Ronaldo Bicalho
Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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O capitalismo brasileiro em crise

Enviado por Ronaldo Bicalho

Do Canal IE

Neste programa da série Crise, do Canal IE, Eduardo Costa Pinto, Professor do Instituto de Economia da UFRJ, fala sobre as dimensões econômica, política e institucional da crise do capitalismo brasileiro.

 

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

7 Comentários

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  1. Mais claro do que isso

    Mais claro do que isso impossível. 2015 foi o ano do suicídio. Um suicídio explicado pela tentativa absurda de repetir o Lula 1. Temer, que parece não ter no fundo nenhuma ideia a respeito de economia, acentua a linha de 2015, com a entrega definitiva da economia aos dois bancos nacionais e aos sistema financeiro internacional.

    Há, no entanto, sinais contraditórios. Por um lado, reforça-se o discurso do ajuste fiscal. Por outro, a revisão da meta abre espaço para uma política fiscal de sustentação de demanda. O que pensam na verdade os dois bancos que mandam no Brasil não está nada claro.

    Se de fato forem coerentes com o discurso que os seus empregados (jornalistas tipo Sardenberg e economistas tipo globo news) divulgam na imprensa, vamos para o desastre econômico e político. Dificilmente o que resta de democracia sobreviverá a isso. Mas terão força e vontade política para levar em frente esse desastre? Ninguém sabe.

    Se houver lucidez por parte desses dois bancos, compreenderão que o colapso da democracia provavelmente os devorará. Sim, porque dificilmente eles mesmo comandarão o regime que emergir do desastre, que não pode ser outro a não ser o militar. E entre os militares há, como sempre, uma linha nacionalista.

    As alternativas políticas democráticas são: (1) eleições gerais e constituinte em outubro; (2) recondução da Dilma como chefe de estado e governo de uma ampla frente democrática e nacionalista até as eleições de 2018. O grande problema é a construção de uma maioria política que sustente e implemente qualquer uma das alternativas democráticas.

     

     

  2. Jamais consolidaremos a

    Jamais consolidaremos a democracia no Brasil se dois oligopólios não forem eliminados: o da mídia e o do sistema bancário.

  3. Brilhante exposição

    Exposição ampla e articulada, a partir da economia, mas não presa nem sobredeterminada por ela.

    O nó górdio desenhado pelo Eduardo Costa Pinto é de tal magnitude que não dá nem pra imaginar a possibilidade de um golpe de espada qualquer que o desfaça.

    Por isso, até mesmo a “doutrina do choque”, como a chamou a Naomi Klein, tem um impacto potencial muito menor do que supõem seus promotores otimistas, a não ser que a sociedade civil seja completamente arrasada, o que supõe um desmantelamento institucional em uma escala aparentemente inviável (seria como fazer o Brasil virar uma grande Síria… e sem o Estado Islâmico). Esse é o “não caber mais no Brasil e no mundo” a que Costa Pinto se refere quando fala do pretenso retorno da mágica neoliberal.

    Em suma, a crise tornou-se muito maior que as possibilidades de geri-la.

    A Dilma, de fato, realizou uma façanha: precipitou de forma absolutamente certeira todos os componentes conjunturais desse imbroglio até o ponto de ele se tornar estrutural.

    O “único” interveniente externo foi a Lava Jato, mas que só se materializou pelas condições institucionais promovidas pelo próprio governo Dilma, para explorar um sistema de relações promíscuas no qual o PT mergulhou de cabeça.

    Como bem notou o Eduardo Costa Pinto, o impeachment tornou-se um somenos, uma inevitabilidade incontornável, porque o governo Dilma tornou-se visceralmente inviável em todas as suas dimensões.

    Para o complexo de relações político-institucionais da sociedade brasileira hoje, considerando o poder de pressão das castas senhoriais, não existe mais a alternativa de não haver impeachment.

    Como a própria Dilma mostra-se atavicamente incapaz de acenar com algum pacto que torne cogitável uma reversão do impeachment no Senado, então ela já virou carta fora do baralho, a não ser por conta de algum imponderável, sinal de que a crise se tornou ainda maior. Agora, a única esperança do PT é que o circo que ele encharcou de gasolina pegue fogo de uma vez por todas.

    Haveria, retrospectivamente, alguma alternativa? Talvez, se Lula tivesse sido transformado em primeiro ministro de fato há cinco meses atrás… Mesmo assim, restaria a incógnita Dilma, ou seja, o que essa louca autoritária (no resto da América Latina, gente como ela é chamada de “tontos con iniciativa”) poderia fazer ainda se achando presidente.

    A “saída” que as castas senhoriais agora vislumbram parece ser a de querer sair da crise gerando um superacúmulo de blefes. É algo semelhante à lógica financeira do mercado de derivativos: fazer funcionar essa mágica para ela projetar um efeito de realidade sobre o mundo.

    Vão ser precisos muitos outros blefes além desse governo Temer.

    Parar a Lava Jato seguramente será o blefe a ser acionado para, como diz o Costa Pinto, “destravar a relação público-privado”. Mas isso só funciona mesmo como blefe, soprado pela ação intensiva (ou silenciamento esmagador) da grande mídia. Como podar agora a figura de um Moro, que essa mesma mídia alçou à condição de semideus?

    O único problema da análise do Costa Pinto é que a sugestão final de “repensar a nossa sociabilidade” tampouco é viável agora; é apenas uma abstração, coisa de intelectual que pensa em termos ideais.

    Para as castas senhoriais isso é simplesmente da ordem do impensável — o que ficou agora plenamente demonstrado.

    A visão de mundo dessas castas só admite como condição elementar de sua existência jamais “repensar a sociabilidade”. Sociologicamente, a “saída” apontada pelo Costa Pinto é irrealizável. A única alternativa era afrontar, desmontar e criar, por meio de um projeto social e nacional articulado, um vigoroso processo de deslegitimação dessa visão de mundo das castas senhoriais fundada sobre a lógica do privilégio. Foi exatamente isso o que o PT deixou de fazer, porque o primado do consumo em que se baseou o projeto petista de sociedade era um primado que deixava intacta a lógica do privilégio.

    Bom, agora é tarde. E toda a esquerda também volta ao zero.

     

  4. Quê Capitalismo???

    Gostei muito da explanação. E concordo que no curto prazo não tem chance alguma do Brasil criar as tais pontes de estabilização. Porque não existe no país grupo de economistas aptos a levar o Brasil ao pleno capitalismo.

    O Capitalismo clássico, permitir o consumismo, trabalhar de forma certa a lei da oferta e demanda, redução de juros, trabalhar positivamente a produtividade como arma para redução dos custos e por último fazer a análise profunda da dívida externa. 

     

  5. Parabenizo o professor, e

    <p>Parabenizo o professor, e entendo que com &nbsp;tão grande poder de síntese dificilmente pudesse &nbsp;descrever a profundidade e o terror do estrago econômico provocado pela Lava Jato (corretamente citada como “Vala Jato” pelo professor por volta do minuto 13/14), com apenas uma citação da diminuição da formação bruta de capital fixo pela petrobras e do abalo das relações entre a esfera pública e privada. &nbsp; Um porém é um erro propositalmente adotado por jornalistas mal intencionados que tratam do impeachment como fato consumado, ignorando seu rito em andamento. Faltou dizer que as relações entre o público e o privado só foram atacadas na esfera produtiva, o que sempre nos diferenciou dos outros países da América Latina. &nbsp;Na esfera financeira, &nbsp;na turma da Selic, nada foi tocado, fica a interrogação no ar. &nbsp;De qualquer forma o enfoque foi preciso e abrangente, &nbsp;parabéns.&nbsp;</p>

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