O que eu pensava sobre a foto do Gregório e o que penso agora, por Matê da Luz

O que eu pensava sobre a foto do Gregório e o que penso agora

por Matê da Luz

A foto do Gregório em uma plantação caseira de maconha me chocou desde o início, e confesso que não foi pelo ponto tão claramente descrito no texto abaixo, que está na Carta Capital. Fiquei meio pasma porque é ilegal, ponto, e uma pessoa pública que bem defende a legalização – e neste ponto concordo, há de ser defendida – expor daquela forma, tão livre, soou como um “eu já posso, vocês é que estão perdendo seu tempo”. Raso de minha parte, concordo.

Após a leitura do texto abaixo e, ainda, após ter sofrido inúmeros ataques neste mesmo espaço onde compartilho meus pensares opiniáticos quando publiquei a felicidade do espaço das meninas negras na revista Capricho, volto a me manifestar, desta vez munida da responsabilidade de ser anti-racista.

Ora, uma mulher privilegiada branca não pode questionar os alicerces racistas da sociedade onde vive? Que argumentem, pois, e estarei pronta a escutar. Não estou roubando lugar de fala, não estou me apropriando culturalmente e tampouco estou a descrever do ponto de vista de privilegiada: estou me posicionando contra uma enraizada cultura que mantém o racismo vez ou outra escancarado, mas sempre, muito sempre, escondido por detrás de nossas escolhas pessoais.

Como é bom poder transformar e evoluir com informação.

Eu não vou mais me calar frente a estas atitudes e, para me justificar e me movimentar, deixo o texto abaixo. Anti-racismo, esta será uma das bandeiras deste espaço: hora de forma sutil, hora de forma transparente. Aos que desejarem colaborar, sejam bem-vindos.

 

Gregório Duvivier e o mercado de opiniões

por Joanna Burigo — publicado 06/03/2018 00h30, última modificação 05/03/2018 18h38

É hora de saber a diferença entre críticas fundamentadas e respostas narcísicas a elas

Beleza mano fica com Deus

Quando der a gente se tromba, firmeza?
Pena que corre é mil grau
Eu tô feliz com teu sucesso
(Elza Soares, na canção Firmeza?!)

Abro com este trecho da canção de Elza Soares por dois motivos. O primeiro, porque a produção deste texto segue um conselho da escritora Chimamanda Ngozi Adichie.

O segundo, porque também leva em consideração debates sobre políticas identitárias que, frequentemente, empacam na falsa dicotomia do “pessoal versus estrutural”. Voltarei a isso, mas não sem antes contextualizar o que propulsionou esta escrita.

Na semana passada o humorista Gregório Duvivier publicou uma selfie em meio a sua plantação caseira de Cannabis. A saber, a condução deste texto não abarca o debate sobre legalização das drogas, pois há gente mais qualificada do que eu para tecer análises por este viés. Meu foco aqui são dois: as categorias analíticas “gênero” e “raça”, e o contexto das redes sociais, onde discursos sobre ambos tendem ser brutalmente simplificados.

Muita gente viu o compartilhamento da imagem como positivo, uma vez que ao menos ele não é hipócrita ao declarar sua posição. Outro tanto o considerou negativo, já que somente quem tem a segurança de saber poder passar ileso ao cometer um crime – e, a rigor, é crime consumir e plantar maconha no Brasil – pode também contar com a liberdade de brincar com imagens que, de fato, entregam o criminoso.

Faço parte do segundo grupo, e não tenho muito a acrescentar acerca do quão leviano Gregório foi. Poder postar uma imagem daquelas – e sim, isso é sobre “poder” – fala muito alto sobre privilégio.

Leia Mais:
Feminismo, racismo e responsabilidade

Ele (e seus defensores) não saber(em) disso talvez seja evidência do pacto narcísico da branquitude, conceito de Maria Aparecida Silva Bento de extrema potência transformadora, já que vai na raiz da constituição sócio discursiva de nossas psiques.

A imagem de Gregório, analisada em contraste com o que sabemos que acontece com negros e negras por conta do porte e consumo de drogas neste País, deixa o caráter estrutural e institucional do racismo bastante explícito.

Ora, a lei é a mesma, mas sua aplicação tende a usar dois pesos e duas medidas. Esses dois pesos e duas medidas são completamente organizados por raça.

A imagem é resultado direto disso que se chama de privilégio branco, este que nos blinda, dentre outras coisas, da violência institucional arranjada por racismo estrutural. Por isso penso que seu compartilhamento, bem como a defesa dele, denotam irresponsabilidade, para dizer o mínimo. E esta defesa pode ser lida quase que como uma autodefesa narcísica, resultante do pacto que relutamos em romper.

Na segunda-feira 5, Gregório publicou em sua coluna na Folha de S.Paulo um texto intitulado “A direita do Facebook é ridícula, a esquerda é insuportável”, em que apresenta sua reação diante das críticas que recebeu por conta do compartilhamento da tal imagem. Tomo elementos dele como evidências do pacto narcísico que nos constitui.

Ao dizer que a esquerda é “insuportável”, a primeira pergunta que me vem à mente é: qual esquerda? Estou escrevendo este texto e participei do debate online muito mais como feminista que se utiliza da ferramenta interseccional – aquela articulada por pensadoras como Kimberlé Crenshaw e Patricia Hill Collins, e que nos convida a analisar injustiças sociais a partir de mais de um eixo de opressão estrutural – do que como esquerda propriamente dita.

Também me intriga o uso da palavra “insuportável”. A escuta ativa e reflexão (auto)crítica que nos levam a suportar os efeitos psíquicos resultantes de duras, porém fundamentadas críticas que recebemos, é o mínimo que se espera de aliados. Muitas das respostas dadas a críticas que se constituem como práticas típicas dos debates travados nas redes sociais se parecem mais com rebates pueris a comentários que maculam a autoimagem de quem os recebe.

Apontamentos de preconceitos ou de atitudes que corroboram com injustiças estruturais não deveriam causar retaliações narcísicas, vergonha paralisante, ou a culpa típica de organizações (de mundo, inclusive psíquicas) pautadas em separações rígidas entre bem e mal, ou certo e errado.

A aposta no conhecimento como potência transformadora, afinal, presume que o aprendizado pode nos mover na direção da tomada de responsabilidade por mudanças sistêmicas.

Ao declarar que as críticas feitas a ele são “insuportáveis”, Gregório contribui para que eu pense como é impressionante nossa capacidade narcísica para relativizar o que, em nós, não damos conta de confrontar.

O que nos leva a outro elemento do texto que assaltou minha atenção: ele ter qualificado seus críticos de “narcisistas da pequena diferença”. Seria cômico se não fosse trágico que seja justamente narcisismo o conceito que Gregório invoca para tentar os desarticular.

Voltando à Elza, Chimamanda e às políticas identitárias, usei o trecho de Soares precisamente para explicitar o quão pouco importa, para a produção desta crítica, a pessoa Gregório. Eu tô feliz com teu sucesso, e as análises que sustentam este texto estão longe de ser produtos de narcisismo. Em um texto de dezembro de 2016 na New Yorker, Adichie salienta que (em tradução livre minha) “agora é hora de chamar as coisas do que elas realmente são, porque a linguagem pode iluminar a verdade tanto quanto pode ofuscá-la”.

Para a escritora nigeriana, e subscrevo, é hora de “resistir à menor extensão nas fronteiras do que é justo”, e de “queimar falsas equivalências para sempre”, pois “fingir que ambos os lados de uma questão estão em plena equidade” é “um conto de fadas”.

Para ela a hora ainda é de enquadrarmos questões de forma diferente – e das que ela levanta, talvez a mais pertinente para este texto seja: o único ressentimento válido é o dos homens brancos?

Gregório ficou ressentido com as críticas, que chamou de “insuportáveis”. O que poderia ser mais (estruturalmente) narcísico do que pensar ser o único ressentido desta história? Gregório entra nesta minha análise não como indivíduo sendo atacado, mas como encarnação da categoria “homem branco”, que os feminismos tanto expõem como sendo um grupo identitário particularmente teimoso.

O ressentimento que resulta de críticas que achamos difícil suportar é puramente subjetivo. Já os sofrimentos causados por racismo e machismo estruturais transcendem o ressentimento; são produtos de perdas concretas de dignidade, de posses, da vida. Um é da ordem da psique, o outro da política. Não há equivalência. Então quem está sendo narcísico?

Encontro isso em James Baldwin (tradução livre minha): “Imagino que uma das razões pelas quais as pessoas se agarram tão teimosamente a seus ódios é porque sentem que, uma vez que o ódio se vai, serão forçadas a lidar com a dor.” Tomei a liberdade de substituir “ódio” por “não consciência da própria responsabilidade por opressões estruturais”. Vejamos como fica:

“Imagino que uma das razões pelas quais as pessoas se agarram tão teimosamente à não consciência da própria responsabilidade por opressões estruturais é porque sentem que, uma vez que ela se vai (ou: que a consciência acerca deles chega), serão forçadas a lidar com a dor.”

A dor a que me refiro quando faço essa substituição – e minha interpretação é a de que esta também é a dor a que se refere Baldwin – é a dor de reconhecer o ódio (ou a não consciência da própria responsabilidade por opressões estruturais) como mecanismo constitutivo da própria psique. Não gostamos de enxergar o que em nós é ruim, o que é compreensível. Mas a resolução de traumas exige que lidemos com a dor.

Dói confrontar o próprio racismo, ou o próprio machismo.

Mas dores causadas pelo reconhecimento destes resultam de, e podem ser resolvidas, com operações psíquicas. Já as dores causadas pelo racismo ou machismo resultam de práticas violentas materiais, concretas, reais, e sua resolução depende também de operações políticas. Não existe equivalência possível entre uma e outra dor. Se faço essa análise comparativa, é precisamente para explicitar que não há equivalência.

Precisamos parar de relativizar violências estruturais que ocorrem no bojo do racismo e do machismo. Discursos e imagens que corroboram com mortes evitáveis não devem ser discursos para os quais podemos encontrar justificativas.

