Destrinchando a goleada sofrida pelo escrete canarinho

Jornal GGN – Desde às cinco e meia da tarde de terça-feira, não foram poucas as tentativas de se entender o passeio que a seleção de Kroos, Klose e Ozil deu no Mineirão. Uma das melhores análises foi feita por Thom Gibbs, o britânico Daily Telegraph. Em tom bem-humorado, seu artigo ‘Anatomia de uma surra: Como e porque o Brasil foi aniquilado pela Alemanha’ aponta, entre as razões para o vexame, o excesso de sentimentalismo, a ausência de Thiago Silva e as falhas imensas no posicionamento da equipe. O New York Times traz um infográfico mostrando que, de dez chutes, nove foram em direção ao gol de Júlio César e cinco terminaram lá dentro. Leia mais abaixo:

Sugerido por O Escritor, do Daily Telegraph

Anatomia de uma surra: como e porque o Brasil foi aniquilado pela Alemanha

por Thom Gibbs

original: Anatomy of a drubbing: How and why Brazil were annihilated by Germany

Existem muitas questões sobre a noite de terça. A maioria delas são longas e cheias de vogais: 

Queeeee? Por queeeeee? Comooooooo? buuuuh!

A última não é exatamente uma questão. Mas tentaremos explicá-las mesmo assim, nessa descontrução forense de como a Alemanha conseguiu o resultado mais ridículo que uma Copa do Mundo já viu.

Aqui estão as razões exatas que explicam a humilhação brasileira:

Muitos sentimentos

Na última sexta-feira, Neymar, o craque do Brasil, se lesionou. O país reagiu como se ele tivesse morrido.

Há uma linha tênue entre a empolgação e o precipício. O Brasil sentiu o lado errado disso na terça-feira. Eis abaixo o David Luiz durante o hino nacional:

luiz-before

Um pouco exagerado…  e em outras noites nós já vimos este tipo de coisa virar na expressão que o zagueiro tinha depois do jogo:

luiz-after
 

Atacar demais deixou buracos gigantescos

As pistas de que o Brasil seria goleado já estavam aparecendo bem antes do primeiro gol da Alemanha.

O ataque é a melhor defesa, mas só se a equipe estiver mantendo a posse de bola e não perdendo ela como uma criança assustada com medo de desapontar seus pais.

Brasil fez muito disso durante o começo da partida, e estavam atacando ingenuamente e sem organização

Marcelo parece que se esqueceu completamente que ele joga na defesa. Aqui ele está sem a bola depois do Brasil perder uma chance, avançado demais, prestes a levar uma bola nas costas:

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Não só o posicionamento estava errado como não é este o lugar que você espera que um lateral esquerdo esteja olhando

O resultado desta perumbulação foram imensos buracos no lugar onde deveria estar um lateral esquerdo:

marcelo-exposed-loads

A Alemanha só não evolui nessa jogada por um desarme de David Luiz em Klose

Depois de cinco minutos, o Brasil estava tão avançado que não havia ninguém para receber o passe de Fernandinho, que estava muito pressionado. Não foi nenhuma surpresa quando ele errou o passe:

fernandinho-about-to-give

Repare no Felipão frustado

Total falta de proteção para a defesa

Aqui temos três alemães completamente livres no meio do campo depois de quatro minutos de jogo:

three-open-in-middle

alguém jogador brasileiro deveria estar aqui

E aqui temos o Brasil sendo pego de surpresa e dando um espaço ridículo para seus oponentes depois de oito minutos:

ridiculous-space
 
Caos defensivo Nesta imagem do sétimo minuto, podemos ver o time brasileiro voltando desesperadamente após uma boa – mas banal – virada de bola de Khedira

baffled-defenders

De novo, a lateral esquerda de Marcelo ficou completamente exposta, e os outros jogadores estão tão desorganizados e confusos que eles estão olhando para os lados em pânico.

