Xadrez de Lula e do fim das utopias, por Luís Nassif

Nem o desastre do bolsonarismo, da pandemia, da ameaça de golpe parecem ter o condão de acordar um país que desaprendeu de sonhar

Peça 1 – as circunstâncias do jogo

Os 6 anos de Temer-Bolsonaro não significaram apenas o desmonte do Estado brasileiro. A longa conspiração contra a democracia, inaugurada oficialmente com o mensalão, provocou um desequilíbrio de toda ordem, um enfraquecimento inédito do Executivo, um protagonismo indevido do Supremo, do Ministério Público Federal, do poder militar, das religiões evangélicas, do mercado, um caos institucional e político que abriu espaço para o bolsonarismo – que se tornou força política polarizadora com o PT.

No início da conspiração, com o mensalão, os quadros do PT com maior conhecimento sobre os sistemas de poder – José Dirceu, José Genoino, Luiz Gushiken – foram expelidos e Lula passou a contar apenas com sua intuição. Houve um interregno com a crise global de 2008 e o imenso sucesso de Lula enfrentando a borrasca e transformando o Brasil em modelo de democracia consolidada.

Foi o momento máximo da auto-confiança de Lula. Nos anos seguintes, o mundo cairia sobre ele, o PT e Dilma Rousseff e sobre a democracia brasileira, vítimas de uma conspiração que perdurou durante toda a década e que só diluiu quando o então Procurador Geral da República Rodrigo Janot investiu contra Michel Temer e Aécio Neves, rachando a frente golpista, mas deixando o campo aberto para Jair Bolsonaro.

A vitória sobre Bolsonaro, em 2022, foi a última enorme contribuição de Lula para a democracia.

Ele assumiu o poder com as seguintes restrições:

– um Estado desmontado;

– um Congresso instável passível de abertura de processos de impeachment a qualquer momento;

– o enorme poder do mercado-mídia de fazer barulho por qualquer coisa. Vide exemplo da Petrobras, que manteve uma política de distribuição ampla de dividendos, mas que foi considerada insuficiente.

Por outro lado – e a própria pesquisa Quaest demonstrou – a maior força que se tem no país é o anti-bolsonarismo, maior até que o anti-petismo.

É nesse quadro que Lula preparou sua estratégia defensiva.

Peça 2 – o jogo das concessões sucessivas

Quando Lula torna-se presidente, em 2002, a grande oposição era a social-democracia do PSDB – contaminada pelo liberalismo de Fernando Henrique Cardoso e. desidratada depois da morte de Mário Covas. A estratégia de Lula foi trazer o PT para a social-democracia, disputar o centro-esquerda, ocupando completamente o espaço do maior adversário. Ao PSDB restou aderir ao discurso de ódio da mídia e ao moralismo evengélico. Quem não se recorda de José Serra entrando em uma casa e lendo a Biblia, ou de sua esposa acusando Dilma de assassina de crianças?

Agora, o grande adversário é a ultradireita e a disputa se dá em torno da centro-direita liberal. Lula repete o mesmo movimento inicial, mas, agora, ultrapassando os limites da social-democracia, buscando ocupar o espaço no liberalismo raiz. Sua estratégia é desenhar um governo liberal, seguindo todos os trâmites do mercado.

É um movimento muito mais radical e perigoso porque, de um lado, começa a provocar frustração em parcela relevante de sua base e da centro-esquerda independente, sem sinais de que Lula esteja sendo assimilado pela centro-direita. Cada concessão é interpretada mais como sinal de fraqueza do que de convicção e gera mais cobranças sobre outros temas, do que adesão.

Até agora, ele surpreendeu nas seguintes situações:

– as declarações sobre o passado, enterrando qualquer tentativa de justiça de transição, como a Comissão dos Desaparecidos.

– a ordem para que nenhum ministério celebre o golpe de 1964.

– o projeto de lei dos aplicativos, endossando a propostas das empresas e afirmando que o trabalhador, hoje em dia, não quer mais a CLT. 

