônoma. De fato, longe estamos da mítica autonomia universitária.

Submetidos à crescente judicialização da sociedade, concursos docentes, processos seletivos, transferências e matrículas obedecem a leis e regras mais cartoriais que acadêmicas.

Projetos pedagógicos seguem, na minúcia, diretrizes curriculares estabelecidas por órgãos externos de regulação, influenciados por interesses corporativos e mercadológicos.

Linhas de pesquisa contemplam prioridades definidas por agências de fomento; programas de extensão respondem a demandas ou determinações de organismos governamentais, não-governamentais e empresariais.

A autonomia universitária nos é garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal. Então, por que não recebemos orçamento global, definido por metas e planos?

Por que nosso quadro docente e de servidores obedece a regras do serviço público, quiçá adequadas a repartições burocráticas, porém flagrantemente contraditórias com o mandato da inovação acadêmica?

Por que nossos conselhos de gestão não têm autonomia para gerir patrimônio, custeio e receita?

Por que nossos conselhos acadêmicos têm que seguir diretrizes e regulamentos de corporações e conselhos?

Por que nossos conselhos curadores, reforçados com representação da sociedade, não poderiam fiscalizar operação, orçamentos e prestações de contas?

Por que povo e governo não nos cobram transparência, competência, desempenho e qualidade em vez de mera capacidade de seguir regras de controle e normas burocráticas?

O conceito de autonomia da universidade articula meios e fins. Como sua missão é socialmente referenciada, penso que a autonomia dos fins deve ser relativa, com participação e controle social na definição de metas e finalidades. Porém, para cumprir de modo competente seu mandato histórico, a universidade precisa gerir processos institucionais com autonomia plena dos meios.

A universidade brasileira perverte o conceito de autonomia. Onde precisa, não exerce autonomia, pois, em seu cotidiano, a gestão dos meios segue pautas extrainstitucionais e obedece a marcos heterônomos.
Entretanto, docentes e dirigentes reivindicam autonomia dos fins. Tal posição tem justificado, por exemplo, rechaçar políticas de ações afirmativas e inclusão social, o que pouco contribui para tornar mais justa a sociedade que abriga, sustenta e legitima a universidade.

Na atual conjuntura nacional, rica em oportunidades e desafios, pode a defesa da autonomia justificar conservadorismo social, imobilismo institucional e ranço acadêmico? Penso que não.
Immanuel Kant, propondo destradicionalizar a universidade mediante experimentação de novas formas de pensar e agir, propôs a audácia como consigna da autonomia universitária.

Seguindo o grande filósofo, defendo o conceito de autonomia somente como ousadia histórica, jamais para manter a velha universidade elitista, alienada e anacrônica, sempre para transformar e reinventar a vida.

NAOMAR DE ALMEIDA FILHO, 56, doutor em epidemiologia, pesquisador do CNPq, é professor titular do Instituto de Saúde Coletiva e reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Luis Nassif

67 Comentários

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  1. A Folha tem por hábito
    A Folha tem por hábito colocar um tema nessa pgn( e coloca uma pergunta:Sim ou não?)

    desta feita ( e as x faz assim) colocou o taciturno Marco Aurelio Garcia pra falar o que trocentos falaram:Pela paz.

    ler Marco Aurelio Garcia já é dose.E repitindo os outros então…Aliás ele não mencionou uma linha sobre as FARCs que tanto apóia.Deixa pra lá…

    Como ia dizendo a Folha sempre apresenta o lado oposto de pensamento(pelo menos nessa pgn).

    Vamos esperar o outro lado do que escreveu NAOMAR DE ALMEIDA FILHO.

    Antecipo:NAOMAR DE ALMEIDA FILHO, 56, doutor em epidemiologia, pesquisador do CNPq, é professor titular do Instituto de Saúde Coletiva e reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

    É um currículo que impõe respeito.Mas não enxerguei nada sobre formação em administração.Meus óculos…meus óculos…please…

  2. E verdade que a autonomia nao
    E verdade que a autonomia nao e tao autonoma assim. E que as regras mais atrapalham que ajudam. So que ha alguns equivocos no texto:

    1- O din din nem sempre e devolvido aos cofres publicos. Muitas universidades organizam as chamadas Fundacoes e estas administram os recursos.
    2- As linhas de pesquisas seguem a orientacao das agencias de fomento porque o din din e delas. Era so a universidade aplicar os recursos das Fundacoes em financiamento de linhas de pesquisa
    3- Os conselhos universitarios, me desculpe professor, nao entendem patavina de nada. Ja fui nestas reunioes. Defendo que os administradores publicos tenham um treino em administracao e contabilidade. Ou que terceirizem o servico;
    4- Ah, os programas de extensao obedecem a criterios extra-universitarios porque as fundacoes querem “grana”. E muitas vezes, o din din dos cursos e usado pra remunerar os “prestadores de servico”. Eu chamo este sistema de “panelocracia”.
    5- Agora pra mim a pior parte sao os hospitais universitarios. Em geral, administrado por professores que, nao raro, confundem din din do hospital, com din din da pesquisa, com din din das facu.

    Deixa eu dizer uma coisa. E raro, muito raro, ver medicos chegando no horario nos hospitais publicos. Professores chegam e vao embora quando querem. Nao ha controle algum. E a situacao dos estudantes de baixa renda que, nem sempre, tem acesso ao bandeijao e/ou moradia universitaria? Ah, eles sao pobres e que fiquem pra la. As fundacoes nao querem saber deles. E os conselhos nem sempre gostam deste tipo de gasto.

    Reforma na universidade sim, mas levando oportunidade pra todos e nao so pra alguns.

  3. Nassif,

    Me corrija se eu
    Nassif,

    Me corrija se eu estiver enganado, mas o autor do artigo nao disse, tempos atras, que o QI menor dos baianos era o responsavel pelo pessimo resultado da faculdade de Medicina da UFBA?

    Não me lembro se era ele.

  4. Grande texto. Eu penso que a
    Grande texto. Eu penso que a questão universtária é mais um dos pontos essenciais para a construção de um projeto de nação que tem sido varrido para debaixo do tapete em vez de ser debatido – e, claro, encaminhado.

    As melhores universidades nacionais ainda são as públicas, ainda que elas não tenham sido enquadradas no projeto republicano e democrático que o Brasil teoricamente assumiu nos últimos anos; essas instituições de ensino se mostram profundamente excludentes, terrivelmente fechadas para a realidade e sua política interna é ditada por uma tecnocracia acadêmica que em sua maioria gasta sua capacidade e seu tempo na disputa de cargos e afins.

    Muitas universidades privadas, por sua vez, seguem o modelo S.A. e são extremamente fracas no ensino ao mesmo tempo que são nulas na pesquisa. Orientam-se por uma lógica meramente mercadista, chegando a demitir mestres e doutores para a ampliação da margem de lucro.

    Por outro lado, modelos privados geridos por fundações privadas podem ser uma boa saída, no entanto, seu êxito está intimamente ligado a uma parceria com o Estado – especialmente no que toca ao repasse de verbas, posto que manter mestres e doutores em quantidade semelhantes às univerdades públicas implica em custos e do ponto de vista mercadológico é inviável.

    Eu considero que por mais que certas medidas como o PROUNI e o REUNI venham sendo importantes, elas na realidade apenas destravam a paralisia dos anos FHC e somente tocam a superfície da problemática do ensino superior no país.

    Repensar essa suposta autonomia universitária que vivemos é essencial, ao mesmo tempo que pode ser terrivelmente perigoso, posto que as forças políticas que hoje dão as cartas no cenário nacional tem poucas idéias em relação a isso e agem muito pouco – e quando resolvem agir, não pensam.

  5. Na prática nenhuma autarquia
    Na prática nenhuma autarquia tem autonomia, principalmente no que se refere á finanças.
    A UFBA foi a primeira universidade do Brasil e já teve excelentes reitores, a exemplo do falecido. Doutor Heonir Rocha.
    Dr.Naomar, beleza de post.

  6. Nassif,
    o reitor da UFBA
    Nassif,
    o reitor da UFBA esquece de comentar os descaminhos da autonomia que transformaram a universidade pública brasileira numa corporação de professores e técnicos administrativos que escolhem os seus dirigentes sem nenhum compromisso com a avaliação da instituição. Funcionários inamovíveis que não trabalham, professores de Dedicação Exclusiva que mal dão oito ou dez horas de aula por semana, práticas políticas de escolha de dirigentes de duvidosa legitimidade, negociação de pró reitores com as “bases”, etc. etc.
    A autonomia universitária, de ter um significado, deve ser o de evitar a interferência acadêmica e de investigação. Mas tem se transformado num processo em que o corporativismo impede toda e qualquer avaliação da sociedade.
    A única pseudo-avaliação é a das agências de pesquisa e pós graduação com sistemas quantitativos que levam a qualidade acadêmica tanto do ensino como da pesquisa a níveis mais do que preocupantes.

    Num quadro desses…. Deus nos livre de deixar o manejo do dinheiro público com mais “autonomia”.

  7. Não sou ligado a vida
    Não sou ligado a vida universitária, mas a idéia de autonomia deve obrigatóriamente ser ligada a obtenção de resultados (acadêmicos e práticos) e fiscalizados por orgãos competentes e independentes.

    O que posso dizer de experiencia própria é que busquei teses de mestrados e doutoramento para algumas pesquisas em area especificas que nescessitava. Para minha decepção, as teses acompanhadas por mestres professores dito como qualificados e formuladas por mestres/doutores, e que foram aprovadas, eram de qualidade baixissima, quase que repetitiva de outros trabalhos já feitos a muitos anos, sem nenhuma inovação, nada de criatividade, apenas e tão somente seguindo regras de preparação de teses. Só forma burocrática e nada de criatividade ou praticidade.

    Para que servem a não ser para qualificar alunos apadrinhados a darem aulas em escolas e universidade e ganharem uma “graninha”.

  8. “Por que nosso quadro docente
    “Por que nosso quadro docente e de servidores obedece a regras do serviço público, quiçá adequadas a repartições burocráticas, porém flagrantemente contraditórias com o mandato da inovação acadêmica?”

    Eu concordo 100%. Imagina so se harvard ou princeton tivessem que fazer concurso publico para contratar! E uma vergonha nacional que o reitor de uma universidade publica nao possa tirar o cheque do bolso e contratar o professor que lhe der na telha, pagando o salario que seu conselho de administracao aprovar.

    Infelizmente, e mais facil chegar a paz ao oriente medio do que os sindicatos de professores aceitem que a universidade publica brasileira possa ter o minimo de autonomia para contratar e demitir.

  9. As cotas que as universidades
    As cotas que as universidades federais reservam para os alunos oriundos de escolas públicas só existem porque o Brasil ainda não conseguiu oferecer um ensini público com a mesma qualidade que as escolasprivadas oferecem.