Esta é uma situação inaceitável em qualquer situação exceto quando uma equipe está indo atrás do gol no final do jogo. Ainda tínhamos 81 minutos para o apito final.

Logo depois, o Brasil concedeu um escanteio, e marcação desatenta permitiu que Thomas Muller marcasse o primeiro gol:

1st-goal

12 minutos depois, Miroslav Klose fez 2-0.

2nd-goal
 
Tomar dois gols um atrás do outro

Dois a zero no final do primeiro tempo seria uma desastre para o Brasil, mas nenhum time no nível da seleção terioa desistido da partida.

Infelizmente, um minuto e 48 segundos depois, estava 3 a 0.

3rd-goal

Tomar dois gols em sequência em um jogo entre peso-pesados tendem a indicar que uma surra está a caminho.

É frustante para equipes que não estão acostumadas com isso, afeta o ritmo e a concentração, e basicamente transforma times vulneráveis em algo próximo a insetos atordoados.

Eis alguns exemplos de outras bailes históricos, todos eles envolvendo gols muito próximos, do Soccerbase:

spa-hol
man-rom
liv-ars

Para piorar o que já estava ruim, a Alemanha fez 4 a 0 50 segundos depois do terceiro gol:

4th-goal

Isso não é bom

Alemanha foi brutal

Toni Kroos não diminiu o ritmo depois de comemorar o terceiro gol, quando ele roubou a bola de Fernandinho para o quarto gol da Alemanha.

Havia algo assustadoramente predator e calculado naquele gol, com Kroos e Khedira trocando passes, todo o time reduzindo as chances de que o gol não aconteceria.

Foi mais ou menos a mesma coisa com o quinto:

5th-goal
 
Julio Cesar não é tudo isso

O goleiro do Brasil não jogou muito nesta temporada: sete aparições pelo Toronto FC e uma pelo Queens Park Rangers pela Copa da Inglaterra. E isso ficou evidente.

Salvo pela trave no jogo contra o Chile, na terça-feira o goleiro de 34 anos pareceu mais velho ainda.

Existem algumas questões sobre o porque ele espalmou o chute de Klose diretamente de volta para o alemão no segundo gol. Questões como: “Porque você faria isso ao invés de tentar não fazer isso?”

cesar-2nd-goal

O primeiro de Kroos, para o 3 a 0, passou um pouquinho por ele.

cesar-3rd-goal

De alguma maneira ele caiu para o lado errado no sexto gol, algo que só deveria acontecer em uma cobrança de pênalti. 

cesar-6th

… e enquanto André Schürrle foi muito bem no sétimo gol, nenhum goleiro é completamente inocente quando é superado no sua primeira trave:

cesar-7th-goal
 
Felipão demorou para reagir
 
A Alemanha tomou forma desde o ínicio. Hulk ( que foi absolutamente inútil) jogando pela esquerda, junto com Marcelo, que estava constatemente no lugar errado, facilitaram os avanços alemães pela direita. Esta imagem é do primeiro tempo:

 

scolari-formation-1

Scolari não mudou nada até o segundo tempo, quando ele trocou Bernard e Hulk, significando que Marcelo teria um jogador mais disciplinado a sua frente e que não iria perder a bola toda hora.

Marcelo também não deveria subir para o ataque quando bem entendesse.

O trio do meio campo foi claramente instruído para ficar próximo, e, muito importante, em algum momento David Luiz e Dante ficaram aonde zagueiros devem ficar, como indicado pelas flechas:

scolari-2
 

A ausência de Thiago Silva

“Qual a falta que um jogador pode fazer? É um jogo coletivo!” é o que os torcedores brasileiros estavam pensando antes que percebessem que, na verdade, um cara pode ser bem importante.

Sem o zagueiro Thiago Silva falando para seus companheiros prestarem atenção e pararem de ser idiotas, a defesa e o meio campo se despedaçaram. E os atacantes. E o goleiro.

