Lava Jato poupou as estrangeiras, por Janio de Freitas

Da Folha de S. Paulo

Jatos desiguais

Por Janio de Freitas

Uma busca preliminar no que sucedeu desde a “Operação Juízo Final”, criada há um ano para a prisão de dirigentes de empreiteiras, faz mais do que surpreender. E, dadas as indagações que suscita, clama por uma reflexão sobre as características não difundidas da Lava Jato e seus efeitos presentes e futuros.

Menos de uma semana depois daquela decisão que elevou o juiz Sergio Moro às culminâncias do prestígio, dava-se outro fato determinante na Lava Jato. Ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco assinava, em 19 de novembro, o acordo de delação premiada. Sua advogada era Beatriz Catta Preta, que mais tarde abandonaria os seus clientes, invocando ameaças recebidas. Ela e um batalhão de 14 procuradores e delegados da Polícia Federal assinaram o acordo.

Catta Preta já conduzira acordo semelhante para Julio Camargo. Sem vínculo com a Petrobras, esse lobista chegou a uma posição de destaque no noticiário da Lava Jato a partir da confissão de que ganhou muito dinheiro fazendo, em transações com dirigentes da estatal, a intermediação para as contratações da coreana Samsung e da japonesa Mitsui.

Mas Barusco foi o mais prolífico. Aqui mesmo, e quando seu nome mal fora citado, saiu a informação de que era o mais temido não só pelos já implicados, por estar com a vida pendente de um câncer. Foi dele a promessa de devolver quase U$ 100 milhões. Dinheiro de suborno recebido das maiores empreiteiras brasileiras. Mas não só. Além do que recebeu como gerente da Petrobras, depois Barusco foi subornado como diretor de uma empresa, a Sete Brasil, constituída para a produção de sondas destinadas ao pré-sal. Os estaleiros Jurong e Keppel Fels, de Cingapura, lhe pagaram alto pela obtenção e pelo valor das respectivas contratações.

Para não ficar só nas empreiteiras do Brasil e em grupos asiáticos, uma subornadora europeia enfeita a lista: um dos mais recentes delatores premiados, João Antonio Bernardi, descreveu subornos milionários de dirigentes da Petrobras para a contratação da italiana Saipem.

Decorrido um ano da Juízo Final, Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi o mais noticiado dos dirigentes de empreiteiras brasileiras presos pela PF, com suas idas e vindas em torno da delação premiada. Dentre esses executivos, já há condenados a penas altas, como Sergio Mendes, da Mendes Júnior, com recente sentença de 19 anos. Em síntese, quem dentre eles não se dobrou à delação premiada, ou já está condenado, ou aguarda sentença em processo criminal por corrupção ativa, via suborno —e outras possíveis acusações em cada caso.

Nenhum dos dirigentes das empresas estrangeiras que pagaram suborno foi preso. Nem teve sua casa visitada pela PF para busca e apreensão de documentos. Nenhum está ou foi submetido a processo por suborno. Só os intermediários passaram por busca e apreensão. Como nos crimes de morte em que o matador e o intermediário são presos, mas o mandante não é incomodado. O Brasil conhece bem este tipo de critério.

As empreiteiras brasileiras acusadas de prática de suborno estão proibidas de firmar contrato com a Petrobras. O que tem implicações múltiplas também para a própria Petrobras.

As empresas estrangeiras Jurong, Keppel Fels, Saipem, Samsung e Mitsui não receberam visitas policiais para busca e apreensão nas filiais que todas têm no Brasil. Nem sofreram medida alguma por serem, como as brasileiras, acionadoras de corrupção e pagadoras de subornos. E continuam liberadas para fazer contratos com a Petrobras.

A diferenciação de tratamentos suscita inúmeras indagações, das quais a primeira pode ser esta: o objetivo da Lava Jato, e tudo o que a partir daí se irradia para o país todo, não era a corrupção, e só a corrupção?

Ah, sim, uma das cinco estrangeiras praticantes de corrupção, a Mitsui, ficou liberada para se tornar até sócia da Petrobras na Gaspetro. É o que acaba de fazer. 

Redação

39 Comentários

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  1. Enquanto isso o filho de Lula

    Enquanto isso o filho de Lula sem nenhum motivo aparente, sem nenhuma prova, apenas especulações de procuradores teve sua empresa invadida e documentos ilegalmente apreendidos. Esse é o nosso falcone a la brasileira fazendo (in) justiças.

