Os obstáculos ao uso da energia eólica

Por Marco Antonio L.

Da BBC Brasil

Série de entraves limita uso da energia eólica no Brasil

Mariana Della Barba

Críticos afirmam que governo toma apenas medidas imediatas para lidar com problemas emergenciais no setor energético

De qualquer lado que se olhe, o setor eólico no Brasil é um dos mais promissores na área energética, segundo analistas e levantamentos recentes.

As condições de clima e relevo e os avanços tecnológicos fizeram com que o Global Wind Energy Council, que agrupa organizações e empresas do setor, elegesse o Brasil como um dos países de maior potencial na geração de energia pelo vento.

Sua participação na matriz energética brasileira deve obter o maior crescimento entre as diversas fontes de energia, saltando dos atuais 2% para 8% em oito anos, segundo Maurício Tolmasquim, presidente Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Além disso, o uso do vento para gerar energia no país cresceu 73% em 2012, beneficiando 5 milhões de brasileiros por mês.

E a discussão sobre as fontes eólicas ganharam ainda mais fôlego no início do ano, quando, diante de baixos níveis de reservatórios nas hidrelétricas, o país passou pelo risco de novos apagões ou racionamento. Para lidar com o problema, o governo usou as termoelétricas em caráter emergencial.

No entanto, esse recurso foi criticado por ser uma fonte de energia fóssil, por isso não renovável, poluente e de geração mais cara. Segundo um levantamento feito pela ONG ambiental Greenpeace na época, cada real gasto para operar as usinas térmicas poderia fornecer cinco vezes mais de energia se ela fosse gerada em campos eólicos.

Mas apesar dos argumentos ambientais e econômicos favoráveis, uma série de entraves continuam limitando a expansão da energia eólica e deixam seu aproveitamento no país muito aquém de todo seu potencial.

Confira alguns dos empecilhos:

Falta de planejamento a longo prazo

Mudanças em cima da hora, medidas imediatas apenas para lidar com problemas emergenciais e falta de transparência para as determinações futuras são alguns dos temores dos envolvidos na área de energia renováveis.

“O setor eólico é uma indústria nascente, precisa de fôlego, não pode ser algo que começa e depois é interrompido, pois isso pode ser fulminante”, afirmou Elbia Melo, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) à BBC Brasil.

Para ela, sem sinais claros do governo, o investimento a longo prazo vai arrefecer. “E isso poderia fazer esse indústria morrer antes mesmo de seu nascimento para valer.”

Na opinião do professor Ildo Luis Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, o potencial competitivo da energia eólica no Brasil é desperdiçado justamente por uma falta de planejamento e coordenação do governo.

“Um mapeamento eólico detalhado, por exemplo, organizaria melhor os investimentos e se criaria escala”, afirma o engenheiro, que foi diretor de Gás e Energia da Petrobras entre 2003 e 2007. “Mas o planejamento hoje é volátil e volúvel, além de termos uma estrutura pouco funcional, como órgãos demais atuando sobre o mesmo setor.”

Em nota enviada à BBC Brasil, o Ministério de Minas e Energia afirmou que “O Centro de Pesquisas de Energia Elétrica tem trabalho na revisão do Atlas Eólico existente”.

Luis Nassif

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