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David Luiz pensa que é melhor nos passes do que ele realmente é

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Ele fez um lançamento brilhante no começo do jogo, mas tudo que isso provocou foi dar uma falsa sensação de confiança para ele.

Depois, David Luiz conseguiu dificultar passes curtos, como visto abaixo:

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O pavoroso toque de Fernandinho
 
fernandinho

Nas palavras de Gary Lineker (ex-jogador inglês, artilheiro da Copa de 86):

“Isso não é só um jogo entre uma superpotência vencendo um time inexpressivo. Isso foi o Brasil, pelo amor de Deus”

Falta de liderança

É fácil e muito Britânico pensar que aplausos e gritos são sinônimos de vontade, mas o Brasil parecia It’s easy and boringly British to think that clapping, shouting and growling are synonymous with desire, but Brazil looked desgraçadamente desarrumado. Não havia alguém claramente calmo para mudar o ânimo.

Sua linguagem corporal foi terrível, cheia de ombros encolhidos e cabeças baixas.

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Não.

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Não.

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Definitivamente não.

O time estava dedicado em criar mapas de calor ridículos

Alemanha na esquerda, Brasil na direita:

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Fred:

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David Luiz (Lulz):

david-luiz
 

Para perceber como o movimentação de David Luiz foi ruim, este é o mapa de calor de Thiago silva durante o jogo contra a Colômbia. Você talvez se lembre que o Brasil não perdeu aquele jogo de 7 a 1:

thiago-silva
 
A FIFA deveria ter subornado mais pessoas
 
Oscar corre e tromba com os zagueiros. Não foi penâlti.
dive1
 

Fred cai mas não consegue o penâlti

fred-dive
 

Fred cai contra a Croácia…. penâlti.

fred-v-croatia

Claramente,mais £$£ eram necessários.

Rezas ineficazes

david-luiz-praying
 

Não sei para qual Deus você está conversando, mas é meio tarde fazer isso quando o jogo já acabou.

gustavo-pray

Conversando sozinho também não resolve muita coisa. Da próxima vez talvez fosse melhor conversar com seu zagueiro que está muito ocupado correndo com a bola, ou com seus amigos do meio campo para pedir que eles parem de perder a bola.

Facepalming statue sent out the wrong message

christ-facepalm

That’s not helping anyone, big stone Jesus.

Do New York Times

Germany’s Five First-Half Goals Against Brazil

It started with poor defending by Brazil on a corner kick in the 10th minute: Germany’s Thomas Müller, unmarked at the top of the six-yard box, hit a right-footed volley past goalkeeper Julio César. His score stunned the crowd and the Brazilian team, which began to press in an attempt to tie the score. But Brazil was not as committed to getting back on defense, leaving itself vulnerable to Germany’s relentless attack, which scored four more times before the half ended.

 10 shots  9 on target  5 goals

Redação

19 Comentários

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  1. As imagens são o desenho do descontrole…tático…leia-compare

    Desestruturação tática feita pelo técnico causou apagão emocional (publicado no fora de pauta)

    As modificações do time e a desestruturação.

    Ao todo, exceto o goleiro Júlio César e o centroavante Fred, todo o resto do time sofreu alterações profundas. Explico.

    O que foi visto de forma flagrante:

    A – a troca de posição de David Luis e a entrada de Dante.

    B – A manutenção de um time ofensivo com quatro atacantes – Fred Bernard Oscar e Hulk – sem vocação defensiva – isto é, não marcam, cercam, e não tem noção de posicionamento defensivo, contra uma Alemanha com quatro ou cinco jogadores no meio campo.

    Isso, por si só, já é bastante complicado.

    Mas, ainda assim, porque tanta facilidade.

    Mais dois pontos…

    C – desde o início pode ser observado que o lateral Marcelo (posição lateral esquerda) se somava aos atacantes.

    A idéia – aparentemente era fazer Marcelo se somar a Bernard ou com quem caísse na esquerda (Oscar ou Hulk).

