Exclusivo: de atos pacíficos à repressão na segunda maior marcha do Chile

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Manifestações pacíficas terminam com bombas de gás lacrimogêneo, tanques de água tóxica e gás de pimenta, balas de borracha e uso de armas de fogo. GGN captou imagens

Foto: Patricia Faermann

De Santiago, Chile

Jornal GGN – A manifestação deste 1º de novembro foi considerada a segunda maior desde a crise política e social instaurada no país há duas semanas. Sob questionamentos, as cifras oficiais dão conta de 35 mil pessoas na região central de Santiago. De acordo com informe policial, a manifestação pacífica se tornou violenta somente nas proximidades do metrô Baquedano. Repórter do GGN acompanhou os protestos e registrou repressão policial em diversos pontos do ato.

As autoridades amanheceram neste sábado (02) indicando que a “Maior marcha de todas”, assim nomeada pelos chilenos, atingiram cerca de 45 mil pessoas a nível nacional, a maior parte delas na capital do país. Contudo, imagens aéreas indicam que os números foram subestimados pelas autoridades, considerando que pelo menos 2,5 km de extensão das vias centrais de Santiago estavam ocupadas.

Ao mesmo tempo, um relatório divulgado pela polícia informava que a manifestação iniciou de maneira pacífica, tornando-se “violenta com incidentes, ao tentarem incendiar o metro Baquedano”. Nossa reportagem esteve durante todo o ato, desde o início, e registrou que a manifestação pacífica recebeu o confronto das forças de Segurança, por volta das 19h40, em pelo menos três pontos das ruas centrais: na Alameda, na altura da rua Estado; na rua Moneda, nas proximidades do parque Santa Lucia, e na Plaza Itália.

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Os números de presos, feridos e mortos pelo aparato estatal aumentam a cada dia, mesmo após o presidente Sebastián Piñera retirar o Estado de Emergência, que permitia, até o último final de semana, a presença de militares nas ruas e o toque de recolher. De acordo com o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH), são 1.574 feridos com ingresso em hospitais, 305 deles vítimas de armas de fogo, 40 por armas de bala e 473 por balas de borracha; 4.316 pessoas presas, e 18 denúncias registradas de violência sexual no país.

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De acordo com a Procuradoria do Chile, foram 23 mortes durante o Estado de Exceção.
Também na manhã de hoje, o prefeito da Região Metropolitana, Felipe Guevara, disse que a manifestação que “reuniu mais de 20 mil pessoas” na capital ocorreu de forma “pacífica” e sem maiores incidentes.

 


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1 Comentário

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  1. Uma coisa chama muito atenção nessas mobilizações pelo mundo: a obstinação da direita neoliberal em resistir a qualquer custo, não importando o tamanho das manifestações. Outros tempos e o governo já teria caído… Isto é indício de que ela não está disposta a recuar. Terá que ser apeada do poder à força, com exército e tudo.
    Pior ainda: se ela resistir é como se nada tivesse acontecido e irá continuar enfiando o neoliberalismo goela abaixo, custe o que custar.
    O mesmo vale pra nós. A direita neoliberal está disposta a tudo, inclusive suportar Bolsonaro, desde que sua agenda se imponha. Isso é claro e cristalino. Só não vê quem não quer.

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