Sair dos modelos econômicos tradicionais é racionalidade

Por Ramalho12

Depois dos inúmeros fracassos retumbantes e sucessivos dos modelos econômicos “afinados” com o “mainstream do pensamento global”, o que quer que isto signifique, ainda se vê quem diga coisas como “deixar os mercados funcionarem porque esse é o caminho mais eficiente”. Ora, nem este é o caminho mais eficiente e, tampouco, ao menos no Brasil, há impedimentos ao funcionamento do mercado.

As sucessivas e graves crises econômicas, que se desdobram pelo mundo inteiro e que tiveram origem nos EUA sob modelos “afinados com o mainstream”, atestam que o laissez faire econômico radical pretendido por alguns, o verdadeiro significado de “deixar os mercados funcionarem”, é ineficiente e ineficaz. Curiosamente, o governo Bush, sob o qual a calamidade econômica foi gestada, não é criticado, enquanto o governo Obama, que recebeu o caos como legado é, este sim, criticado. Querem que Obama persista no modelo Bush , aquele mesmo que causou a calamidade econômica – e chamam a este persistir de racionalidade.

É dito que “São criticas [da Economist e FT] que partem de uma premissa de racionalidade que a gestão economica parece querer torcer ou esconder”. Onde está a racionalidade? Qual o rationalede persistir em um modelo que afunda as economias dos países em que é aplicado? Não há racionalidade alguma a torcer ou esconder, mas há, isto sim, os que parecem querer torcer e esconder a inconsistência evidente do pensamento econômico do mainstream.

Dizer que o governo brasileiro tenta sabotar o mercado é assertiva muito exagerada, para se dizer o mínimo. O governo tem agido com equidistância dos extremismos neoliberais e estatistas. No caso específico das tarifas de energia elétrica, quem se informou minimamente sobre o assunto sabe que não houve autoritarismo nem atabalhoamento algum: houve, isto sim, a cessação, já tardia, do roubo que o “mercado” de eletricidade praticava contra o consumidor, simples assim. Ou fazer cessar a roubalheira é ser autoritário? É ser atabalhoado? Ademais, quando não se é radical de direita, concorda-se que o mercado não tem liberdade para roubar consumidor – embora, como se sabe, o “mercado” financeiro americano tenha roubado seus clientes as escâncaras e impunemente, achando que tem tal direito.

A finalidade da gestão macroeconômica não é, de forma alguma, assegurar laissez faire econômico – exigência dos ingleses e simpatizantes. Um viés melhor para avaliar gestão econômica, mormente em regimes democráticos, é a taxa de desemprego, pois afeta a maioria da população. Hoje, o Brasil tem uma das mais baixas taxas de desemprego de sua história, mas não é só isto. Sua dívida líquida em relação ao PIB, pouco mais da metade da que foi legada ao governo do PT, é uma das menores do mundo, e é declinante. O risco Brasil é menos de um décimo do que foi quando o Brasil seguia os modelos econômicos afinados com o mainstream. Sair dos modelos econômicos defendidos pelos países centrais, modelos que afundam as economias deles como a experiência acumulada prova, é sinal de racionalidade.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador