Fernando Castilho
Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.
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Os elos da corrente golpista, por Fernando Castilho

Caso a parada do orgulho golpista se torne realmente um ato golpista, a Polícia poderá prender Bolsonaro, os deputados presentes

Imagem: internet

Os elos da corrente golpista

por Fernando Castilho

Há muitos elos na corrente da tentativa de golpe que ocorreu no país, mas 3 merecem uma análise neste momento:

O primeiro é a manifestação de cunho claramente golpista disfarçada de defesa do Estado Democrático de Direito, programada para 25 de fevereiro, cuja análise já foi feita no texto intitulado “Um circo de horrores montado com dinheiro público“, publicado na semana passada neste mesmo Jornal GGN. Há enorme possibilidade de contestação à lisura das urnas eletrônicas, clamor por intervenção militar e ofensas ao ministro Alexandre de Moraes, o que já justificaria a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, ainda mais se ele se empolgar e sair das 4 linhas da constituição.

O segundo elo é o envio de 800 mil reais para os Estados Unidos, admitido pelo ex-presidente, e o sumiço dos 17 milhões de reais, oficialmente amealhados por PIX, mas com cheiro forte de lavagem de dinheiro.

Bolsonaro sempre comprou imóveis com dinheiro vivo, o que nos faz deduzir que possui (ou possuía) enorme volume impossível de guardar, transportar ou enviar para o exterior. Simular contribuições via PIX de seus admiradores pode ter sido uma forma de legalizar esse dinheiro e, por que não, enviá-lo para algum país que pudesse acolher o capitão. O que ele não esperava era a retenção de seu passaporte quando da operação de busca e apreensão feita na residência de Angra dos Reis.

O advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten, vem tentando convencer Alexandre de Moraes a devolver o documento, por enquanto, sem sucesso.

Tudo parece indicar que há um plano de fuga de seu Jair do país, provavelmente para os Estados Unidos. Sem o passaporte, resta a possibilidade de fuga para a Argentina, para os braços de Javier Milei.

E o terceiro elo analisado é a intimação para que Bolsonaro compareça à Polícia Federal para depor sobre a tentativa de golpe. O depoimento está marcado para quinta-feira, 22 de fevereiro, portanto, a apenas 3 dias da Golpefest da Av. Paulista.

Estão marcados também depoimentos de Braga Neto e Valdemar Costa Neto. Se todos forem realmente ouvidos no dia 22, poderá haver revelações importantes que justificariam até a prisão dos 3 antes do domingo.

O elo mais fraco talvez seja o Valdemar, essa figura poluta que treme ao ouvir a palavra cadeia porque dela já experimentou durante 3 anos. Se não participou ativamente da confecção do golpe, limitando-se a emprestar a sede do PL para as articulações, para salvar a própria pele, poderá abrir o bico. Quem sabe?

Ainda não há data marcada para o depoimento de Augusto Heleno, outro que, uma vez descartado pelo ex-chefe, pode com o verbo solto, entregar até a mãe. >>> Leia também: Heleno sugeriu a Bolsonaro “virar a mesa” antes das eleições

Wajngarten solicitou adiamento para que pudesse ter acesso às provas contidas no processo, como se fosse possível a um advogado tomar conhecimento a sigilos, ainda mais nessa fase que é a de audiências. Em vista disso, Alexandre de Moraes despachou: “Dessa maneira, não assiste razão ao investigado ao afirmar que não foi garantido o acesso integral à todas as diligências efetivadas e provas juntadas aos autos, bem como não lhe compete escolher a data e horário de seu interrogatório”. Portanto, está mantida a data da audiência.

Em seguida, a defesa do capitão peticionou: “Dessa forma, em decorrência da falta de acesso a todos os elementos de prova, o peticionário opta, por enquanto, pelo uso do silêncio, não abdicando de prestar as devidas declarações assim que tiver conhecimento integral dos elementos”. Acovardado, como em seu depoimento anterior.

Bolsonaro usará essa convocação para reforçar o lero-lero de perseguição.

Então vejam como tudo está conectado. Rompido qualquer elo dessa corrente, teremos todos os elementos necessários para as prisões dos idealizadores da tentativa de golpe.

O ideal mesmo é que isso ocorra antes de domingo para cortar de vez o pedacinho da serpente que insiste em crescer de novo.

Mas, caso a parada do orgulho golpista se torne realmente um ato golpista, a Polícia Civil poderá prender Bolsonaro, os deputados presentes no palanque e o empresário infernal, Silas Malafaia já na quarta-feira, 28 de fevereiro.

A semana promete e começou com a bomba humanitária que Lula lançou sobre Netanyahu.

Fernando Castilho é arquiteto, professor, escritor e colunista do Jornal GGN

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Fernando Castilho

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

4 Comentários

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  1. “In hoc signo vince”. Existe sedimentado na cachola do pensador literalmente medíocre brasileiro, e militar, em geral – a piedosa, centrada, patriótica – a ideia estúpida de que todos os problemas brasileiros estão na origem da civilização baseada no catolicismo. E aí eles se preparam pra redimir o Brasil com pastores, por natureza , todos caudatários dos Estados Unidos.

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