    1. Sem motivo aparente?

      É só ir no Facebok que vc acha, a sede da fazenda dele, o jatinho dele, a Friboi, etc. E se vc for passear no Mato Grosso, TODO agropecuarista que conversar é vizinho de uma fazenda com 20 mil cabças de gado do filho do Lula.

      1. Boa

        Me aconteceu uma vez, de carro por MT, visitando uma mineradora, o motorista me comentou sobre uma enorme fazenda: “ela é do filho de Lula”….É impresionante esta lenda urbana e a forma como isso é repetido.

  2. Irresponsabilidade e crime de lesa pátria

    A ação dos procuradores, juiz e agentes da PF responsáveis por esta “operação” está produzindo danos irreparáveis na Petrobrás e em toda a cadeia produtiva nacional a ela relacionada, com graves prejuízos ao Brasil e aos brasileiros. Em minha opinião, deveriam ser responsabilizados criminalmente e civilmente, pois não há o que justifique eles forçarem deliberadamente o estrangulamento de atividade produtiva de empresas brasileiras e, pior, como mostra o texto do Jânio, beneficiando empresas estrangeiras. Querem prender corruptos, que os prendam, mas sem causar danos à cadeia produtiva nacional. Quem cometeu delitos foram pessoas, não empresas.

    1. Sem dúvidas.
      Alguem falou em cobrar multa dos partidos, mas maior razão temos para cobrar de que só atacou pessoas e empresas brasileiras, com enorme prejuizo ao país no caso das empresas, e nada de estrangeiros.
      Causaram um desastre no país.
      Nenhuma empresa ou pessoa estrageira: sinal da parcialidade e objetivos outros que não a corrupção. Desastre!

    2. Golpe Fascista

      Henrique

      O Jânio de Freitas fez uma pergiunta retórica apenas para evidenciar o óbvio.

      O objetivo da Lava Jato não é combater a corrupção.

      O suposto combate à corrupção é apenas uma estratégia.

      O objetivo é um golpe político contra o Estado Democrático de Direito. As provas são abundantes…

  3. Os mandantes não estão sendo

    Os mandantes não estão sendo incomodados porque essa operação Lava a Jato, por interesses escusos, precisa denegrir a imagem do PT, de Lula e Dilma, e, segundo li hoje, um dos procuradores já pensa em exigir dos diretórios dos partidos – PMDB, PT e PP – o dinheiro que os bandidos delatores dizem terem sido destinado a eles. O Domínio do Fato, tão importante para crucificar José Dirceu, não vale para os mandantes nesse episódio de caça ao PT.

  4. Como já afirmei várias vezes

    Como já afirmei várias vezes neste blog, combatger a corrupção NUNCA foi o objetivo da lava jato.

    Esta operação é formada por bandoleiros lesa pátria e muito bem orientados por forças externas.

  5. Mais um ótimo texto deste

    Mais um ótimo texto deste ótimo jornalista, talvez um dos poucos dignos que ainda restam na chamada mídia golpista. As indagações de Jânio de Freitas acerca da seletividade poderiam se estender a outros fatos. Não apenas as empresas estrangeiras foram privilegiadas e estão imunes aos arroubos da Operação Lesa-pátria. Na área política, por exemplo, assistimos ao vergonhoso e não denunciado pela mídia processo de blindagem dos caciques tucanos e afins. Vejam estes dois exemplos: a mesada de Furnas para Aécio, delatada por Youssef; e as sacolas de dinheiro que o ex-governador Anastasia teria recebido do ex-delegado Careca. Este, nunca ficou preso um dia sequer para evitar que fosse pressionado e mudasse de versão, como em seguida aconteceu. O caso de Furnas não foi sequer investigado. As pessoas citadas no caso, inclusive um empresário de SP, não tiveram suas casas invadidas, seu sigilo bancário e telefônico quebrado, como aconteceu, por exemplo, com Vacari, Zé Dirceu e seus familiares.