  10. Esse debate é fundamental,
    Esse debate é fundamental, mas como tudo, o tinhoso se esconde nas minúncias. Não pode haver autonomia sem avaliação, mas quem e como se avalia universidades e pesquisas? Como comparar e definir que recursos irão para pesquisas sobre o sistema político brasileiro, economia e medicina? Creio ser possível haver critérios, mas não são triviais.

    Já que tocamos no assunto, a própria Folha traz outro artigo que deve ser lido conjuntamente, sobre as fundações universitárias: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1101200901.htm

  11. Julião,

    É bem por aí mesmo;
    Julião,

    É bem por aí mesmo; o nível das dissertações de mestrado e teses de doutorado Brasil adentro é realmente muito baixo – e o espaço de manobra que existe hoje na Academia para escapar disso não é muito maior.

    Uma das causas é, sem dúvida, toda essa burocratização do ensino; o professor-burocrata quer um aluninho dócil pronto a reproduzir a teoria que lhe agrada – ou que lhe é inofensiva; é a lei da mediocridade segura que atravanca a inovação e a ousadia – e que somada a uma boa dose de oportunismo resulta em estagnação.

  12. Vou comentar alguns trechos
    Vou comentar alguns trechos do texto escrito pelo reitor da UFBA:

    1) “Rápidos exemplos triviais. Para atividades de ensino e pesquisa, precisamos de bens de melhor qualidade e serviços mais criativos, pertinentes e competentes, quase nunca baratos. Porém, segundo a lei de licitações, somos obrigados a contratar pelo menor preço”.

    A afirmação não é correta. Além do menor preço, a legislação também prevê contratações com base na melhor técnica e na combinação entre técnica e preço, no caso de serviços de natureza predominantemente intelectual.

    Nos casos em que deve ser usado o critério de menor preço, podem ser tomadas as seguintes providências para se evitar aquisições de bens e serviços de baixa qualidade:

    – Descrição criteriosa do objeto a ser adquirido, expondo as características essenciais para o pleno atendimento da demanda da Universidade, sem com isso direcionar, injustificadamente, a contratação a um fornecedor ou uma marca específica de produto. Se a Lei permitisse o direcionamento injustificado, também haveria o risco de contratações de má qualidade, com o agravante de facilitar o conluio entre servidores e fornecedores;

    – Promoção de diligências para a esclarecer ou a complementar a instrução do processo de contratação. Empresas privadas, costumam inspecionar seus fornecedores antes de contratá-los e a Legislação também permite isso à Adm. Pública;

    – Analisar amostras dos produtos. Sendo as Universidades instituições voltadas à produção científica, elas podem ser perfeitamente capazes de desenvolver métodos objetivos para aferir a qualidade dos produtos que adquire.

    – Nas licitações de maior complexidade, é possível se realizar uma fase de pré-qualificação de fornecedores.

    2) “Na UFBA (Universidade Federal da Bahia), seis meses de conta de água bastariam para substituir todo o obsoleto sistema hidráulico dos campi, reduzindo o consumo em até 40%. Não obstante, é proibido mudar rubricas de custeio porque o Orçamento da União é prefixado”.

    A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de créditos não é proibido, desde que haja autorização legal, conforme prevê o art. 167 da Constituição.o que já vem ocorrendo, vide por exemplo o Art. 72, parágrafo único da LDO 2006 (Lei Federal nº 11.178/2005) e art. 74, parágrafo único da LDO 2007 (Lei Federal nº 11.439/2006).

    Além disso, nada impede a instituição de incluir esse projeto na sua proposta orçamentária.

    3) “Em qualquer caso, inútil economizar, porque todo o montante poupado tem de ser, ao final do exercício, recolhido ao Tesouro Nacional”.

    Esse pensamento é lamentável e incorreto. Lamentável porque expressa descaso com o uso de recursos públicos. E incorreto, pois pelo exemplo citado, se concluída a reforma do sistema hidráulico dos campi da UFBA dentro do exercício financeiro, os recursos orçados para o pagamento de do fornecimento de água podem ser utilizados em outras despesas.

    4) “Diligentemente, órgãos de controle externo nos têm auditado. O TCU (Tribunal de Contas da União), aplicando a lei, tem punido dirigentes universitários por irregularidades supostas em procedimentos que, o mais das vezes, visam a viabilizar a gestão universitária. Por que nossos conselhos de gestão não têm autonomia para gerir patrimônio, custeio e receita?”

    O Acórdão nº 2731/2008, do plenário do TCU aponta transgressões legais nem sempre associadas à viabilização da gestão universitária.

    5) “Por que nossos conselhos acadêmicos têm que seguir diretrizes e regulamentos de corporações e conselhos?Por que nossos conselhos curadores, reforçados com representação da sociedade, não poderiam fiscalizar operação, orçamentos e prestações de contas?”

    Não existe impedimento ao controle social. Só não se pode esperar que esse tipo de controle torne prescindível o Controle Externo, realizado pelo TCU, e Controle Interno, realizado pela CGU, que são órgãos técnicos e especializados no exercício desas funções.

  13. Em países em desenvolvimento,
    Em países em desenvolvimento, é salutar o controle por procedimentos, pois estes tem o condão de minimizar a corrupção.
    Penso que não temos a maturidade cívica para gerir a coisa pública num ambiente sem amarras. Vejam, por exemplo, o grave problema das fundações de apoio, especificamente, e a questão das ONG’s, em geral, que de não-governamentais só mesmo no nome.

  14. De forma nenhuma, não foi o
    De forma nenhuma, não foi o doutor Naomar quem ofendeu os baianos: vejam isso:

    Decepcionado com os estudantes da UFBA no Exame Nacional de Desempenho, Antônio Natalino disse que o baiano tem baixo QI e que toca berimbau porque só tem uma corda; se o instrumento tivesse mais de uma, não conseguiria.

    http://www.linkk.com.br/story.php?id=76289

  15. Sou professor universitário e
    Sou professor universitário e gestor de {pequenas ) verbas de pós-graduaçao. Os problemas apontados pelo Prof. Naomar são correntemente vividos por todos aqueles que tentar fazer avançar a universidade brasileira.

    O TCU e CGU praticamente inviabilizam — ou se esforçam para tal — que pessoas com boa atuação acadêmica ocupem qualquer cargo de direção, seja esta científica ou administrativa. Como pode se esperar que coordenadaores do que quer que seja saibam detalhes e nuances de leis de licitações, de quais itens são de custeio e quais são de capital, de quais termos devem constar em notas fiscais…. e assim vai…

    Colegas coordenadores de pós-graduação em programas não tão bem avaliados (notas 3,4 e 5 na CAPES) nao conseguem sequer gastar o dinheiro das verbas de custeio… ou melhor, dará tanto trabalho que desistem….

    O posto do Andre Bittencourt mostra a típica mentalidade bacharelesca que rege orgäos de controle. e assitências jurídicas. Se nada se fizer, nada de irregular ocorerá… eis a máxima destes profissionais. Na mão deles a universidade virava um liceu sem vida. Quem se ocupa de fazer avançar projetos e pesquisas é sempre tratado com a desconfiança que se tem de ladrões.

    Mas isto não tem que ser forçasamente assim. Meus colegas americanos e franceses não vivem este pesadelo. Mas se seus departamentos tiverem baixa performance, fecham ou são re-estruturados, coisa que nunca aconteceria aqui no Brasil. Nunca vi o TCU ou a CGU questionarem o direcionamento de fundos para cursos ruins… contanto que os detalhes das notas fiscais dos gastos estejam corretos….

  16. Caros senhores Hugo
    Caros senhores Hugo Albuquerque e Julião:

    Não sei de que área vocês estão falando, porém posso falar pela minha, que é engenharia elétrica, e discordo dos senhores. As dissertações e teses são de ótima qualidade, inclusive reconhecidas no exterior. No entanto que está a cada dia mais difícil conseguir financiamento da CAPES ou CNPq para doutorado no exterior, pois considera-se o nível bom dos programas brasileiros.

    Abraços

  17. uma das maiores falhas da
    uma das maiores falhas da universidade aempre foi a de distanciar-se, por exemplo, nao so da sociedade, como dos proprios alunos que forma, especialmente neste caso, dos professores das redes publicas de ensino…E claro que isso esta mudando, mas esse elitismo parece ser de dificil remocao!
    Pode-se discordar do diretor da universidade da bahia, mas ele tem uma posicao bastante clara com referencia a necessidade da aproximacao da universidade com a sociedade. E para um epidemiologista, tem ate veia meio poetica – ate lembrei dos versos de cecilia meireles: a vida, a vida so e vida se for reiventada (ou algos assim)….
    Nessa questao tambem das defesas de tese deve haver muitas situacoes digamos exoticas. O cara opensa uma coisa mas tem de seguir o pensamento da orientadora – ai e dose, ne…o carfa ve uma coisa e pensa/escreve outra…
    (Aproveitando, gostaria de defender o artigo do professor garcia na folha: ele defende a paz, pode repetir um monte de jargoes, mas num mundo de barbaries em gaza, a posicao brasileira eh a unica possivel: a paz e um estado palestino e um estado de Israel. Quer mais? Eh a paz ou a barbarie!)

  18. Que a universidade brasileira
    Que a universidade brasileira tem sérios problemas, isto é inegável, mas eu tenho a solução: é só aplicar nas universidades públicas brasileiras o mesmo modelo de gestão da UNIP ou da Estácio de Sá. Pronto, problema resolvido.

  19. Alguns comentários sobre o
    Alguns comentários sobre o texto. O original está entre aspas.

    “Em qualquer caso, inútil economizar, porque todo o montante poupado tem de ser, ao final do exercício, recolhido ao Tesouro Nacional.”

    Já aqui percebe-se a mentalidade perniciosa da academia: ela não vê os recursos públicos como públicos. Vê como o dinheiro dela. Afinal de contas, para que economizar e devolver as sobras para o Governo, para que este possa redirecionar tais recursos para outras áreas? Ou seja: bem ou mal, a academia vai gastar o dinheiro pois é dela.

    “Diligentemente, órgãos de controle externo nos têm auditado. O TCU (Tribunal de Contas da União), aplicando a lei, tem punido dirigentes universitários por irregularidades supostas em procedimentos que, o mais das vezes, visam a viabilizar a gestão universitária.”

    Meu caro reitor: qual o problema, especificamente, em o TCU aplicar a lei?

    “Submetidos à crescente judicialização da sociedade, concursos docentes, processos seletivos, transferências e matrículas obedecem a leis e regras mais cartoriais que acadêmicas.”

    Se envolve dinheiro público há princípios a serem homenageados, nesse caso o da impessoalidade. Sem falar no princípio da moralidade.

    “Linhas de pesquisa contemplam prioridades definidas por agências de fomento; programas de extensão respondem a demandas ou determinações de organismos governamentais, não-governamentais e empresariais.”