E a imagem de Gregório, quer essa tenha sido sua intenção ou não, debocha daqueles que morrem por conta dos dois pesos e duas medidas da aplicação racista da lei.

A linguagem não é imaterial. Ela revela e reverbera injustiças. Precisamos, na concretude do real, olhar os corpos e contar os mortos. Só assim podemos começar a entender questionamentos feitos na seara do simbólico.

Ao contrário da réplica de Gregório, minha tréplica não é pessoal, mas estrutural. E também ao contrário da dele, tem fundamento. Há que se marcar a diferença entre essas, sobretudo porque todas estão em oferta em um mesmo mercado de opiniões: as redes sociais.

 

Mariana A. Nassif

57 Comentários

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  1. Pra ele é mole chocar.

    Sendo Byington Duvivier e tendo o global Daniel Filho como padastro é mole, né? Queria ver se ele fosse o Zé da Silva de Vila Kennedy. O Gregório pra mim é como um garotinho mimado de família quatrocentona, que arrota na mesa da avó pernóstica pra chocar. Não passa de um Supla mais intelectualizado, com formação de PUC-Rio. 

    1. Gregório Duvivier é a voz e a vez de quem não tem voz nem vez

      Expulso por um Bom Motivo

      (Bertolt Brecht)

       

      Eu cresci como filho
      De gente abastada. Meu pais
      Me colocaram um colarinho, e me educaram
      No hábito de ser servido
      E me ensinaram a dar ordens. Mas quando,
      Já crescido, olhei em torno de mim
      Não me agradaram as pessoas da minha classe,
      Nem dar ordens nem ser servido
      Então deixei minha classe e me juntei
      À gente pequena.

      Assim, eles criaram um traidor, ensinaram-lhe
      Suas artes, e ele
      Denuncia-os ao inimigo.

      Sim, eu conto seus segredos. Fico
      Entre o povo e explico
      Como eles trapaceiam, e digo o que virá, pois
      Estou instruído em seus planos.
      O latim de seus clérigos corruptos
      Traduzo palavra por palavra em linguagem comum, então
      Ele se revela uma farsa. Tomo
      A balança da justiça e mostro os pesos falsos. E os seus informantes relatam
      Que me encontro entre os despossuídos, quando
      Traman a revolta

      Eles me advertiram e me tomaram
      O que ganhei com o meu trabalho. E quando não me corrigi
      Eles foram me caçar, mas
      Em minha casa
      Encontraram somente os escritos que expunham
      Suas tramas contra o povo. Então
      Enviaram uma ordem de prisão
      Acusando-me de ter idéias baixas, isto é
      As idéias da gente baixa.

      Aonde vou sou marcado
      Aos olhos dos possuidores, mas os despossuídos
      Lêem a ordem de prisão
      E me oferecem abrigo. Você, dizem,
      Foi expulso por um bom motivo.

      1. Passa a régua
        Em um mosteiro Zen, conduzido por dois irmãos, o mais velho era muito sábio, e o mais novo, ao contrário, era tolo e tinha apenas um olho. Para um forasteiro conseguir hospedagem por uma noite nesse mosteiro, tinha de vencer um dos monges em um debate sobre o Zen-Budismo. 
        Uma noite, um forasteiro foi pedir asilo e, como o velho monge estava cansado, mandou o mais novo confrontar-se com ele, com a recomendação de que o debate fosse em silêncio. Dessa forma, o monge tolo não cometeria enganos. 
        Algum tempo depois, o viajante entrou na sala do sábio monge e disse: 
        — Que homem sábio é o seu irmão! Conseguiu me vencer no debate e, por isso, devo ir embora. 
        O velho monge, intrigado, perguntou: 
        — O que aconteceu? 
        E escutou a resposta: 
        — Primeiramente, ergui um dedo simbolizando Buda, e seu irmão levantou dois simbolizando Buda e seus ensinamentos. Então, ergui três dedos para representar Buda, seus ensinamentos e seus discípulos, e meu inteligente interlocutor sacudiu o punho cerrado, à minha frente, para indicar que todos os três vêm de uma única realização. Pouco depois, entra o monge tolo, muito aborrecido, e é saudado pelo irmão, que lhe perguntou o motivo de sua chateação. E o caolho respondeu: 
        — Esse viajante é muito rude! No momento em que me viu, levantou um dedo, me insultando, indicando que tenho apenas um olho. Mas, como ele era visitante, eu não quis responder à ofensa e ergui dois dedos, parabenizando-o por ele ter dois olhos. E o miserável levantou três dedos, para mostrar que nós dois juntos tínhamos três olhos. 
        Então fiquei furioso e, com o punho cerrado, ameacei lhe dar um soco. E, assim, ele ficou com medo e foi embora. E aqui, no lugar da fala, mando ver: ¨Garçom, passa a régua, fecha a conta e traz a nota, que isso aqui tá muito chato.¨

    2. Pra ele….

      Wagner F. S.: perfeito. Esquerdinha Gourmet com 3 carros de Polícia na porta de casa, enquanto critica esta mesma Polícia. Elite da Mamata e Parasitismo do Estado Brasileiro a criticar este Estado. FHC também queima uma erva. Só que o covarde só revelou publicamente quando se aposentou. Mas falando nesta Elite que vive a criticar o Estado Casa Grande Tupiniquim: Maitê Proença é um destes. Cazuza com sua “Ideologia”, filhinho de Diretor de RGT., Titãs com sua “Polícia para quem precisa de Poliicia” de endereços e sobrenomes abastados. Paralamas, que acusava “Favela da Maré” de Família Verde Oliva 4 ou 5 Estrelas…O Brasil cada dia mais revelador e transparente. E de muito fácil explicação. Elite são sempre os outros.    

      1. Alguém que é da classe opressora deve oprimir também

        Alguém que pertence à classe opressora não deve se revoltar contra a opressão, deve oprimir também, né, Zé $érgio?

        Zé $érgio você é um direitopata chucro.

        1. Redução ruim.

          Não se trata de tratar ricos com os métodos dedicados aos pretos e pobres, mas compreender que:

          – A malária, diarreia, desnutrição, infecção por parasitas associados a questões sanitárias (falta de saneamento) matam mais (muito mais) que câncer, SIDA, doenças cardíacas, mas ainda assim, os sistemas de saúde privilegiam os tratamentos e fornecimento de medicamentos às doenças que incidem mais sobre os mais ricos, justamente porque sua voz é mais empoderada e mais “ouvida”.

          De fato, não se trata de negar atendimento a ninguém, mas…

          – Se os filhos dos ricos fossem alistados para as guerras, viveríamos em paz permanente.

          – Se ricos fossem presos e experimentassem (ou pertencessem, ah, essa maldita problematizzzzzzzzzzzzzação sociológica e insuportável) a barbárie das cadeias, teríamos cadeias modelos, e arrisco dizer, prisão não seria solução de TODOS os problemas, como hoje;

          – Se a escravidão fosse uma instituição universal, podendo atingir a todos, os negros nunca teriam sido tratados do jeito que foram;

          – Se a polícia começar a baixar a porrada na Zona Sul, em dez minutos teremos a polícia mais cidadã do mundo!

          É essa a questão, e não o falso dilema: Tratar ricos como pobres ou pobres como os ricos.

          São fatos e clivagens que escapam a questão “individuais” de bwana greg quer fumar cachmbo da paz!

           

          1. A polícia tucana é a polícia mais cidadã do mundo, né?

            A polícia tucana baixou o sarrafo num dos homens mais ricos de Sampa:

            https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/25/politica/1469461005_612697.html

             

            Se prenderem o Gregório Duviviver, imediatamente, os pretos, pobres, putas e petistas deixarão de ser oprimidos e explorados?

            Você sabia que o John Kerry participou da guerra do Vietnam?

            Se os oprimidos oprimirem os opressores, eles deixarão de ser oprimidos mas se tornarão opressores e tudo continua como antes no quartel de Abrantes. Definitivamente, na minha homilde opinião, a prisão do Gregório Duvivier não acabará com a guerra aos pobres, pelo contrário, a prisão do Duvivier pode até piorar a guerra contra os pobres.

          2. Ah, sei!

            Então um tribunal revolucionário, a força empregada em uma revolução, ou melhor dizendo, a apreensão pelos oprimidos pelos métodos dos opressores é sempre ilegítima?

            Stálin então é igual a Hitler.

            Têm razão a direita venezuelana?

            Foi por essas e outras que Lula vai para cadeia e Dilma vai…vai…nem sei para onde.

            Olha, Rui continuo a dizer: você é bem melhor que essas simplificações.

            Oprimidos não lutam para oprimir opressores, mas para acabar com a opressão. E se nesse caminho tiverem que enfiar a porrada nos opressores, paciência. 

            Omeletes não se fazem sem ovos quebrados, nem revoluções sem fuzilamentos.

            Truque ruim esse seu de descontextualizar um caso excepcional para tentar vendê-lo como regra.

            Uai, se ricos, todos os ricos (e não apenas um), junto com Gregórios fossem presos e espancados, não seria esse sistema que viveríamos, e melhor e com certeza, se isso ocorrer, como eu já disse em outro comentário, no dia que bater em rico virar regra, a polícia brasileira será domesticada!

            Polícia, meu filho, é instrumento de controle de classes a serviço daquela (classe) que controla o Estado.

            Então, acho que respondi a sua dúvida.

          3. Homem de palha

            Não há divergência entre nós nesse ponto. Você criou uma falsa polêmica comigo, pois o que tá dito no meu comentário é, em outras palavras:

            “Oprimidos não lutam para oprimir opressores, mas para acabar com a opressão. E se nesse caminho tiverem que enfiar a porrada nos opressores, paciência”.

            Por má-fé ou por má-compreensão, você deturpou meu ponto de vista a fim de me desqualificar. É o que me parece.

          4. Tá bom, mas não se irrrrrite.

            Foi má compreensão.

