Focinheira no Bozo, por Mestre Yoda

Por trás do vale-tudo há também quem defenda um mínimo de civilidade. E essa gente esquisita, que defende o respeito, o amor, a dignidade, a justiça (até para os inimigos), embora minoritária, está espalhada pelo judiciário, pelas universidades, pelo parlamento, pelas igrejas.

Focinheira no Bozo, por Mestre Yoda

O Brasil é um país tão violento que só poderia, em algum momento de sua história, eleger como mandatário alguém que naturaliza o que há de mais hediondo no comportamento do Homo ignorans. Tortura, estupro, racismo, homo e transfobia, misoginia, assassinato, milícias, corrupção. Bolsonaro defende abertamente muitos desses crimes, idolatra um nazista, um psicopata torturador, xinga jornalistas, ofende homossexuais, se comporta como membro de torcida organizada.

Na sua última crise de diarreia verbal, contra o Presidente da OAB, na qual questionou dados oficiais das forças armadas sobre o assassinato, pela ditadura militar, do genitor do advogado, nem mesmo seus aliados e outros conservadores deixaram de criticá-lo. FHC falou em “incontinência verbal”, João Dólar, oportunisticamente, classificou a fala do Bozo como “inaceitável” e o Ministro Marco Aurélio Mello, do STF, sugeriu mordaça para Bolsonaro.

Marco Aurélio é um sujeito de boas maneiras da burguesia e, assim, mordaça é talvez um eufemismo para algo que expressa melhor um aparato mais adequado: uma focinheira! Colostonaro é o pitbull da burguesia nacional, alçado à condição de presidente para impor medo e resignação às minorias, o cachorro mal educado que, não sabendo controlar sua agressividade, precisa de guia, enforcador e focinheira.

Centrão, direita, MBL, ministros evangélicos caça-níqueis e outros grupos conservadores adoram passear com Bolsonaro na coleira com focinheira, como o orgulhoso dono do pitbull passeando na praça, demonstrando poder e aterrorizando os transeuntes. Às vezes os conservadores fingem estar distraídos e permitem que o presibull escape da coleira, aceitando que rosne ameaçadoramente na frente das câmaras os impropérios que, como “cidadãos de bem”, se envergonhariam de vociferar na frente das crianças.

Todos eles sabem que esse – que persegue travestis, que tem relações de amizade com milicianos, que tripudia de familiares de pessoas que foram torturadas e assassinadas barbaramente por militares psicopatas como os Bolsonaro – é o verdadeiro Bozo, insofismável, indisfarçável. Esse é o presidente que seus eleitores cristãos, no seu íntimo desejam, um mandatário que vomite ódio, que destile preconceitos, que dê voz a seus desejos, ocultos sob o manto hipócrita da caridade e do amor cristão.

O eleitor de Bolsonaro sabia que a violência contra a mulher aumentaria, que assassinatos homo e, principalmente, transfóbicos aumentariam, sabia que ele perseguiria opositores, sabia que era corrupto e hipócrita, sabia que nomearia corruptos moralistas. Pior que isso: o eleitor de Bolsonaro passou do amor a Lula ao ódio, embora não saiba explicar nem porque amava nem porque odeia, apenas repetindo frases feitas e repetidas incansavelmente em memes e posts nas redes sociais. Por isso, mesmo sabendo que Moro não respeita a lei, no caso dos processos contra Lula, defende esse vale-tudo jurídico, afinal, no Brasil, a justiça serve mesmo para fazer justiça de conveniência, para promover perseguição política, para vingança. Justiça significa, para o bolsominion, um “aqui quem manda sou eu” do mandatário. Assim, tudo bem que Moro seja o pitbull do pitbull. No condomínio é assim, na favela é assim, nos pampas é assim, na floresta também.

SQN! Por trás do vale-tudo há também quem defenda um mínimo de civilidade. E essa gente esquisita, que defende o respeito, o amor, a dignidade, a justiça (até para os inimigos), embora minoritária, está espalhada pelo judiciário, pelas universidades, pelo parlamento, pelas igrejas. Alguns são de direita, outros de centro e de esquerda, embora estejam sendo constantemente ofendidos de esquerdopatas pelos teleguiados do Bozo.

Mas um dia tudo isso terá sido somente um grande pesadelo, não tenho dúvidas. Inquisição, ditadura, tudo isso passa! Como cantou um dia o grande Paulo César Pinheiro: “as pragas e as ervas daninhas/ as armas e os homens de mal/ vão desaparecer nas cinzas de um carnaval…”. Axé!

Redação

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