    Ora, se fazem algo contra Francisco, e não fazem o mesmo contra Chico, fica evidente que a operação é uma peça pensada para cumprir objetivos muito específicos. Um deles, enfraquecer a Petrobras para depois privatizá-la ao modelo FHC – ou seja, doação aos grupos de rapina. A partir daí, o pré-sal seria entregue na cauda desse processo. Segundo, impedir a reeleição de Dilma, ou derrubá-la, ou no mínimo desestabilizar seu governo. Em um ano de mandato, a Lava Jato, ou melhor, a Lesa-pátria foi a principal notícia diária, sempre informando aos brasileiros que a principal empresa do país e o governo que a administra estão infestados de corruptos e ladrões, com direito a vazamentos seletivos originados da pasta do ministro Cardozzzo. Terceiro, como o STF se tornou um órgão um pouco mais sério e imune aos costumeiros golpismos da Casa Grande, a Lesa-pátria, com selecionadíssimo grupo de policiais federais antipetistas, procuradores igualmente e um juiz premiado pela Globo, todos do Paraná, foram transformados pela mídia numa espécie de estado judicial-policialesco paralelo, com direito a quebrar as normas constitucionais vigentes e impor sua própria lei.

    Não é por acaso que o complô do Paraná mantém presos alguns personagens contra os quais só existem suspeitas, ainda não comprovadas, de envolvimento nas denúncias dos delatores. O direito à presunção de inocência e de aguardar uma possível condenação em liberdade foi abolido. Os vazamentos seletivos continuam acontecendo sem qualquer punição. E não houvesse uma ação corajosa e independente do ministro Teori, a Lesa-pátria já teria incluído todas as grandes obras e estatais e bancos do governo na mira das delações seletivas. Os tucanos continuariam impunes, já que são os representantes mais autorizados e subservientes da Casa Grande; o PT teria sua legenda cassada; a Petrobras teria sido privatizada /doada; e o menos importante já nessa altura do campeonato: Dilma entregaria o governo para Temer, realizando a profecia desse capataz dos senhores da Casa Grande, também conhecido como FHC, e que o tempo todo prega a renúncia de Dilma.

    Essa gente só vai descansar quando o Brasil voltar a ser colônia dos EUA e países ricos da Europa.

  6. “A América do Sul é um

    “A América do Sul é um subcontinente onde o reformismo é visto como expressão de uma esquerda com planos totalitários. E por que é assim? Porque a maioria da nossa direita é fascista. E por que é fascista? Porque nossa burguesia, em função da subalternidade às suas congêneres europeias e estadunidenses e de seu caráter patrimonialista, não conseguiu implementar uma agenda própria de desenvolvimento capitalista. O que lhe restou? Viver à sombra do imaginário escravocrata e perpetrar golpes contra qualquer política inclusiva.” Gilson Caroni Filho, no facebook

  7. Amenidades

    Lamento: Quando chegou à carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Marcelo Odebrecht fez uma reclamação que surpreendeu os agentes do centro de custódia.

    Pelo ralo: Logo que entrou em sua cela, o empreiteiro denunciado pela Lava Jato sob suspeita de corrupção se queixou de que a água da torneira não parava de pingar.

    Oi? Em seguida, disparou, para espanto geral de quem o acompanhava: “Isso é desperdício de dinheiro público”, disse Marcelo, conforme relatos registrados na ocasião.

  8. Relembrando uma piadinha

    “Quando perguntaram a Deus pq fez um país tão grande, tão cheio de recursos naturais, tanta beleza, em comparação com outros. E Deus respondeu: Mas vocês vão ver o povinho  que colocarei lá”.

    De muito mau  gosto, sei disso e tb a considero assim, mas foi o que me veio à cabeça, lendo o Jânio de Freitas. Desculpem, não resisti.

  9. Gang com lado bem definido

    A gang lesa-patria “jet wash” tem procurado depreciar e lesar empresas nacionais a começar pela  Petrobras , no Brasil e no exterrior. Mas poupa as estrangeiras de mesmas imputações. Explícita demonstração de parcialidade e que mais nos prejudica no ambiente internacional.

    1. Os sinos dobram por quem?

      Pois é…Catta Preta justificou a sua saída de cena ao “medo” de represálias dos “amigos” de EC. Voltar? Nao, nao é bem isso..