            Mas as suas réplicsas e tréplicas encaminharam para o sentido diverso do que escreveu, então…compreensível a minha má compreensão.

          5. Não foi mal expressão, foi mal compreensão, porém…

            a culpa da má compreensão foi minha, que me expressei de uma forma que levou à mal compreensão. O ser é, o não ser não é, dizia Parmenides. Você afirma o contrário do que afirmava o Parmenides.

             Porque você acha que eu me irrito?

            Relaxa

            Você achou mesmo que eu estava irritado com você?

            Qual’é, Mermão

            Agora eu me irritei. De verdade. Porra, vou dormir e sonhar com um vale de girassóis na margem esquerda da vida

            A viagi. Lagarta pintada que foi que te pintou foi a véia cachimbeira por aqui passou

            no tempo da areia fazia poeira puxa, lagarta, nessa orelha.

            Ah, tah, rei da metrópole. Desça daí, muro fraco

          6. A força bruta só pode ser deposta por força bruta

            “As armas da crítica não podem, de fato, substituir a crítica das armas; a força material tem de ser deposta por força material, mas a teoria também se converte em força material uma vez que se apossa dos homens. A teoria é capaz de prender os homens desde que demonstre sua verdade face ao homem, desde que se torne radical. Ser radical é atacar o problema em suas raízes. Para o homem, porém, a raiz é o próprio homem. A prova evidente do radicalismo da teoria alemã e, portanto, de sua energia prática, consiste em saber partir decididamente da superação positiva da religião. A crítica da religião derruba a idéia do homem com a essência suprema para si próprio. Por conseguinte, com o imperativo categórico mudam todas as relações em que o homem é um ser humilhado, subjugado, abandonado e desprezível, relações que nada poderia ilustrar melhor do que aquela exclamação de um francês ao tomar conhecimento da existênciade um projeto de criação do imposto sobre cães: Pobres cães! Querem tratá-los como se fossem pessoas!”

            Karl Marx

            “Os Comunistas rejeitam dissimular as suas perspectivas e propósitos. Declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social até aqui. Podem as classes dominantes tremer ante uma revolução comunista! Nela os proletários nada têm a perder a não ser as suas algemas. Têm um mundo a ganhar.

            Proletários de todos os países, uní-vos!”

            Marx e Engels

    3. Quem nunca viu, não conhece e, portanto, não vai ficar chocado

      Quem já viu, conhece, não tem motivo para se chocar. Além disso, não é diamba, é liamba ou mussambê.

  2. Legalize já, uma droga natural não pode te prejudicar

    Se um helicóptero abarrotado de cocaina e duas malas apinhadas de cascai não deram em nada, porque uma selfie daria algo?

    Crime é produzir wax cuja teor de thc seja inferior a 101%.

  3. A esquerda tem sido,
    A esquerda tem sido, realmente, insuportável, como disse Gregório. Este texto é prova disso. Desculpem-me os que pensem de forma diversa.

    1. Vai então assistir os vídeos da Joice Hasselman, ou ouvir …..

      Vai então assistir os vídeos da Joice Hasselman, ou ouvir o Tio REY, aí não nos achará insuportáveis. 

  4. Gregório Duvivier enganou o Brasil

    Hibiscus Cannabicus reluz mas não é ouro, isto é, não tem thc. A planta de fundo da selfie do Gregório não é maconha, é hibiscus cannabicus. Tal planta não é ilegal.

      1. Pô, Maestri, você quer que eu ponha nus no cus?

        Vou saindo de fininho, pela tangente. Queria fumar um skank hoje à noite e ouvir ska, mas o preço tá muito alto. Hidropônica também tá cara. Vou me conformar com o tofe mesclado. Quem nasce Zé não morre Johnny, não!

  5. A luz da Matê…

    Cara mia,

    Bateste em alguns pontos cruciais…

    Dias atrás, antes de me desligar de todas as redes sociais, blogs e etc., mantendo apenas o contato com esse espaço aqui (blog do Nassif), eu li que o rapaz Gregório tinha virado uma espécie de guru do chamado pensamento progressista…

    Algo entre a obviedade rasa de Leandro Karnal e o didatismo oportunista de Jessé de Souza, ambos também alçados à categoria de “queridinhos” do pensamento “moderno e de esquerda”…

    Claro que o rapaz Gregório ainda tem uma enorme “vantagem comparativa”: Atua no campo do humor, terreno onde sofremos vários ataques desde 2002…

    Apareceu então com um “messias” nesse deserto árido e ácido de humoristas de direita, e embora reclame das cobranças em relação a essa condição (messiânica), aproveita e ganha mercado no campo de opinião que lhe favorece, o que não impede que a relação seja pautada por ruídos, idas e vindas, como toda relação política..

    E o rapaz e seu público mantêm essa relação (política) embora pelo menos ele diga que NÃO, que é apenas o descompromisso risonho da arte…(risos)…

    Em suma: O rapaz quer o bônus mas rejeita o ônus de sua interlocução com seu público…

    Como bom rezinho que é, quando admoestado, reclama da “patrulha”…

    Sabe-se que o humor, por natureza, é uma expressão autoritária, que sempre nos coloca em uma encruzilhada falsa, mas crucial da Humanidade:

    Qual é o limite entre opinião, humor e grosseria?

    O que é afinal “liberdade de expressão”…

    O humor é uma categoria de expressão que se insere na luta ideológica que se trava nos meios de comunicação de massa?

    Ao redor do mundo, intelectuais do calibre de Carlos Nelson Coutinho, Bordieu, Zizeck, etc., todos muito mais poderosos que nós pitaqueiros de blogs, debruçaram-se sobre a questão e não a resolveram:

    Somos ou não somos todos Charles Hebdô?

    Então…

    É nesse zona cinzenta que age o rapaz Gregório, com notória capacidade e fluidez…

    No entanto, cara Matê, eu não li seu texto sobre o rapaz, nem o texto dele em Carta Capital, portanto arrisco-me a palpitar sobre o que não li:

    – Em um mundo, digamos, civilizado ou “ideal”, haveria uma sensível diferente entre defender a legalização do uso e venda de drogas e a defesa do seu uso enquanto ainda é ilegal…

    Sim, suas preocupações são legítimas e nada fascistas ou retrógradas…

    Outra questão crucial (e verdadeira) surge aqui: O que é, afinal, a Lei, e mais, como funcionam os sistemas legislativos e de execução e fiscalização dessas leis em sistemas capitaistas pós-modernos?

    Em um país onde as cortes judiciais supremas são paradoxais a ponto de rasgar a Constituição para servirem a grupos de interesse (elites, mídia e psdb), enquanto posam de modernos em temas comportamentais (drogas, aborto, pesquisa de células tronco, relações homoafetivas), não é de se espantar a celeuma de seu texto…

    Eu tenho o péssimo cacoete de reduzir meus pontos de vista a proposições bem simplistas:

    – O grupo que defende o uso enquanto ilegal pode (e talvez guarde similaridade) com o grupo que defende a liberação (descriminalização) do uso de drogas, enquanto mantemos a venda ilegal…

    É o que ocorre hoje, e que consagrou uma lógica que sempre vigorou: O playbou e a patricinha da Zona Sul, o intelectual de esquerda, o pequeno burguês entendiado sempre usaram e abusaram das drogas ilícitas, e sempre (ou quase sempre) se livraram da persecução penal, seja no “acerto” direto com a repressão (“arrego”), seja com a ampla gama de defesa facultada a quem tem grana e bons advogados…

    O filho traficante da juíza, que foi até o presídio soltar o filho é claro exemplo, assim como o helipóptero mineiro…

    Enquanto isso, pequenas quantidades de droga, vendidas ou consumidas (tanto faz, tudo depende da “palavra” do policial que apresenta o “vagabundo”) condenam e matam pretos e pobres na cifra de 60 mil/ano…

    Hoje, portar drogas para consumo (artigo 28 da Lei 11.343/2006) é quase passível de um sermão, ou da entrega de um sacolão…

    Mas um playboy é considerado usuário com 100 kg de maconha enquanto o garoto favelado pega 5 a 6 anos no artigo 33 da  mesma lei por estar com 100 gramas…

    Não é preciso ser sociólogo para entender que, outra vez, se trata de uma questão com corte de classe…

    Para as classes mais abastadas, a questão do uso e abuso de drogas independe do aumento ou diminuição da repressão policial…Sim, para eles é: “Eu uso e foda-se o resto”…

    Porém, é preciso muito cuidado para desmascarar essa conduta, e não cair na outra ponta do discurso, que argumenta que é o uso que alimenta o tráfico, e por tabela, a violência dele decorrente…

    Algo como dizer que é beber uma cerveja que alimenta as estatísticas de embriaguez ao volante e por tabela, a de incidentes de trânsito…

    Não, a violência decorre da proibição, porque, como disse o rapaz Gregório, quem usa (como ele) vai usar, e ponto!

    Por isso os Estados Nacionais ao longo de TODA História da Humanidade nunca conseguiram reprimir ou proibir o uso de substâncias psicoativas…

    Ao contrário, em determinado momento, como no caso do ópio, da disputa entre China e Inglaterra, a guerra foi no sentido contrário (risos)…

    As revelações sobre o papel da CIA, DEA e os EUA na América Latina mostram que a proibição serve a um monte de coisas, menos a combater o tráfico…

    A proibição, para ser bem anitpático, serve para caras como o Gregório fazerem “graça” com a lei, enquanto milhões morrem ou mofam em masmorras bem piores que as medievais…

    Voltando ao tema principal que me trouxe aqui, eu sei que você provavelmente estava preocupada com esse aspecto de classe embutido no tema…

    Mas como eu disse, não é o mundo ideal, e é fácil que manipulem o que dizemos…

    O ataque a postura pública de um sujeito a partir da exposição dele de uma questão privada deve ter o condão de separar as coisas:

    O que o rapaz Gregório faz da sua vida, na sua casa ou com seus amigos, é decisão dele…

    Quando ele leva esses aspectos ao conhecimento público, subodina-se a censura ou aprovação de sua conduta, óbvio…mas essa censura ou aprovação é só morder a isca e jogar o jogo proposto por um cretino como ele… 

    O eixo da questão não é ele, mas sim o debate (sério, o que não quer dizer mal-humorado) sobre as políticas proibicionistas fracassadas…

    Gregório não se interessa pelo debate…ele sozinho já resolveu seus problemas, porque é branco, bem nascido e “artista”…

    Tem “HC” preventivo para delinquir e propor comportamentos ilegais…e quando instado a responder por isso diz que sofre repressão de seu direito (individualista, mas nunca individual) de se manifestar, como convém a um bom pequeno-burguês classe mérdia de viés liberal…

    Matê, permita-me dizer nesse 08 de março, se eu tivesse nascido mulher, queria ser como as maitês que escrevem por aí…

    Gregório Duvivier é mais um cretino, um cafetão de nossa crise civilizatória atual, e de fato, é engraçado…só isso!

