da Folha
Crise de confusão, por Janio de Freitas
Mais do que nunca, o PMDB são vários –e esse é um dado básico para perceber-se alguma coisa da situação
As últimas 30 ou 40 horas proporcionaram o necessário e atrasado exemplo de quanto a situação é muito, muito mais confusa do que os jornalistas temos transparecido. Falha devida, em parte, a que a própria situação está feita de inconstâncias, disputas silenciosas, desorientações, e tudo o mais que caiba para perturbar a nitidez interna e a percepção externa. E, de outra parte, por força das características da imprensa brasileira atual.
Assim, por exemplo, desde que Renan Calheiros devolveu à Presidência uma medida provisória e não foi à conversa de “entendimento” de Dilma com o PMDB, o presidente do Senado é visto como convertido coadjuvante de Eduardo Cunha nas insídias contra a presidente. Daí que, na manhã de ontem, os jornais mais atualizados noticiavam mais uma derrota de Dilma, havida na Câmara, e o complemento a ocorrer à tarde no Senado de Calheiros, com a confirmação do projeto criado e feito aprovar por Eduardo Cunha.
A manhã apenas terminara quando no Senado se encerrou uma reunião conduzida por Calheiros, com o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Delcídio Amaral, e outros senadores. Era esperado que combinassem a aprovação dos 30 dias de prazo dados pela Câmara, na noite de anteontem, para que Dilma regulamente a lei de redução das condições escorchantes cobradas aos Estados e prefeituras devedores da União.
Resultado da reunião: derrota do “novo parceiro” Eduardo Cunha, ficando suspensa “sine die” a votação no Senado do tal prazo, e espera de nova posição do governo, que Delcídio Amaral foi logo negociar com o dono do dinheiro público, Joaquim Levy.
O que houve de subjacente a determinar esse episódio?
O sentido de desaforo dado lá atrás à devolução de uma medida provisória, por Calheiros, ignorou que era mesmo o caso de devolvê-la, porque tratava de assuntos que exigem projeto de lei. A irritação de Renan com Dilma foi, sobretudo, em razão do pretendido “entendimento” dela com Eduardo Cunha, em desconsideração ao apoio que o presidente do Senado lhe dera até então. Renan Calheiros não é tolo para supor, como tão noticiado, que se irritara convicto de que o governo induzira o procurador-geral da República a investigá-lo na Lava Jato (explicação que, ainda por cima, incluiu injustificável insulto a Rodrigo Janot).
Mais do que nunca, o PMDB são vários –e esse é um dado básico para perceber-se alguma coisa da situação. O PMDB de Calheiros não é o de Eduardo Cunha, nem com ele quer se confundir jamais. Outro é o PMDB de Michel Temer, que pode estar com o de Calheiros, mas com Eduardo Cunha faz no máximo encenação de tolerância, à espera não sabe de quê. E José Sarney não perdeu o seu PMDB ao deixar o Senado, sendo ainda a chamada “voz da experiência” mais ouvida no partido.
O jogo desses PMDBs é duro. E, mesmo quando o joguem em relação ao governo, no fundo a determinante essencial é o jogo entre eles: cada grupo sabe que nem todos poderão sobreviver às condições que se armaram no partido. Distinguir uma coisa e outra nesse duplo campo de ação é decisivo para chegar a alguma compreensão, mas não tem acontecido. Muito ao contrário. E nisso o PMDB é só um exemplo.
Ainda que ligeira, uma observação talvez útil: o prazo proposto por Eduardo Cunha e fixado pela Câmara tem toda a razão de ser. A Dilma que se submete a Joaquim Levy para burlar a lei de correção financeira e moral, em pequena parte das relações do governo federal com Estados e municípios, é a mesma presidente da República que, vangloriando-se do feito de justiça, sancionou tal lei aprovada pelo Congresso. Ao que parece, não bastou aquele “esqueçam o escrevi”. Surgirá o “esqueçam o que assinei”?
Além disso, o beneficiário da correção justa não será Fernando Haddad, nem Eduardo Paes, nem Geraldo Alckmin, ou qualquer outro governante. Serão os 12 milhões de habitantes da capital São Paulo, e a população do Rio como a do Estado de São Paulo e outros municípios e Estados. Se Joaquim Levy “não sabe de onde tirar os R$ 3 bilhões” que o governo federal deixará de receber, se encerrada a agiotagem oficial, basta-lhe dar uma olhada no imposto cobrado à especulação financeira, às remessas de lucros –aliás, não precisa olhar, porque sabe muito bem e dá a sua proteção.
