Na coletiva da intervenção, perguntas tiveram que ser escritas para análise prévia

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Foto: Tânia Rego/Agência Brasilriointerv01.jpg

da Revista Forúm

Na coletiva da intervenção, perguntas tiveram que ser escritas para análise prévia

por Redação

A imprensa só foi informada minutos antes da coletiva sobre a intervenção militar que teria que escrever as perguntas em um papel para que passassem por uma análise prévia; Braga Netto, o general interventor, escolheu quais responderia – a maior parte delas da Globo

A entrevista coletiva para tratar da intervenção militar no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (27), foi mais um pronunciamento do que uma entrevista coletiva. Os jornalistas não tiveram a liberdade de perguntar ao longo da entrevista e tiveram que escrever suas questões em um papel para que passassem por uma análise prévia. O general Walter Souza Braga Netto, nomeado interventor federal, escolheu cerca de 10 perguntas para serem respondidas, a maior parte delas da Globo e da GloboNews.

“Senhores, no grito não funciona”, teria dito o general, de acordo com relatos, a jornalistas que não tiveram suas perguntas respondidas. A assessoria de imprensa do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), um dos órgãos envolvidos na intervenção, informou que as questões que não foram respondidas deveriam ser enviadas posteriormente por email.

Pelo Twitter, o jornalista britânico Dom Phillips, que escreve para veículos como o The Guardian e Financial Times, denunciou que foram respondidas somente perguntas da Globo e do jornal O Estado de São Paulo. Perguntas de jornalistas estrangeiros não teriam sido contempladas.

“Vale a pena notar a coletiva de imprensa da Intervenção Federal de hoje com os generais no Rio. Apenas perguntas escritas. Isso não foi anunciado de antemão, apenas nesta manhã. Várias questões para a Globo e o Estado. Nenhum para a imprensa estrangeira. Nem para a Folha”, tuitou Phillips.

 

 

Laboratório do Brasil

Entre as poucas perguntas que se dispôs a responder, o general Braga Netto não deu nenhuma informação concreta sobre quais serão os próximos passos da intervenção, se limitando a dizer que a primeira medida a ser adotada será a instalação do gabinete que coordenará a ação. “Logo após a instalação do gabinete, o general Sinott vai tomar uma série de providências dentro da segurança pública para que a população perceba a sensação de segurança”, afirmou.

Ele também aventou a possibilidade de a intervenção militar no Rio de Janeiro servir como uma experiência a ser implantada em outras regiões do Brasil.

“As inteligências, elas sempre funcionaram. Quando você centraliza e unifica o comando, a tendência é que isso agilize o trabalho de inteligência. O que deverá ocorrer agora é uma maior agilidade. O Rio de Janeiro, ele é um laboratório para o Brasil. Se será difundido o que está sendo feito aqui para o Brasil, aí já não cabe a mim responder”, disse.

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

7 Comentários

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  1. Vai que alguém perguntava

    Vai que alguém perguntava quanto que é 7×8, ou a capital do Brasil, ou se a Terra é plana?

    Do que esses três paspalhos entendem?

    É muita burrice junto… seremos sempre subdesenvolvidos.

  2. Uma intervenção farseca só

    Uma intervenção farseca só poderia ensejar uma “entrevista” do mesmo naipe. A mente militar é tão pré-condicionada que se sair um milímetro do script eles se perdem. Evitaram as perguntas porque certamente não saberiam responder. Dúvidas há se realmente eles tem plena consciência da missão imposta por um governo deslegitimado, desqualificado e entreguista. 

    Segurança pública não é brincadeira de soldadinho. Requer antes de tudo discrição, iniciativa e liberdade de ação. Aspectos totalmente alheios à mente e ao agir militar. 

  3. Prá Não Dizer Que Não Falei de Flores

    Nassif: quando eu digo que não precisamos de Forças Armadas as vezes a “autocensura” do Blog não me deixa seguir. Mas o general deu a resposta, nessa coletiva onde só perguntas do pessoal do Jardim Botânico tinham direito a resposta.

    Voltando, Forças Armadas é prá defender o País de inimigos externos, normalmente e também profissionais de armas, onde meia dúzia mandam milhoes à morte em nome de interesses comerciais, disfaçados de princípios e idoelogias.

    Como somos fundo de quintal, nem inimigos externos conseguimos ter. O Paraguai foi invenção inglesa e portenha.

    De tempos em tempos, aqui e ali, aparece um de farda querendo falar grosso com o Susscerano.

    Hábil como poucos ele dá um tempo e logo manda os Vassalaros, que são diversos e donos dos meios econômicos e de comunicação, desbancar o desinfeliz. Nem vou fulanizar para evitar delongas.

    Ora, se for para bater e atirar na população civil e agir como Capitão do Mato, para substituir ladrões e traficantes  antigos por outros atuais, gastar mais de 100 bilhões de reais para manter tal pessoal é caro e despendioso.

    Os bate-paus comuns fariam isto (como sempre o fizeram) e poderiam assim continuar. Muito mais baratos e eficientes.

    E quando dão coletiva de imprensa fazem questão de responder a todo mundo, sem privilêgios. Afinal, apesar de Vassalos, sabem compreender mais da alma popular que soldadinhos de chumbo.

    Prá quê Forças Armadas? Desenhe… Pois, falando, tá difícl entender.

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