     

  6.   Vamos voltar no tempo 100,

      Vamos voltar no tempo 100, 120, 130 anos. 

      A luta das sufragettes era em geral encabeçada por mulheres da elite, justamente por contarem com mais possibilidade de manobra – aí incluído o “respeito” de homens, inclusive da força policial, que não podiam baixar o cassetete na cabeça de bem-nascidas do mesmo modo que nas operárias. Com o tempo, a margem de manobra foi se alargando, inclusive abrangendo aquelas que, por força dos costumes e da falta de dinheiro, não podiam se dar ao luxo de ser a vanguarda de uma luta tão importante e que está longe de encerrada.

      A birra com o Duvivier vai na mesma linha. A todo momento ele busca esculachar a repressão, mostrar a hipocrisia da mesma, dizer que todos deveriam ter o mesmo espaço que ele. Infelizmente, numa interpretação diferente da que ocorreria mais de 1 século atrás, muitos o definem como arrogante, pretensioso, vazio até. 

      Não existe mudança de costumes “em linha”, com “todos” mudando de opinião ao mesmo tempo. Há que existir uma vanguarda, e sempre existem, em qualquer sociedade, pessoas num espaço privilegiado que justamente desafiam o privilégio. Assim foi com o Iluminismo, o Abolicionismo, o Feminismo. 

      Ora, não se trata de monopolizar a bandeira, mas justamente de difundi-la! O que hoje em dia se faz, inclusive numa visão pra lá de equivocada de “lugar de fala”, acaba por tornar mais dificil a mudança, uma vez que se exige uma “guetização” do discurso. É uma visão meritocrática às avessas, segundo a qual apenas quem mais sofre com determinado conceito está autorizado a discuti-lo, marginalizando e até excluindo justamente quem tem mais condições de, num primeiro momento, abrir espaços.  

    1. A libertação dos oprimidos foi geralmente iniciada de cima

      De acordo com o Filósofo e Matemático inglês Bertrand Russell:

      “No passado havia uma pequena classe ociosa e uma grande classe trabalhadora. A classe ociosa desfrutava de vantagens para as quais não havia base em justiça social; isto necessariamente as fez opressivas, limitou sua simpatia, e levou à invenção de teorias para justificar seus privilégios. Isto fez diminuir enormemente a sua excelência, mas apesar disto elas contribuíram com quase tudo do que chamamos de civilização. Ela cultivou as artes e descobriu as ciências; escreveu os livros, inventou as filosofias, e refinou as relações sociais. MESMO A LIBERTAÇÃO DOS OPIRMIDOS FOI GERALMENTE INICIADA DE CIMA. Sem a classe ociosa, a humanidade nunca teria emergido da barbárie.

       O método da classe ociosa sem deveres, entretanto, gerou enormes desperdícios. Nenhum de seus membros tinha que aprender a ser trabalhador, e a classe como um todo não era excepcionalmente inteligente. A classe podia produzir um Darwin, mas a ele se opunham dezenas de milhares de proprietários rurais que nunca pensavam em nada mais inteligente do que caçar raposas e punir invasores de propriedades. No presente, espera-se que as universidades forneçam, de forma mais sistemática, o que a classe ociosa fornecia acidentalmente e como um subproduto. Isto é um grande avanço, mas tem certas desvantagens. A vida universitária é tão diferente da vida do mundo exterior que os homens que vivem no meio acadêmico tendem a ficar alheios às preocupações e problemas de homens e mulheres comuns; além disso, suas formas de se expressar são geralmente tais que roubam de suas opiniões a influência que elas deveriam ter no público em geral. Outra desvantagem é que nas universidades os estudos são organizados, e o homem que pensa sobre alguma pesquisa original provavelmente será desencorajado. As instituições acadêmicas, portanto, úteis como são, não são guardiãs adequadas para os interesses da civilização em um mundo onde todos fora de seus muros estão ocupados demais para objetivos não-utilitários”.

      1. Hum, deixa eu ver se entendi.

        Às classes trabalhadoras por sua natureza e ocupação nunca serão protagonistas de sua própria libertação.

        É isso?

        Uau. Mas hierarquia de classes só na Oscar Freire.

        Então, para deixar de ser oprimido é preciso deixar de ser parte da classe oprimida e juntar-se ao opressor, que arrependido, fará o ato heróico de nos salvar, enquanto renuncia à sua condição de classe?

        Trabalhadores e ricos uni-vos para deixarem de ser quem sois.

        Proudhon disse algo parecido?

        Será uma volta ao socialismo utópico?

        Como eu disse lá em cima, mais um sofisma, com todo respeito.

        A “revolta” de integrantes das classes opressoras contra a opressão são até simpáticas, mas nunca serão genuinamente um ato político para além do dlletantismo ou onanismo ideológico.

        Simplesmente porque o suposto heroísmo ou relevância do ato (a revolta contra a opressão) deriva justamente do fato dele fazer parte da classe que oprime, e nunca o contrário.

        Em resumo:

        O opressor tem escolha, algo como aquele cara que é admirado porque é bilionário e tem hábitos e costumes simples e espartanos.

        O fato dele comer feijão com arroz apesar de poder comprar caviar não o colocará nunca no mesmo nível de quem não pode comprar nem o feijão com arroz.

         

        1.   “Ora, não se trata de

            “Ora, não se trata de monopolizar a bandeira, mas justamente de difundi-la!”

           

            Colega, larga esse pensamento binário. Pensassem assim 180 anos atrás, Engels não deveria ter colaborado com Marx para não roubar o “lugar da fala”, ou Marx não deveria ter aceitado ajuda em nome do mais estéril purismo – ou, agindo como agiram, deveriam ser renegados pelo proletariado por esses mesmo motivos, não é? Incrível…

        2. Eu vou ter que intercalar um post entre o do Douglas e o do Andr

          Douglas, eu transcrevi um trecho do Elogio ao Ócio, do Berttrand Russell. Lá não diz que a classe oprimida não se libertta da opressão sem a ajuda da classe opressora, o que está dito é que, geralmente, o processo de libertação dos oprimidos foi inciado de cima.

          Eu não acho que o Gregório pertença à classe opressora. Ele parece de classe média, portanto, filho de pais que não são proprietários de meios de produção.

           

          Por falar em Marx e Engels, eles escreveram no Manifesto Comunista_

          “Além disto, como vimos, sectores inteiros da classe dominante, pelo progresso da indústria, são lançados no proletariado, ou pelo menos vêem-se ameaçadas nas suas condições de vida. Também estes levam ao proletariado uma massa de elementos de formação.

          Por fim, em tempos em que a luta de classes se aproxima da decisão, o processo de dissolução no seio da classe dominante, no seio da velha sociedade toda, assume um carácter tão vivo, tão veemente, que uma pequena parte da classe dominante se desliga desta e se junta à classe revolucionária, à classe que traz nas mãos o futuro. Assim, tal como anteriormente uma parte da nobreza se passou para a burguesia, também agora uma parte da burguesia se passa para o proletariado, e nomeadamente uma parte dos ideólogos burgueses que conseguiram elevar-se a um entendimento teórico do movimento histórico todo.

          De todas as classes que hoje em dia defrontam a burguesia só o proletariado é uma classe realmente revolucionária. As demais classes vão-se arruinando e soçobram com a grande indústria; o proletariado é o produto mais característico desta.

          Os estados médios – o pequeno industrial, o pequeno comerciante, o artesão, o camponês -, todos eles combatem a burguesia para assegurar, face ao declínio, a sua existência como estados médios. Não são, pois, revolucionários, mas conservadores. Mais ainda, são reaccionários, procuram fazer andar para trás a roda da história. Se são revolucionários, são-no apenas à luz da sua iminente passagem para o proletariado, e assim não defendem os seus interesses presentes, mas os futuros, e assim abandonam a sua posição própria para se colocarem na do proletariado.

          O lumpenproletariado, esta putrefacção passiva das camadas mais baixas da velha sociedade, é aqui e além atirado para o movimento por uma revolução proletária, e por toda a sua situação de vida estará mais disposto a deixar-se comprar para maquinações reacionárias.”

          Obrigado ao Douglas e ao André. Vou refletir sobre os comentários de vocês.

          Mas não vou fumar maconha hoje, não. Quando se demora uns dias prá fumar, a viagem é mais intensa.

  7. Sério mesmo, Maitê, SERIO MESMO?

    Vamos ao ponto central da falta de argumentação fática do texto. Pq o FATO é que o Gregório há tempos fala as mesmas coisas:
    – sempre defendeu a legalidade do plantio;
    – sempre destacou o caráter étnico/racial do punitivismo do Judiciário brazuca;
    – sempre dialogou com os interessados na questão das drogas, assumindo que por ser quem é a “justiça” não o importuna e usa essa situação para escancarar a hipocrisia do sistema.

    Cansei dessa mania idiota de individualizar condutas coletivas e/ou estruturais, então nem vou entrar nesse absurdo que é destacar diferenças para negar igualdades, e vou me concentrar em denunciar apenas o que o texto quer: dar uma espécie de “carteirada feminista intersecional”.

