Saudade

Mais de 10.000 cadastrados, anos de postagem dos mais diversos assuntos neste blog e nenhuma “Tag” sobre essa palavra que tanto nos diferencia do resto do mundo. Até hoje, porque hoje eu inauguro essa “Tag”.

Dizem que só quem tem o português como língua mãe é capaz de entender o que significa a palavra saudade, apesar de que qualquer ser humano seja capaz de sentí-la.

Essa maldita palavra, esse estranho sentimento nos persegue por toda vida.

Maldita palavra e, ao mesmo tempo, bendita herança que nos permite expressar o que já foi e não se esqueceu, que nos permite pensar no que não pode ser repetido ou recuperado, que nos permite viajar por possibilidades não concretizadas.

Sinto saudade do meu primeiro tombo de velocípede na varanda de casa.

Sinto saudade do cheiro de laranja recém descascada por minha avó.

Sinto saudade dos gibis que meu pai nos trazia à noite, quando chegava em casa.

Sinto saudade do sorriso de minha mãe ao chegar cansada depois de tanto trabalho.

Sinto saudade da aranha de plástico debaixo da geladeira.

Sinto saudade dos churros que minha vó fritava na frigideira negra de ferro.

Sinto saudade das visitas aos meus tios nos fins de semana.

Sinto saudade dos passeios de trem, da Mooca até Paranapiacaba, nas manhãs de domingo.

Sinto saudade do calor dos abraços.

Sinto saudade do frescor das tardes de sábado.

Sinto saudade dos heróis da infância.

Sinto saudade das memórias e do que poderia ter sido.

Sinto saudade do que poderia ter acontecido.

E depois de tudo isso, sinto saudades comigo.

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