Dois projetos antagônicos, uma escolha

arte editorial

Editorial do Brasil Debate

Nesse importante e decisivo momento para a democracia brasileira, o Brasil Debate reafirma seu apoio à presidenta Dilma, como já havia feito às vésperas da disputa do 1o turno.

Nesse editorial, tratamos da diferença entre as candidaturas de Dilma e Aécio e de dois projetos políticos antagônicos, fundamentados em duas visões diferentes da participação do Estado na sociedade, da distribuição de renda, do desenvolvimento econômico e da inserção soberana na economia global.

Nossa interpretação é que a eleição de Aécio representa um retrocesso social, a restauração de um padrão de crescimento concentrador de renda e de uma forma de regulação da economia que favorece grandes grupos econômicos, em particular os grupos financeiros.

Por outro lado, Dilma representa a continuidade dos avanços sociais e o aprofundamento das mudanças, muitas delas inadiáveis, como a reforma política.

(1)                       Social

No campo social, por mais que os discursos aparentem convergência, os projetos são essencialmente diferentes. A eleição de Aécio Neves representa, primeiramente, o abandono de um projeto de desenvolvimento em que a distribuição de renda tem um papel central. Além disso, representa o abandono da construção de um Estado de Bem-Estar Social e de políticas sociais universais.

No projeto neoliberal, as políticas sociais devem ser focalizadas, ou seja, o Estado tem o papel de cuidar apenas dos mais pobres, enquanto os demais buscariam no setor privado o atendimento de suas demandas.

O resultado dessas políticas é a mercantilização dos serviços sociais, ou seja, passá-los, em parte, ou totalmente, para a responsabilidade do setor privado. Uma forma de mercantilização de serviços públicos é instituir cobranças nas consultas de hospitais públicos ou mensalidade nas universidades públicas.

No que se refere ao mercado de trabalho e ao salário mínimo, os economistas de Aécio Neves defendem um mercado de trabalho mais flexível (que facilita demissões e reduz os direitos trabalhistas) e acham que o salário mínimo não pode crescer muito, pois prejudica o crescimento.

Isso contrasta com o modelo de crescimento dos últimos anos em que o salário mínimo, para além de um mecanismo importante de distribuição de renda, foi também uma forma de estimular o mercado consumidor doméstico, o que resultou em crescimento econômico.

(2)                    Reforma política

No campo da democracia, o programa de Aécio Neves propõe uma reforma política cujos principais pontos são o fim da reeleição com mandatos de cinco anos no Executivo e Legislativo e a defesa do voto distrital, que pode ser extremamente prejudicial à representação das minorias no Congresso.

Essas propostas não enfrentam o cerne dos problemas do sistema político brasileiro, que precisa de profundas reformas para reduzir drasticamente o poder econômico no financiamento eleitoral, acabar com as campanhas milionárias que hoje vigoram no Brasil e priorizar a discussão de projetos em detrimento à personalização das candidaturas, o que permite uma maior politização do debate.

A candidatura de Dilma enfrenta essas questões quando propõe o fim do financiamento corporativo de campanhas eleitorais, afastando o poder das empresas do processo político, quando sinaliza para a possibilidade de eleição com voto em lista e quando propõe medidas como os conselhos populares que buscam intensificar o processo de participação política da população para além do período eleitoral.

(3)                    Economia

Para a economia, a proposta de Aécio prevê uma gestão ortodoxa da política macro. Nessa perspectiva, o ajuste fiscal é sempre uma meta perseguida, independente da conjuntura.

Já os juros seriam manejados sem preocupação com a taxa de desemprego, o crescimento, o câmbio etc. Na relação com o mercado financeiro, a recomendação é regular o menos possível e reduzir os papéis dos bancos públicos. Tais políticas são uma restauração das políticas aos moldes do período FHC.

Já o projeto de Dilma pressupõe uma importante atuação do Estado no planejamento, na indução do investimento, no direcionamento do crédito, enquanto os bancos públicos têm um papel fundamental para a política industrial, para o financiamento da infraestrutura e para programa sociais.

A atuação anticíclica da política fiscal e dos bancos públicos é uma garantia de que crises como a de 2008 não resultem em desemprego e recessão. Já a distribuição de renda tem um papel dinamizador do crescimento ao gerar e expandir um mercado de consumo de massas.

(4)                    Diplomacia

Aécio defende realinhar a política externa brasileira aos interesses de Estados Unidos e Europa. Do ponto de vista econômico, isso implica prioridade à negociação de acordos bilaterais e uma nova rodada de abertura comercial unilateral.

Em nossa visão, há três grandes riscos envolvidos nesta abertura adicional: 1) o Brasil se tornar um apêndice de economias desenvolvidas, com uma inserção subordinada nas cadeias globais, como ocorreu com o México; 2) baixa diversificação das relações econômicas internacionais, o que aumenta os riscos e a vulnerabilidade da economia brasileira; 3) exposição excessiva à concorrência “predatória” chinesa.