    … para isso, deslocou Luiz Gustavo para cobrir o Marcelo e também eventualmente ir ao ataque, como em outros jogos.

    D – Com isso, quem efetivamente passa a fazer o papel do primeiro homem do meio campo, à frente da zaga é Fernandinho – na realidade trocando de posição com Luiz Gustavo.

    Em outros termos, mais uma modificação(que altera duas posições), sendo que esta segunda se revelou tão desastrosa quanto a primeira.

    E – O lateral Maicon, era a outra novidade, ainda que tivesse jogado contra a Colombia, não há como esquecer que era uma novidade.

    Assim, na defesa, temos na realidade 04 modificações – Maicon em substituição a Daniel Alves, Dante no lugar de David Luis, David Luis no lugar de Tiago Silva e Marcelo numa função mais ofensiva.

    Na primeira linha de meio campo – duas alterações – no lugar de Luiz Gustavo, Fernandinho e no lugar de Fernandinho, Luiz Gustavo e, pior, com novas funções.

    No ataque, a priori, com a entrada de Bernard, e com a “rotatividade” de Oscar Hulk e Bernard, a única posição que não foi mexida foi a de Fred…

    Falar em apagão emocional, sim, mas convenhamos, a desestruturação tática do time foi total.

    Esperar que este time funcionasse coletivamente seria o mesmo que esperar um milagre…ainda mais contra uma equipe… organizada e postada de forma a aproveitar a “ofensividade brasileira”.

    Olhem os gols…

    No primeiro gol, que teve origem num escanteio, cedido pelo lateral Marcelo ao retornar de uma suas incursões no ataque, numa falha absurda, o zagueiro David Luiz esquece que está na posição à esquerda da zaga e vai marcar no outro lado deixando seu setor desguarnecido. Muller apenas escora a bola para as redes… fazia tempo que não via tamanha falha de marcação…

    No segundo e terceiro gols, vê-se claramente um Fernandinho a frente da zaga, completamente perdido, e, ao mesmo tempo, um Luiz Gustavo perdido junto a lateral … ao mesmo tempo a coordenação do miolo da zaga e Maicon na cobertura inexistem…

    O quarto e quinto se originam de perda da bola na frente da zaga… fruto não só do descontrole emocional, mas também do descontrole tático… a zaga e o meio campo não sabem seu lugar ou tarefa e nesta confusão viram presas fáceis…

    …. no segundo tempo… com as correções e a diminuição do ímpeto da Alemanha o Brasil passou a ter chances de gol e se mostrou mais consistente, ainda assim, pressionado para buscar um resultado menos humilhante, deixou o campo aberto aos contraataques, uma especialidade do time alemão….

    Agora a pergunta??

    O que leva um técnico com muitos anos de estrada a fazer improvisações que nem um estagiário faria, é que eu nem o Brasil conseguem entender…

    Talvez um instinto messiânico…sei lá…

  2. Deveria

    No futebol deveria ser “cada um pegando o seu”,

    só que o time do Brasil

    não pegou ninguém.

    -é no que dá os jogos dos campeonatos nacionais acontecerem só DEPOIS da novela.

     

    1. Kajuru hoje é Jururu

      Parece a manchete da Folha do dia 12 de junho, a Seleção ganha mas a organizações está em xeque (Brasil 247). O tal Kajuru, onde está?

      1. qual a moeda utilizada nesses

        qual a moeda utilizada nesses números? a Alemanha gastou 11 bi de Euros ou Dólares? o Brasil gastou 35 bi de REAIS (na verdade foram 24), é só converter. Sem as moedas respectivas esse vídeo não diz nada.

      1. até que poderia sim…

        mas como já seria amanhã, certeza que não…………………………………………………..foi só uma brincadeira com ciência da arte

  3. Apagão emocional.

    O emocional foi determinante. O pessoal fala que não tinha time e isso e aquilo. O Irã quase ganhou da Argentina com um futebol inocente. E agora a Argentina pode ganhar a Copa. 

