Muita discussão e pouca solução para domésticos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Congresso e Executivo não acharam ainda um ponto comum na questão de direitos dos empregados domésticos. A multa sobre o FGTS, de longe, é o tema que mais polêmica levantou, até agora. O Ministro Manoel Dias já defendeu a multa de 40%, relativizando ao dizer que nada impede que seja revista. Câmara e Senado também divergem na questão dos direitos. Já o presidente da Câmara, Henrique Alves, declarou hoje que não vai instaurar comissões especiais para lidar com o assunto antes de ter certeza de que há harmonia entre os poderes, incluindo aí o Judiciário. Acompanhe as duas notícias da Agência Brasil.

 

 

Ministro diz que multa de 40% sobre FGTS de domésticos pode ser revista

 

Carolina Sarres – Agência Brasil

 

Ministro diz que multa de 40% sobre FGTS de domésticos pode ser revista (Bruna Ramos / Portal EBC)

Brasília – O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, voltou a comentar hoje (25) o pagamento de multa de 40% sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no caso de demissão sem justa causa de empregados domésticos. Na apresentação, na última terça-feira (23), da cartilha do ministério para os empregados domésticos, Dias defendeu o percentual de 40%. 

“[O percentual de] 40% é o que estabelece a lei. Mas isso não quer dizer que essa multa não possa ser alterada. Todas as medidas serão submetida ao Congresso”, disse ele, em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação, em parceria com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

O Congresso e o Executivo têm divergido nesse ponto. Na comissão mista do Senado e da Câmara para discutir as questões ainda pendentes previstas na Emenda Constitucional 72, defende-se a redução dessa multa de 40% para 10% ou 5%, a fim de desonerar os encargos sobre os empregadores. 

Ontem (24), o Ministério do Trabalho e Emprego entregou sua proposta de regulamentação à Casa Civil, mas não divulgou as linhas gerais apresentadas. Estava prevista para hoje a divulgação da íntegra das propostas da comissão parlamentar, mas a apresentação foi adiada a pedido do Executivo, que quer mais tempo para deliberar sobre o assunto, informou a assessoria de comunicação do relator da proposta, senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Ao longo do programa, Dias justificou sua posição relativa à multa com percentual mais alto. “Não se trata de prejuízo ao empregador, mas de se fazer justiça. Quem busca a igualdade de todos perante a lei, respeita todas as taxas que são estabelecidas. Como ministro do Trabalho, não faz sentido defender algo diferente da lei. Essa é uma realidade da qual não podemos fugir e uma justiça social da qual não podemos escapar”, explicou.

Atualmente, mesmo os empregados domésticos que têm o FGTS pago pelos empregadores não recebem multa rescisória em caso de demissão injustificada. Em 2006, no projeto de lei que instituiu o pagamento opcional do fundo, a multa foi vetada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que justificou o veto por acreditar que o valor estimularia a informalidade no setor.

Sobre a atualização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que completa 70 anos no próximo 1˚ de maio, Dia do Trabalho, o ministro disse não haver impedimentos para a criação de novos dispositivos, apesar de acreditar que ainda não existam proposta consistentes para substituir o marco regulatório. “Novas categorias profissionais surgem todos os dias. A CLT tem de adequar-se às novas tecnologias, que são uma constante”, acrescentou Dias.

Edição: Graça Adjuto

 

 

Alves pede estudo antes de criar comissão da PEC sobre decisões do STF

Presidente diz que aprovação na CCJ surpreendeu a todos. A proposta causou polêmica entre os parlamentares ao longo do dia.

O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, afirmou há pouco que não instalará a comissão especial da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/11, que submete decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso, enquanto não houver definição muito clara que há respeito e harmonia entre os poderes.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária
CCJ reunida nesta quarta: aprovação polêmica.

Segundo ele, a decisão da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) de aprovar, nesta quarta-feira (24), a admissibilidade da proposta foi inusitada. “A decisão surpreendeu a todos”, disse.

A aprovação dividiu opiniões entre os parlamentares.

Alves informou que pedirá levantamento “sobre o aspecto jurídico da questão”. Para o presidente, a PEC pode abalar a harmonia entre o Legislativo e o Judiciário, porque este pode entender que há interferência nos seus poderes. “Cada poder deve ocupar seus espaços, seguindo a norma constitucional”, concluiu. 

Saiba mais sobre a tramitação de PECs

De acordo com a PEC, de autoria do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), o Congresso Nacional deve referendar as súmulas vinculantes, as ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) e as ações declaratórias de constitucionalidade (ADC) emitidas pelo STF. Caso o Congresso se posicione contra a decisão do STF, a questão irá para consulta popular.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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