– a fixação na meta de déficit zero, deixando a descoberto universidades federais, o sistema de ciência e tecnologia, os salários do funcionalismo público.

– a falta de qualquer ação em relação aos militares golpistas. Deixou todo o trabalho para o Supremo Tribunal Federal.

– o atendimento de demandas salariais apenas de forças de segurança.

– a completa inação em relação ao golpe da Eletrobras, uma empresa estratégica.

Peça 3 – as consequências

A estratégia permitiu avançar em algumas frentes liberais. Aprovou uma boa reforma tributária; conseguiu uma melhora, ainda que tímida, na economia; trabalha em políticas de transição energética embora com metas pouco explícitas; apresentou um ensaio de política industrial cujo prazo precisou ser estendido para que as metas fossem mais definidas; conseguiu melhorias na arrecadação, mas que não irão reverter em mais investimentos públicos por conta do arcabouço fiscal.

A aposta é em uma melhoria lenta da economia que permita colher frutos mais adiante.

Por outro lado, a posição passiva tornou Lula alvo fácil de ataques dos mais ridículos. Critica-se porque bancos públicos aumentaram o crédito (para o setor privado), porque o presidente falou em genocídio em Gaza, porque não atacou Maduro, porque a Petrobras não esvaziou seu lucro com distribuição total de dividendos.

Não se trata de um problema de comunicação – conforme algumas explicações simplistas -, mas de falta de um projeto de futuro. O projeto de Lula parece ser apenas o de aguardar as obras do PAC para poder aparecer nas inaugurações.

De concreto, se tem:

– um afastamento gradativo das bases, especialmente dos mais pobres;

– mesmo com o Plano de Neoindustrialização, uma incapacidade de mobilizar o setor produtivo;

– como previsto, uma recuperação tímida da economia, que não permitirá colher frutos este ano, chave para as eleições municipais e, para os anos seguintes, aguardar apenas vôos de galinha;

– a falta de uma bandeira mobilizadora, mantendo o governo refém do Congresso;

Os sonhos de um Brasil grande, capaz de romper com a ultrafinanceirização, que alimentaram o mito de Lula 2010, viraram um retrato na parede. Assim como a imagem de um ministério atuante, a fantástica orquestra de 2008-2010 conduzida por um maestro entusiasmado. A meta é chegar inteiro em 2026, ainda que com indicadores medíocres. Em suma, um segundo governo FHC, mas sem as loucuras do antecessor. E, no final da linha, enfrentar uma ultradireita babando, tendo à frente um arremedo mais perigoso de Bolsonaro: o governador paulista Tarcísio de Freitas.

Peça 4 – O Sr. Crise pede o chapéu

O Brasil sempre foi movido a crises. Foi a crise das contas externas que levou Getulio Vargas a impedir o livre fluxo de capitais, iniciando a industrialização brasileira nos anos 30; a crise da Segunda Guerra que deu as bases para o grande salto de investimentos em infraestrutura; a crise energética que abriu espaço para a criação de Furnas; a crise de 2008 que transformou Lula em persongem da política mundial.

Agora, nem o desastre do bolsonarismo, da pandemia, da ameaça de golpe parecem ter o condão de acordar o país. Definitivamente, é um país que desaprendeu a sonhar.

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Luis Nassif

16 Comentários

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  1. A coisa toda é mais grave do que você imagina, Nassif. Vou dar um exemplo singelo.

    Nos anos 1990, quando eu era um jovem advogado, o juiz de uma das Varas do Fórum de Osasco proferiu decisão abusiva no processo de um cliente meu. Ao invés de liberar o dinheiro em meu nome ele mandou eu anexar nova procuração nos autos e determinou que o Cartório intimasse pessoalmente o cliente para ele eventualmente receber diretamente a quantia. Meus honorários seriam cobrados por conta do resultado no processo, então fui conversar com o juiz.