  4. Tudo começou no jogo contra o Chile…

    O Felipão colocou um receio danado no jogo contra o Chile. Neste jogo foi o desmoronamento emocional.

    No jogo contra a Colômbia, ganhando de 2 a 0 não fez a mudança que daria outro rumo ao Brasil na Copa. Tirar o Fred, colocar o Ramirez no meio campo e deixar o Neymar livre na frente. A Colômbia não iria fazer 2 gols no Brasil nunca. O Felipão tirou o Hulk, e Deixou o Neymar fazendo a função do Hulk, dei com um joelho nas costas.

    Antes do Jogo contra a Alemanha, todos os comentaristas e brasileiros (que são todos técnicos de futebol), já escalara um meio de campo reforçado com no mínimo três marcadores. A Seleção entrou com 4 atacantes, foi mamão com açúcar para a Alemanha.

    Agora chora e 200 milhões de brasileiros vão ter que viver com isto o resto de nossas vidas. O futebol no Brasil está enterrado definitivamente. Qualquer seleção formada não terá capacidade emocional para a próxima Copa a da Rússia. Então título somente daqui a 8 anos. Isto se a CBF e Grobo deixar.

    Quem viver verá!

  5. Fred

    Assim como a mídia criou  um falso ídolo, Neymar, que não jogou nem joga 10% (dez por cento) do que ela quis que os torcedores de ocasião (aqueles só de Copa do Mundo) acreditassem, também tem responsabilidade em eleger Fred como o culpado de tudo. Desde o início da Copa, todo o mundo que entende, mesmo um pouquinho, de futebol, via que nosso meio campo não funcionava. Faltava eficiência nos volantes e competência/experiência no escalado para armar. Oscar é muito bom jogador, mas absolutamente não tem competência para assumir a “regência” regência da seleção.

    Resultado, a seleção passou toda a Copa jogando como time de segunda, ou seja, fazendo ligação direta entre a defesa e o ataque. Quando os chutões vão para as laterais ainda é possível que, eventualmente, tenham alguma utilidade, a depender da velocidade e da categoria de quem jogue pelas pontas e, claro, de alguma deficiência dos marcadores. Pelo meio é quase impossível dar certo.

    No último jogo, a irresponsabilidade aliada à incompetência da comissão técnica chegou ao cúmulo de não reforçar o já fraco meio campo, deixando livre o caminho para a Alemanha fazer o jogo que pedira a Deus, a situação ideal para ela, que todo o mundo conhecia. Menos a nossa comissão técnica que, pior, depois do segundo gol, fez questão de permanecer no erro até levar mais três.

    Em NENHUM dos gols sofridos pelo Brasil, Fred teve qualquer responsabilidade, nem mesmo indireta. O que os que o escolheram para culpado queriam? Que, sem receber nenhuma bola que prestasse, fizesse tantos gols quantos fossem necessários para compensar os sofridos pela ineficiência dos demais? 

    1. Seleção e Centroavantes

      Sobre a polêmica (praticamente uma unanimidade) em torno da nulidade que foi o Fred nesta copa, penso que o problema não é necessariamente o jogador e sim o histórico de nossa seleção que não se dá muito bem com centroavantes do tipo poste, fincados na área. É só olhar para ver que a imensa maiorira dos nossos grandes centroavantes foram jogadores do tipo habilidoso, que sabe cair para os lados levando a marcação e abrindo espaço para os meias penetrarem, que sabem tabelar em espaço curto e fazer parede para os que vêm de trás. Exemplos: Tostão (quem nem era centroavante e jogou nesta posição em 70), Reinaldo, Careca, Romário e Ronaldão, para citar alguns dos mais lembrados de 70 para cá.

      Jairzinho, que em 70 atuou como ponta direita, em 74 foi posto a atuar como centroavante e fracassou porque tinha o estilo rompedor, bom para clubes mas que quase nunca dá certo na seleção, que espera outra coisa do seu atacante. 