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O “saco de gatos” vai tendo o
O “saco de gatos” vai tendo o seu contorno delineado pois, como em todo “saco de gatos”, seus ocupantes vão se acomodando, encolhendo suas garras, silenciando…..
Se eu tivesse que escolher uma única leitura diária…
… sobre política, seria ler Janio de Freitas.
Ele consegue resumir o que muitos gastam páginas e páginas sobre o cenário político em poucas e precisas linhas. A última frase é demolidora de clichês e de mimimis…
Renan Calheiros e a tese do barril de lama
O Renan Calheiros só está exercitando a tese do barril de lama*, de autoria do próprio…
*Se você não puder sair do barril de lama então trate de arrastar mais gente para dentro dele junto com você. Fica mais fácil para safar-se do afogamento se estiver abraçado com outros, e se a coisa explodir mesmo sai todo mundo enlameado.
Socialize a lama!
É isso aí Alan. É por isso que as classes dominantes, continuam dominantes. É uma teia de proteção que ampara a todos em conluio, para que em conluio continuem a se beneficiar.
É a mesma tática da dívida. Se você deve R$100,00 e não paga, o Banco manda teu nome para o Serasa e todo o aparato institucional atrás de você. Já se você deve R$300 milhões, convidam você para um café na área VIP do Banco e num instantinho você consegue pagar o que deve e contrair uma outra dívida de R$400 milhões.
Quem melhor me apresentou o
Quem melhor me apresentou o PMDB foi o gaúcho Pedro Simon nos seus últimos discursos no Senado, agravados em agressividade após ter sido derrotado nas urnas.
Não é muito difícil entender que quem aprecia Renan necessariamente não concorda com Eduardo Cunha. Quanto a Michel Temer parece um mineiro, tal a sua conduta silenciosa ou de poucas palavras.
Não tenho conhecimentos para discorrer sobre a matéria desse grande jornalista, apenas digo o que penso.
Acho que os parlamentares graúdos dos grandes partidos estão de olho apenas nas eleições de 2018. Prova disso são as declarações dos tucanos, como a recente de FHC, que garante que Lula, hoje, perderia feio as eleições. Não é hora para se deixar o Brasil e pensar em 2018, mas o que se verifica são pessoas dentro d um mesmo partido, como o PMDB, demonstrando que estão em campanha para presdente.
O Brasil é grande, e é maior que todas essas patacoadas políticas. Todavia, o quadro atual se torna muito grave na medida em que antevemos mais inflação, mais desemprego, e, como consequência, mais desordens.
É curiosa e estranha a
É curiosa e estranha a avaliação que a imprensa faz do processo político brasileiro.
Se o Congresso Nacional recebe as propostas do governo e as atende imediatamente, os jornalistas denunciam a subserviência do Parlamento, criticam a hipertrofia imperial do Executivo e, é claro, espalham boatos sobre compra de votos de parlamentares.
Se o Congresso Nacional recebe propostas do governo e as devolve ou não confere às mesmas a desejada urgência, os jornalistas dizem que o governo está em crise, que não consegue mais governar e os mais ousados sugerem a substituição do presidente que ficou sem governabilidade e paralisado.
É impossível não rir da mediocridade dos jornalistas brasileiros. Eles não sabem nada de política, de funcionamento das instituições e eu duvido muito que eles entendam algo de jornalismo. Eles só sabem fazer uma coisa: propaganda dos preconceitos dos patrões deles. E alguns deles não conseguem nem fazer isto bem.
O pior é que eles sabem.
Não se trata de falta de conhecimento, trata-se de má fé mesmo.
Nos grandões não se toca,
Nos grandões não se toca, preparem o lombo, trabalhadores
Inevitável
Podemos deixar de assistir ao JN , mas é imprescindível dá uma espiadinha na FOLHA diariamente.Jânio de Freitas e Marcelo Miterhof hoje, é um bom exemplo. O ctrl+c , ctrl+V dos blogs atestam isso.