Se entrego a ti/meu olhar mais áspero
por Romério Rômulo
Se entrego a ti
meu relâmpago, brasa
do teu corpo só
penso rio e carne
Se tua aguardente
me trouxer a cana
do teu olho-espaço
bebo tudo e como
Como o fel da boca
atrium de relógio
onde o riso, tempo
de querer, empana
Se entrego sempre
o meu riso pouco
minha mão de sabre
tem o corte longo
Meu olhar mais áspero
já oxidado
feito de ferrugem
treme em elo e traste
Meu cão andaluz
feito de promessas
feito de diabos
soltos na paisagem
Te arrebata sempre
te arrebata tudo
como profecia
de ferro vermelho.
2.
Como eu irei
desde então
morrer de sono?
Romério Rômulo (poeta prosador) nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP e um dos fundadores do Instituto Cultural Carlos Scliar – Rio de Janeiro RJ.
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