      E olha que nossos clubes tiveram vários goleadores desse tipo, mas, quando vestiam a amarelinha, não conseguiam repetir as atuações que os levaram à convocação.

      Como exemplos cito três de épocas distintas:

      1) Dario, o Dadá Maravilha, goleador pelo Atlético Mineiro, exigido por Médici na seleção de 70, nem entrou em campo – o centroavante lá foi Tostão, um camisa 10 habilidoso, jogador da mesma posição de Pelé e que, por isso, segundo alguns, não poderiam atuar juntos. Não só atuaram como trouxeram o caneco.

      2) Serginho Chulapa, goleador do São Paulo que foi à copa de 1982, na Espanha – se perguntarem para 10 pessoas com mais de 40 anos, no mínimo nove acertarão o nosso quarteto de meio campo, um dos melhores que produzimos até agora: Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico – só craque. Além disso muitos lembrarão também com certeza de Júnior e Éder, outros de Oscar e Luisinho, mas periga não chegar a 10% os que lembrarão que Serginho Chulapa foi o nosso centroavante, graças a uma lesão de Careca pouco antes do início do torneio. E olha que ele até marcou gol mas teve atuações longe daquelas que tinha em clubes.

      3) Jardel, goleador do Grêmio de Porto Alegre e que depois foi duas vezes chuteira de ouro na Europa jogando em Portugal – os portugueses não conseguiam entender como a seleção desprezava um chuteira de ouro mas a verdade é que Jardel era craque no jogo aéreo, subia muito e cabeceava com maestria, já por baixo era um jogador normal, nada demais. Nos clubes que jogou o esquema foi montado para lhe favorecer e ele aproveitava mas nossa seleção não vai jogar nunca à moda antiga dos ingleses, com muito jogo aéreo e cruzamentos até da intermediária.

      Por isso, mesmo antes de avaliar a fase ruim do Fred, eu já imaginava que ele não daria certo num time que sempre usou o toque de bola, a aproximação, a tabela e a infiltração para chegar ao gol. Luis Felipe desconheceu estes fatos e deu no que deu.

      Eduardo Pereira

  6. Muito legal o post, mas

    Muito legal o post, mas totalmente desnecessária a crítica ao David ao final do jogo. Se o cara “reza” antes, critica porque tá “rezando”. Se “reza” depois critica porque não “rezou”?

    1. A “critica aa reza” foi parte

      A “critica aa reza” foi parte de uma analise gigantesca que envolvia mapas de infravermelho (alguem chamado Fred ganhou quanto pra nao fazer nada?!) e fotos mostrando o descontrole emocional do time a todos os instantes.

      A todos os instantes, a linguagem corporal deles estava errada.

  7. Eliminatórias

    Para ir à copa da Rússia o time do Brasil terá que passar por elas. Depois dos 7 a 1, não me surpreenderá em nada a não classificação para a próxima copa.

    O futebol do Brasil entrou em outro patamar depois desse desastre. Perder em casa, daquela forma, não é digno de uma camisa que ostenta cinco estrelas de campeão na camisa! Para completar, a Argentina poderá conquistar o tricampeonato no Maracanã. 

    Ou se faz alguma coisa de modo urgente ou o futebol competitivo estará definitivamente sepultado por aqui. A ausência de bons jogadores no meio de campo revela que algo vai muito errado na formação de jogadores. Fala-se que Oscar não rendeu, p. ex. Mas quem teria feito a diferença, no lugar dele? Qual grande craque, em grande forma, deixou de ser convocado? Parece que nenhum. Por que essa inexistência acachapante de bons jogadores em nosso país, outrora celeiro de grandes craques? O que está acontecendo com o país do futebol?

  8. Odeio ter que lembrar isso

    Odeio ter que lembrar isso pra todo mundo, mas o Argolo cantou a bola do descontrole emocional e ninguem quiz ouvir…

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