    A conversa começou rapidamente a azedar. Ele disse que já tinha tido problema com um advogado que havia se apropriado do dinheiro do cliente. Eu perguntei se a pessoa havia me acusado. Ele disse que não. Então eu disse que não poderia ser responsabilizado por atos de um colega em outro caso. Ele disse que manteria a decisão. Furioso, disse que nesse caso ele é que estava presumindo que eu era ladrão e o informei que tomaria providências. Ele se levantou e foi para a sala reservada dele e eu sai da sala de audiências batendo a porta.

    Dois ou três dias depois impetrei Mandado de Segurança no TJSP contra o ato dele. O relator me conferiu a liminar para impedir o juiz de pagar qualquer quantia diretamente ao cliente. No final, o Mandado de Segurança foi julgado procedente e o TJSP reconheceu que não era necessária uma nova procuração porque aquela que havia me sido conferida não havia sido revogada. Fim de história. Nunca mais tive um problema como esse.

    Não tive… até o início deste ano. Um juiz de Osasco voltou a fazer aquela exigência absurda. Imediatamente ajuizei Mandado de Segurança contra ele e o representei no CNJ. Apesar dos precedentes específicos, o relator do Mandado de Segurança se negou a processar o Mandado de Segurança dizendo que eu não tenho direito líquido e certo. O corregedor do CNJ rapidamente arquivou a representação dizendo que o juiz não havia cometido nenhuma infração administrativa, considerado exagerada minha alegação de que ele presumiu que eu sou ladrão. Obviamente eu recorri das duas decisões. Mas o resultado é previsível. O caso do TJSP eu terei que levar ao STJ; o do CNJ vai direto para o STF, porque o corregedor costuma indeferir o processamento de recursos administrativos.

    A Constituição de 1988 elevou a dignidade do advogado, considerando-o indispensável à administração da justiça. Ela também obriga as autoridades a presumir a inocência de todos até o trânsito da sentença penal condenatória. Tudo isso é letra morta, pois na fase atual os juízes podem PRESUMIR QUE OS ADVOGADOS PRETENDEM ROUBAR OS CLIENTES.

    Mas os jornalistas que espalham Fake News sobre a inocorrência de dois golpes de estado (em 2016, bem sucedido; em 2023, fracassado) são presumivelmente inocentes. Eles não estão contribuindo para a destruição do que resta da democracia brasileira.

  2. The dream is over, para nós, um por cento. Para outros tantos, tudo é possível no empreendedorismo; se desencanto é geral, para tantos a saída nao é coletiva. Se algo acontece na base, como pequenos movimentos sociais, patrocinados por parlamentares esquerda – fato! -, isso nao se torna o zeitgeist pq nao ha mais espaço. Se fatores fim utopias sao multicausais, saídas tb.devem ser várias. Parafraseando aquele assessor Clinton: é o lucro, estúpido. É o logro, o engano (quiçá autoengano). Perdemos, nós q tanto amávamos a revolução… (claro, fazemos um pouquinho aqui embaixo, sem qq perspectiva. Nem lamentamos [mentirinha].)

  3. O foco é jogar fora “o pobre que quer mandar na gente”.
    Pode pintar tudo de ouro: continuará a ser “o preguiçoso e ‘malandro’ de macacão azul” que quer mandar em nós. É cultura escravista na veia.
    Em verdade… estamos tentando ganhar tempo.

  4. Muito complexo…Muito!

    O cenário das causas é um cipoal de teses e hipóteses, sendo um trabalho hercúleo a pontuar as causas perdurantes no processo histórico.

    De meu simples ponto de vista:
    a) Enquanto não desenvolver um canal midiático forte, vai ficar refém da narrativa de Folhas, Globos e quejandos. Tem que “dar a volta por trás do cupim”, como se diz no jargão do interior mineiro, para criar um veículo forte…
    b) Outro ponto: precisa impedir ocupantes de cargos religiosos e militares de concorrerem à eleições, salvo se abdicarem da função.
    c) Só consegue barrar o Congresso se virar a narrativa e mobilizar a sociedade. (o que depende dos dois pontos anteriores). Caso contrário… será essa presidência manca por dois mandatos.
    d) Precisa de ministros políticos, como era Dino, e os técnicos nos postos certos. O Ministério não pauta nada, parece uma máquina passiva, a recriar o passado de 2002, sem o calor da novidade. Salvo Marina e Haddad, os demais não despertam manchetes, embora tenham bons, como na saúde e o Silvio Almeida.

    Então, ou o companheiro passa a jogar algo similar a uma realpolitik no terreiro, deixando um pouco o proscênio internacional, ou será comido pelos Liras, Malus e Mervals.

    P.S.: não existe pronunciamentos nacionais, não desmente nada, não vende o peixe. Uma inércia que contagia!

  5. Lula III, O Breve.
    (O fim de uma Era).

    Desde os mais extremados opositores, até seus eleitores e correligionários petistas, há um certo consenso no ar…não sobre temas como Hamas versus Israel, ou 08 de Janeiro…

    Sobre tais questões, o conflito se rejuvenesce a cada rodada de manipulação rasteira da GloboNews, ou a cada surto de boatos nas latrinas digitais…

    Eu falo sobre um marasmo, uma sensação de total imobilismo, como se estivéssemos atolados em um tipo de areia movediça, ou como naqueles pesadelos, que tentamos nos mover ou correr do perigo, e nos afundamos cada vez mais ou não saímos do lugar…

    O governo Lula atual manteve-se imóvel, sem qualquer traço da inventividade (ainda que restrita) demonstrada em outras oportunidades, entre 2003 e 2011.

    Não é honesto dizer que a causa dessa imobilidade é que a economia foi destruída por seu antecessor…isso não é desculpa, pois em 2002, Lula assumiu o país em meio a uma cataclisma econômico, com reservas cambiais de menos de US$ 40 bi, com uma dívida externa considerável, juros nas alturas, inflação escalando, e câmbio em movimento desfavorável…

    É verdade que o bolsobosta também deixou a situação ruim?
    É…

    Só que FFHHCC deixou igual ou pior…

    Em 2002 Lula ainda enfrentava a desconfiança dramática, chantageada pelo mercado, que o obrigou a adotar a receita do mercado (a famigerada Carta aos Brasileiros), ipsi litteris, e só em 2004 ou 2005 começou a ter uma folga, muito pela puxada da economia chinesa e o preço das mercadorias primárias…

    Em 2023 não…apesar da polarização brutal e o desmonte do Estado, não muito diferentes de 2003, Lula chegou já dizendo ao que vinha, e com a vantagem de ter vencido alguém desprezado (apesar de ter sido com ele que a Faria Lima foi, assim como a mídia, e o Judiciário), e que naquele momento simbolizava morte…

    Em 08 de Janeiro, Lula ganhou outra chance de se reinventar e dobrar seu capital político.

    Escolheu partilhar esse capital, justamente, com aqueles que ajudaram a provocar o processo histórico que desembocou no quebra-quebra…O STF, a mídia, o centro político, etc…

    Afinal, o que catzo está acontecendo com Lula?

    Primeiro, o óbvio…a idade…

    Lula não tem mais tempo, e só resta a ele consolidar seu personagem histórico…

    Nesta biografia há muito simbolismo, mas é só isso…e símbolos não enchem a barriga da História (nem do povo)…

    Olhando os números, Lula não alterou, significativamente, a curva de desigualdade, nem entre 2003 e 2011, nem agora…

    Tanto é verdade que bastou a sucessão de um governo hostil às políticas assistencialistas, junto com a recessão mundial, e a faixa de pobreza voltou a níveis ainda piores que estavam em 2002…

    Lula não (re) industrializou o país, não alterou nossa condição de exportador de “pau brasil”…

    Os grandes feitos até aqui?

    O calabouço fiscal e a reforma tribu(o)tária…

    Aperto de um lado, como manda o mercado, e nos impostos, o mesmo: pagam os pobres, e ricos não pagam ou sonegam sem punição…

    Na segurança pública, o PT e o governo Lula são vergonhosos, espremidos entre a culpa de defenderem direitos humanos e a incapacidade de elaborar e executar políticas de segurança eficazes, até porque, isso requer a quebra de paradigmas e discussões colossais, as quais o PT e o governo não detêm expertise, e pior, coragem de encaminhar…

    Lula não modernizou as FFAA, ao mesmo tempo que deixou intactas as estruturas de poder e politização das forças, fato duramente constatado em 08 de janeiro…

    Qualquer criança um pouco mais dotada sabe que um presidente precisa de generais de sua confiança, ou seja, Lula assumiu e governou 09 anos até aqui, e nunca mandou um general golpista para reserva, ao mesmo tempo que nunca promoveu a general nenhum oficial de sua confiança…

    Isso é básico…

    Ao contrário, temos comedores de picanha e pintores de meio fio que, ainda assim, colocam medo na vida civil…

    Nem vou citar a trapalhada da ABIN e do GSI…essas agências fariam corar Inspetor Clouseau, Johnny English e o Agente 86, juntos…

    Lula, o PT e o governo não mudaram as relações com as casas parlamentares, e hoje têm menos força nas casas que já tiveram…

    Hesitaram entre um jogo que não sabem fazer bem, pois dizem não gostar (mentira!!!), e a necessidade de inaugurar novas formas de relação…

    Lula não tem tempo, e nem terá um legado além da sua própria figura carismática…

    A maior novidade hoje do governo, sem sexismo, é Janja, que nem é governo (e nem é tão nova assim), e nem é desejável como interlocutora, pelo simples fato de que ela é, como mandam os protocolos, a mulher do presidente…

    Ninguém, exceto os oportunistas, negociam ou conversam temas institucionais e políticos com alguém que dorme com quem detém o poder…

    O outro problema do governo Lula também é baseado em um corte geracional, mas poderia ser resolvido, se Lula não estivesse preocupado em tornar Lula maior que é…

    Em 2002 em diante, Lula sofreu uma oposição ferrenha, da mídia, judiciário, empresários, etc…

    Jogaram até a pia da cozinha nele…e no PT…

    No entanto, uma diferença crucial:

    Havia um antagonismo estruturado e institucionalizado, o PSDB e aliados…

    O jogo era cruel, mas era jogado dentro de regras e caneladas que respeitavam as tradições e cacoetes da política…

    Hoje não…

    E o PT e Lula parecem ainda atordoados e incapazes de entenderem que dizer que “vamos lutar pela democracia”, ou que somos os “mocinhos” não emociona mais ninguém…

    Ao final do primeiro ano de mandato, Lula, PT e aliados estão completamente imobilizados pela pauta da extrema-direita, ora na defensiva, ora atacando a esmo, sem condições de escolherem alvos com eficiência…

    Não sabem em que estão atirando, e imploram que Bolsonaro fique no posto de vilão antagonista, e nesse processo empoderam ainda mais o protaganismo judiciário, uma das entidades mais nefastas no país…que sobreviveu ao boboca do sejumoro, e dá as cartas como um Lex Luthor, com o alforje cheio de kriptonita…

    Há uma aprovação inercial de Lula, que mantém as hostes do governo e do PT em aparente segurança…

    Porém, esse local não permite ao PT e ao governo se movimentarem para propor nenhuma agenda…nada…só agem de forma reativa…

    No campo econômico nada além de enfiar os rabos entre as pernas a qualquer rosnado do mercado…

    No Congresso, a situação é igualmente lastimável…

    Alguns se perguntam se já não estamos no parlamentarismo…

    Com a crise capitalista, que parece não apontar uma saída, as representações políticas mudaram as suas naturezas e conformações, onde não se trata mais de interlocução de lado a lado, mas que cada lado grite mais alto que o outro…

    Enquanto isso, Lula e o PT seguem querendo convencer a galinha (nós) que é possível fazer um acordo com o tigre, porque ele jurou que é vegetariano…

    Por isso, primeiro eu dou risada, mas depois sinto pena do pessoal do PT de Campos e do Estado do Rio…

    Reivindicam um mito (Lula) cujo único resultado prático que trouxe para a legenda em sua facção fluminense foi a indigência, o nanismo político, muito em parte por causa dos militantes do RJ, é verdade, quando aceitaram, sem questionar, que SP fosse o epicentro, ou pior, o buraco negro do PT nacional…

    Mesmo assim, não dá para isentar de culpa o mito Lula, que tocou esse processo de paulistização do PT nacional, em seu benefício, com mãos de Stálin…

    Sobrou pouco espaço para sonhar….

    Como dizem os Racionais MC’s “você é do tamanho de seus sonhos”…

    1. Bom, seu texto é nevrálgico, assim como sói ao de Nassif. E porquê não transformar este pseudo comentário naquilo que o é, Nassif? Quê tal transformar o comentário do Douglas Barreto em “Opinião do Leitor”, “Você Escreve (Vi O Mundo”)? É um belo apanhado. Muito bem tramado, tecido.

    2. È sem falar que Lula está criando aos poucos uma mini PM quê são as guardas municipais è sem nenhuma lógica,guarda tem que cuidar dê praças e prédios da prefeitura,hoje nas periferias è melhor tomar enquadro dê PM do quê dê guarda è uma truculência sem limite, ou Lula coloca esse gênio prá dentro da garrafa ou ó STF fará mais uma polícia, vide quê ó STF votou a adf dos guardas ou seja sindicato dos guardas querendo ser policia através do STF. Nao precisamos de mais uma polícia, precisamos de empregos, um projeto de nação.

  6. Existe muita gente lucrando com o quadro do País. Mesmo aos trancos e barrancos o Brasil não vai levar um tombo. Quem de fato paga a conta é toda aquela parcela da população que faz as tripas de coração pra poder seguir em frente. Há pouco estímulo entre os empreendedores de arriscar quando as perspectivas não são claras, não há a demonstração de que se queira enfrentar tudo aquilo que limita as condições do País. No campo político ficou muito difícil discutir e negociar saídas para os problemas. Qualquer coisa vira motivos pra apresentar pedidos de impeachment mesmo sem motivo real que justificasse. Basta um grupo grande o necessário entender que quer. Uma permanente ameaça institucional se estabeleceu após o impeachment de Dilma Rousseff e os efeitos “Lava a Jato”. Motivar o País nesse cenário fica difícil. Para conquistar a confiança do empresariado basta mostrar futuro. O diálogo entre as instituições tornou-se mais difícil. Ninguém quer ficar somente no seu quadrado. Normalizar o quadro institucional requer o empenho de todos. Com a mediocridade com que anda a política em que não se respeitam acordos, será complicado Lula unificar o Brasil pra sair do atoleiro em que o País está.

  7. Lula fez muitas concessões, e pra periferia uma das grandes loucuras de Lula foi deixar o STF certificar a adf dos guardas municipais ou seja uma categoria querendo se tornar mais uma polícia, depois da adf ter sido aceita e julgada os guardas estão agindo como uma mini PM nos municípios, depois de aprovada estão agindo como policia mesmo o STF deixando claro que são guardas que cuidam do patrimônio, faço bico a noite de uber e falo com toda certeza, hoje é melhor tomar enquadro da polícia militar do que guarda, guarda é de uma violência terrível, como disse o senador na ditadura o problema é o guarda da esquina e o pesadelo se tornou na democracia, ou Lula põe guarda como diz a constituição ou será tarde, será mais uma pm

  8. Pobre não tem utopia, amigos. Se datarmos a aspiração utópica do ser humano em Platão, ou Thomas Morus e Campanella, ou os assim chamados socialistas utópicos do tempo de Marx, veremos que essa aspiração faz parte do imaginário burguês ou elitista, de qualquer forma. O pobre nunca se preocupou com o que ‘poderia ser’, mas com o que ‘é’. Lula, enquanto sindicalista, era um homem preocupado com os resultados práticos de sua ação: ganho salarial, melhoria das condições de trabalho, etc. Como político, é “obrigado” a lidar com abstrações político-filosóficas para alcançar efeitos práticos em sua ação; e, nesse terreno, ele não se sente à vontade. Fica preso ao elemento utópico, cria e serventia das classes dominantes. A fome e a pobreza são realidades restritas aos pobres; os ricos as veem como ‘segurança alimentar’, ou ‘pessoas menos favorecidas’. A utopia é isso: ver coisas duras, cruéis, pelo filtro de eufemismos destinados a aliviar a consciência da elite, e não baixar ainda mais a autoestima dos desvalidos. Por isso as utopias nunca se realizam. Acena-se com elas para manter as coisas como estão, uma promessa eternamente a espera de realizar-se. Nosso alvo não deve ser o inalcançável, o sonho impossível. A utopia não pertence ao mundo das coisas exequíveis. A práxis de Gramsci, por exemplo, sim. Mas essa consciência de necessidade de mudanças paulatinas, concretas, práticas, só se obtém com educação. E enquanto nós nos preocupamos com o fim das utopias, eles estão nomeando os nikolas e as de tonis para postos chave do legislativo. Percebem?

  9. Xadrez-Nassif sempre ajudando a organizar o pensamento e provocando para ir além

    Penso que outro grande desacerto da intuição* de Lula foi não ter apostado firme na Reforma Agraria tendo tudo na mão: experiência exitosa do MST reconhecida mundialmente com suas tecnologias sociais e agrárias, um mundão de terra devoluta irregular para distribuir e fazê-las cumprir o papel social constitucional e milhares de desalentados, desempregados, desalojados do seu território originalmente rural vivendo precariamente no contexto urbano hoje com 70% da população brasileira amontoada!
    Impossível fazer reforma urbana sem antes esvaziar a população que só está lá porque foi expulsa de seu lugar!
    Acho que o brasileiro parou de sonhar pois sonhar na cidade tem menos estrelas …

    Gratidão por manter viva a memória, a história do meu país que amo embora me faça sofrer tanto!
    Cordiais saudações

    * o governo é quase todo muito fraco! depois q Dino foi enclausurado no STF, perdeu a graça!

  10. O governo Lula tem alguns graves problemas.
    Não existe comunicação com o povão, pois o Pimenta é pessimo no que faz.
    Um ministério fraquissimo demais, sem expressão.
    E o Lula andar mais pelo país e mostrar a cara para o povão.

  11. Às favas, a realidade… Então é isso que nos resta?

    À regra, a exceção Antonio Uchoa Neto a movimentar-se abraçado à dita nesse xadrez das lamentações: “E enquanto nós nos preocupamos com o fim das utopias, eles estão nomeando os nikolas e as de tonis para postos chave do legislativo. Percebem?”

    Não, Antonio, não percebem, como ainda não perceberam o robusto contraponto bolsonarista, há dias na Paulista, para salva-lo de justa prisão, as nossas robustas ausências no Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, em 2018, para impedi-lo de injusta prisão, efetivada a toque de caixa pela lavajateira, ao correr de inacreditáveis 580 dias, substancialmente apenas na companhia sempre presente e fiel do povo do MST, esse sim com direito a debulhar-se em lamentações do ‘sonho acabou’, mas não, mantendo-se na luta a pelejar além do verbo e da fácil prostração, pela simples e fervente razão que, enquanto vivos, “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”, não procuração a ser cobrada virtualmente, sentados.

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