    Sim, pois em se tratando de recursos públicos é natural que existam diretivas governamentais. Por óbvio aquele que vê tais recursos como sendo da academia, e não públicos, vai pensar de outra forma…

    “A autonomia universitária nos é garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal. Então, por que não recebemos orçamento global, definido por metas e planos?”

    Pelo jeito ele só leu o artigo 207 da Carta Magna e ignorou os outros 249… Não é surpresa, se pensarmos que a academia só consegue ver o próprio umbigo.

    “Por que nosso quadro docente e de servidores obedece a regras do serviço público, quiçá adequadas a repartições burocráticas, porém flagrantemente contraditórias com o mandato da inovação acadêmica?”

    Porque o quadro docente e de servidores é formado por servidores públicos?

    “Por que nossos conselhos de gestão não têm autonomia para gerir patrimônio, custeio e receita?”

    Têm. Dentro da lei.

    “Por que nossos conselhos acadêmicos têm que seguir diretrizes e regulamentos de corporações e conselhos?”

    Porque existe uma ordem maior nas coisas, e as universidades não estão no ápice da administração pública. Elas não existem por si só, mas para um fim, qual seja servir à sociedade. Aquela que paga as contas.

    “Por que nossos conselhos curadores, reforçados com representação da sociedade, não poderiam fiscalizar operação, orçamentos e prestações de contas?”

    Porque não se deixa raposa cuidar de galinheiro, nem se amarra cachorro com linguiça, ora bolas… 🙂

    “Por que povo e governo não nos cobram transparência, competência, desempenho e qualidade em vez de mera capacidade de seguir regras de controle e normas burocráticas?”

    Porque nem deveriam cobrar em primeiro lugar. É obrigação dos gestores públicos…

    “O conceito de autonomia da universidade articula meios e fins. Como sua missão é socialmente referenciada, penso que a autonomia dos fins deve ser relativa, com participação e controle social na definição de metas e finalidades. Porém, para cumprir de modo competente seu mandato histórico, a universidade precisa gerir processos institucionais com autonomia plena dos meios.
    A universidade brasileira perverte o conceito de autonomia. Onde precisa, não exerce autonomia, pois, em seu cotidiano, a gestão dos meios segue pautas extrainstitucionais e obedece a marcos heterônomos.
    Entretanto, docentes e dirigentes reivindicam autonomia dos fins. Tal posição tem justificado, por exemplo, rechaçar políticas de ações afirmativas e inclusão social, o que pouco contribui para tornar mais justa a sociedade que abriga, sustenta e legitima a universidade.”

    Atenção! Por “autonomia plena dos meios” ele quer dizer: as leis são para os outros!
    Autonomia dos meios? Ok. Autonomia dos fins? Ok. Com dinheiro público? Não. Simples assim.

    “Na atual conjuntura nacional, rica em oportunidades e desafios, pode a defesa da autonomia justificar conservadorismo social, imobilismo institucional e ranço acadêmico? Penso que não.
    Immanuel Kant, propondo destradicionalizar a universidade mediante experimentação de novas formas de pensar e agir, propôs a audácia como consigna da autonomia universitária.
    Seguindo o grande filósofo, defendo o conceito de autonomia somente como ousadia histórica, jamais para manter a velha universidade elitista, alienada e anacrônica, sempre para transformar e reinventar a vida.”

    Besteira… Tudo se resume a poder gastar o suado dinheiro dos contribuintes da forma como bem entenderem, sem prestar contas à sociedade.

    Alessandro Moure

  20. Excelentíssimo Chefe da
    Excelentíssimo Chefe da Controladoria-Regional da União no Estado do Pará
    Cláudio Pacheco Vilhena

    Como docente público federal da UFPa faço pesquisa educacional cuja sub-tese mostra ser a universidade pública nacional fonte primária da corrupção nacional, e por uma razão simples: não encontro ordenador de despesa pública que não tenha nível superior.

    Como nesta situação só posso expressar o que tenha fundamento público, tanto em sala de aula como em eventos públicos, como consta em http://www3.ufpa.br/ifch/index.php?option=com_content&view=article&id=544:cidadania-x-corrupcao-construindo-uma-sociedade-etica, patrocinado pela UFPa e a CGU-Pa, no qual tenho interesse em participar, preciso que esta CGU-Pa informe quais providências efetivamente foram tomadas nos casos relacionados em http://www.portal.ufpa.br/docs/audin2002.pdf.

    Mais propriamente, como consta nas páginas 78/9 deste, dos citados por ser docente da UFPa em regime dedicação exclusiva e que foi constatado não cumpriram isso. Interessa muito esses casos para minha pesquisa por dois motivos essenciais:

    – Cumprir ou não o regime de dedicação exclusiva depende unicamente da moral de cada, posto que todo que não queira ser de tal regime de trabalho é pedir ao departamento pessoal; Assim como, a própria UFPA reconhece nesse documento citado que não existe meios de fiscalizar nada;

    – Como uma da candidata ao cargo de reitor da UFPa é listada nessa, alguns estudantes, dentre os quais há futuros docentes nossos, estão delineando que o cumprimento do regime de dedicação exclusiva fica unicamente por conta da incompetente do docente não ter meios de arranjar outro emprego, e nada mais.

    Atenciosamente

    Prof. João Batista do Nascimento – Fac. Mat. UFPa, mat. siape 1177947

  21. Um professor universitário de
    Um professor universitário de instituição pública no Brasil pode adotar essencialmente duas posturas:

    –pode dar suas aulas ( algo ao redor de 8 horas/semana), dedicar ainda umas 4 horas a prepará-las e não fazer mais nada de relevante. Ele é pago por 40 horas, mas nunca será cobrado por isto

    –pode também fazer pesquisa e ter atividades intelectuais. Em geral faz isso por paixão, dado que ninguém nunca sofreu alguma sanção por não fazer pesquisa.

    Se optar pela segunda das categorias acima, este docente logo precisará de verbas. Elas existem, e não é tão difícil obtê-las. Mas atenção, a partir deste momento este professor:

    –torna-se um supeito de querer roubar o dinheiro de pesquisa e portanto será fiscalizado ao extremo. Terá que saber como preencher notas fiscais e recibos, ou que, por exemplo, um pen-drive é considerado pela CGU um material a ser patrimoniado, terá enfim, muitas, mas muitas mesmo, planilhas pela frente. Isto sem falar em tomadas de preços e outras delícias…

    –deverá fazer todo este trabalho sem ajuda de secretárias ou administradores, pois estes estão ocupados servindo a outra categoria de docentes …

    Há uma correlação entre os docentes que fazem pesquisa como sendo aqueles que dão aos estudantes as noções de inventividade, inovação e criação. Já da primeira categoria de professor-que-só-dá-aula em geral se obtém apenas conhecimento academicista. Um tédio.

    O TCU e CGU e variantes estaduais são os aliados de escol da primeira classe de professores. Seu sonho é o sonho contábil, em que tudo está no seu lugar até o último centavo. Tudo arranjado segundo incisos e parágrafos precisos. Tudo com que um docente-pesquisador não está disposto a gastar seu tempo.

    Unidos à CGU e TCU estão às assessorias jurídicas. Seu mote é “não pode”. E por que algo haveria, para eles, de ser permitido? Sua paz é a dos cemitérios intelectuais.

    Querer uma univeridade inovadora e viva intelectualmente passa por inverter a engrenagem acima. Frescor intelectual, inventividade, criação não combinam com o tédio das planilhas…

  22. O problema é que todo esse
    O problema é que todo esse aparato legal, a comunidade universitária ainda permite que reitores façam tanta merda (este é o termo). Por outro lado quem já assistiu a uma reunião de colegiado de algum curso pode imaginar o que ocorre nas reuniões dos conselhos (?) com os reitores. É degradante. Fica-se a pensar como é que alguma Universidade ainda funciona a contento.

  23. Ao professor universitário
    Ao professor universitário Júlio,

    Sobre o que você disse:
    “Como pode se esperar que coordenadaores do que quer que seja saibam detalhes e nuances de leis de licitações, de quais itens são de custeio e quais são de capital, de quais termos devem constar em notas fiscais…. e assim vai…”

    Não se espera. A questão é como a Universidade distribui suas responsabilidades. Se a instituição atribui funções a alguém que não está preparado para exercê-las, a culpa não é do TCU nem da CGU.

    Sobre a descrição das Notas Fiscais, o que os órgãos de controle cobram é que no documento esteja descrito o que foi adquirido. O que há de mais, nisso se cabe ao gestor prestar contas dos recursos públicos que gerencia? Como é que se atesta uma Nota Fiscal de compra sem a especificação do material entregue? Um consumidor, quando recebe um produto na sua casa, não confere a descrição da Nota Fiscal?

    “O posto do Andre Bittencourt mostra a típica mentalidade bacharelesca que rege orgäos de controle. e assitências jurídicas. Se nada se fizer, nada de irregular ocorerá… eis a máxima destes profissionais. Na mão deles a universidade virava um liceu sem vida. Quem se ocupa de fazer avançar projetos e pesquisas é sempre tratado com a desconfiança que se tem de ladrões. Nunca vi o TCU ou a CGU questionarem o direcionamento de fundos para cursos ruins… contanto que os detalhes das notas fiscais dos gastos estejam corretos….”

    Em primeiro lugar, a qualidade dos cursos é “monitorada pelo MEC” e a definição de quanto cada instituição receberá em recursos, é do legislativo, que aprova a Lei Orçamentária Anual.

    Quanto ao direcionamento de fundos para cursos ruins, antes de tudo, é preciso verificar as causas deles serem assim: se os profissionais são ruins, a solução é mudá-los; se faltam equipamentos, cortar fundos só vai impedi-los de se aparelhar. Muitas Universidades entraram em decadência graças a política governamental de sucateamento e corte de verba dessas instituições, tudo com o objetivo de fomentar o mercado das particulares.

    Apesar dessas correções, concordo que os órgãos de controle realmente precisam avançar mais na avaliação do desempenho operacional dos órgãos e entidades que fiscalizam, pois realmente há ênfase nos aspectos legais e contábeis. Porém, lembro que o TCU não possui amparo legal para penalizar gestores públicos por mau desempenho.

  24. A universidade é o que é por
    A universidade é o que é por culpa (responsabilidade) do DOCENTE.
    São eles os INTELECTUAIS, a NATA do mundo universitário.
    Em todas as câmaras, conselhos, etc., são a maioria dos que
    votam e decidem.

    Me responda, sr. doutor, pesquisador, professor, etc., etc., etc.,
    se é RAZOÁVEL o estado nomear um professor para o ENSINO ou
    também PESQUISA, e o indivíduo ficar 2, 4, 6, 8 anos sem dar uma
    única aulinha sequer … pois está ocupando CARGOS ADMINISTRATIVOS
    (reitor, pró-reitor, diretor, etc., etc., etc.), muitas vezes mal administrando
    a universidade, afinal, o cara é especialista em microorganismos.

