Crise chinesa plantada pela mídia ocidental é menos assustadora que parece

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Para economista-sênior do CEPR, prognósticos mostram que economia chinesa já é maior do que a dos EUA – e tendência é crescer mais

Foto de Eric Prouzet na Unsplash

A mídia ocidental tem publicado uma série de reportagens indicando que a economia da China enfrenta algum tipo de desastre iminente, quando os dados não apresentam uma percepção tão pessimista assim.

“Ao nível mais básico, a maioria das projeções mostram que a sua economia continuará a crescer a um ritmo muito saudável no futuro próximo. No entanto, a cobertura é quase exclusivamente negativa”, diz Dean Baker, economista sênior do CEPR (Center for Economy and Policy Research).

Embora o governo chinês siga políticas consideradas “seriamente equivocadas” por Baker, o economista diz ser “muito difícil ver a história do desastre em quaisquer dados disponíveis publicamente”.

Tomando por base projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional), o economista afirma que as projeções mais recentes para a economia chinesa apontam um crescimento de 4,2% para o PIB chinês em 2024 – ficando acima de 4% nos dois anos seguintes e pouco abaixo de 4% nos últimos dois anos de projeção.

Esta é uma economia em crise? Bem, é sem dúvida mais lenta do que as taxas de crescimento de quase dois dígitos que a sua economia registrou durante grande parte do período entre 1980 e 2020, mas dificilmente parece uma crise”, explica o representante do CEPR.

Tomando por base esses mesmos dados, Dean Baker faz um comparativo da economia chinesa com a do México, que apresenta um nível de rendimento per capita quase idêntico – o resultado pode ser visto no gráfico abaixo.

Fonte: FMI

“O crescimento per capita projetado para o México ao longo do período é de pouco mais de 1%, menos de um terço do ritmo da China”, diz o articulista. “Se quisermos acreditar que a economia da China está a enfrentar algum tipo de crise, crise, então o que pensamos de uma economia que cresce a menos de um terço do seu ritmo?”.

Além disso, a economia chinesa já é maior do que a economia dos Estados Unidos: segundo Baker, ela foi 22% no ano passado e, com um crescimento mais rápido, ela pode chegar a ser 34% maior até 2028.

“Os EUA têm diferenças com a China em muitas áreas, mas ambos os países sair-se-ão muito melhor se procurarem áreas de cooperação, como os cuidados de saúde e o clima, em vez do confronto”, diz o articulista.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

3 Comentários

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  1. A imprensa americana tá parecendo aquele vizinho orgulhoso e invejoso, que ao ver você começando uma obra, tenta te demover dos planos, dar ideias de jerico para avacalhá-los ou mesmo criar toda sorte de dificuldade e sabotagem para seu andamento. Se não consegue, resta-lhe fofocar para todos que a construção é muito feia, que está ficando horrorosa e vai impactar o visual da comunidade…

  2. Há pelo menos 15 anos, que o Ocidecadente sonha com o colapso da economia chinesa. Lá pelos idos de 2015, havia até um oráculo sobre o evento acontecer em 2021. No entanto, os fundamentos para o colapso estão dados. São eles:
    1) Gastos com a máquina militar ultrapassando 1 Trilhão de dólares podendo chegar rapidamente aos 40 trilhões;
    2) Dívida acima de 34 trilhões de dólares;
    3) Perca de competividade em várias atividades econômica;
    4) Crescente desagregaçõao social com aumento da miséria em camadas mais vulneráveis.

    Será a China a detentora dos fundamentos acima listados?

  3. Tudo isso se resume ao jogo das expectativas. Anuncia-se o cenário especulativo possível (provável ou não), para tentar dominar o ritmo de avanço de uma economia. A mídia ocidental está localizada em países que estavam isolados na liderança dos investimentos. O gráfico comparativo entre a China e o México, entre o crescimento per capita das duas economias projetados pelos próximos anos dá a mostra dessa preocupação com a China. O total per capita representa o que cada economia pode distribuir para a sua própria evolução. No caso do Brasil, sempre é bom lembrar que havia uma expectativa de que o PIB em reais tivesse superado os 20 trilhões. A realidade não é a especulada e sim aquela realizada, de forma que expectativas são tratadas como algo a ser ultrapassadas ou aceitas, conforme aquilo que apresentem. As expectativas ruins se trabalha contra elas. As boas para ser ainda melhores. Cabe à China, como cabe ao País, reagir como convém a cada situação.

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