Enviado por Gilberto Cruvinel
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
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Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo..
Excusez un peu… Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
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14-3-1931
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Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). – 48.
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1ª publ. in Presença, 2ª série, nº1. Coimbra: Nov. 1939.
https://www.youtube.com/watch?v=aEg-l8fWkLo
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