    Sério mesmo que por causa de uns pensadores cuidadosamente selecionados eu tenho de concordar que Gregório por ser branco/rico ele não pode se posicionar ,pq isso seria narcisismo e que os tais “eixos de opressão” permitem criticar as atitudes de outros? Chegamos ao ponto de cortar o direito de fala de uma pessoa por ela ser de um grupo específico/dominante, independente de suas atitudes prévias? Não, colegas: isso não me serve, por mais permeável às diversas militâncias das minorias que lutam por suas pautas. 

    De boas: esse negócio de problematizzZZzzzZzzar tudo já deu o que tinha que dar até nas faculdades de Ciências Sociais.

    1. Sério mesmo?

      O fim da problematização:

      – Sim, humor, liberdade absoluta de expressão, e claro, uma boa dose de politicamente incorreto…

      Para que problematização, né mesmo?

       

      Como diria o “jênio” incompreendido Dario, o Dadá Beija Flor Maravilha, “não me venham com problemática que eu trago a solucionática”

      Mas afinal, quem patrulhará os patrulhadores do fim da patrulha?

      1. “Mas afinal, quem patrulhará

        “Mas afinal, quem patrulhará os patrulhadores do fim da patrulha?”

        Você, uai … Afinal, é justamente isso que vc está fazendo, defendendo acriticamente a “problematizzzZZzzzZzzzação intersecional”.

        Cansaço eterno define …

        1. Tá explicado então…

          Entendo seu cansaço, afinal, fazer tamanho malabarismo

          “(…)defendendo acriticamente a “problematizzzZZzzzZzzzação intersecional”.(…)”

          Para propor uma despolitização de um problema grave como esse é dose…

           

          Sim, assim temos:

          – Gregório sempre dialogou com “a” e “b” e outros tantos “c”…

          Isso o exime de manter qualquer coerência…ou de responsabilidade com o uso da sua imagem, afinal ele é uma “pessoa”…

          Eu não acho, a meu ver, que a decisão de usar drogas (sejam legais ou ilegais) deve ser propagandeada e contrabandeada como argumento para discussão de qualquer política pública…

          É uma decisão pessoal, e não categoria pública de discussão!!!

          Acho que propaganda de cerveja e Fórmula 1 são um contrasenso…apesar de defender o direito de Lewis Hamilton tomar umas em casa no recato de seu lar ou em um pub…

          Gérson e cigarros Vila Rica idem (levar vantagem em tudo, certo?)…

          ou “Greg Jamaica” apertando um “beise”…ou posando nos “jardins suspensos da Zona Sul”…

          Mas afinal, ele é uma “pessoa”…arf, entendi!

          Uai, mas porque ele sempre usa sua plataforma pública para lhe conferir “legitimidade”…?

          Aí fica fácil né?

          Bate na esfera pública, e quando vai apanhar, corre e bota os “óculos privados” e pergunta:

          “Você não bateria em alguém de óculos?”

          Ou em outras palavras: “a carteirada conceitual”…

          Algo como “sabe com quem está falando?”…

          Sim, entendo seu cansaço…cansa mesmo…

          Então,

          Descanse em paz… 

  8. Gregório Duvivier está do nosso lado ou do lado de lá?

    Fico impressionado com a facilidade com que, em nome de pretensos purismos ou por uma vontade irrefreável de escrever algo ao estilo “doa a quem doer”, se dissemina a cisânia entre aqueles que deveriam estar de braços dados. Perda de tempo e espaço escrever qualquer coisa que não seja em torno do golpe, da intervenção e da ditadura que se implanta celeremente no país. O resto é vaidade de quem quer simplesmente polemizar por obrigação ou por direito à polêmica.

    1. Mala tempora currunt. Será que o pior ainda está por vir?

      “Eu vivo em tempos sombrios.
      Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,
      Uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
      Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.

      Que tempos são esses,
      Quando falar sobre flores é quase um crime
      Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
      Aquele que cruza tranqüilamente a rua
      Já está então inacessível aos amigos
      Que se encontram necessitados?”

      Bertolt Brecht, Aos que virão depois de Nós

  9. Meu Maconhal em flor, quanta flor meu Maconhal.

    Ai menina, meu amor,

    Minha flor do Maconhal

    Ai menina, meu amor,

    Branca flor do Maconhal.

  10. Pau que bate em Luís não bate em João

    Não sou necessariamente público-alvo do Gregorio Duvivier, embora consuma as vezes seus textos e videos por conta dos compartilhamentos na Internet. Dito isso, me senti compelida a dar minha opinião sobre os textos. Não sou consumidora de cannabis, e posso ser convencida da necessidade de legalizá-la por questões de segurança pública, mas nunca de saúde mental. Porém, a respeito da foto do Duvivier e da polêmica gerada e não da bandeira levantada pelo próprio com sacrifícios pessoais.

     

    As pessoas adoram dar conselhos sem aderir a eles. Quer dizer, o Duvivier, o PT e só devem fazer autocríticas, só eles precisam expandir a auto-consciência. Se o Duvivier faz a crítica da esquerda do narcisismo das pequenas diferenças, isso se torna ressentimento e não apenas uma crítica que vale a pena ser refletida.

     

    Da minha parte acho uma crítica válida inclusive para o próprio Duvivier. Eu seria mais cuidadosa, mas como não se sentir moralmente levado a se defender?

     

    Por outro lado ele não pode se defender de ser acusado de “financiador do tráfico” porque se tornará refém de outra acusação moral: o pacto narcisista da branquitude. Lhe proíbem a escolha de se defender!

     

    Não importa se a verdadeira situação de envolvimento dos negros com o trafico e mesmo com a criminalidade seja uma questão histórica de concentração de renda e exploração a que todo brasileiro é submetido.

     

    Sempre penso nessas polêmicas em que se envolve o movimento negro que ao contrário de bancarem os perseguidores/patrulheiros dos privilégios alheios, neste caso tirar fotos com cannabis em que a erva é proibida, os militantes poderiam ajudar mais seus irmãos lutando pela distribuição de renda, educação de qualidade, ou seja, o estado de bem-estar social. No lugar de ficarem atacando pessoas físicas, poderiam lutar por verdadeira democracia nas instituições.

     

    Meus dois centavos privilegiados.

  11. Palpitante e canábico assunto

    Não sei quem é o cara, apareceu na minha timeline e bate 100% com minha posição a respeito de tão “palpitante canábico ” assunto. Foram 8.800 curtidas, e 2.885 compartilhamentos, ou seja, repercutiu e muito. 

    Bruno Bimbi, 02.03.2018, Rio de Janeiro

     

    O cara é rico, famoso, branco e mora em um bairro onde não tem exército, UPP, BOPE ou mandado de busca coletivo. O cara tem plantas de maconha e sabe que a polícia jamais entrará no apartamento dele. E o que é que ele faz? Publica a foto da planta em redes sociais onde é seguido por milhares de pessoas e diz, uma e outra vez, “a polícia não me prende porque eu sou branco, rico e famoso”. Escreve coluna em jornal falando sobre isso. Denuncia que a guerra contra as drogas é uma guerra contra pobres e pretos. Grava depoimento para grupos antiproibicionistas, falando que é maconheiro e tem planta em casa. Usa sua fama e prestígio para apoiar a legalização e denunciar a hipocrisia da proibição, o racismo da proibição, o classismo da proibição. Provoca a lei: venham, me prendam. Assume o risco de se colocar no lugar dos que não têm os privilégios dele. E o que é que a militância chata pra caralho do Facebook faz? Em vez de aproveitar esse apoio à causa antiproibicionista, “problematizZZzzzzZzzZzza”. Diz que o cara é um homem-branco-e-rico sem consciência dos seus privilégios (oi?). Logo ele, que denuncia esses privilégios. E bate nele como se fosse o inimigo, com textões sobre lugar de fala e outros conceitos acadêmicos que nunca entenderam. Eu não sei se é falta de interpretação de textos, ignorância ou má-fé, mas PUTA MERDA HEIN! Sim, estou falando do Gregório Duvivier. Vocês tem muita coisa que aprender dele!!

    1. Porém…

      …ele ainda é branco, rico, famoso, e a polícia NUNCA o prenderá, apesar de ele supostamente se colocar em riso…

      Está aí a problematização necessária que o chilique dele (“insuportável esquerda”) quer afastar..

      Sim a problematizzzzzzação da militância é chata, sim porque problemas desse naipe, de natureza política, enfim, o debate sobretudo isso é mesmo chato…

      Por isso que largamos de lado a política e as problematizzzzzzzzzzações, e está dando no que deu…golpe atrás de golpe…

      Não enxergar a sutileza (humoristas são craques nesse contrabando) entre defender a luta antiproibição com viés de luta de classes, e aparecer propagandeando suas decisões pessoais de consumo (que deveriam ser só dele) é muita ingenuidade.

      Mordemos a isca: Ao invés de debetermos o fim da proibição, estamos debatendo a interdição do debate (insuportável esquerda) de Greg Marofa sobre um tema que ele diz que sempre debateu…

      Coerente, não?

      Ou será que o risco que ele corre é marqueteiramente calculado?

      Sugiro então a assessoria dele outros truques, que talvez sejam mais impactantes:

      I- Pocket shows em presídios, abrigos e instituições de internação de menores infratores, falando: “sou rico, branco, famoso e por isso não estou aqui”;

      II- Palestras de sensibilização nas academias policiais;

      III- Renúncia de todos os bens para viver na favela;

      IV- Aquisição de um terreno na favela para cultivo da planta;

      V- Fumar “um” em algum programa de TV, principalmente dos canais abertos das grandes emissoras;

      VI- Palestra sobre os benefícios do uso de drogas lícitas e ilícitas em escolas infantis, a começar aquelas frequentadas pelos filhos (as), sobrinhos (as) e outros parentes dele.

      Vai ser igualmente escroto, mas ao menos vai parecer menos fake!

  12. Caramba depois de ver a

    Caramba depois de ver a polêmica “duple expresso”, aí caio nesse texto. Respeito a opinião que recriminou Gregório, não pela recriminação em si, mas porque o argumento mais uma vez chama a atenção para a falácio do “a lei é para todos”, mote da lava a jato aburdo e cínica.

    É fato que fosse um neguinho da favela estaria sujeito a receber a “visita” da polícia logo depois do selfie. Mas também é fato que a militância do Gregório pela legalização da maconha, que é antiga, é extremamente necessária, tão ou quanto.

    Na minha modesta opinião a unica forma de acabar com o crime relacionado à venda e consumo de drogas, qualquer uma, é liberando-as. Minto, não a unica, porque distribuição de renda também é igualmente eficaz.

    Portanto, do que adiantou a crítica ao Gregório, patrulha sim na minha opinião? Ajuda a causa contra a criminalização do preto pobre? Duvido. E ainda atrapalha a causa da liberalização. Entre outras causas progressistas, porque perde-se energia com brigas inuteis e inócoas.

    1. O Duviviver deve ser tratado como um negro favelado?

      O Gregório Duvivier deve ser tratado com a mesma violência que é tratado um negro favelado ou este deve ser tratado da mesma forma que é tratado o Gregório Duvivier?

      Parece que você tá exigindo não que os Negros Favelados tenham um tratamento humano mas que o Gregório Duvivier tenha um tratamento desumano.

      1. Sofisma.

        Falsa a pergunta, assim como falsas serão as respostas.

        A nenhum de nos será conferida a chance de determinar ou escolher o tratamento dado aos negros e favelados, nem ao bwana greg.

        Isso já está posto, por questões de classe, cor e local de pertencimento, justamente as premissas que greg bwana (e os comentaristas aqui) pretendem afastar para dar realce ao viés pessoal do seu ato “heróico”.

        Não, caro Rui, mesmo que ele dê com a cara na mão de um PM, ou ainda entre na frente de um caveirão, seu “sacrificio” será “fake”, porque será fruto de uma escolha!

        Negros e favelados não têm escolha, e pasme: se você perguntar, muitos deles desejariam trocar de lugar com greg bwana, e só para variar de vez em quando, assistir playboy branquinho levando um esculacho.

        1. Se não nós, quem poderia mudar as injustiças contra os negros?

          A nenhum de nós, individualmente, será conferida a chance de determinar ou escolher o tratamento dado aos negros e favelados. Mas coletivamente nós podemos mudar essa realidade de opressão dos negros e pobres.

          Se não nós, quem iria mudar essa realidade? Os próprios opressores?

          Como diriam os Comunistas, a libertação dos oprimidos é tarefa dos próprios oprimidos.

          1. Questão de classe.

            Rui, caro amigo, de verdade, não divergimos.

            Mas o fato é que bwana greg não está na categoria de oprimido, NUNCA, embora possamos admitir que ele ideologicamente não se alinhe com os opressores.

            No entanto, em qualquer tentativa de classificação séria dele (e de nós) enquanto classe (favor não pensar apenas nos aspectos economicistas), NUNCA seremos oprimidos.

            Não da forma como são aqueles que trabalham para bwana greg fumar sua marofa.

            Vou resumir:

            É como se ele (bwana greg) falasse das mazelas de trabalho escravo usando uma camisa da Zara.

            É claro que a escolha pela marca não determina o enorme sofrimento a que estão expostos os trabalhadores escravos das facções (confecções terceirizadas e clandestinas) da marca.

            Mas não podemos negar que escolher “A MARCA”, tendo consciência disso, assim como fazer apologia do uso de uma substância proibida e que por tal proibição massacra negros e pobres é pretender nos convencer que a escolha é inofensiva apenas porque ele pertence a um espectro ideológico que combate a proibição.

            E não é.

            E por que não?

            Porque, novamente, como integrante de classe mais abastada, ele nunca sofrerá os horrores destinados a quem trabalha nessa indústria “proibida”, onde a probição não funciona nunca para quem pode comprar e mora na Zona Sul.

            Um abraço.

          2. Eu não posso me revoltar conta a fome de barriga cheia?

            Xovê se eu tendi: Eu só posso me revoltar contra a fome se eu ficar esquelético?

            A maioria dos famintos se alinharia do lado dos indigestos e contra os demais famintos.

            Eu só devo me revoltar contra a tortura se eu for torturado?

            O que faz com que uma pessoa seja da classe burguesa ou da classe trabalhadora é justamente a propriedade, ou não, dos meios de produção.

            Valeu, Douglas.

          3. Rui, você é bem melhor que isso.

            Uai, então funcionário público não é trabalhador? Onde ele entra nessa classificação?

            E os donos de pequenos negócios sem empregados, são capitalistas?

            Hummm….

            Deuzolivre de ler Marx atualizado, xô perigo vermellho.

             

            Não Rui, você pode se indignar com cada injustiça, mas a sua indignação é, e será sempre, derivada de um sofrimento que só tem quem passa pela injustiça na pele.

            É o que a sociologia (e outras logias) já definiram desde o século passado, legitimidade e pertencimento.

            Se você não entender isso, pode correr o risco de militar em alguma ong de distribuição de cesta básica, ou assinando mensalidade para salvar criança através da Julia Lemmertz.

            Mais ou menos como o bwana greg decidiu: para “ajudar” o pretinho da favela que mofa nas cadeias para fornecer-lhe maconha, ele posta texto na internet pelo livre uso da “marvada”.

            Não se trata de “culpa”, e claro, podem fumar ou encherem as barrigas, mas sempre tendo em mente que para você comer ou fumar, há uma estrutura e um sistema que lhe coloca onde está, enquanto pessoa e enquanto integrante de uma classe, enquanto outros nem tem a mesma “sorte”.

            Esse desconforto, sinto te dizer, é o mais próximo que podemos chegar (eu e você) das lesões e sofrimentos daqueles que passam fome, ou “trabalham” em uma boca de fumo e mofam nas cadeis ou jazem em alguma gaveta de algum IML..

    2. Porque foi muito próximo de outro acontecimento
      http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2018/03/jessica-monteiro-prisao-maternidade-e-o-direito-a-dignidade

      E aí não suportei a demonstração de poder de classe social e de gênero. Meus processos mentais e cognitivos não permitiram eu deixar batido esse episódio.
      Juliano, geralmente tenho afinidade com suas análises, mas nesse caso não deu. Uma mulher miserável e negra presa praticamente em trabalho de parto por causa de 90g de maconha. Prisão decretada por uma promotora, também grávida. Depois de parir algemada retornou à prisão com a criança de dois dias de vida. Formadores de opinião supostamente mais à esquerda precisam suportar críticas.

  13. Insuportáveis. Ou a insustentável leveza do não-ser!

    Diria mesmo insuportável.

    Mas o problema, e eu convivo com esse problema de drogas, proibição e repressão há muitos anos (15 anos, para ser preciso), são as armadilhas e contrabandos.

    Pobre Bwana Duvivier.

    Ele é rico, famoso e branco e se arrisca para salvar o pobres selvagens das favelas, mortos às pencas pelos caçadores de cabeças.

    Sim, deus salve Bwana Greg!

    Quanta ingratidão nossa.

    ————————————————————————————————–

    Um probleminha…

    “Ai meu saaaaaco, lá vem você da insuportável esquerda argumentar coisas chatas!”

    Greg Bwana não é pobre, não é preto e nem mora na favela, e nem ficou famoso aos moldes Rogério 157 ou Nem da Rocinha.

    Então, vamos combinar, o “risco” que dizem que ele corre por tentar veicular sua imagem a uma causa que ele diz militar é falsa!

    Ora bolas, como falsa é a polêmica!

    A favela não precisa de Bwanas Gregs dizendo o que pode ou não ser fumado, e quem será ou não será preso!

    Nem a elite, nem a polícia, enfim, ninguém precisa.

    O narguilé de Bwana Greg não é nosso Santo Graal!

    Ele nunca será preso ou morto por ele É QUEM ELE É, portanto, mais uma vez, desenhando:

    Dizer que ele se legitima a falar pela favela ou pelos pretos porque corre risco é falso…Posar de marofeiro só confere um up grade ao personagem que ele vive.

    O problema é quando o cara perde a noção de limite entre o personagem e o mundo real.

    E ele nem é um, digamos, um Robin Willians!

  14. Insuportáveis. Ou a insustentável leveza do não-ser 2!

    Pretender conferir a bwana greg o título de heroi das causas antiproibicionistas porque ele “desafia” o estamento é mais ou menos como chamar de heroi da luta abolicionista o dono de escravo que resolve alforriar seus cativos, enquanto posa ao lado deles.

    Uai, o que mudará a posição relativa de cada um na foto, e mais:

    Quem nos responderá por que ele os adquiriu antes?

    São essas problematizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzações, malditas problematizzzzzzzzzzzzzzzzzzações!

    Deixa o bwana fumar a marofa dele em paz, gente insuportável de esquerda!

    1.   Lógica binária por baixo do

        Lógica binária por baixo do argumento do espantalho.

        Engraçado que ninguém chamou ou considerou o Gregório Duvivier de heroi, com a exceção dos que querem condenar a atitude dele.

        Não se trata dele ser heroi ou vilão – não é nenhuma das duas coisas, mas do fato de que tais atitudes, escancarando a hipocrisia na diferença de tratamento, reforçam os argumentos da discriminalização. Mas que azar!! Ele não pediu sua autorização antes, né?

      1. Um, dois ou um E dois?

        Nem sempre o pensamento binário é ruim.

        Há um erro clássico em quem gosta de adjetivar o pensamento dos outros de binário: Ele sempre vê isso como uma oposição, ou isso ou aquilo.

        Nesse caso, quem acha que o argumento do outro é isso ou aquilo expõe muito mais de si que o outro.

        Uso o binarismo em determinadas ocasiões, mas nem sempre é 1 ou 0, mas 1 E 0.

