Cerca de 1.350 migrantes chegaram a Lampedusa nas últimas 24 horas

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Sete barcos com 350 migrantes foram localizados e transferidos para Lampedusa, que acolheu 2.000 pessoas nas últimas semanas

Na segunda-feira (10), de acordo com as informações, houve 23 desembarques com 1.007 pessoas. Foto: @SOSMedIntl

Cerca de 1.350 migrantes chegaram à ilha italiana de Lampedusa nas últimas 24 horas, segundo informações divulgadas pelas autoridades italianas. 

Conforme a Guardia di Finanza e a Guarda Costeira, sete barcos com 350 migrantes foram localizados e transferidos para Lampedusa, que acolheu 2.000 pessoas nas últimas semanas.

Na segunda-feira (10), de acordo com as informações, houve 23 desembarques com 1.007 pessoas, enquanto nas barcaças resgatadas nesta terça-feira (11) à noite havia entre 45 e 70 migrantes sírios, marroquinos, tunisinos, marfinenses, senegaleses e liberianos.

O governo de Agrigento divulgou a notícia da transferência de 600 migrantes com um navio da Guarda Costeira italiana para os portos de Messina e Reggio Calabria, devido ao colapso dos centros de acolhimento em Lampedusa.

De acordo com dados da agência da ONU, mais de 400 migrantes e refugiados morreram afogados só no início de 2023, entre janeiro e março, enquanto tentavam cruzar o mar Mediterrâneo do norte da África para a Europa.

Preenchendo vazio deixado

A organização europeia SOS Méditerranée disse em suas redes sociais que o Ocean Viking desembarcou na terça-feira (11) os 57 sobreviventes resgatados em duas operações em 7 de julho.

“Depois de passar por experiências traumáticas na Líbia e no mar, estamos satisfeitos por eles terem chegado com segurança. Lembrete: SOS Méditerranée e a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho estão preenchendo o vazio deixado pelos Estados da União Europeia (UE) para salvar vidas”, escreveram. 

Naufrágio em junho

Em junho, um barco que transportava migrantes que viajavam da Líbia à Itália, incluindo dezenas de mulheres e crianças viajando no porão, afundou. O naufrágio aconteceu nas águas internacionais do Mar Egeu, perto da península grega do Peloponeso.

Conforme mostrou o GGN, a professora do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Berenice Bento passou os primeiros meses deste ano em portos onde estão atracados barcos não governamentais de resgate e depois em campos de refugiados.

Berenice explica que a Europa se fechou. Grande parte dos resgates são feitos a partir de barcos mantidos por ONGs, e as pessoas partem, também, a partir da Tunísia, porque por qualquer outro meio sem perigos elas acabam deportadas.

Relatório da ONU

A Organização Internacional das Nações Unidas para as Migrações (OIM) informou no dia 23 de junho deste ano que pelo menos 1.807 migrantes morreram ou desapareceram nas rotas do Mediterrâneo este ano.

Segundo a organização internacional, 1.064 pessoas morreram na rota central, que vai do norte da África para a Itália ou Malta, e que continua sendo a rota migratória mais perigosa do mundo.

As mortes superam as registradas durante 2020 (1.449) e podem, segundo as previsões, superar as de 2021 (2.062) e 2022 (2.406). O relatório da OIM destaca que 74 das vítimas eram crianças apenas até junho deste ano.

Desde 2014, pelo menos 56.771 migrantes morreram no mundo tentando chegar ao seu destino, dos quais 27.565 nas rotas do Mediterrâneo.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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