Cresce fenômeno da “mobilidade pendular” nas regiões metropolitanas de SP

Jornal GGN – Uma pesquisa conduzida por cientistas do Nepo (Núcleo de Estudos de População) da Unicamp (Universidade de Campinas) mostrou que o fenômeno da “mobilidade pendular”, que acontece quando grandes contingentes populacionais precisar se deslocar de uma cidade para outra por conta de trabalho e estudo, está mais intensa a cada ano. Pelo menos três milhões de pessoas acima dos 15 anos de idade se enquadram no perfil, movimentando-se entre os 173 municípios que compõem quatro regiões metropolitanas – Baixada Santista, Campinas, Litoral Norte, Vale do Paraíba e São Paulo.

Calculada tendo como base os dados do Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), conclui que a média do crescimento populacional destas regiões, entre 2000 e 2010, é ínfima se comparada ao percentual de pessoas que precisam se deslocar entre cidades diariamente ou regularmente. O crescimento populacional no período foi de apenas 1%, enquanto o deslocamento de pessoas saltou 76% a partir dos anos 2000 – justamente a época de emergência das regiões metropolitanas.

“As experiências e histórias dos processos de ocupações das regiões metropolitanas mostram que não há muita preocupação no sentido de tornar mais eficaz a mobilidade da população. O grande desafio atual é reduzir essa mobilidade das pessoas e tentar fazer programas para aproximá-las das suas atividades, seja de trabalho ou estudo. E não é isso que temos visto infelizmente”, avalia o demógrafo José Marcos Pinto da Cunha, pesquisador do Nepo e um dos autores do estudo, que destaca que o fenômeno da pendularidade espelha processos de ocupações desiguais do espaço.

Para ele, os lugares onde as pessoas moram dependem muito mais do nível aquisitivo e dos interesses do mercado imobiliário do que propriamente das ações governamentais. “A pendularidade reflete a expansão das atividades econômicas, envolvendo quem é capaz de desenvolver tais atividades. O Estado, em qualquer dos níveis de atuação, tem feito muito pouco no sentido de romper essa apropriação desigual do espaço urbano, que temos observado desde sempre. Tem um passivo muito grande. Ele pode ser solucionado, mas não é de fácil solução”, expõe.

Desafios

Os pesquisadores afirmam que o desafio do atual cenário está no sentido de o poder público não somente regular a ocupação do espaço urbano, mas intervir na forma de ocupação. É por isso que outras localidades mais distantes vão surgindo com o passar dos anos, pela falta de políticas públicas de loteamentos e de habitações em cidades como Campinas. “Não é para menos que o município de Campinas é um dos campeões de ocupações no Brasil. Se o poder público não dá direito à cidade, as pessoas ocupam”, considera.

O pesquisador José Marcos da Cunha explica que o estudo tem por objetivo diagnosticar as tendências e características do fenômeno da mobilidade pendular nas quatro regiões metropolitanas de São Paulo e apresentar soluções para o processo de interação e a chamada “complementariedade socioespacial”. “O estudo desse fenômeno pode contribuir para o diagnóstico do processo de estruturação desses espaços e, sobretudo, para mitigar deficiências existentes em termos de política habitacional, de transportes, de saúde, educação”, justifica o professor da Unicamp.

Com informações da Unicamp

Redação

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