    Se as nossas universidades estivessem MUITO BEM, estariam
    todos mostrando os dentes. Mas como não estão, o problema está
    no GOVERNO, nas LEIS sufocantes, na SOCIEDADE inoperante,
    etc., etc., etc. A mesma lei impede os COMPETENTES (porém NÃO
    DOCENTES) de ocuparem a administração universitária. Isso, em si
    já seria um ENORME passo em busca da tal autonomia.
    um ENORME passo para

  25. As universidades hoje não
    As universidades hoje não passan de uma prebenda. No máximo conseguem fornecer ensino de segunda linha, comparando-se com parâmetros mundiais, para graduação
    Quando o senhor diz que estão “submetidos à crescente judicialização da sociedade, concursos docentes, processos seletivos…”, isso é para evitar aquele processo endêmico de formação de igrejinha, onde os professores coronéis, que comandam as universidades, escolhem (ou manipulam) para compor o quadro docente não os cérebros mais privilegiados que melhor justificariam o dinheiro empenhado da nação, mas sim aqueles que são subservientes as suas “demandas”.
    O que se vê hoje é o esgotamento de um modelo. A universidade partiria de um patamar privilegiado, querento implementar qualquer modelo de gestão (administrativo, acadêmico), porque a iniciativa e condução do processo dependeria apenas da vontade e da capacidade de se articular dos seus quadros. Partiria de um patamar privilegiado, ainda, porque querendo levar adiante um tal processo contaria com um bom suporte material e humano.

  26. Caro Nassif:
    O Reitor da UFBA
    Caro Nassif:
    O Reitor da UFBA após ler os comentários dos senhores
    André Bittencourt e Alessandro Moure certamente revisará alguns de
    seus conceitos sobre administração universitária.
    De todo modo, imagino que esta discussão poderia avançar muito mais, e além das pendengas burocráticas sob pena de desfocar as reais raízes do problema que, certamente, passam ao largo. É preciso aprofundar
    estas questões envolvendo a Comunidade deste blog que tem muito a oferecer. Este assunto é importante demais para ficar restrito aos comentários, até aquí, postados

  27. Só gostaria de colocar aqui
    Só gostaria de colocar aqui meu apoio ao ponto e visão colocados pelo Julio. Como sempre neste país, a dificuldade que se tem em realmente punir que mal versa o dinheiro público é substituída por um número sem-fim de regras de utilização que transformam qualquer docente em administrador e secretário.

    A nossa mentalidade cartorial não deixa que os recursos para pesquisa sejam geridos pelos próprios grupos de pesquisa, como acontece nos EUA e na Europa. Lá os grupos decidem se o dinheiro será gasto com custeio ou material de consumo. A diferença é que abusos são sumariamente punidos, não há processos administrativos que se estendem por décadas. Ao tentar controlar abusos previamente, transformamos o fomento à pesquisa em um crivo perverso onde apenas os docentes que têm inclinação administrativa sobrevivem, ao invés de seleção por mérito acadêmico.

    A isto se soma à situação do orçamento da própria universidade, onde as rubricas rígidas transformam o pagamento de uma simples poltrona em um inferno contábil. O mais pernicioso é o argumento dado acima, que sempre se pode usar, dentro dos trâmites canônicos, o dinheiro oferecido à universidade da maneira necessária. Como se o processo fosse rápido e indolor, e os pedidos de mudança de rubrica não fossem julgados por gente sem nenhuma idéia de como funciona uma universidade. Como se fosse esta a atribuição docente e não tivéssemos que fazer mais nada.

    Para terminar, para adicionar o que Julio disse acima: em universidades onde há pesquisa, a norma é que cada docente passe no máximo 6 horas por semana dentro de sala de aula. Aliás, isto é normal mesmo para os cargos de “lecturers”, docentes que não conduzem pesquisa científica. O resto do tempo é gasto em preparação de aulas, disciplinas tutoriais (orientação de estudantes), e pesquisa. E, olhando novamente para os EUA e Europa, vemos que qualquer tempo a mais provoca um impacto na qualidade das aulas ministradas, bem como na pesquisa desenvolvida. Aqui no Brasil, temos uma visão, propalada pelo nosso último presidente, que o professor não está trabalhando se não tiver dentro da sala de aula. É esta a razão principal, a meu ver, pela qual o nosso ensino médio é pífio (podemos novamente comparar com o modelo finlandês, onde o professor tem dedicação exclusiva e dá cerca de 9 a 12h de aula por semana), e é o principal problema da universidade brasileira hoje. Tudo isto será exarcebado pelo REUNI e até agora não tivemos indicação que como poderemos evitar este aumento de carga horária em detrimento das outras funções do magistério superior.

    Às vezes, como ao ler alguns dos posts acima, sinto na pele o quanto a função de docente é desprezada no Brasil. Se tivesse estômago para isto, teria me tornardo um fiscal ou auditor, estas sim profissões vistas como nobres e necessárias pela nossa sociedade. Com certeza, em uma das duas, não seria chamado de vagabundo.

  28. No post do Julio, o mesmo
    No post do Julio, o mesmo argumenta que o professor pode assumir duas posturas: somente dar as aulinhas, ou dar aulas e fazer pesquisa universitária com verbas públicos.

    Complementando o seu raciocínio, Julio, eu acho que ficou faltando uma terceira categoria: dar consultoria.

    Ou seja, se aproveitar da infra-estrutura e do nome da universidade para oferecer serviços que, no mais das vezes, revertem-se para o bolso dos docentes. Ferindo assim o regime de dedicação exclusiva.

    Isso vale tanto para o professor-consultor individualmente ou em grupo, como para os mecanismos onde verdadeiras estruturas paralelas funcionam oferecendo serviços como se fossem serviços privados oferecidos pelas universidades pública. Exemplo disso: cursos de MBA oferecidos por algumas faculdades, onde se tem uma verdadeira estrutura parelala utilizando-se da estrutura da faculdade para oferecer o curso, mas que as receitas são revertidas para determinados grupos.

    Ou seja, Julio, todos sabemos que as universidades tem uma parte boa, mas tem uma parte pobre de aproveitadores também, como é característico da atual sociedade brasileira. Portanto, a desconfiança que recai sobre os procedimentos da universidade é legítimo e seriamós ingênuos se não agissemos assim.

    É importante salientar que a universidade tem a autonomia necessária para prover mecanismos para coibir os excessos e não se disvirtuir dos seus rumos traçados.

  29. Sou conhecedor do ambiente
    Sou conhecedor do ambiente universitário, inclusive administração universitária. Também sou conhecedor da administração pública vista de ponto global. Nenhum dos instrumentos de controle da administração pública impede a correta e adequada gestão das atividades de uma universidade. O que ocorre é que os professores se acham capazes de administrar e isso causa enormes danos às atividades fim pela total incapacidade gerencial (é o que ocorre, p.e., nos hospitais universitários com médicos diretores). Tal fato os impele a práticas ‘heterodoxas’ de administração que levam, infelizmente, à atual situação administrativa.
    E é preciso lembrar que autonomia não é soberania, a autonomia se desenvolve no ambiente regulado da administração pública e não há nenhum motivo lógico para que assim não seja.

  30. Caro Pedro,

    Quem comentou
    Caro Pedro,

    Quem comentou sobre o QI dos estudantes de Medicina para justificar á péssima avaliação do curso, foi o Diretor do Colegiado Antônio Natalino Manta, que foi prontamente exonerado pelo Retitor da UFBA autor do artigo acima. Podemos não concordar em alguns pontos do artigo mas trata-se de pessoa de bom carater e gestor competente.

  31. Professor Julio,

    Como assim
    Professor Julio,

    Como assim “terá que saber como preencher notas fiscais e recibos”? Quer dizer que é o senhor quem as preenche na Universidade? Tem muito prefeito que faz isso também…

    “Terá que saber … que, por exemplo, um pen-drive é considerado pela CGU um material a ser patrimoniado”. Não tem telefone nessa universidade para se falar com o setor de patrimônio ou com a contabilidade e tirar a dúvida? Se a CGU já mencionou esse fato em algum relatório de auditoria, o fez para alertar para a incorreção do procedimento. Duvido que alguém tenha sido penalizado, ou tenha tido suas contas julgadas irregulares por causa do exemplo citado.

  32. O recurso que financia as
    O recurso que financia as universidades é público, oriundo de impostos pagos pelos cidadãos. Querem gastar sem prestar contas? Cada um que paga seus impostos que pense se concorda com isso.

    A autonomia geral e irrestrita não é a panacéia que vai resolver todos os problemas. Será que a sua falta é a causa dos problemas? Qual é a autonomia que a Universidade deseja?

    “Nunca vi o TCU ou a CGU questionarem o direcionamento de fundos para cursos ruins”

    Se hoje isso acontece é porque a universidade tem autonomia, afinal não é o controle ou o legislativo que dizem o que deve ser ensinado. Mas os recursos tem que ser gastos dentro da lei. Agora me respondam: o curso é ruim porque não existe autonomia? Quem disse que o curso é ruim? Quais as causas de ser ruim?

    Parabéns ao Andre Bittencourt.

  33. “Meus colegas americanos e
    “Meus colegas americanos e franceses não vivem este pesadelo. Mas se seus departamentos tiverem baixa performance, fecham ou são re-estruturados, coisa que nunca aconteceria aqui no Brasil”

    Eu queria saber quem é que tem esta atribuição lá, se é o controle e o legislativo ou a própria instituição de ensino.

  34. Estou de pleno acordo com o
    Estou de pleno acordo com o André.
    O que se espera da autonomia das Universidades Públicas não pode afastar o que se espera de todos os entes, órgãos e entidades públicas: atuação conforme a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade, a eficiência; sem esquecer dos princípios Republicano e Democrático e da maior eficácia aos Direitos Fundamentais.
    Ao contrário do que defende o Reitor da UFB, não são as exigências burocráticas que contrariam a autonomia. A inexistência delas gera uma autocracia. Por outra parte, criar as próprias regras também não pode ser tomado com o que caracteriza a autonomia das Universidades porque não se confunde essa possibilidade com a as escolhas livres dos indivíduos em tomar suas decisões conforme a razão idividual.
    A Universidade Pública no Brasil (quase todas) foram constituídas sob a forma autárquica conforme previsão constitucional (art. 37, XIX). São, portanto, entidades públicas da Administração Indireta e estão sujeitas a todas as regras aplicadas a esse tipo de entidade porque assim o exige a própria Constituição.
    A medida da sua autonomia está no reconhecimento de que as escolhas administrativas internas não estão sujeitas a controle hierárquico do ministério a que estão vinculadas (DL nº 200/67, art. 4, 5, 19 a 26). Inclusive, os Reitores são “eleitos” para mandatos fixos de 4 anos. Só podem perder o cargo por exoneração a pedido, demissão decorrente de processo administrativo disciplinar com direito a ampla defesa, decisão judicial ou morte.
    Além disso, no exercício de sua autonomia administrativa as Universidade elaboram seus orçamentos-programa para o próximo exercício financeiro sem interferência direta da União, pois nem TCU nem CGU fazem controle prévio das atividades administrativas universitárias.
    Outra face da autonomia, a didático-científica, sequer faz parte da argumentação do Reitor ou dos comentaristas que me sucedem – embora haja um pequeno debate sobre a qualidade das dissertações e teses.
    A questão central, pelo que me parece, é administrativa. E nesse debate seria importante também acrescentar o regime de trabalho dos gestores, dos docentes e dos servidores; a organização administrativa interna das universidades; o perfil dos servidores e docentes dessas instituições (não é bom ignorar que em 1988 foram estabilizados 450 mil servidores na União, boa parte deles havia ingressado sem critérios de mérito e pelo regime celetista).

