Como acabar com o vandalismo das organizadas, por João Sucata

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Esporte Bretão

Como acabar com o vandalismo das organizadas

por João Sucata

Há muita gente boa nas torcidas organizadas, mas nos dias de jogo outras não tão civilizadas se juntam e mesmo parte dos que parecem sensatos se tornam baderneiros em potencial. Não falta na multidão o tipo que sofre com exploração econômica, manipulação política, humilhações cotidianas no emprego, na família, na vida em geral, difícil no sistema, ele mesmo selvagem e, em vez de reagir politicamente, deixado na ignorância, vê nos movimentos da massa torcedora ocasião de descarrego, do que parece vingança. Atiram-se então contra o que estiver mais próximo: bens patrimoniais ou outra massa equivalente, composta do mesmo extrato social e mental, com as mesmas características, que veste camisa de uma outra cor.

É o caçador coletor em ação. 10 mil anos de civilização não foram suficientes para anular os 4 milhões anteriores, de luta pela vida nas savanas.

Uma centena ou pouco mais desses indivíduos entraram em conflito, parte usando a camisa do Palmeiras e parte do Flamengo, na distante Brasília, e os clubes foram punidos pela CBF, condenados a deixar parte dos ingressos de seus jogos sem vender.  A punição atinge pois também a torcida em geral, que fica sem esses ingressos disponíveis.

Foi a bestial regra de Justiça e para contenção dos violentos que os dirigentes encontraram, confessando a incapacidade de impor regras a uma minoria. De fato, a solução  pela polícia militar demonstrou ser inviável; quando esta era chamada, a confusão e o número de feridos se multiplicava, pois mais parecia que era uma terceira massa irracional que entrava no conflito. Identificado, investigado, condenado,  preso, ninguém ia.

Ao fim e ao cabo, ante a incompetência do sistema, o clube é que é julgado, se torna responsável pela conduta de alguns vândalos. Justo pois, que lhe seja transferido o poder de policia correspondente, entre os quais o de fazer como na Inglaterra, fotografar a malta e impedir os hunos presentes em meio a ela de de acessar estádios.

Outra possibilidade, esta já existente, é usar o Código Civil. A partir das fotos dos principais baderneiros, o clubepode ajuizar ação de indenização. O Palmeiras por exemplo, deixará de vender 7 mil ingressos por cinco jogos, prejuízo que seguramente atingirá mais de R$ 4 milhões de reais. Se cobrar os godos em Juízo, colocar seus nomes no processo e pedir citação, estes sem dúvida serão condenados não só a indenizar o clube, mas conforme o caso também a sociedade, pelo dano social (no dia do conflito crianças e muitos dos demais torcedores foram atingidos pela correria, fumaça das bombas jogadas pela inábil polícia local). O bolso, como sabemos, é um dos locais do corpo mais sensíveis para certo tipo de pessoa. E em meio aos baderneiros sempre é possível encontrar quem já comprou um carrinho ou está comprando um imóvel, pode receber uma herança, tem algum bem presente ou futuro. Comprometer alguns economicamente é outra forma de fazer essa gente mais sensata. 

Como também há quebra no metrô e equipamentos públicos, o Estado poderia fazer a mesma coisa: identificar os desordeiros e fazê-los responder por prejuízos. Uma vez identificados, também poderiam responder a processo penal.

Não faltam pois meios de tornamos mais tranquila e sem perigos a ida a um estádio. Faltam apenas dirigentes de boa vontade.

João Sucata

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. como acabar….

    Car sr. João, como outras aberrações nacionais, esta das organizadas é mais uma que o Brasil não enfrenta. Todos olham para o outro lado: sociedade, imprensa, mas principalmente o Poder Público.  Rapaziada de periferia nunca foi o problema, rapaziada de periferia nunca teve tanto poder, rapaziada de periferia não agiria tão criminosamente se não tivesse por trás um apoio muito forte, financeiramente e politicamente. Quando quis prender, o Estado prendeu. A torcida corintiana, não por seu vandalismo, mas pela campanha contra o governo de SP. O torcedor do sãopaulino pela morte do palmeirense. Justamente um que não era de organizada. Que coincidência?! Torcida organizada é como o tráfico. Mostram aquele monte de miseráveis vivendo nas favelas e sentenciam: o trafico é isto. Bala em quem estiver na frente, não importa se culpado e inocente. O problema é o trafico, porque o problema é o pobre, porque produz a criminalidade e a quem devemos combater.  Combater a quem mesmo? Enquanto isto, meia tonelada de drogas viajam no helicoptero particular de Senador da República, comprada por uns 2 milhões de dólares. Onde está o dinheiro do trafico? Onde está o traficante e ser combatido? Quais os nomes dos dirigentes, altas figuras do Poder Judiciário, Policial, Politico, Empresarial, que ganham milhões e milhões com o futebol, que comandam os clubes e suas falcatruas e que financiam tais torcidas e para quem elas “fazem o serviço”? O Brasil se explica. 

  2. Na minha opinião, além de

    Na minha opinião, além de proibir a entrada dos vandalos no estádio, punindo o clube com proibição da torcida, é imprescindível, imprescindível que se proíba também a transmissão dos jogos.

    Em primeiro lugar para que os hominideos não possam assistir nem pela TV.

    Em segundo lugar para que os promotores e incentivadores dessa babaquice de “loucura” pelo clube também sejam responsabilizados de alguma forma, assim como os patrocinadores.

    Quando a grana comçeçar a faltar por causa dessas boçalidades talvez despertem para o quão escrotos são.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador