CCJ quer cassação de Cunha e nega recurso do peemedebista

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deve ser julgada pelo Plenário da Câmara, entendeu a maioria da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta manhã, ao negar o recurso do deputado e o parecer do relator, Ronaldo Fonseca (PMDB-BA), que recomendava que o caso retornasse à estaca zero.
 
Fonseca argumentava que a votação que aprovou a cassação pelo colegiado deveria ser anulada por ter ocorrido em meio eletrônico e não nominal ao microfone. Uma maioria de 48 deputados não concordou com o parecer. O presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-BA) transferiu a Max Filho (PSDB-ES) a relatoria do novo parecer favorável à cassação de Cunha. 
 
A decisão ocupou três sessões do colegiado para analisar o parecer de Fonseca, a favor do peemedebista. A intenção dos aliados de Cunha era adiar, ao máximo, o julgamento do caso, fornecendo tempo a Cunha de adquirir apoio suficiente do Plenário da Câmara.
 
Com isso, deputados aliados tentaram por diversas vezes obstruir a votação, com sucessivos requerimentos para que fosse adiada. Mas todos eles foram negados pela Comissão.
 
Ainda que sem sucesso, as manobras dos parlamentares que defendem o mandato de Cunha geraram o atraso do julgamento do plenário para depois do recesso parlamentar, agora em julho, a partir do fim desta semana. Além da falta de tempo antes do recesso branco, o mais novo presidente eleito já anunciou que o caso ficará para depois.
 
Em fala, minutos após o resultado da eleição desta madrugada, Rodrigo Maia (DEM-RJ) deixou claro que a votação contra o mandato de Cunha precisará de quórum suficiente em Brasília. Ao ser questionado de quantos deputados precisariam estar presentes, na avaliação do novo mandatário, Maia respondeu “algo próximo” do quórum obtido na sua eleição. A votação de ontem contou com quase 500 parlamentares do total de 513 da Casa.
 
Em agosto, contudo, além das eleições municipais, o país também estará voltado para outros dois epicentros: as Olimpíadas 2016 e o julgamento final do impeachment de Dilma Rousseff. Motivos contundentes para o artífice das manobras protelar o fim de seu mandato. 
 
Cunha foi acusado por adversários de tentar intimidar outros parlamentares, ao alegar, em sua defesa, que se for cassado, outros 117 deputados indiciados em investigações também serão. “A covardia que podemos ter hoje, pode amanha ser um precedente que pode prejudicar muitos”, disse, anteriormente.
 
Apesar de contestar que a fala foi uma ameaça, Cunha voltou a dizer que “alertou” os deputados para o fato de que as irregularidades cometidas contra ele podem passar a virar regra, fazendo referência aos parlamentares envolvidos em algum tipo de denúncia ou investigações de corrupção. 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Seria interessante para o

    Seria interessante para o país a publicação dos nomes dos deputados que, mais uma vez, defenderam o bandido: quem defende bandido, bandido é. Fora com essa rafuagem que nos empobrece! Chega de dar cobertura midiática a esses criminosos de colarinho branco. Que mais precisariam para se convencerem que estão defendendo o indefensável criminoso? Que negociatas acobertam nessas defesas espúrias?

  2. O poder de fogo do delinqüente não acabou.

    Prezados,

     

    Enganam-se os que pensam que Eduardo cunha está morto ou que aceitará passivamente ser cassado e perder o foro de ser julgado pela 2ª turma do STF, onde tramou com GM e toffoli pela absolvição. Estejam certos de que até o fim de agosto muitos acordos entre Cunha e baixo clero serão feitos; instrumentos para chantagear o enterino não faltam a Eduardo Cunha. Se o traíra-golpista-usurpador-corrupto descumprir o pacto, Eduardo Cunha deve colocar muita m…. no ventilador, de modo que o enterino e a quadrilha que o acompnha no assalto ao Executivo Federal se vejam obrigados a renunciar.

    Quando o JS tarja-preta ameaçou traí-lo e abnadoná-loe Paulo ‘afrodescendente’ mandou-lhe um recado pela imprensa: “Não se abandona um líder ferido na estrada”. Se o enterino ameaçar abandonar EC, este pode lhe mandar um recado mais duro e direto. Como disse o grampeado Romero Jucá: Temer é Cunha, ou seja, Temer está nas mãos de Cunha.

    1. façamos uma pequena correção,

      o cúnha não manda recado, vai jantar com o presidente intestino. e manda conversa direta e pessoalmente.

  3. Bom. Com a derrota elástica

    Bom. Com a derrota elástica de Rogério Rosso ontem, e a votação acachapante de hoje, é necessário deduzir que os ratos estão abandonando o navio.

    Porém é muito claro que uma parte dos deputados – inclusive o novo presidente da Casa – quer condenar Cunha, mas só depois do julgamento do impeachment no Senado. Porque Cunha condenado antes pode deflagrar um processo autofágico de grandes proporções na Câmara.

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