  35. Perguntas aos burocratas de
    Perguntas aos burocratas de plantão: vocês falam da burocracia como benéfica, um sistema de controle contra a mal-versação. Um sistema de controle que demanda um tempo do servidor comparável com o tempo que este gasta nas suas atribuições pode ser considerado eficiente? Um sistema de controle realmente implica as regras bizantinas que temos em vigor? Somos, ou temos de ser, todos burocratas no funcionalismo público?

    Em resposta ao Guilherme: não é questão de “achar que pode se administrar”. São várias decisões burocráticas que pedem, por ordem institucional, nossa anuência. Outro problema sério, tocado pelo Adriano acima, é a total incapacidade que se tem de contratar servidores técnicos-administrativos com alguma qualidade. O baixo salário tem realmente uma grande parcela nisto, mas a sensação de impunidade é a principal razão pela qual não se pode pedir o mínimo. Algumas unidades usam meios tortuosos para terceirizar as funções administrativas, ou atraem os melhores funcionários com promessas de gratificações extras ou horário de trabalho menor. Este é, a meu ver, a principal conseqüência das regras imaginadas: quem quer, sempre acha uma maneira de abusar o sistema, mas a maioria que decide seguir as regras se acha no meio de um inferno burocrático.

  36. Lá ia eu lendo o post com
    Lá ia eu lendo o post com bastante interesse quando li o parágrafo:

    “Em qualquer caso, inútil economizar, porque todo o montante poupado tem de ser, ao final do exercício, recolhido ao Tesouro Nacional.”

    Aí aquele interesse foi prás cucuias…. Mas fui até o final…

    Lá ia eu postar uma resposta, mas após ler os comentários do André Bittencourt e do Alessandro Moure vi que já haviam dito tudo o que queria dizer e muito mais.

  37. O André Bittencourt acaba por
    O André Bittencourt acaba por confirmar o que eu venho dizendo…. “basta dar uma ligada para a secção de patrimônio…”é assim a vida de um pesquisador no Brasil, gastará duas horas para saber se pode ou não comprar um pen-drive. Imagine quantas horas seriam então para um…computador inteiro. Tudo por que se tem medo que ele roube o dinheiro.

    Tenho a impressão que os gastos advindos da burocracia que tende a impedir desvios de verbas são largamente maiores que os eventuias desvios que existiriam se não houvesse prevençao… Má gestão de dinheiro público, não?

    Neste tocante creio que os tribunais de contas são de fato os grandes aliados dos “desviadores de dinheiro”. este em geral sabem todos os caminhos das pedras de licitações e tomadas de preço, et etc etc., Leem mesmo o diário oficial, coisa que qualquer pesquisador que se preze não fará nunca! Resulta uma grande burocracia na qual se dá bem o espertinho….

    Note-se nisto tudo a perversão: quanto mais se faz, mais se tem burocracias a cuidar, mais se está exposto a ter o nome na dívida ativa da união… Seguro mesmo, é não fazer nada que demande verbas…

    Sobre a questão das consultorias. Há de fato uma parcela de profissionais, sobreudo engenheiros, médicos, economistas que vivem de dar consultoria. Ë um erro da Universidade não coibir isto, sim. Mas seriam necessários mecanismos outros dos que existem hoje em dia para reger as carreiras docentes, pois é praticamente impossível alguém ser demitido ou ter o tempo integral cortado.

    Nisso tudo se perde uma visão mais ampla: quer-se uma universidade de bom ensino e boa pesquisa, que se ocupe com inventividade dos problemas nacionais, que seja um arcabouço de conhecimentos fundamentais nas ciências e que seja crítica. É necessário ter condições para atrair as melhores capacidades, os jovens mai motivados, ser ágil e flexível na ações. Isso passa por novas formas de processos seletivos para as contratações, passa por não se ter sobrecarga didática, passa por ser visto como um possível ladrao de fundos. E passa por –dadas as boas condições — se cobrar resultados.

    Mas não deixa de ser assutador como a maioria das pessoas acham mais importante haver o controle sobre as verbas — as planilhas bem preenchidas sem rasura– do que ter uma universidade de ponta.

  38. Heh… contra a “impressão”
    Heh… contra a “impressão” de um acadêmico, dados concretos. Do relatório anual do TCU de 2007:
    “Além disso, a atuação do TCU gera expressivos benefícios financeiros ao
    Erário, mensuráveis e não mensuráveis. No ano de 2007, os benefícios diretos ao Tesouro Nacional e aos cidadãos, decorrentes da atuação do Tribunal, superaram R$ 5,5 bilhões. Isto significa que para cada real gasto com o TCU a União economizou cinco e meio. Isto sem contar a atuação prévia do TCU, por meio da adoção de medidas cautelares, com o objetivo de evitar grave lesão ao Erário, ou a direito alheio, que envolveu a cifra de R$ 7,9 bilhões. Só isto demonstra os méritos dessa visão proativa adotada pelo TCU em relação à despesa pública, no sentido de evitar a concretização dos danos.”
    É necessária a profissionalização dos gestores. O que ocorre atualmente é que o cara pode até ser um bom cientista, mas não é um bom gestor. O gestor tem que se preocupar com leis e normas, sim. Tem que conhecê-las também, sim. Se quiser utilizar recursos públicos, deverá saber como fazê-lo. E terá que ler o D.O.U. sim. Afinal de contas ele está lá como gestor, não como pesquisador. Esse negócio de pesquisador-gestor não dá certo… Prá começar eles acham que controle é preencher planilhas…
    O Júlio coloca controle como algo antagônico a desenvolvimento e autonomia. Não é. Ele dá a entender que ao suprimirmos os controles, teríamos uma universidade de ponta. Ora, é só ele perguntar a qualquer “par” dele em uma universidade estrangeira e verá que lá eles têm controle de tudo. Sabem muito bem para onde vai cada centavo e se valeu a pena investi-lo no pesquisador A ou B. Apenas isso é feito por gestores, não por pesquisadores. Por razões óbvias!
    []´s

    Alessandro Moure

  39. A autonomia acadêmica é uma
    A autonomia acadêmica é uma excelente bandeira para uma sociedade que queira ser democrática e progressista. O problema é quando se começa confundir autonomia com falta de controle social. Ou pior, quando parcela da elite acadêmica, literalmente, rifa a autonomia acadêmica justamente para evitar o controle social. Quantos vezes isso ocorreu em “eleições” para reitor? Quantas vezes já foram usados bolsistas de Iniciação Científica para pagar contas de professor em banco? Quantas vezes foram criadas fundações para, usando recursos públicos, realizarem atividades de exten$ão para mamata de alguns? Quantas vezes recursos de fundações de assistência aos estudantes foram usados para corromper lideranças estudantis? Quantas vezes professores de dedicação exclusiva amontoaram várias turmas em auditório sem assento para todos os alunos, para assim se revezarem nas aulas, de modo a sobrar mais tempo para pesquisa??? Gostaria que algum reitor me respondesse essas questões…

  40. Jonas Julio aponta para uma
    Jonas Julio aponta para uma discussão importante: a questão dos concursos para professores. Realmente, o sistema de contratar diretamente e medir a sua produtividade é o melhro sistema. Mas num esquema corporativista, como medir a produtividade de um professor?
    Um formado em Harvard pode ensinar em qualquer universidade dos Estados Unidos…. menos em Harvard. Isso evita a endogenia que praticamente arrasa a universidade pública brasileira: um aluno faz mestrado e doutorado, estabelece vínculos de dependência com os seus orientadores e entra na universidade como professor eternizando as “genealogias” universitárias.

    Proibir que um formado numa universidade, seja na graduação ou na pós graduação, ensine nessa universidade, é uma prática que evita essa endogenia. Nessa situação, a escolha direta – isto é, fora de concurso público – pode ser um caminho. Mas, sempre, desde que haja avaliação competente e externa ao corporativismo.

  41. O problema é que os
    O problema é que os professores querem administrar, quando devem cuidar da academia apenas. deixem a burocracia para os administradores, gestores, assitentes, etc. Mas fazer isso eles acham que abrem mão da tão propalada autonomia.
    Os controles existem e devem exitir, porque o dinheiro publico não esta ai para ser desperdiçado (e já eh ao montes) .
    Comprar com realidades na europa e nos eua, que isso lá a maioria das universidades são particulares ( citaram havard e princeton instituições privadas) elas lá tem muito mais liberdade, mas os recursos publicos que elas recebem para pesquisa também são controlados pelos orgãos de controle, se bobear até mais do que aqui.
    O que falta e isso o professor poderia requerer e um serviço de apoio dentro das universidades para os pesquisadores, uns dois ou três servidores acho que dariam conta de assessorar todos os pesquisadores a prestar contas.
    Quanto a conta de agua não vou nem comentar tão exdruxula foi a afirmação.
    Abraços

  42. Sobre endogenia: O CNPq tem
    Sobre endogenia: O CNPq tem uma norma “curiosa”. Vejamos o anexo IV da RN 16/2006, que dispõe sobre as bolsas de pós-doutorado. Especificamente os itens “e” e “f”:

    e) o supervisor não poderá ser o orientador de doutorado do candidato, devendo este selecionar Unidade/Departamento distintos daqueles onde obteve seu título de doutor;

    f) o candidato poderá, porém, permanecer na mesma Unidade/Departamento com o mesmo orientador de doutorado se este tiver sido desenvolvido em programa de pós-graduação com conceito 5, 6 ou 7 da CAPES.

    Ou seja, temos uma regra para combater a endogenia e, claro, uma exceção para a regra. Ocorre que como os pesquisadores com melhor currículo em geral estão nos programas com conceito CAPES superior a 5, em geral as bolsas vão para eles. E daí a exceção torna-se a regra e, esta, a exceção. Bonito, não? 🙂
    []´s

  43. Caro Nassif:

    A discussão
    Caro Nassif:

    A discussão está melhorando.
    Gostaria de “ouvir” mais mestrandos e doutorandos. Estes têm muita colaboração a dar. Não podem ficar sobre o muro e com preguiça de
    expor seus pontos de vista.
    Ao trabalho moçada. A hora é agora.