Já o projeto de Dilma se baseia no aprofundamento do multilateralismo, que busca a diversificação das relações internacionais. Nesse sentido, representaria a consolidação da aliança com os BRICS, o avanço no sentido de uma maior integração regional e na continuidade das relações Sul-Sul, sem prescindir dos interesses brasileiros nas interações com os países desenvolvidos.

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Redação

8 Comentários

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  1. Lucro da Petrobrás

     

     Lucro bruto da Petrobras no segundo trimestre de 2014 foi de R$ 38,5 bilhões. Resultado é superior ao do primeiro trimestre 2013, principalmente devido aos maiores preços de derivados. Na comparação com o trimestre anterior, o lucro operacional da empresa teve um aumento de 17%, passando de R$ 7,6 para R$ 8,8 bilhões. Leia mais: http://goo.gl/G0dN2H

    Palácio do Planalto ———

    Lucro bruto da Petrobras no segundo trimestre de 2014 foi de R$ 38,5 bilhões. Resultado é superior ao do primeiro trimestre 2013, principalmente devido aos maiores preços de derivados. Na comparação com o trimestre anterior, o lucro operacional da empresa teve um aumento de 17%, passando de R$ 7,6 para R$ 8,8 bilhões. Leia mais: http://goo.gl/G0dN2H

    Meu comentário

    Ué, kd a crise a crise na Petrobrás…E pensar que no governo FHC essa empresa entrou num processo de sucateamento, com afundamento de plataformas e mudança do seu nome para Petrobrax para assim ser vendida pelo mesmo preço da Vale.,,..uns 3 bi…por ai….com grana emprestada pelo BNDES ao comprador, dívida a ser paga em moedas podres, coma União assumindo débitos fiscais e trabalhistas, e no caso das teles tendo garantido ao reajuste dos serviços mesmo sem nada investir para melhorar o atendimento, tá na lei da privataria, não há como mudar, sob pena de o pais sofrer ação judicial na OMC por quebra de contra..,,o que FHC fez tá feito..,ele(FHC) deveria ter respondido na Justiça por seus atos mas mexer com tucano e mexer com a Globo, não há quem tenha peito prá isso…

     

  2. Rose disse:24 de outubro de
    Rose disse:24 de outubro de 2014 às 10:06

    “Não adianta dizer, eles já sabem.

    Entendam isso: não é porque eles não saibam, eles sabem. Não se trata mais de ignorância.

    Trata-se de ódio.

    Não adianta postar que o cara construiu aeroportos com dinheiro público para a família e os amigos, nem dizer do uso questionável dos mesmos, eles já sabem.

    Porque o cara fez isso e eles sabem, mas o cara é a Land Rover.

    Não adianta postar que o cara maquiou sua gestão em Minas Gerais, que sucateou educação e saúde, eles já sabem. É um erro tratá-los como ignorantes, não são.

    Porque o cara maquiou os números e é claro que eles sabem, mas o cara é a desforra.

    Não a desforra contra a corrupção, não, porque se ligassem pra isso, não votariam nesse cara, mas a desforra contra os direitos das domésticas, contra a crescente falta de gente disposta a se humilhar por um prato de comida, contra o rolezinho da periferia no shopping.

    Não adianta postar que o cara é o anti-exemplo da meritocracia, provar que teve a vida entregue de bandeja desde adolescente pela família e por gente ligada ao que de mais podre havia na política. Eles já sabem.

    Porque o cara é um produto de marketing e eles sabem, mas o cara é Higienópolis, ainda que sem água.

    Não adianta postar que votar no cara é eleger a irmã dele, é federalizar o poder dela sobre a imprensa e a máquina pública de todo o Brasil.

    Eles já sabem, mas o cara é o Diamond Mall, e é disso que se trata. O resto são desculpas, mais ou menos bem elaboradas, que só enganam quem as elabora ou repete.

    O cara é a cara deles ou a de quem não é, mas acha que pode ser como eles.

    Não adianta dizer que o cara repassava dinheiro para suas próprias rádios e que sua irmã pedia a cabeça do jornalista que ousasse investigar isso, eles já sabem.

    Não é por não saber que o querem eleito. É por birra.

    Não adianta dizer que se o problema é corrupção e meritocracia, o cara é o último cara que poderia fazer algo a respeito. Eles já sabem.

    Sabem, mas o cara é a família do comercial de margarina, e a diversidade é um saco, é difícil de lidar. O cara é a raiva de pobre em avião, eles só não podem admitir isso abertamente.

    Não adianta postar que o cara é o Collor de novo, até nos hábitos, na intimidade e nos gestos públicos. Eles já sabem.

