Governo Temer faz jogo bruto para aprovar PEC 241, por Tereza Cruvinel

Jornal GGN – O governo Temer jogou pesado para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o gasto público à inflação por 20 anos. Além do jantar no último domingo com 300 deputados – e que custou mais de R$ 100 mil para os cofres públicos, de acordo com informações da imprensa – o governo apela para uma campanha que diz que vai “tirar o Brasil do vermelho” e agentes do mercado falam em “abismo” caso a medida não seja aprovada.

Tereza Cruvinel, em sua coluna no Brasil 247, afirma que, se a PEC passar o produzir a retomada econômica, serão criadas as condições para a vitória de uma aliança conservadora, liderada pelo PSDB, nas próximas eleições. “Temer terá cumprido o papel que lhe destinou PSDB nos acordos do golpe do impeachment”, afirma, completando que o presidente e seus aliados terão sido “bois de piranha” para emplacar o projeto tucano.

Leia a coluna completa abaixo.

Do Brasil 247

O jogo bruto do governo para aprovar a PEC 241

Tereza Cruvinel

O Governo Temer joga tudo na manhã desta segunda-feira (10) para aprovar na Câmara a PEC 241, que congela o gasto público por 20 anos. São necessários 308 votos. Não chegaram a 300 os deputados que participaram ontem do jantar com Temer, organizado como demonstração de força. Para um domingo à noite, um grande feito. Para uma batalha de vida ou morte, o comparecimento não garantiu a vitória. “Mais e já se aprova a PEC”, disse Temer ao saudá-los. O problema são os oito. Ou melhor, são os outros, que não tendo ido ao convescote. Poderão votar contra ou favor.

Se a emenda passar na Câmara em primeiro turno, Temer terá contentado as forças de mercado que cobram sua disposição para adotar medidas amargas de ajuste fiscal. Depois, colherá os efeitos populares de uma medida que comprometerá os serviços públicos essenciais, como educação e saúde, desmontará a rede de proteção social criada nos últimos anos e invadirá a competência dos futuros governantes que, para se livrarem do cabresto, terão que aprovar outra emenda constitucional.

Há muitos anos, talvez desde a votação dos decretos do arrocho salarial imposto pelo FMI no tempo de João Figueiredo, o último ditador-presidente, um governo não jogava tão pesado, dentro e fora do Congresso, para aprovar uma medida econômica. O descalabro é obra do PT e “vamos tirar o Brasil do vermelho”, diz a campanha oficial. Sem a PEC o país vai para o abismo, dizem agentes do mercado e analistas da mídia. Aos congressistas, oferecem o discurso do caos e as vantagens do fisiologismo. Aos críticos da medida, a lembrança da fragorosa derrota eleitoral sofrida pelo PT.

Governistas estão confundido a indiscutível rejeição aos candidatos petistas com sinal de aprovação ao Governo, embora os índices de Temer continuem magérrimos e o grande ganhador tenha sido o PSDB, não o PMDB. A derrota do PT decorre de sua desidratação moral, pelo que fez e pela forma como foi contado o que fez. Não guarda relação com expectativas positivas em relação ao Governo Temer, até porque o pleito ocorreu antes da abertura da caixa de Pandorga, que começa justamente agora, com a votação da PEC 241. Depois virão a reforma previdenciária, a trabalhista e, ainda que estas não venham tão cedo, a população sentirá os efeitos do congelamento do gasto público.

O caminho da emenda ainda é longo, faltando o segundo turno na Câmara e os dois turnos no Senado. Se ela passar, e produzir a retomada do pulso da economia, que persiste em estado comatoso, começarão a ser criadas as condições para uma vitória da coalizão conservadora liderada pelos tucanos na eleição presidencial de 2018. Temer terá cumprido o papel que lhe destinou PSDB nos acordos do golpe do impeachment. Terá sacrificado qualquer veleidade política, inclusive sucessória, para pavimentar o caminho dos aliados. Seu governo e passará a inspirar mais confiança aos agentes do mercado e do empresariado, mas a popularidade e as chances de o PMDB emplacar um nome próprio na sucessão serão remotíssimas. Temer e os seus terão sido bois de piranha do projeto tucano. Se assim for, no futuro os peemedebistas hão de se perguntar: pois é, para quê?

O governo vai jogar pesado e a oposição, com pouco mais de 100 votos na Câmara, fará uma luta de guerrilha no plenário. Será a primeira grande batalha depois do golpe. Uma batalha que moldará o futuro e se refletirá na sucessão.

Redação

10 Comentários

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  1. hh se fosse a Dila fazendo um

    hh se fosse a Dila fazendo um jantar desses para aparovar um projeto desses, o que os tocadores de panela e a esquerda DCE iam fazer ??

    Agora as panelas estão guardadas, a esquerda DCE Cirandeirx está nos DCEs, de onde NUNCA deveriam ter saído.

    Engraçdo como um aumento de ônibus, infinitamente menos grave que essa PEC provoucou uma revolta gigante e agora nada !!!

  2. Apesar de eu me envolver

    Apesar de eu me envolver constantemente com economia eu não estou conseguindo entender o que Temer pretende com esse projeto, e é óbvio que ele trata o mesmo como algo crítico… para alguma coisa.

    Eu digo isso porque se este projeto passar a valer o Brasil na prática passaria a investir menos e investindo menos seria menos dinheiro na economia, e com menos dinheiro na economia a recessão aumenta ao invés de diminuir. Que parte do projeto Temer está escondendo? Porque da forma como foi anunciado é uma receita para desastre ao invés de recuperação da economia brasileira, e não imagino como um desastre econômico seria beneficial para o partido dele ou para os seus aliados.