  44. A questão das contratações de
    A questão das contratações de docentes é de fato muito relevante para o futuro da universidade.

    Normalmente fazem-se concursos de entrada na carreira docente através de provas. Tenta-se ter critérios os mais supostamente objetivos, baseados em pontuações…

    Mas, digam-me, qual grande universidade no mundo contrata deste jeito?

    Provas escritas existem basicamente só na Itália, e são um dos entraves ao desempenho universitário italiano. Provas selecionam bons estudantes, não bons docentes. O julgamento inter-pares, que sempre é subjetivo, em várias etapas , com pareceres externos, é uma solução melhor, eventualemnte usando também comitês de busca, No entanto a justiça brasileira acaba com estas possibilidades. Qualquer candidato não escolhido num processo como mensionei, invalida o concurso na justiça.

    Outro problema é o fato de contratos sejam imediatamente estáveis. Ou melhor, há o estágio probatório, mas niguém leva a sério, visto que é quase impossível fazer uso das prerrogativas de demitir alguém mesmo em estágio probatório. O inferno burocrático é dos quentes neste caso. E o diretor arrisca ser processado por perseguir um funcionário… Enfim , os empregos dão para a vida toda, sempre.

    De novo, há tanto medo que se contrate gente que forme uma “igrejinha” que se impede qe os concursos contratem os melhores. Esta é a real irresposabilidade com o dinehiro público.

    PS: a propósito de regras: na Alemanha um professor não pode ser promovido na mesma universidade. Quer subir? muda de universidade. Um bom antídoto anti-igrejunha…

  45. A Terrível Aliança

    Sem que
    A Terrível Aliança

    Sem que estes atores da vida universitária se deem conta uns dos outros, há uma aliança tácita entre três setores, em geral nada interesados no desempenho da Universidade como produtora de conhecimentos

    — por um lado, os docente improdutivos, que só dão aula ou vivem em consultorias externas, que evidentemente não querem um sistema meritocrático na universidade,

    –os tribunais de contas e assemelhados, que apenas conferem se ninguem esqueceu de colocar um carimbo no lugar certo, ou desconfiam que um pesquisador está sempre disposto a malversar o dinheiro público,. Geram tanto terror e burocracia que se tornam um farso e um impecilho para um desempenho produtivo normal de um docente. E que melhor aliados os docentes improdutivos poderiam ter. Já que eles não correm riscos com tribunais de conta, pois estão científicamente mortos, acham ótimos ver os colegas produtivos se debatendo…..

    –e por fim, os que estão fora da universidade e tem ressentimentos. São muito numerosos e em geral acham que “Bem feito o tribunal de contas pegar no pé dos pesquisadores, que nada mais são que uma elite…”enfim, a meljodia é mais ou menos esta, e no post do blog pode se ter muitos exemplos. em geral se trata de pessoas que não atingiram o nível necessário para ser estudante ou professores da universidade pública brasileira. Ou– quem sabe — seus filhso tiraram nota ruinm num curso, “bombaram” por caua daque;e “professor elitista que só pensa em pesquisa”… Enfim, uns ressentidos que facilmente serram fileiras nas opinoões anti-universitárias. Um recalque só. Adoram o TCU e acham que professor bom é o que dá uma aula toda “mastigadinha”. Acham didática a coisa mais importante da universidade.

    A terrível aliança leva ao emprobrecimento intelectual da universidade. São forças a serem combatidas.

    E antes que alguém me diga que eu sou contra o controle externo da universidade, aviso que se enganam. Mas TCU etc e tal controlam o que não importa, geram gastos — apesar de acharem que não — por muito do que se deixa de fazer de bom. Um bom controle uniria o controle de resultados baseados em metas com um sistemas de controle de contas digamos por sorteio, dentro de critérios de razoabilidade. E não minúcias e detalhes contábeis.

  46. Curioso é o TCU ser agora o
    Curioso é o TCU ser agora o paladino das contas universitárias, para muitos que conhecem do assunto, basta ler o acórdão recente para saber que o rigor aplicado não condiz com acórdãos anteriores.

    Efetivamente, o que parece é o generalismo e o rigor por conveniência, com base em um episódio da Unb e outro em SP (Unifesp).

    Seria interessante, no caso das Fundações, que todas parassem de trabalhar e avaliarmos o impacto disso na pesquisa.

    Experimente a burocracia para importar um camundongo, ou mesmo sementes,ou isolados bacterianos para um experimento biológico…

    Experimente os 24 ou 48 meses de uma tese…e seu orientador lhe passando uma nota fiscal para pagar…experimente recolher impostos sobre esta nota fiscal e, ao mesmo tempo, verificar na incubadora se seu isolado fúngico cresceu…

    Ops, tenho que parar de montar meu experimento porque preciso juntar as Notas Fiscais para a diligência da Finep, de um projeto do ano passado meu….

    Putz…mas a Fundação me ajudava bastante!

    O que falta é só seriedade, diálogo entre as partes. É trabalho conjunto e regras combinadas, não fiscalizar por fiscalizar….

    Querem acabar com Fundações, que acabem, mas criem setores eficientes e legislação ágil para a utilização de recursos para a pesquisa…credenciem técnicos que entendam de números, mas tenham sensibilidade para entender um pouco do que é pesquisa…

    Realmente, concordando com um colega acima…se tiver que ligar para saber se um pendrive é patrimoniado ou não…valha-me Deus!

    Mesquinha hipocrisia…

  47. Bruno,

    Você disse que “a
    Bruno,

    Você disse que “a nossa mentalidade cartorial não deixa que os recursos para pesquisa sejam geridos pelos próprios grupos de pesquisa, como acontece nos EUA e na Europa. Lá os grupos decidem se o dinheiro será gasto com custeio ou material de consumo”.

    Aqui também é assim. São os gestores da Universidade que elabora a proposta orçamentária da instituição, fazem o detalhamento dos créditos aprovados na Lei Orçamentária e requisitam e contratam os bens e seviços necessários para as suas atividades. E mais, com relação aos projetos de pesquisa acadêmica realizados por meio de Convênios, os orçamentos também são elaborados pelos pesquisadores envolvidos.

    Já quando você diz que no Brasil reina a impunidade e os processos administrativos são morosos, eu concordo com você. Um exemplo é o Processo Administrativo contra o Maurício Marinho (aquele dos Correios, filmado recebendo propina), que levou mais de um ano para ser concluído. O processo judicial ainda vai rolar por muitos anos e o dinheiro desviado dificilmente será recuperado. Mas isso só reforça a necessidade de medidas preventivas, já que não é possível se remediar os estragos.

    Sobre “as rubricas rígidas” transformarem “o pagamento de uma simples poltrona em um inferno contábil”, só posso imaginar duas situações em que isso aconteça:

    – Compra de móvel com suprimento de fundos (adiantamento ou caixa pequeno, em empresas privadas), mesmo não sendo permitido. Quem toma conhecimento dessa modalidade de pagamento, também sabe dessa proibição;

    – Compra de móvel não orçada no Plano de Trabalho do Projeto. Se não foi orçada é porque não era necessária, a menos que o orçamento tenha sido mal elaborado. Necessidades supervenientes são justificativas para alterações em projetos e o financiador tem o direito de conhecê-las.

    E não há nada de “pernicioso” em desmentir a afirmação do Reitor da UFBA de que “é proibido mudar rubricas de custeio”. Você mesmo reconhece que é possível, embora reclame irônicamente da burocracia do processo. Teria sido mais interessante descrever os entraves para a realização das alterações.

  48. Financiamento de pesquisa não
    Financiamento de pesquisa não é salário e por isso tem de prestar contas. Pode ser chato e tomar tempo, mas todo mundo faz isso. A dona de casa pede que a empregada traga a Nota Fiscal das compras e devolva-lhe o trôco; o empresário pede ao Office-boy que traga os recibos dos depósitos e pagamentos feitos no banco. A indústria famacêutica exige prestação de contas dos médicos pesquisadores e por aí vai.

  49. Tá bom André,

    Assim você vai
    Tá bom André,

    Assim você vai me convercer a só dar aulas. O desenvolvimento científico do Brasil que se dane. Podemos comprar tudo feito fora. E com notas fiscais!

  50. Discordo do argumento
    Discordo do argumento defendido pelo professor Julio de que as notas fiscais emperram a pesquisa científica.
    Sou doutorando em Direito na UFSC e atualmente participo de um projeto com meu orientador e um colega de pós doutorado que é fomentado pelo CNPq.
    Os recursos que foram disponibilizados para este projeto servem para compra de livros que deverão apoiar nosso grupo de pesquisa.
    Fazemos a compra conforme os interesses já manifestados no projeto, independentemente de cotações, licitações ou outras exigências. Devemos, ao final, apresentar relatório e comprovantes das compras realizadas (notas fiscais ou recibos).
    Não vejo como esses procedimentos, essencialmente burocráticos, possam impedir o desenvolvimento da pesquisa científica. Muito pelo contrário, eles permitem que os gastos realizados possam ser verificados para nenhuma lixeira eletrônica de R$ 2.000,00 tenha sido comprada no lugar dos livros.
    O que me parece que acontece com os pesquisadores e grupos de pesquisa é a falta de planejamento das atividades, ausência de pessoal administrativo de apoio e acúmulo da tarefas para o responsável pelo projeto.
    Nessas circunstâncias as notas fiscais são um verdadeiro inferno para quem se dedica à pesquisa.
    Além disso, o desenvolvimento da pesquisa depende de que seja vantajoso para os pesquisadores trabalharem nela.
    Não tem sido raro encontrar colegas de outras áreas, mestres, doutores, que ingressam num curso de direito para fazer concurso pq as outras carreiras públicas para essa área remuneram cinco vezes mais do que um professor adjunto doutor recebe no início da carreira. E sem exigir a titulação acadêmica. Basta o bacharelado e três anos de estágio jurídico.
    Não raro a quantidade de professores com dedicação exclusiva nos cursos de Direito das IES públicas seja muito pequena em relação a outras áreas.
    Em relação aos concursos é bom lembrar que a CF exige que eles sejam de provas ou provas e títulos (art. 37, I e II). Nem se as Universidades fossem autônomas como as Agências Reguladoras e produzissem Resoluções tratando do assunto poderiam ignorar essa exigência constitucional, sob pena de serem consideradas inválidas pelo Judiciário.
    Contudo, é possível sim reformular os concursos de docentes e traçar um perfil do futuro servidor que possa atender melhor o serviço público e afastar as igrejinhas.
    Os processos seletivos de alguns programas de pós graduação já estão experimentando novas formas que atendam ao devido processo legal, impessoalidade, finalidade pública.

  51. “Proibir que um formado numa
    “Proibir que um formado numa universidade, seja na graduação ou na pós graduação, ensine nessa universidade, é uma prática que evita essa endogenia. Nessa situação, a escolha direta – isto é, fora de concurso público – pode ser um caminho. Mas, sempre, desde que haja avaliação competente e externa ao corporativismo.”