      ET – Cavalo passando selado já em 2013 – Lembra daquela “Sininho”?  Depois de prestar os seus serviços ao “Brasil” e àqueles que a contrataram, assim que o “objeto” se esgotou o sumiço veio logo em seguida. Missao cumprida. Era uma prévia dos movimentos que viriam e ganhariam forma com um objetivo muito bem delineado e calculado para ser executado cada qual ao seu tempo seguindo a lógica e a hierarquia de fatos que iam se apresentar. Há um “script”. 

       *ideologia e consciencia nao pagam as contas. 

    1. Para o coxinha, movido pela

      Para o coxinha, movido pela ignorancia e má-fé, manipulado pela imprensa golpista, nem desenhando.  A Petrobrás sempre foi o alvo. A historia é prova. Gteulio foi levado ao suicidio não pelo que fez de errado, mas pelo quefez de certo: Petrobrás, CLT, CSN, etc. O Brasil é o alvo. Quem perde? Os 99%, incluido nesse grupo o coxinha, ignorante e analfabeto.

  10. Janio certeiro como sempre…

    Pode ser muita teoria conspiratória, más vamos lá…Parece que Moro não quer que a Lava á Jato vire uma espécie de Mãos Limpas. Vaza basicamente contra governo e aliados poupando de um a certa forma oposição, logo para não desacreditar toda a população em relação a politica, sendo assim afastando, em tese, qualquer coisa(Bersluscones) da politica e também(tomara que não seja) as empreiteiras estrangeiras, como vai sobrar so elas mesmo, para não assustar elas em novos empreendimentos, que, infelizmente, haverá suborno, como é de praxe no mundo corporativo…

  11. Talvez o problema não seja a corrupção…

    e sim a Petrobras!

    Lembrando o Lira Neto em depoimento no Senado na ocasião em que a morte do Getúlio Vargas completava 60 anos.

    Dizia ele que Assis Chateubriand (a rede Globo da epóca) afirmou ao general Mozart, pai de Francisco Dornelles, que se Getúlio parasse de apoiar a Petrobras ele cessaria com os ataques ao governo pela imprensa.

    Simples assim.

  12. Falando nisso, tadim do Paulo Leproso Costa!…

    Anda reclamando, em sua confortável prisão condominio fechado domiciilar, que “virou leproso”!

    Se sente magoado por não reconhecerem seu heroísmo! Talvez se candidate à político para “limpar” este país…

    … de gente nojenta e baixa como ele!

    Com seu amébico caráter, não consegue perceber que já era leproso desde há muito.

    Agora é apenas um leproso premiado.

  13. SBM offshore

        Que eu saiba, existe um processo aberto pela CGU em 12/11/2014, contra a holandesa SBM, baseado no processo de acordo que esta empresa realizou com o ministério publico holandês, ao qual pagou multa de US$ 240 Milhões, não apenas por propinas no Brasil, mas tambem em paises africanos.

         Como está este processo da CGU X SBM ? Pois em 04/2015 a empresa estava tentando junto a CGU um “acordo de leniência”.

  14. Juiz (?) Moro, dois pesos,

    Juiz (?) Moro, dois pesos, duas medidas.

    Condena – ao depois – para justificar seus excessos? seus equívocos? Aproveita-se de um sistema processual defeituoso e não aceito nos países da europa comunitária origem de nossa legislação: a saber, juiz que investiga não julga!…

    Os valores foram encontrado nas contas dos delatores. Esses valores sairam das cias. empreiteiras. As obras foram (bem) executadas e entregues. A Petrobrás se tornou uma das mais importantes, promissoras e invejáveis cia. petrolífera do mundo.

    O juiz (?) Moro –  em longas, chatas, cansativas e escamoteadas narrativas, plena de citações acusatórias impactantes – descreve o padrão Petrobrás de contratação e o “modus operandi” dos agentes mas não dá espaço, não aponta, não especifica, não descreve um (real) prejuízo econômico da cia. ou superfaturamento dos serviços.

    Por exemplo, ipsis litteris:

    – AÇÃO PENAL No 5083838­59.2014.4.04.7000/PR – Alberto Youssef e Outros

    (…)

    II.6

    155. Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processos incidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato.

    156. Em grande síntese, na evolução das apurações, foram colhidas provas, em cognição sumária, de um grande esquema criminoso de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A ­ Petrobras cujo acionista majoritário e controlador é a União Federal.