    Ou, ele enloqueceu ao ponto de realmente tentar entregar tudo para os garotos de Wall Street (os “rentistas”) e dane-se o país quando a bomba explodir? Que se eu li com atenção o projeto não coloca limite algum no pagamento de juros da dívida pública (um ralo de dinheiro), o que portanto sugere que Temer talvez estaria tentando redirecionar todos os recursos do governo para o pagamento de juros.

  3. Definitivo

    O contrato social – FOLHA

    hélio schwartsman

    “Podemos, é claro, rejeitar a PEC, imaginando que, com isso, generosamente asseguraremos mais dinheiro para investimentos sociais. O problema dessa posição é que ela ignora que os recursos à disposição da sociedade são finitos –e que nós já estamos raspando o tacho.”

    …………………………………………………………………………………………………………………..

    “Diante das pouco atrativas opções, eu votaria a favor da PEC, que tem a virtude de tornar explícitos os conflitos distributivos com os quais lidaremos. O populismo ficará mais difícil. “

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2016/10/1821745-o-contrato-social.shtml

  4. A salvação da pátria

    A PEC 241 vai reduzir os gastos do governo de 19,5% do PIB para 15,5% até 2026, o mesmo nível de 2004. Isto é, vão ser retirados os avanços feitos nos últimos anos.

    Os efeitos na saúde e educação irão logo aparecer, principalmente no SUS, com a participação da população idosa aumentando de 12,1% para 21,5% nos próximos 20 anos.

    A população ainda vai atribuir, por algum tempo,  a culpa aos governos do  PT.

    Eventualmente, a ficha vai cair, e a população irá perceber que foi enganada quando acreditou que a PEC 241 era a salvação da pátria. 

     

  5. Ou é 8 ou 80

    Até tu? Assim também não, dona Tereza Cruvinel, sabe fazer conta não? ( …e que custou mais de R$ 100 mil para os cofres públicos, de acordo com informações da imprensa )  Um site fajutíssimo, um tal de brasilverdeemarelo soltou o boato ontem de que o convescote teria custado R$ 30 milhões, e a galera nadou de braçada na rematada bobagem, foram zilhões de compartilhamentos, deliraram em latinhas de caviar a R$ 25 mil e vinhos a R$ 30 mil a garrafa. Um show. Aos fatos. Falaram em 300 deputados, outros falaram em 400, vê-se nas fotos que as senhouras dos deputados também foram participar do regabofe. Dando de barato, 500 pessoas, no mínimo. A R$ 100 mil, dá a quantia de R$ 200,00 por cabeça. O que foi servido? Cachorro quente com salsicha Pif Paf e molho de lata? Esse é o preço para uma pessoa em qualquer restaurante meia boca de SP, fora bebida. O buffet que executou o jantar cobrou entre R$ 1.000,00/pessoa (altamente improvável, a esse preço não sobra os 20% para devolver, em dinheiro vivo, ao responsável pela licitação, que tem que dividir com outros) e R$ 3.000,00 por cabeça. Ficamos assim entre R$ 500 mil e R$ 1.500.000,00 (mais provável). Se foram mais de 500 pessoas, um pouquinho mais…

  6. Podem soltar Lula: com PEC 241 eleição vira concurso de Miss

     

    >>Podem soltar Lula: com PEC 241 eleição vira concurso de Miss, por Ciro d’Araújo, Marcos Villas-Bôas & Romulus<<
     

     ROMULUS
     SEG, 10/10/2016 – 22:31
     ATUALIZADO EM 11/10/2016 – 06:46

    Podem deixar Lula solto: com PEC 241 eleição presidencial vira apenas concurso de Miss
    Por Ciro d’Araújo, Marcos Villas-Bôas & Romulus

    >> NÃO IMPORTA QUEM VAI SER ELEITO EM 2018. Lula vai estar inelegível ou preso, mas mesmo se não estiver, se ele for eleito o programa que vai governar não será o dele. Pode ser a Dilma, pode ser o Ciro Gomes, pode ser a Luciana Genro. Simplesmente NÃO IMPORTA. Teremos eleições, eleições irrelevantes. A única minimamente relevante será a legislativa, e apenas na construção da SUPERMAIORIA <<

    >> Ciro d’Araújo:
    Amigos, eu estava tranquilo da vida (na medida do possível), até que resolvi LER a PEC 241.

    O Romulus sabe que eu sou favorável ao ajuste fiscal. Acho inevitável que seja feito. Sabe também que eu acredito numa consolidação fiscal de longo prazo, aos poucos. Um ajuste estilo “Levy”, intenso e rápido, eu sei que nunca daria resultados.

    Porém nada pode justificar essa excrecência que é a PEC 241.

    Primeiramente, a PEC 241 é literalmente o novo pacto constitucional seguido da ruptura institucional. Muita gente dizia que não haveria (haverá) eleições em 2018. Eu agora tenho certeza que haverá, e essa eleição será absolutamente irrelevante. O programa que tomará posse já está definido aqui.

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     (i) PEC 241: “eu quero é que pobre se exploda!”; (ii) acima da Constituição só as Tábuas da Lei, não é mesmo, Dallagnol? 

     

    1. PSDB

           20 anos, que nada, esta PEC 241, que será aprovada com emendas, durará no máximo até 2019/2020, data-limite para o término do “trabalho sujo”.

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