    O problema eh que nao ha massa critica no Brasil para a competicao dentro do pais gerar qualidade. Se um departamento de Harvard contrata mal, em pouco tempo existem 10 departamentos que podem passar na frente… No Brasil, se a USP contrata mal, provavelmente a USP ainda vai ser a melhor ou uma das 2 melhores no campo… Sem competicao, nao ha pressao para melhorar.

    Entao a unica solucao eh levar a competicao para a esfera internacional. Para isso eh necessario ligar as recompensas (salarios, financiamento de pesquisa, verbas) aa performance relativa a benchmarks internacionais. Por exemplo, se o departamento de economia da USP conseguir X publicacoes mais que, digamos, a Universidade da Carolina do Norte, entao o CNPq aloca 5 milhoes de reais para o diretor do departamento distribuir. Por outro lado, se o departamento publicar menos que a Universidade do Alabama, corta-se 5 milhoes…

    Agora, pode ter certeza, que no nosso Brasilzao que ama a mediocridade e odeia a responsabilidade por performance, tal sistema ou algo similar nao vai ser implementado. Mais facil o Corinthians jogar de verde.

  52. Pedro e Nassif,
    Não foi não.
    Pedro e Nassif,
    Não foi não. Foi, se não me engano, o coordenador do curso de Medicina da UFBA, para explicar porque o curso dele levou nota baixa em avaliação.
    Incrivelmente boçal o cara…

  53. Prezados,
    Há um péssimo
    Prezados,
    Há um péssimo hábito em nós, brasileiros, de não pararmos para assimilar que o outro, por mais que desconheça de nossas atribuições, também tem um pedaço da realidade e não é, necessariamente, o inimigo a ser vencido. Vamos baixar a bola um pouco.
    Há coisas corretas e importantes escritas aqui, tanto por quem defende maior liberdade aos professores-pesquisadores quanto aqueles que advogam a importância da fiscalização. Todos os dois lados estão corretos em seus princípios. Acontece que a execução da coisa está toda errada.
    Para começar, óbvio que é necessário haver controles e haver punições fortes para quem for pego criando prejuízo para o patrimônio público.
    Mas, se é assim, temos que equipar bem a Universidade de setores burocráticos que permitam-nos, por exemplo fazer rapidamente a importação de um equipamento necessário para uma pesquisa, sem precisar de fundações. Correto? Corretíssimo! Mas alguém determinou que o salário daquele funcionário em minha Universidade será de 700 Reais. Quando terminou o treinamento do primeiro que poderia fazer as coisas um pouco mais eficientemente, ele foi contratado por uma empresa qualquer pelo dobro do salário, e ficou barato. E este alguém do governo determinou péssimos salários aos funcionários e também que não é permitido dar adicional para quem trabalha em atividades críticas para fazer as coisas funcionarem e que seriam disputados pelo mercado.
    Isso é só um exemplo do porque que a coisa não anda como deveria.
    Somos o 15o país em produção de artigos científicos, o que não é pouco, então temos que dizer que há vários pesquisadores se esforçando e trabalhando para vaaler, e que , via de regra, a proximidade destes pesquisadores, mesmo quando não na sala de aula, é um dos grandes diferenciais da Universidade pública. Mas estamos, certamente, entre os últimos em termos de montarmos um sistema que funcione sem deixar os fiscalizadores achando-nos uns imbecis e sem deixar os pesquisadores loucos de raiva.
    Creio que temos que começar dos princípios básicos do que queremos para (e das) nossas Universidades. Produção científica cada vez mais consistente, extensão para transferir o conhecimento para sociedade e nível de ensino cada vez mais alto e eficiente.
    Um pesquisador não tem que saber que quando se adquire um software, por exemplo, este é contabilmente um item de prestação de serviços e não material permanente. Não me parece razoável que, se você conseguiu de outra forma este software e a sua próxima prioridade é um equipamento permanente, você fique com a verba parada, quando poderia ser utilizada para avançar seu trabalho, porque são duas rubricas diferentes. Não se trata de “torrar” dinheiro público, como muitos aí imaginam. Trata-se de tentar usar bem a verba que foi obtida com muito suor e trazer um resultado melhor. Ela está lá e não pode ser utilizada por uma questão infinitamente menos importante do que a falta que pode fazer aquele tal equipamento que não vai ser comprado.
    Não é uma nota, André. São varias notas, são vários detalhes que deveriam ser tratados por um setor eficiente, não por pesquisadores. Mas o resultado tem que estar lá e, para isso, deveria ser possível que se os procedimentos são razoáveis eles possam ser céleres.
    Aí é que está. Em ciência, celeridade é importante!

    A falta de eficiência gerada por situações como estas é um prejuízo para o dinheiro público, porque impede a eficiência do seu uso. Impede ou dificulta o resultado final do trabalho e o resultado final do trabalho é o que importa.
    É culpa de quem? De ninguém em particular, mas de todos. Que tal todos participarmos da solução?
    Outro exemplo: ganhamos verba para comprar um supercomputador há 14 meses. Todo o procedimento feito após a obtenção da verba foi correto. Aliás, foi mais correto e mais bem pensado do que a proposta anterior, feita seis meses antes e que resultou na aprovação da verba. O resultado final seria uma máquina duas vezes mais potente para a Universidade, pelo mesmo preço. Mas a burocracia não deixa sair por causa de uma lei aqui e outra ali. Vencidos os seis meses da burocracia interna, ficamos mais seis meses esperando que o órgão de fomento libere a modificação no processo. Mais seis meses. Neste ínterim, uma crise aumenta por demais a cotação do dólar. Tem que fazer as contas de novo para ver se o negócio ainda é viável… E o órgão de fomento não respondeu ainda… Centenas de milhares de Reais parados inutilmente e alguns pesquisadores perdendo os cabelos. Alunos perdendo oportunidade de formação e pesquisa parada. Quem é punido por todo o atraso gerado e pela inviabilização de projetos que dependiam daquele equipamento?

    Mas, como disse o Júlio aí acima, o professor que só dá sua aulinha (e muitas vezes nem isso faz direito) e vai para casa ou jogar uma bolinha, não é cobrado por nada e o desgraçado costuma demorar mais ainda que nós para ter um enfarto! Por que será????
    Que exemplo damos então para nossos alunos? – Não se estresse! Não vale a pena trabalhar tanto!

    Há muita coisa no texto do Professor Naomar que eu não concordo, mas este problema no fundo existe e diminui a capacidade de nossas Universidades trabalharem e alcançarem resultados melhores. Diminui a capacidade de o país fazer o melhor investimento que pode ser feito que é aquele em conhecimento. Deveria ser prioridade resolver este problema e não ficarmos aqui brigando para saber quem está mais errado.

  54. O que está acontecendo é que
    O que está acontecendo é que alguns picaretas estão pegando carona nessa história de autonomia para acabar com o controle externo. Isso não pode acontecer. Estão querendo tirar o termômetro para que a febre desapareça.
    Há a necessidade de uma reestruturação radical no ensino superior e nas instituições de pesquisa, sem dúvida. Essa figura do professor-pesquisador-gestor-consultor precisa acabar. Considero que também seria interessante separar de vez o ensino da pesquisa, ao menos no nível administrativo: haveriam os departamentos, que teriam como função o ensino, e os institutos, que teriam como função a pesquisa. Isso possibilitaria que alguns profissionais se dedicassem somente à pesquisa e outros somente ao ensino. Mas então seria necessária uma reforma na carreira destes servidores.
    Enfim, como já foi escrito por outros, o problema é estrutural. Logo, não é atacando somente um aspecto (por exemplo, o controle externo) que se obterá a solução. Mas, como disse antes, tem gente querendo vender essa idéia… Brasileiros que somos, eu bem imagino as razões.
    Poderíamos discutir também, de carona, o fomento à pesquisa. As FAPs finalmente começam a decolar. É necessária uma reestruturação do sistema nacional de fomento à C&T, para evitarmos redundâncias. Um sistema integrado, onde questões nacionais seriam fomentadas pelas agências nacionais e questões regionais pelas agências regionais. Atualmente, todos fomentam tudo, de forma pulverizada e sem gestão sobre as demandas e resultados. Daí que temos um monte de pesquisadores publicando milhares de artigos com baixíssimo aproveitamento para o país, salvo uma razoável posição em um ou outro ranking…
    []´s
    []´s

  55. O post da Gesil dá um tom
    O post da Gesil dá um tom equilibrado e sensato ao que eu eventualmente quisesse dizer. Parabéns.

    A propósito, não sou contra prestações de contas, apenas acho que deve-se ter um princípio de razoabilidade nisto tudo.

    Um colega meu que é professor nos EUA organiza comigo um workshop aqui no Brasil. Ele tem dinheiro da NSF para tal. fez um projeto de duas páginas historiando os workshops anteriores, explicou qual seria a ênfase deste no BRasil, disse que precisava de 20 mil dolares para levar pagar a estadia de uns americanos aqui e trazer estudantes de lá para participar do worshop. A verba aprovada ficou disponível numa conta a ser movimetada por cartão de crédito. As passagens fram faturadas dietamente neste cartão. As despesas no Brasil foram pagas co o cartão, o hotel deu uma nota fiscal dizendo que recebeu tanto pela hospedagem de “x”pessoas. A prestação de contas é uma fatura do cartão + a nota fiscal. O relatório é de uma página, anexando o programa do evento.

    Zero stress. Qual é o problema em ser assim? O meu colega pode por exemplo fazer o pagamento adiantado das hospedagens, o que aqui é proibido, possibilitando uma reserva em melhores condições. Ninguém teve que assinar documentos dizendo que esteve no Brasil, nem se pediram os borading passes.

    Um outro ponto: projetos. Projetos específicos demais, prevendo gastos com –digamos — dois anos de antecedência são irreais. Em geral as pessoas tem uma idéia aproximada dos gastos. Fazem um orçamento detalhado porque lhes pedem, mas — no limite — mentem. E se não mentem é pior, por que mostra que o projeto é tão previ’sivel que sequer vale a pena executá-lo. Já está intelectualmente morto.

    Pedir especificidades e projetos é típico de mentalidades contabilistas que se opões ao desenvolvimento científico….

    Há no Brasil pelo menos um instituição de pontA, ponta mesmo, no mundo. É o IMPA, no Rio, em matemática. É um instituto de pesquisas do MCT. e e uma organização social. Este fato alivia enormemente a burocracia e mais– torna o orçamento ágil e flexível. É claro que tem que prestar contas das verbas federais, mas pode alocá-las conforme as necessidades. Será que é um acaso que este instituto atinja níveis de primeira classe mundial?

  56. Gesil,

    Não importa ser uma
    Gesil,

    Não importa ser uma ou cem notas. Quem tem organização, arquiva seus documentos.

