– Chamem o carrasco… Já publiquei todos os comentários no Facebook!

João Luiz Alves foi um fiel escudeiro de Artur Bernardes, presidente que manteve o Brasil sob estado de sítio durante quase todo seu governo https://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_Bernardes. Como prêmio ele foi nomeado Ministro do STF, cargo que ele ocupou de 24 de janeiro de 1925 até morrer em 15 de novembro daquele mesmo ano. A carreira política dele, narrada no website do Supremo Tribunal Federal http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=143, evidencia a politização do judiciário brasileiro.

Dois fatos curiosos não foram mencionados no perfil oficial daquele ex-ministro do STF: o discurso de posse e o que ele teria dito antes de morrer.

“Após uma nervosa carreira de político, feita á custa dos seus recursos de jurista habilissimo, chegára João Luiz Alves, em 1925, ao posto de ministro do Supremo Tribunal Federal.No dia da sua posse, aí, foram palavras suas, iniciando um discurso:

– Fecho um livro da minha vida pública, e abro outro.

E concluira.

– Que Deus, o Supremo Juiz, me ampare e inspire!

Adoecendo logo, seguiu para Paris, onde falecia pouco depois. E ao morrer, foram estas as suas últimas palavras.

– Chamem o contínuo… Despachei todos os feitos!…” (O Brasil Anedótico, Humberto Campos, livraria José Olympio, São Paulo, 1936, p. 141)

A seriedade de João Luiz Alves não tem sido uma fonte de inspiração para os membros do Judiciário e do Ministério Público. Muitos deles não só se recusam a despachar rapidamente os processos, como perdem bastante tempo postando comentários impertinentes no Facebook.

Vítimas da própria vaidade, as autoridades brasileiras seguem enterrando no Facebook não somente a dignidade da Justiça, mas principalmente a Lei Orgânica da Magistratura e a Lei Orgânica do Ministério Público.

https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/sergio-moro-sob-a-otica-da-lei-organica-da-magistratura

https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/conserino-e-o-pai-dos-burros

A Lei Orgânica da Magistratura e a Lei Orgânica do Ministério Público foram concebidas para assegurar a dignidade da justiça. Mas elas caíram em desuso. Tanto isso é verdade que nos últimos anos as redes sociais fizeram pelo Brasil o que nenhum pesquisador foi capaz de fazer: expor publicamente a bestialidade de alguns membros do Judiciário e do Ministério Público. Citarei abaixo apenas alguns episódios.

https://www.bocaonews.com.br/noticias/politica/polatica/139083,juiz-que-suspendeu-nomeaaao-de-lula-defendeu-queda-de-dilma-nas-redes-sociais.html

https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/346502/Promotor-ofende-defesa-de-Lula-com-foto-de-macaco-e-%C3%A9-criticado-pela-OAB.htm

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/desembargadora-do-rj-acusa-marielle-de-ter-sido-eleita-pelo-comando-vermelho/

https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/marx-e-hegel-amigos-inseparaveis

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2018/03/15/internas_economia,666211/juizes-e-procuradores-paralisam-nesta-quinta-por-auxilio-moradia.shtml

Em 1925 não existiam nem computadores, nem Facebook. Portanto, o Ministro do STF referido no início não estava em condições de postar selfies e comentários na internet. Duvido muito que ele fizesse isso. Há um século, ainda que fosse politizada, a distribuição de Justiça era cercada de uma seriedade e uma sobriedade que deixaram de existir. Suponho que os maiores prejudicados pela escandalização da atividade político-judiciária serão os próprios juízes e promotores.

 
Fábio de Oliveira Ribeiro

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