    Não adianta dizer. Porque o cara é a hipnose, a nova moda, o novo engano, e que chato soa quem tenta tirar isso deles, falar áspera e seriamente sobre política, tão complexa. Eles só vão ficar com ainda mais raiva de você, senhor sabe-tudo, e vão te cuspir Veja, Globo, Folha, marimbondos – mesmo eles próprios não acreditando muito naquilo.

    Não adianta, a “onda da razão” é tudo menos racional.

    Não adianta.

    Porque no fundo do coração do anti-petismo reside o medo do menino pardo frequentar a faculdade da filha branca e transar com ela.”

  3. Aécio Neves: um candidato que desconhece completamente o Brasil

    Aécio Neves: um candidato que desconhece completamente o Brasil e a sua história.

    Aécio Neves não conhece nada sobre o Brasil. Ele não sabe dizer sequer quantos milhões de quilômetros quadrados têm o país. O Brasil, Aécio, tem aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

    Nenhum governante, por mais megalomaníaco que seja, pode ter a pretensão de governar um país dessa extensão territorial, sozinho. Isto para não falar no fato de que a própria Constituição determina as atribuições de cada ente federativo.

    Então, se um candidato me diz, por exemplo, que vai assumir a responsabilidade pela coleta do lixo em cada município brasileiro, por que a coleta é deficiente em alguns deles, eu passo a considerar este candidato um vigarista, um desequilibrado, um demagogo, um cínico, ou tudo isso junto. Aécio NÃO falou sobre coleta de lixo no debate de ontem na Globo, mas falou que assumiria a responsabilidade direta pelas obras de saneamento básico que o país tanto precisa. E isto é impossível. Sem parcerias com os Estados e os municípios, nada é possível ser feito, Aécio, num país gigantesco como o nosso. 

    O  Aécio “governou” Minas, mas deu a entender que não sabe que Minas é o quarto maior Estado da Federação em termos de área territorial, e o segundo em população. Talvez ele saiba de cor a quantidade de eleitores da maiores dos municípios brasileiros, e também a quantidade de eleitores nos municípios de Cláudio e Montezuma, de tanto os seus assessores e a imprensa falarem.  Em matéria de conhecimento de Geografia e História do Brasil, o Aécio é um zero à esquerda e seria reprovado até mesmo num simples concurso do IBGE. A boa vida o tornou um estudante indolente, preguiçoso.

    Se você entregar um mapa do Brasil para o Aécio Neves, com as linhas que estabelecem as fronteiras geográficas, mas faltando o nome de cada Estado da Federação, e pedir para ele colocar o nome em cada espaço delimitado, vai ser um desespero. Para um sujeito que teve tudo na vida e estudou nas melhores escolas cariocas, o Aécio Neves é uma pessoa medíocre. Isso porque ele não aprendeu nada que o qualifique para exercer qualquer cargo na vida pública, muito menos o de presidente da república. Ele mesmo já declarou que não entende nada de economia, e, por isso, o mega-especulador Armínio Fraga deverá ser de fato o presidente do Brasil. Se eleito, o Aécio Neves será uma figura decorativa, dessas que frequentam os salões da nobreza e mandam flores pelos seus vassalos para suas concubinas. Na escola aprendeu a paquerar as mulheres, ponto. Como sempre teve muito dinheiro, conseguiu e ainda consegue conquistar muitas delas.

    Ele fala depressa como aqueles camelôs de feira que vendem um remédio milagroso para todos os males. Isso fica claro quando uma pessoa lhe faz uma pergunta fora do script, uma pergunta não discutida previamente com seus marqueteiros. Aécio Neves é a coisa mais ridícula que as elites já nos apresentaram como alternativa de poder. É pior do que o Collor de Mello.

    E todos nós sabemos o que nos aguarda, caso ele seja eleito: fome, miséria, desemprego, salários desmoralizados, sucateamento da saúde e educação, baixa estima, corrupção generalizada, subserviência ao capital especulativo internacional… Em suma, o país vai virar uma zorra. Quem sobreviver, no futuro se arrependerá.

    Aécio, quem não te conhecer que te compre.  

     

     

  4. Voto DILMA. O aposentado nao

    Voto DILMA. O aposentado nao esquece que FHC criou o fator previdenciario que diminui a aposentadoria com o passar do tempo. Nao esquece que FHC chamou os aposentados de VAGABUNDOS . Agora chamou os nordestino de BURROS.Mandou POBRE comer talo de couve. O povo nao esquece as maracutaias do AOPIO NEVES em minas.O povo de São Paulo esta sem agua num governo do 20 anos PSBD. O eleitor de Sao Paulo vai dar a resposta amanha, a um governo que que lhes rouba um bem necessario a vida.

  5. Se a reforma política
    Se a reforma política proposta pelo aecio fosse tb proposto pelo pt, ai sim nao teria dúvidas em q votar, msmo achando estas propostas pouco abrangentes

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