Relatório apresentado nesta segunda-feira (12) ao conselho de administração da Americanas revela que demonstrações financeiras vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da varejista. Assessores jurídicos tomaram por base vasta documentação contábil e financeira da empresa.
Nesta terça-feira (12), a Americanas fez um comunicado oficial a respeito do relatório. Na investigação jurídica, o ex-CEO Miguel Gutierrez aparece envolvido com as operações de fraude nas demonstrações financeiras.
O efeito desses ajustes ainda não pode ser estabelecido pela companhia, mas há a certeza de que eles impactarão os resultados mais recentes de forma significativa. A Americanas se encontra em processo de recuperação judicial.
Além de Gutierrez, que não se pronunciou sobre o relatório, outros executivos participaram das tentativas da diretoria anterior para ocultar a real situação do resultado e patrimonial, de acordo com o fato relevante da empresa.
Conforme o colunista de O Globo, Lauro Jardim, os acusados, entre eles Gutierrez, vão, na Justiça, tentar provar que o conselho de administração sabia de tudo e que, portanto, não está isento das acusações.
Rombo bilionário
Em janeiro, a Americanas revelou “inconsistências contábeis” no valor de R$ 20 bilhões. O rombo apanhou o país de surpresa e se transformou em um escândalo nacional, hoje investigado por autoridades públicas.
Há suspeitas de supostos lucros contábeis dos principais acionistas, os bilionários Carlos Alberto Sicupira (fortuna de US$ 8,6 bilhões), Jorge Paulo Lemann (US$ 15,8 bilhões) e Marcel Herrmann Telles (US$ 10,6 bilhões).
De acordo com o comunicado da Americanas, as informações do relatório, associadas aos trabalhos de refazimento das demonstrações financeiras históricas, levaram ao entendimento de que a fraude se dava em operações como contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares.
Esses incentivos comerciais “teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores”, segundo a Americanas.
“Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022”.
Financiamentos
A Americanas disse que a diretoria anterior contratou financiamentos nos quais a companhia é devedora perante bancos, todas contabilizadas no balanço patrimonial, de 30 de setembro de 2022, na conta dos fornecedores. O que é ilegal.
As operações de financiamento de compras somam R$ 18,4 bilhões e as operações de financiamento de capital de giro alcançam R$ 2,2 bilhões, em números não auditados.
O atual conselho de administração orientou a companhia e os assessores a apresentar o relatório a todas as autoridades competentes e avaliar as medidas visando ao ressarcimento dos danos causados pela fraude.
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