    157. Em quase todo grande contrato da Petrobras com seus fornecedores, haveria pagamento de vantagem indevida aos dirigentes da Petrobrás calculada em bases percentuais.

    158. Parte da propina era ainda direcionada para agentes políticos e partidos políticos que davam sustentação à nomeação e manutenção no cargo dos dirigentes da Petrobras.

    159. O esquema criminoso foi inicialmente descoberto a partir de investigação do escritório de lavagem de Alberto Youssef e especificamente de operação de lavagem de dinheiro consumada em Londrina/PR.

    160. Na evolução das investigações, alguns dos dirigentes da Petrobrás passaram a colaborar com a Justiça, entre eles o Diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o gerente executivo de Engenharia e Serviços Pedro Barusco, revelando o esquema criminoso de uma forma mais ampla.

    161. Uma prova muito significativa de corroboração da descrição do esquema criminoso consiste na identificação de contas secretas com saldos milionários mantidos por agentes da Petrobrás no exterior e que teriam servido para receber propinas.

    162. Cerca de vinte e três milhões de dólares foram sequestrados em contas controladas por Paulo Roberto Costa na Suíça (processo 5040280­ 37.2014.404.7000). Após o acordo de colaboração, os valores estão sendo sendo repatriados perante o Supremo Tribunal Federal.

    163. Pedro José Barusco Filho, no âmbito do acordo de colaboração, admitiu ter recebido como propina cerca de 97 milhões de dólares em contas secretas na Suíça. Renunciou a qualquer direito a esses valores e comprometeu­se a devolvê­ los. Destes valores, cerca de 157 milhões de reais já foram depositados em conta judicial, vindo de operações de câmbio da Suíça, e repassados de volta à Petrobrás (processo 5075916­64.2014.404.7000).

    164. Cerca de vinte milhões de euros foram, por sua vez, bloqueados em contas secretas mantidas por Renato Duque, Diretor de Engenharia da Petrobrás, no Principado de Monaco (5012012­36.2015.4.04.7000).

    165. Jorge Luiz Zelada, que sucedeu Nestor Cerveró no comando da Diretoria da Área Internacional, insere­se nesse contexto, tendo sido descobertas duas contas secretas de sua titularidade mantidas no Principado de Monaco, uma delas com saldo sequestrado de 10.294.460,10 euros (processo 5004367­ 57.2015.4.04.7000).

    166. A presente ação penal tem por objeto uma fração desses crimes do esquema criminoso da Petrobras.

     (…)

    – AÇÃO PENAL No 5012331­04.2015.4.04.7000/PR – João Vaccari Neto e Outros

    II.10

    165. Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processos incidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato.

    166. A investigação, com origem nos inquéritos 2009.7000003250­0 e 2006.7000018662­8, iniciou­-se com a apuração de crime de lavagem consumado em Londrina/PR, sujeito, portanto, à jurisdição desta Vara, tendo o fato originado a ação penal 5047229­77.2014.404.7000 recentemente julgada.

    167. Em grande síntese, na evolução das apurações, foram colhidas provas de um grande esquema criminoso de cartel, fraude, corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A ­ Petrobras cujo acionista majoritário e controlador é a União Federal.

    168. Grandes empreiteiras do Brasil, entre elas a Setal Oleo e Gas S/A (SOG), Mendes Junior Trading e Engenharia S/A, a MPE Montagens e Projetos Especiais S/A e a OAS, formaram um cartel, através do qual teriam sistematicamente frustrado as licitações da Petrobras para a contratação de grandes obras.

    169. Em síntese, as empresas, em reuniões prévias às licitações, definiram, por ajuste, a empresa vencedora dos certames relativos aos maiores contratos. Às demais cabia dar cobertura à vencedora previamente definida, deixando de apresentar proposta na licitação ou apresentando deliberadamente proposta com valor superior aquela da empresa definida como vencedora.

    170. O ajuste propiciava que a empresa definida como vencedora apresentasse proposta de preço sem concorrência real.

    171. Esclareça­se que a Petrobrás tem como padrão admitir a contratação por preço no máximo 20% superior a sua estimativa e no mínimo 15% inferior a ela. Acima de 20% o preço é considerado excessivo, abaixo de 15% a proposta é considerada inexequível. Esses parâmetros de contratação foram descritos cumpridamente em Juízo por várias testemunhas, constanto ainda em documentos oficiais da Petrobrás, além de não serem controversos.