        Vamos lá.

        Ninguém disse aqui que a questão se resume a atos de heroísmo ou vilania, embora esse seja um recurso narrativo que, às vezes, ajuda a compreensão.

        Assim como o fato de ninguém dizer que ele quer ser herói (nem ele mesmo) não afasta a chance de que esteja agindo como tal.

        O nome disso é uso da linguagem em todas as possibilidades, e assimetrias entre a compreensão de quem ouve e o sentido pretendido por quem a emite (a mensagem).

        Policiais fluminenses detestam o rótulo de assassinos, mas frequentemente agem como tais.

        Falhei com você, André, mas vou tentar de novo:

        “Rasgar a hipocrisia”?

        Não sei.

        O fato é que, como figura que se reivindica “pública” (seja lá o que isso queira dizer), bwana greg alimenta seu capital social fazendo o que faz.

        Desenhando: há um interesse dele (legítimo, por que não?) por trás de sua cruzada pró-marofa?

        Provavelmente muitos outros tantos interesses além do ato de “heroísmo” de rasgar nossa hipocrisia, partindo do pressuposto que como destruidor da hipocrisia alheia, ele seja imune a ela (hipocrisia), como convém a…a…a um HERÓI.

        Bingo!

        É bom que ele “rasgue a hipocrisia”?

        Bem, desde que não pretenda ser a única voz ou que queira afastar qualquer crítica, rotulando desde já os críticos de insuportáveis.

        Uai, se é uma missão pública  (e não apenas um espasmo individual opinativo) de rasgar a hipocrisia, por que colar em quem discorda de sua abordagem de “insuportavél”?

        Novamente, aí que reside a armadilha: bwana greg, de fato, não se chama de herói, mas age como tal quando questionado.

        Um tipo de batman mal resolvido.

        Quando se coloca pela defesa do uso de droga proscrita, usando sua plataforma “pública” de repercussão (o fato de ser famoso), o bwana greg nem é original.

        Até ffhhcc, mesmo depois de promulgar a Lei do Abate (pena de morte para pilotos e passageiros de aviões que circulam em nosso espaço aéreo, considerados “suspeitos”), resolveu defender o uso e o usuário.

        Muitos outros artistas já surfaram a onda de propulsão de imagem que a associação com as drogas proporciona.

        Isso, ao contrário do que você imagina, só (retro)alimenta conceitos e pré-conceitos difundidos pelo populacho (atenção, não confundir com pobres, porque há idiotas em todas as classes), ou seja:

        “Rapaz riquinho, artista, fuma um baseado e depois reclama da violência que ele financia.”

        Não se iluda, é essa imagem que ele projeta. Seu “heroísmo” anti-hipócrita” só funciona aqui, entre a gente, ou pelo menos, entre alguns da gente.

        Em todos os sentidos, bwana greg presta um desserviço.

        Não se faz política antiproibicionista fazendo apologia do uso de qualquer droga, seja ela legal ou ilegal.

        Não defendo a proibição do fumo, nem da bebida, mas não me agrada a avalanche de propaganda direta e subliminar dessas substâncias, inclusive expondo crianças e pessoas vulneráveis.

        E tenho quase certeza que bwana greg também falará contra os males do alcoolismo e do tabaco, principalmente da hipocrisia de manter algumas drogas ilegais e outras na legalidade.

        Viu aí a hipocrisia de sinal trocado?

        Ou ele topo falar da correta política de legalização do álcool (não proibição), posando bêbado ou dizendo que “enche a cara” todos os dias?

        Trazer uma questão individual (usar ou não) como esteio para um debate público sobre proibição não ajuda em p..rra nenhuma, só atrapalha.

         Drogas não são inofensivas (muito pouca coisa é, é verdade).

        É preciso seriedade para tratar do tema, inclusive para lidar com hipócritas, que são a maioria e ainda legislam.

         

        Enfim, bwana greg não me pediu, e nem a ninguém, permissão para falar o que fala. Claro que não precisa.

        Assim como eu imagino que não preciso pedir a ele, nem a você também, ou preciso?

        Bem, pelas palavras do bwana greg, ratificadas por você, talvez seja preciso eu apresentar antes um index para que vocês possam dizer o que suportam e o que é insuportável eme um debate.

        Prometo que da próxima acho um meio de fazer isso.

        Att.

  15. No meu tempo….

    mais ativo nos assuntos da “sativa”, la pelos ultimos estertores da ditadura e um pouco depois, ser pego manuseando um beque, rendia croques, tapões, corredor polones um telefone que outro e mesmo um coturno 42 na canela….e em extremas ocasiões , um tirinho de revorve perto da oreia…..independente da cor ou procedencia do individuo……a unica blindagem tipo super homem era ser filho de milico…..passei algumas noites no xilindro(em diferentes momentos), sem nenhum flagrante, so por estar com os oio vermelhão e com cheiro de mato ou alguem num grupo de 7 ou 8 ter uma ponta no bolso……sendo eximio “arremesador de bagana” e “dispensador de trouxinha”, tomei tapa mais de uma vez so porque o gambé em questão não achou nada…..e sou assim mais ou menos branco mas hippieongo na epoca….epocas mais igualitarias talvez? Todo mundo tomava cacete….. naqueles tempos o Gregorio, famoso mas de esquerda, ja tinha entrado na lenha, faz tempo……..; ) e nada impede que um crazy judge/mp faça uma falseta..se fosse Greg, abriria o olho….nem que fosse pra por colirio(-.-)y-°°°

  16. Há vantagens em estar atrasado?

     

    Muitas vezes quando a grande imprensa descreve um grande acidente de avião ou de outro meio de transporte de massa coletivo aparece alguns personagens que dão graças ao seu anjo da guarda por terem chegado atrasados ao embarque.

    Pois bem, mesmo havendo o sinistro, havendo mortes e desgraças, podemos dizer que estamos há algum tempo com uma discussão que em 1968 foi simplesmente bloqueada, em termos de discussão a esquerda, sobre as transformações pós-burguesas e pós-proletária que foram implantadas de cima a baixo no mundo dito civilizado e bloquearam a discussão da esquerda.

    Os portentosos partidos comunistas europeus, que muitos atribuem as suas falências a queda do muro de Berlin em 1989, tiveram a sua erosão começada em 1968 para finalmente abalado em suas estruturas cair definitivamente com o muro. Entretanto a contestação desta organização dentro de uma sociedade que possuía uma ideologia burguesa-proletária, começa exatamente em 68.

    Vários eventos se sucederam neste ano, primeiro a guerra do Vietnam, que infelizmente teve como adversário, comemorado pela mídia internacional, um movimento anarco-escapista denominado movimento hippie. Que simplesmente terminou legando somente uma nova música que foi rapidamente convertida em dinheiro.

    Além do Vietnam tínhamos o Maoísmo, que para se criticar é necessário bem mais do que um parágrafo num texto geral, tínhamos também uma revolta estudantil que de acordo com seus críticos foi tão acadêmica e comportada que durou exatamente o que o calendário escolar permitia, começou em 3 de maio e terminou no dia 30 do mesmo mês, levando a um vitorioso resultado para a direita conservadora francesa, capitaneada pelo General de Gaulle, e começando a levar de arrasto as estruturas política de esquerda, que estalinistas ou não, foram devoradas no início por isto e no fim pelo descrédito pela cultura operária de toda a tradição da esquerda europeia.

    Mas em última instância a revolta juvenil de 1968, que no Brasil foi não parida, mas sim abortada, na Europa e USA deu origem a sucessores dos Hippies como os Yuppies. Porém poucos se dão conta que os sucessores são bem mais do que filhos e netos revoltados contra seus antepassados e que pularam ao outro extremo. Em 1968 se abriu a perspectiva de uma sociedade individualista, sem ligações burguesas ou operárias com a família principalmente nos países desenvolvidos.

    O proibir a proibição, que resultou mais na perda de qualquer memória, vínculo e respeito ao passado, resultou numa geração, que aceita a mobilidade dos capitais, pronta a se incluir nesta mobilidade desenfreada criada pelo desenraizamento tanto dos conceitos particulares como públicos. Esta nova ideologia pós-capitalista desemboca numa nova ideologia capitalista mundialista que aceita a transformação de tudo em valor moeda e tudo é passível de comercialização. Ou seja, os ideais liberais extremos aproximam-se muito na cultura do selfie como representação da cultura hedonista. Não é atoa que na bíblia do neo-liberalismo austríaco, o livro “Ação Humana: Um Trata do de Economia” de “Ludwig von Mises” praticamente coloca coma a base de toda a sua teoria, a praxeologia, que simplesmente ignorando os objetivos finais de qualquer ação humana, coloca como a única mola propulsora da humanidade a busca irrestrita da felicidade individual, em resumo, os liberais desumanizam tanto o homem como a própria humanidade. A financeirização desenfreada em si por si mesmo, é um produto da transformação do hedonismo a mola da humanidade.

    Pois voltando ao Brasil, com a intervenção dos militares em 1968, se corta o debate político, restando somente o simbólico expresso pelos movimentos culturais que são muitas vezes olhados como mais uma invasão cultural do que um produto autóctone. A cultura popular resiste, e resiste forte exatamente nos locais onde os confortos burgueses ainda não chegaram.

    Os funkeiros, que perderam por completo a ligação com o Funk norte-americano, são um dos representantes de uma música de resistência em todos os sentidos, música essa que é vista pela classe média domesticada e colonizada dominante como algo totalmente desprezível.

