Exportação pode cair 16%

Por Roberto São Paulo/SP

Do Estadão

Exportação vai cair 16%, prevê Funcex

Porém, especialistas avaliam que cenário econômico dificulta projeção

Jacqueline Farid, RIO

O cenário nebuloso para a economia em 2009 está dificultando as projeções para o comércio exterior brasileiro, segundo especialistas da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). “Fazer previsões para a balança comercial em 2009 é hoje um exercício que envolve elevada incerteza”, afirma o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro.

Mesmo com as dificuldades, Ribeiro avalia que “um cenário plausível para 2009″ indica que as exportações “poderiam sofrer uma queda” de 16%, ficando em US$ 167 bilhões, enquanto as importações teriam redução menor, de 10%, com US$ 157 bilhões. O saldo comercial, segundo a Funcex, se reduziria para US$ 10 bilhões.

Para o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, a única certeza para o próximo ano é que as importações vão recuar em relação a 2008. As projeções da AEB para 2009 serão apresentadas em 6 de janeiro. Tradicionalmente, a instituição divulga as estimativas anuais em dezembro mas, segundo Augusto de Castro, dessa vez haverá um pequeno atraso, já que será preciso aguardar os resultados fechados do ano do Ministério do Desenvolvimento, a serem apresentados na próxima sexta-feira. “Sempre pode haver erro nas projeções, mas antes havia um parâmetro, agora não há.”

As principais incertezas para o comércio exterior brasileiro em 2009 são, segundo Augusto de Castro, o desempenho da demanda interna e externa, o preço das commodities e a disponibilidade de crédito para exportações e importações.

Para ele, haverá superávit na balança no ano que vem, mas por causa da queda nas importações e não do crescimento no total exportado.

Para Augusto de Castro, porém, as perspectivas para os manufaturados não são boas. “A taxa de câmbio favorece as exportações de manufaturados, o problema é que não há demanda”, avalia o vice-presidente da AEB.

Em relação às importações, Ribeiro e Augusto de Castro concordam que a perspectiva é de forte desaceleração no volume importado em comparação com 2008. Segundo Ribeiro, a perda de ritmo ocorrerá “acompanhando o menor crescimento da produção industrial, que afeta diretamente as compras de matérias-primas e bens intermediários, e da demanda interna, que impacta frontalmente as compras de bens de consumo e de capital”.

Para a Funcex, o aumento do volume importado em 2009 será de 6% ante 2008. Para este ano, a estimativa é de crescimento de 19,5%.

Augusto de Castro concorda que haverá queda no total importado, em valor e em volume. “Não consigo ver em nenhuma hipótese as importações crescerem.” Ele argumenta que vão interferir nessa queda a elevada taxa de câmbio conjugada com a redução de demanda interna por causa do aumento do desemprego.

Luis Nassif

8 Comentários

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  1. Não podemos de deixar de
    Não podemos de deixar de lembrar que o câmbio está favorável, e as empresas que vivem de exportração estão em bom momento.
    E existe uma contraofensiva emr elação à crise que é o crescimento do financiamento público.

  2. Previsão digna de Mãe Diná.
    Previsão digna de Mãe Diná. Assim caminham os jogadores de búzios para previsões econômicas, tipo todo ano matam o papa, um ano acertam, aí fica a fama de que previu o evento.

  3. Se tudo cair como as
    Se tudo cair como as previsões pessimistas de anjos do apocalipse soltos na mídia brasileira, preda sob preda, não restará.

    Em uma perspectiva na qual se prevê recessão para muitos países exceto o Brasil, como pode haver espaço para tamanha e drástica redução de exportações?

    Se houver, explica-me com fundamentos ?

  4. Ainda bem que as exportações
    Ainda bem que as exportações brasileiras representam apenas 15% do PIB. Neste aspecto, estamos melhores do que a China, onde as exportações representam cerca de 40% do PIB. Na Alemanha é ainda pior, pois as exportações representam mais da metade do PIB.

    Assim, os efeitos da queda das exportações, para o Brasil, são bem menores do que para muitos outros países, onde as exportações são responsáveis por ‘puxar’ o crescimento econômico.

    Aqui no Brasil, há vários anos já que a economia cresce devido ao aumento do consumo interno. E isso não deverá mudar em 2009.

  5. A queda no comércio exterior
    A queda no comércio exterior no primeiro semestre de 2009 é tão certa quanto a já comprovada queda de atividade econômica do quarto trimestre de 2009. Os especialistas Fernando Ribeiro e Augusto de Castro fizeram a correta análise do que deve acontecer em 2009, baseados nos fatos que vêm ocorrendo nessa virada de ano.

    Claro que no segundo semestre poderá haver alguma reação na economia do mundo desenvolvido e a taxa cambial se encarregará de estimular nossas exportações. Em outras palavras, se houver demanda externa, teremos condições cambiais mais favoráveis para exportarmos e, assim, retomarmos o crescimento interno.

    De nada adianta ficar chorando, chamando de catastrofistas as previsões realistas que estão sendo feitas. São previsões nada boas, mas que não ensejam catástrofe. A economia real do brasil é forte, ela é mal administrada, devido as políticas de juros e de câmbio, que começam a ser mudadas em plena crise. O câmbio já mudou e os juros começam a cair em janeiro. Um pouco, é verdade, pois não deverão descer dos 12% em plena fuga de capitais, com déficit em Transações Correntes e no Balanço de Pagamentos. Á medida em que tapamos os rombos externos, poderemos e deveremos baixar os juros. Há que se atravessar a invernada primeiro.

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