Tudo pode piorar em 2023, por Marcus Atalla

FMI disse que a instituição deverá baixar as projeções de crescimento em 146 países em 2022. Eles representam 86% do Produto Interno Bruto, PIB, global.

Em 2023 tudo pode piorar

por Marcus Atalla

Na semana passada, ocorreram as reuniões anuais do Banco Mundial e o FMI. Várias economias sofrem recessão ao mesmo tempo, com perda de capital e empregos. A crise causada pela pandemia se agravou com a “Guerra na Ucrânia”.  O conflito poderá reduzir o crescimento global em 2022 para 3,2% dos 4,1% esperados.

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, disse que as reações provocadas pela guerra ucraniana prejudicaram a economia global na retomada após a pandemia. Problemas na quebra da cadeia de suprimentos criaram escassez e aumento na inflação. Para Malpass, uma das esperanças é o aumento da oferta de recursos.

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional Kristalina Georgieva atenta para o anúncio nas projeções mundiais de crescimento. Ela disse que a instituição deverá baixar as projeções de crescimento em 146 países em 2022. Eles representam 86% do Produto Interno Bruto, PIB, global.

2023, o pior ainda está por vir

O FMI reduziu a previsão no crescimento econômico global em 2023, para 2,7% em relação à previsão de julho de 2,9%, citando os altos custos de energia, alimentos e pressões no aumento das taxas de juro. Malpass alertou que “o pior ainda está por vir”. Os relatórios falam em uma recessão severa global puxada pelo aumento dos juros.

As economias avançadas europeias estão desacelerando e a desvalorização da moeda significa que os níveis de dívida dos países em desenvolvimentos ficarão cada vez mais pesados. Os efeitos da pandemia amplificada pela “Guerra na Ucrânia” serão mais sentidos por eles e levaram muito mais tempo para se recuperarem. Em 2026, esses países ainda estarão abaixo da trajetória que se encontravam antes da pandemia.

Enquanto isso, o crescimento esperado pela China, mesmo em um ritmo mais lento afetada pela Covid-19, será entre 4,6% a 5% ao ano até o fim da década. Hoje a China é o maior parceiro comercial de 140 países. A imprensa chinesa foi crítica ao relatório, chamando-o de hipócrita por camuflar a responsabilidade dos EUA no agravamento da crise em sua guerra contra o mundo.

Os EUA sancionaram unilateralmente mais de 20 países e regiões em todo o mundo. As sanções não são apenas contra governos, mas também impostas a indivíduos e setores não governamentais, como empresas, institutos acadêmicos e universidades. Além das crises energéticas e alimentares causadas pelos EUA e OTAN ao usarem a Ucrânia em uma guerra por procuração. Ademais, Washington intensifica as hostilidades entre as economias ocidentais e orientais.

Na tentativa de um renascimento econômico, o Federal Reserve (EUA) aumentou drasticamente a taxa de juros, valorizando o dólar e depreciando as demais moedas, sujeitando a custos mais altos as economias em desenvolvimento endividadas em dólar.

Comparação da agressividade e velocidade no aumento dos juros com outros períodos nos últimos 35 anos. (Janna Ross e Sabrina Lam, Visual Capitalist).

Em uma carta aberta ao Fed, Catherine Wood, executiva da empresa estadunidense de gestão de ativos ARK Investment, disse estar preocupada com a política do Fed, a qual poderá levar o país a uma deflação. Ela sugeriu que o Fed oriente sua política por dados na sua próxima decisão em 2 de novembro.

Georgieva revelou que o valor total eliminado pela desaceleração da economia mundial de 2022 a 2026 será de “US$ 4 trilhões, esse é o tamanho do PIB da Alemanha”, disse a chefe do FMI.

Para Gao Lingyun, especialista da Academia Chinesa de Ciências Sociais em Pequim, a solução para evitar uma recessão global é bastante evidente: os EUA nem sempre devem colocar seus próprios interesses à frente dos de outros.

Marcus Atalla – Graduação em Imagem e Som – UFSCAR, graduação em Direito – USF. Especialização em Jornalismo – FDA, especialização em Jornalismo Investigativo – FMU

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Redação

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  1. Ações e inacões trazem as suas consequências e quando fazem previsões sobre qual será o crescimento econômico para os países, deixam de assumir a responsabilidade no curso e nos desdobramentos desses atuais acontecimentos. Organismos de cooperação internacional que deveriam desempenhar um papel na solução das diferenças que podem surgir em assuntos que possam significar perigo na ausência de uma solução, não atuam. Depois procuram a responsabilização, com ou sem culpa, de qualquer um para se eximir dessa responsabilidade. O continente europeu, dando a devida importância a si mesmo, deveria considerar o risco que teria em todos os aspectos para todo o continente, ficar apenas esperando o prosseguimento das tensões entre a Rússia e a Ucrânia. A ganância somada à indiferença deu esse resultado. Ficar agora dizendo que a economia mundial vai ou não vai crescer é irrelevante. Existe o potencial risco de chegar-se num combate envolvendo mais nações com avanço para uma nova guerra mundial. Essa hipocrisia de ficar querendo apagar fogo com gasolina e depois lamentar que as consequências aumentem, na expectativa de que jogar os países uns contra os outros com essas análises econômicas trará a solução é no mínimo irresponsável.

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