Na minha cidade, por Magali Romboli

Do marreteiro da 25, ao glamour do alto luxo. Em São Paulo é possível ser chique em Itaquera, ou morador de rua na avenida Angélica.

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Na minha cidade

por Magali Romboli

É comum ouvir nativos e migrantes despejarem uma lista enorme de adjetivos, que enfatizam os seus por quês de serem todas, todos e todes paulistanos. Lúdico é notar que esta relação oscila do amor ao ódio, da satisfação à inveja, já que a linha tênue desta relação depende do que cada um carrega no bolso.

Estudo, trabalho, bebedeira, comilança, farra de todo tipo, sofisticação estética, depravação, semanadas, noitadas, pedalo, corrida, feira e shopping de rua, rolezinho até de madrugada.  Acesso a todo tipo de penduricalho.  Do marreteiro da 25, ao glamour do alto luxo. Em São Paulo é possível ser chique em Itaquera, ou morador de rua na avenida Angélica.

Com mais de 8 milhões de adultos, maiores de 16, arrisco afirmar que a maioria absoluta não sabe sequer o significado do próprio nome, quem dirá do nome do lugar onde vive.

Sendo assim, vale recorrer àquela paixão à primeira vista, posto que amor requer intimidade. Comecemos então pelas apresentações, e falemos do nome mágico deste megalópole, que reúne diversos em um único código genético. Paulo foi uma metamorfose ambulante, trocou seu nome de nascimento sem ajuda da numerologia, criou a maior rede social para um cara que ele não conhecia, compartilhou tudo o que descobriu em 13 cartas e em 3 grandes viagens, levou o Cristianismo para o mundo, imagine se ele tivesse um twitter,  um insta ou whats app, teria cristão até em Marte.

Saulo, que virou Paulo, sendo ele mesmo depois de transformado, não era Raul, mas foi por certo em essência, um completo maluco beleza. São Paulo, foi o primeiro amor da minha vida, mesmo sendo palmeirense.  Admiro gente sem papas na língua, sendo ele educado. Deu altas duras em gente morna e preguiçosa, porque não dá para mudar as coisas sem muito trabalho, e de tantas que falou, conquistou dias intermináveis atrás das grades, onde viveu seus grandes momentos, mesmo sem escutar Roberto Carlos.

Ele acreditou sem ver, isto é fé e bem diferente dos políticos, sem salário, propina ou empréstimo do BNDES ergueu uma obra monumental, não um Castelo de Papel. O mais incrível é que mesmo  que tenha nascido na Cilicia, atual Turquia, crescido em Jerusalém e todo mundo acreditar que ele era romano, ficou conhecido por ser de Tarso*.

Tem um cara mais São Paulo, que o apóstolo Paulo? Por isto tudo, não é que fica fácil esquecer os altos impostos,  mas é possível viver um sonho mesmo estando preso ao trabalho, porque há quem consiga ser on the road, no dia do seu aniversário. Todos oriundi ou não já incorporou o jeitão de ser e viver um bom combate. Como tudo tem seu preço, Paulo perdeu a cabeça, mas quem não a perde por tentar viver neste lugar?

 #ame São Paulo

*à época de Saulo, Tarso era uma cidade universitária e desde que passou a existir São Paulo é uma cidade educadora.

Magali Romboli, paulistana, filha de mineiros, neta de italianos, mãe sollo, jornalista, pesquisadora em Educação e bolsista,  pelo PPGE-UNINOVE.

Redação

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