Paulo Pimenta: “Esse ministro da Justiça tem que ser responsabilizado”, por Marcelo Auler

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Paulo Pimenta: “Esse ministro da Justiça tem que ser responsabilizado”

por Marcelo Auler

Valdir Pereira da Rocha, ao ser preso em julho passado.

Valdir Pereira da Rocha, ao ser preso em julho passado. Três meses depois, foi assassinado na cadeia pública de Várzea Grande (MT). Quem é que pagará por isso?

A morte de um preso dentro de uma cadeia virou algo banal neste país. Tanto assim que a grande mídia, aquela que se preocupa quando os seus direitos são afetados, nem liga para estes fatos. A vida humana já não vale muito. De um preso – independentemente de culpa ou não – pelo jeito, vale menos ainda

No blog, relatamos o drama de Valdir Pereira da Rocha na postagem Quem é que vai pagar por isso?. É como se nada tivesse acontecido. Todos se calam, embora muitos fiquem estarrecidos, como admitiram ao conversarem com o blogueiro. Mas, medidas concretas para apurar o que houve, não se conhece.

Coube ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS) fazer a cobrança na Câmara dos Deputados. Foi uma iniciativa. Mas ainda é pouco. Já era tempo de a Câmara, o Senado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a própria Secretaria Nacional de Direitos Humanos e qualquer outro órgão de defesa dos Direitos Humanos adotar medidas mais concretas para investigar o que realmente ocorreu.

Por que não uma comissão para ir ao Mato Grosso apurar o que houve? O que falta para ouvirem a mãe da vítima, a advogada Zayne El Kadri e a viúva, Vanicélia de Melo Raimundo?

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Na denúncia encaminhada por Zayne El Kadri à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o relato do que fizeram com seu neto com cinco anos incompletos.

 E não é apenas  a morte de Valdir que merece uma apuração detalhada, mas as denúncias que ele e o irmão fizeram de que suas famílias foram pressionadas. Em documento encaminhado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), a mãe dos dois denunciou que seu neto, com menos de cinco anos, foi levado da cidade onde mora para a Polícia Federal em Cárceres (MT). Lá, foi pressionado:

“O filho de Leonid El Kadre de Melo, com apenas cinco anos incompletos foi levado junto com a mãe para prestar declarações com delação premiada. O menor foi interrogado e forçada a dizer onde estava o pai, Leonid El Kadre de Melo, afirmar que ensinava a manejar armas e confessar as barbáries do pai e que possuía armamentos escondidos. Essa criança não teve acompanhamento de assistente e psicossocial, nem Conselho Tutelar e Ministério Público”.(sic)

São acusações graves que a advogada e mãe dos dois presos fez há tempos na Polícia Federal de Mato Grosso e na 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba aonde corre o processo pelo qual seus filhos foram presos. Mas, até hoje, não houve explicações para tais fatos. O juiz Marcos Josegrei da Silva, como mostramos na postagem anterior citada acima,

“entendeu que a reclamação já tinha sido direcionada para quem de direito (PF/MT), pois nos autos da Operação Hashtag não há nada que comprove essa situação”.

Isto significa que será a própria Polícia Federal quem irá investigar as pressões feitas na família? Não seria o caso de se apurar através de uma comissão independente?

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. então,….

    … todo mundo sabe do “ótimo relacionamento” … que o atual “ministro” da Justiça tem com a comunidade carcerária,..  prenderam o cara, …  não tem como provar atividade terrorista, … e aí, … acontece isso.

    Daí o povo “desconfia” …  e o sujeito tem siricutico em público…

  2. paulo….

    Cadeia no Brasil é PPP. PÚBLICO privada? Realmente público PRIVADA. Onde estão os polítcos, entidades civis como OAB e organismos de Direitos Humanos? Onde está o Poder Judiciário nesta “fantasia” de ataques terroristas e nestas prisões comandadas por lunáticos? Basta visitar uma cadeia no país e constatar quem está preso e o porque de condições medievais. Preso de crime “protegido” organizado não fica detido. Foge, auxliado pelo sistema (narcotraficante foi liberado por desembargador de SP, em condições e sentença esdrúxulas. Quem “comanda” o crime?). Onde estão as escolas, o esporte e o lazer que esvaziariam as prisões? Mas a maior aberração, o mais animalesco das condições carcerárias. Familiares de figurões presos na Penitenciária da Papuda se escandalizaram com as exigências para visitação dos presos, e as humilhações e constrangimentos, principalmente mulheres são submetidas. Resolveram tais incovenientes para presos com livre acesso ao poder com transferências, liberdade assistida e prisões em prédios militares e da PF. A maciça maioria dos presidiários brasileiros continuaram submetidos às masmorras medievais. E o silêncio  e a omissão voltaram a ser a regra.     

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