    Já o caso de num projeto complexo, realmente não tem cabimento deixar tudo na mão do pesquisador. Mas lembro que quem faz isso não é o Tribunal de Contas, mas sim a própria direção da Universidade que deixa o pesquisador sem apoio.

    Concordo com você que é absurda a demora de 6 meses na aprovação da alteração do Projeto de compra do supercomputador. Mas antes de condenar a legislação, é preciso se confirmar se a causa é o excesso de controles ou a falta de pessoal no órgão que está fazendo a análise do pedido.

    Preciso também criticá-lo, pois pelo que você descreveu, o Projeto inicial não foi feito corretamente, já que em menos de um ano (14 meses de tempo total – 6 meses de espera = 8 meses) fez-se uma nova proposta para um equipamento duas vezes mais potente que o inicialmente proposto. Como a tecnologia não está avançando tão rápido assim, se uma auditoria descobrisse que um equipamento inferior custou o mesmo preço de um duas vezes mais potente, vocês estariam encrencados.

  57. Em relação ao último post do
    Em relação ao último post do André, útimo parágrafo: veja-se como agem as pessoas do TCU, com ameaças.

    Melhor, muito melor não fazer nada.

  58. O post do Gesil dá um tom
    O post do Gesil dá um tom equilibrado e sensato ao que eu eventualmente quisesse dizer. Parabéns.

    A propósito, não sou contra prestações de contas, apenas acho que deve-se ter um princípio de razoabilidade nisto tudo.

    Um colega meu que é professor nos EUA organiza comigo um workshop aqui no Brasil. Ele tem dinheiro da NSF para tal. fez um projeto de duas páginas historiando os workshops anteriores, explicou qual seria a ênfase deste no BRasil, disse que precisava de 20 mil dolares para levar pagar a estadia de uns americanos aqui e trazer estudantes de lá para participar do worshop. A verba aprovada ficou disponível numa conta a ser movimetada por cartão de crédito. As passagens foram faturadas dietamente neste cartão. As despesas no Brasil foram pagas com o cartão, o hotel deu uma nota fiscal dizendo que recebeu tanto pela hospedagem de “x”pessoas. A prestação de contas é uma fatura do cartão + a nota fiscal. O relatório é de uma página, anexando o programa do evento.

    Zero stress. Qual é o problema em ser assim? O meu colega pode por exemplo fazer o pagamento adiantado das hospedagens, o que aqui é proibido, possibilitando uma reserva em melhores condições. Ninguém teve que assinar documentos dizendo que esteve no Brasil, nem se pediram os borading passes. Alguém me dirá que não pode ser asim no Brasil por que lei não permite, o que mostra o quanto certas leis são obstáculos ao desenvolvimento e deveriam ser mudadas.

    Um outro ponto: projetos. Projetos específicos demais, prevendo gastos com –digamos — dois anos de antecedência são irreais. Em geral as pessoas tem uma idéia aproximada dos gastos. Fazem um orçamento detalhado porque lhes pedem, mas — no limite — mentem. São obrigados. E se não mentem é pior, por que mostra que o projeto é tão previ’sivel que sequer vale a pena executá-lo. Já está intelectualmente morto.

    Pedir especificidades em projetos é típico de mentalidades contabilistas que se opõe ao desenvolvimento científico e tecnológivo. Como pode-se querer inovação num ambiente de total previsibilidade?

    Há no Brasil pelo menos um instituição de ponta, ponta mesmo, no mundo. É o IMPA, no Rio, em matemática. É um instituto de pesquisas do MCT. e e uma organização social. Este fato alivia enormemente a burocracia e mais– torna o orçamento ágil e flexível. É claro que tem que prestar contas das verbas federais, mas pode alocá-las conforme as necessidades. Será que é um acaso que este instituto atinja níveis de primeira classe mundial?

  59. Uma outra prática nacional
    Uma outra prática nacional que contribui para os problemas aqui relatados é a política de fomento praticada pelas agências: projetos pessoais. Fomentamos CPFs. Por exemplo, em um laboratório que trabalhem 3 pesquisadores, ainda que numa mesma linha de pesquisa, são 3 projetos. Isso implica em 3 processos, 3 análises, 3 julgamentos, 3 prestações de contas, etc. E eventualmente 3 TCEs 🙂
    Precisamos parar de fomentar o cientista e passar a fomentar Ciência. Parar de fomentar projetos individuais de pesquisa, e passar a fomentar linhas de pesquisa. Ao menos no plano nacional. Afinal de contas, racionalizar é preciso, não?
    []´s

  60. Tá curiosa a discussão no
    Tá curiosa a discussão no blog: alguns se apressam em apresentar propostas que tolhem a autonomia universitária, visando, quem sabe, enquadrar a academia nos moldes neo-liberais (meritocracia, acordo de resultados e outras baboseiras tucanas). Outros (o que não significa que possam ser menos neo-liberais que os primeiros), ao contrário, se agarram a um corporativismo “panelocrático” para justificar as universidades e suas fundações, pelo menos aquelas que foram pegas com a boca na botija, culpando o controle social (amarras burocráticas).
    Discordo de TODOS! E me envaideço de ser do contra nesse aspecto.
    A verdade que a lei e o controle social (ainda que tímido, deveria abranger tudo que existe de representativo na sociedade), já existem há muito tempo. Apenas não eram exercidos. Afinal, boa parte da elite acadêmica tem lá, digamos, sua$ influência$… Precisaram explodir os escândalos na UNB e na UNIFESP para o TCU mostrar serviço. Ainda bem! Antes tarde do que nunca!

  61. Prezado André,
    Sabes muito
    Prezado André,
    Sabes muito bem que não é só o caso de guardar notas. Isso é fácil.
    Tem muuuito mais coisa e estas não são nada fáceis para quem não é reinado nelas. Dei um exemplo no preoceso de compra do software.
    Quanto à sua crítica:
    No processo de concorrência que montamos, que envolveu duas empersas nacionais e três de fora, descobrimos, ao longo do processo, como poderíamos pegar carona num projeto de pesquisa que envolvia uma Universidade da Inglaterra, o que aumentaria o poder da máquina.
    Não sei se é mais possível aproveitar esta oportunidade…
    Entende que nem tudo pode ser previsto quando se monta um projeto?
    Tem que haver agilidade quando a coisa é para o bem público. Não se pode perder uma oportunidade dessas por burocracia.
    Certo?

  62. Outra correção, André,
    O
    Outra correção, André,
    O projeto foi feito em 2007! Foram uns dois meses escrevendo, levantando justificativas, orçamentos, propostas de atuação para que o benefício se estendesse a toda a Universidade… Submetido em março. Saiu o resultado do órgão de fomento em agosto. A primeira parte da verba foi depositada em novembro/07. Desde setembro iniciou-se o processo de reavaliação (porque há sempre mudanças de valores e cortes, etc). Nunca é o mesmo projeto que foi pensado originalmente, mas uma adaptação à nova situação para não se perder objetivo central da proposta. isso leva tempo, esforço, etc. Quando chegou a verba havia um plano melhorado, aprimorado e, neste caso específico, com o mesmo preço. É o que se espera de um ser pensante com mais tempo de pensar e se as coisas não são muito desfavoráveis. O plano original era bom, muito bom. Com mais tempo fizemo-no melhor. Mas com o tempo de demora provocado pela burocracia, perdemos boa parte da vantagem que havíamos conseguido e hoje teremos apenas (se tudo der certo, ainda não conseguimos a resposta do órgão) um pouquinho mais que o projeto original. Só que com muito tempo de trabalho perdido, investido em coisas muito diferentes de ciência. E com desânimo. Ainda vamos tentar fazer isso render resultados bons para nossa instituição e para o povo do estado que paga a conta, mas fica aquela sensação ruim, muito ruim de termos feito algo melhor, que foi impossibilitado por fatores nada científicos.
    Moral da estória: Temos que criar mecanismos que beneficiem o bom trabalho e que sejam sim auditáveis, mas nunca perdendo o foco no resultado científico, tecnológico e social que pesquisadores teimosamente almejam.
    O aumento da capacidade científica-tecnológica de nossa sociedade é conseqüência necessária do bom trabalho do pesquisador, quer ele pesquise processos de educação, tecnologias da informação ou processos bioquímicos.

  63. Prezado Alessandro
    Prezado Alessandro Moure,
    Separar o ensino (principalmente a graduação) da pesquisa é matar a formação de bons pesquisadores no nascedouro. A proximidade entre ensino, pesquisa e extensão é o que faz a Universidade.
    Mesmo se as pessoas não vão ser pesquisadores, a proximidade deles dos pesquisadores (de verdade) reforça, via de regra (há sempre excessões) a formação dos graduandos.
    Na maioria das vezes a carreira de um pesquisador começa já na graduação, fazendo parte de projetos de Iniciação Científica.
    Não tem que separar nada. tem é que fazer as coisas funcionarem direito. Senão vai aumentar mais ainda o custo de duplicar as estruturas burocráticas e técnicas.
    Resumindo: Não trata-se de separar o pesquisador da sala de aula (embora não melhore em nada pô-lo entereado em aulas como alguns pensam…), trata-se de separá-lo de tarefas burocráticas excessivas e que nada têm a ver com sua formação.

  64. Gesil, o que você falou é, no
    Gesil, o que você falou é, no meu entendimento, separar o pesquisador do professor e do gestor, no nível administrativo. Pesquisador pesquisa, professor ensina e gestor gerencia. A zona cinzenta entre as funções, definitivamente necessária, seria resultado das sinergias que fossem possíveis implantar.
    Atualmente a universidade não forma bons profissionais preparados para o mercado e tampouco está preparada para formar bons cientistas em quantidade desejável. Na vontade de fazer os dois, não faz bem nem um, nem outro.
    O ideal seria termos institutos de pesquisa bons, consolidados, que concentrassem pesquisadores e recebessem boas verbas. Mas o modelo atual é o cada um por sí. Todos os pesquisadores espalhados e cada um recebendo uma miséria em termos de fomento. Veja o Edital Universal do CNPq. Quem aí realmente acredita que é possível fazer alguma pesquisa de ponta recebendo 50 mil reais para gastar em 2 anos?
    Tem também a bolsa PQ. São mais de 100 milhões ao ano, e para quê? Esse dinheiro não chega aos laboratórios!
    []´s

  65. Autonomia universitária: para
    Autonomia universitária: para a FAF redutor do valor da contadeagua
    autonomia siguinifica o poder de decisão e sendo assim é algo perigoso
    nossa sugestão para a faculdade da Bahia com relecão a decisão de
    reformar todo o sistema hidráulico das faculdades é é instalar logo o redutor do valor da contadeagua em seus resevatórios diminuindo assim o consumo e a emissão abusiva de esgoto em nossos rios resultando em lucro,lucro êste que sera revertido em favor da dita reforma.
    http://www.fafcontadeagua.com.br

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