    Um exemplo do grau de brutalidade que o ódio desta pequena burguesia colonizada despeja sobre qualquer manifestação cultural, pode se ver na descrição pequeno burguesa dos autores da pseudo engraçada “Desciclopédia” no item Funkeiro, transbordando de preconceito de todos os tipos como por exemplo na frase que deveria ser engraçada que diz: “Esses animais espécimes vivem em bando, concentrando-se em escolas de ensino médio, praças públicas, baladas, praias e esgotos.” Ou noutro esgoto de manifestação escrevem “Aos funkeiros (Burrus analfabetus) falta muito conhecimento, principalmente acerca do que é música. Conseguem a incrível façanha de zerar uma prova de matemática da quarta série e dificilmente consegue um emprego que não seja de pedreiro ou auxiliar de padaria. Como não possuem um nível de cultura considerado mediano, tampouco questões básicas como higiene, educação financeira e planejamento familiar, acabam virando pais aos 20 e morrendo aos 30 por morrerem na mão de um traíra do bando.” Seguindo daí por diante a destilação de ódio aos pobres e pretos, ou seja, nem a propaganda de Joseph Goebbels seria tão nojenta, porque pelo menos ela não se travestiria de humor, pois por incrível que pareça tudo isto é chamado de HUMOR.

    Pois bem, enquanto a pequena burguesia discute seus grandes problemas, criados por elas mesmo, o Brasil como um país atrasado, socialmente e com uma “Elite do Atraso”, assume as pautas de discussão europeias e norte-americanas como únicas e desvinculadas das pautas sociais que matam milhares de brasileiros nos dias atuais.

    Gregório está feliz, pois se ele tem ou não uma plantação de maconha em sua casa, é um fato irrelevante, porém os milhares de “aviãozinho” que estão sofrendo dentro das nossas “belíssimas e civilizadas” cadeias nacionais estão lá não porque há uma criminalização do tráfico de maconha, mas sim porque os Gregórios da vida querem o seu direito de fumar a sua maconha, não importando ou não que milhares morram por isto.

    Resta somente saber se há ou não vantagens de estar atrasado na história, a maior vantagem é que os golpistas apesar de terem derrotado o governo reformista do PT, só tem forças de impingir falsas pautas prioritárias dentro da esquerda pequeno burguesa, que coincidentemente tem votação em locais como alternativa da direita.

     

    1. A vanguarda do atraso é culpar o usuário pela guerra aos pobres

      Então a culpa das cadeias estarem lotadas de aviãozinhos é dos Gregórios que fumam suas maconhas, e não da guerra aos pobres promovidas pelas elites?

      Deixo um funk de brinde prá você, Maestri.

       

      Senta no meu Cacete

      MC Lan

      (Cê tá muito louca, mano
      Para de ser louca desse jeito, mano
      Cê tá esquecendo tudo em casa, mano
      Cê esqueceu a… cê esqueceu sua blusa aqui, mano
      Não, mano, cê esqueceu sua blusa aqui
      Cê esqueceu seu caderno aqui
      Ow, cê esqueceu, ow
      Daqui a pouco vai esquecer a pepeca aqui, mano
      Só não esquece por que é grudada
      Grudada no meio da… do corpo
      Se não a pepeca sai andando

      Mano, mano, que maconha é essa que cê tá fumando, mano?
      Que bagulho doido, mano
      Cê tá fumando piroca, não é possível)

      Tenho um lembrete
      An, an, senta no meu cacete
      Quica no meu cacete
      Rebola no meu cacete
      Vai, sarra no meu cacete
      An, an, aprendestes?

      Tá esquecida pra caralho, novinha
      Xerecuda
      MC Lan novamente!
      Combatendo o esquecimento das xerecuda, an!

      (Ow, e se minha mina ver?
      Eu namoro, caralho
      Tá maluco, zé
      Vai ficar esquecendo sua blusa aqui?
      Esquecendo caderno aqui, mano?
      Se minha mina ver?
      Esse caderno é de quem? Esse caderno é de quem, Lan?
      Ah, não sei!
      Vou, vou falar o que?
      Vou falar que… vou falar que eu tenho uma filha)

      Vou ter que perguntar pra você:
      Aprendestes?

      Então senta no meu cacete
      Quica no meu cacete
      Rebola no meu cacete
      An, an, aprendestes?

      Quase saí da batida
      Até eu tô esquecido do bagulho
      Esquecestes?

       

      É claro que tratar as Mulheres como objeto de cama e mesa não é privilégio dos Funkeiros. O Sílvio Santos faz isso ao vivo e a cores em canal aberto, em horários privilegiados; o forró faz isso; de certa forma o Rock’n’Roll faz isso. Mas isso não dá aos Funkeiros o direito de tratar as Mulheres como eles as tratam.

      1. Essa erva estava estragada?

        Olha, mais uma vez você, meu caro Rui, tenta colocar o debate dentro de falsos dilemas.

        O texto dele não diz que a culpa das cadeias lotadas de pretos e pobres é do fumador de maconha,  mas o contrário:

        Diz que a proibição que gera essa situação (e não a decisão em si de fumar), mas ao mesmo tempo, não se pode dizer que o ato de defender o uso (ainda que exista proibição) seja inofensivo e despregado de consequências reais e coletivas!

        O texto nos diz que o fato de fumar maconha não elide a relação sua com a cadeia produtiva ilícita e hipócrita sim, mas que coloca você na condição de confortável usuário à salvo da polícia e da cadeia, enquanto seu fornecedor leva a breca, suposndo que você tenha coragem de ir na boca (ou na estiva) adquirir o seu “pretinho”. 

        Você e Greg são parte dessa engrenagem, agora o papel de cada um nele, se você se acha uma vítima inocente da hipocrisia dos conservadores ou dos chatos militantes, ou que está na mesma posição relativa do pretinho da favela, tudo bem…cada um legitima suas condutas da forma que atende aos seus interesses. 

        Mas com certeza o Greg não é o herói dessa trama.

        1. Olha o preto no branco, Douglas

          “Os milhares de “aviãozinho” que estão sofrendo dentro das nossas “belíssimas e civilizadas” cadeias nacionais estão lá não porque há uma criminalização do tráfico de maconha, mas sim porque os Gregórios da vida querem o seu direito de fumar a sua maconha, não importando ou não que milhares morram por isto”. – Maestri

          Você sabe quantas pessoas são mortas no Oriente Médio e no Norte da África a fim de que você abasteça o seu carro com combustíveis fósseise saia passeando por aí e, eventualmente, dando cavalos de pau?

          E prá você tomar seu café da manhã em Ipanema, você sabe quantos Nordestinos perdem a vida antes dos 30 anos?

          O Ferreira Gullar vai refrescar a sua memória:

           

          “O açúcar

          O branco açúcar que adoçará meu café
          nesta manhã de Ipanema
          não foi produzido por mim
          nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
          Vejo-o puro
          e afável ao paladar
          como beijo de moça, água
          na pele, flor
          que se dissolve na boca. Mas este açúcar
          não foi feito por mim.

          Este açúcar veio
          da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
          Este açúcar veio
          de uma usina de açúcar em Pernambuco
          ou no Estado do Rio
          e tampouco o fez o dono da usina.

          Este açúcar era cana
          e veio dos canaviais extensos
          que não nascem por acaso
          no regaço do vale.

          Em lugares distantes, onde não há hospital
          nem escola,
          homens que não sabem ler e morrem de fome
          aos 27 anos
          plantaram e colheram a cana
          que viraria açúcar.

          Em usinas escuras,
          homens de vida amarga
          e dura
          produziram este açúcar
          branco e puro
          com que adoço meu café esta manhã em Ipanema”

           

          Parece que quem fumou erva vencida foi você, não eu.

          1. Me ofenda, mas me defenda desse escroto do gullar!

            Meu caro, acho que você conseguiu retornar dessa “bad trip”. Ao menos, em parte.

            É isso.

            Seja gasolina, seja café, açúcar ou maconha, todo processo produtivo consiste em fuder pobres para possibilitar o consumo dos mais ricos e o lucro e acumulação dos donos do capital.

            É isso!

            Então, todas as sociedades através daquilo que pactuamos chamar de sistemas políticos e de valores (os chamados estamentos normativos) decidem o que vai ser legal ou ilegal.

            Assim como todas as sociedades, desde a mais tenra ideia de civilização, costuma defiinir o que é prioritário ou não!

            Café, gasolina parecem ser indispensáveis, já maconha, pelo menos, eu posso passar sem ela.

            Eu não concordo com as políticas proibicionistas. 

            Eu não concordo que o Estado e as sociedades devem decidir o que fazer com meu corpo!

            Mas eu entendo que os grupos e as sociedades funcionem bem melhor tratando as questões do coletivo para o individual, e nunca o contrário.

            As sociedades e Estados têm o direito de determinar o que pode e o que não pode, e deveriam buscar sempre um parâmetro mais racional e científico possível (como fazem com esse ou aquele medicamento), afastando as questões econômicas e de caráter moral.

            Porém, mesmo que eu sonhe com esse modelo ideal, as questões econômicas e morais pesarão muito mais, sempre.

            E nesse momento, a maioria esmagadora (de hipócritas, eu sei) concorda em que as pessoas se entupam de álcool, mas não possam fumar um baseado.

            Está certo?

            Na minha opinião não.

            No entanto, tenho a certeza que a melhor contribuição que alguém traz para debater e lutar pelo fim da proibição não é fazendo apologia de suas posições pessoais.

            O que eu procurei debater aqui, e você não apresentou nenhuma argumento válido (na minha rasa opinião) é isso!

            E você agora chegou perto:

            Não há consumo de nada que seja inofensivo.

            Por isso é que devemos saber o que é realmente necessário e o que não é.

            A “viagem” de bwana greg vale as vidas que a proibição tolhe?

            Como eu disse, certas questões são pessoais.

            E como ele trouxe o debate pelo viés pessoal (liberal) e por aí que o criticamos.

             

             

          2. Nem só de pão material vive o homem

            O pão espiritual é tão ou mais importante do que o pão material. O espírito está pronto mas a carne é fraca, por isso você prioriza as coisas materiais e relega o alimento espiritual a um plano secundário, quando deveria ser o contrário.

            The heal of the humanation. Jamais blasfeme novamene contra o alimento sagrado dos espíritos elevados.

            Viagenzinha fraquita. Acho que vou ouvir um rock’n’roll prá variar. São tantas as opções no repertório que eu não sei nem o que escolher

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