    172. O ajuste prévio entre as empreiteiras propiciava a apresentação de proposta, sem concorrência real, de preço próximo ao limite aceitável pela Petrobrás, frustrando o propósito da licitação de, através de concorrência, obter o menor preço.

    173. Além disso, as empresas componentes do cartel, pagariam sistematicamente propinas a dirigentes da empresa estatal calculadas em percentual, de um a três por cento em média, sobre os grandes contrato obtidos e seus aditivos.

    174. A prática, de tão comum e sistematizada, foi descrita por alguns dos envolvidos como constituindo a “regra do jogo”, como, por exemplo, o acusado colaborador Júlio Gerin de Almeida Camargo que teria trabalhado como operador do pagamento de propinas em certas obras, inclusive na da Refinaria Presidente Getúlio Vargas ­ REPAR, que é objeto desta ação penal: (…)

    [SUPERFATURAMENTO ????]

    277. Não é necessário aqui especular se, além disso, houve ou não superfaturamento das obras. A configuração jurídica dos crimes referidos, do art. 4o, I, da Lei no 8.137/1990 e do art. 90 da Lei no 8.666/1993, não exige que se prove superfaturamento.

    278. Em imputação de crimes de lavagem, tendo por antecedentes os crimes do art. 4o, I, da Lei no 8.137/1990 e do art. 90 da Lei no 8.666/1993, de todo impertinente averiguar se houve ou não superfaturamento dos contratos.

    279. Não há nenhuma prova de que as estimativas de preço da Petrobrás estivessem equivocadas.

    280. Apesar disso, como as empreiteiras impediram, mediante crime, a concorrência real, nunca será possível saber os preços de mercado das obras na época.

    281. É certo, porém, que a Petrobrás estimou as obras em valor bastante inferior ao das propostas vencedoras, em uma delas até 17% a menos, o que é bastante significativo em contratos de bilhões de reais [obs., ou seja dentro do padrão de até 20%]

     

  15. Como sempre digo: Jânio de

    Como sempre digo: Jânio de Freitas é o cara. Nenhum outro jornalista brasileiro consegue ser tão sintético, arguto e certeiro na crítica e análise política. O que Jânio demonstra neste artigo joga por terra todas as alegações dos policiais federais, dos procuradores do MP e dos juízes federais responsáveis por julgar processos decorrentes das operações cujo fim alegado é o de combate à corrupção, mas que na prática se prestam à perseguição política, criminalização e aniquilação da esquerda, inviabilização dos grandes projetos ligados à soberania nacional. 

    Se alguns jornalistas dignos desse nome (como Marcelo Auler e Luís Nassif) ainda tinham ilusões quanto à lava jato e outras operações da PF que teòricamente tinham, tiveram ou têm o propósito de combater esquemas de corrupção envolvendo empresas estatais e pessoas que ocupam cargos públicos, este artigo é a pá de cal nessas ilusões.

    Este artigo deve ser lido em paralelo com o último escrito por Mauro Santayana, cujo título é “Brasil-EUA: A submissão, a “cooperação” e a soberania”, o qual pode ser lido no blog tijolaço; o link é este: http://tijolaco.com.br/blog/yes-nos-temos-bananas-brasileiros-que-nos-dao-e-nos-vendem-aos-eua/

  16. Mitsui e GasPetro

       Jabuticaba.

       A empresa que adquiriu 49% da Gaspetro, foi a “brasileira” ( de acordo com nossa legislação, meio baiana e carioca ), Mitsui Gás e Energia do Brasil Ltda, a qual não tem – de acordo com nossa legislação – nada a ver com o Consórcio composto pela Mitsui Heavy Industries – Kawasaki Heavy Industries – Samsung Heavy Industries, envolvidas com nossas empreiteiras nos rolos da “car wash “.

        Portanto os “cruzados” da Republica Juridica Passional de Curitiba, não podem reverter esta descisão, sequer processar esta brasileilérrima empresa.

         Claro que o financiamento da aquisição é oriundo da holding , mas promotores não ligam para este piccolo detalhe.

  17. Depois da desmoralização do
    Depois da desmoralização do moralismo militar, começou o moralismo dos Procuradores e Juizes que foram estudantes “primorosos” em USA. E muita gente da esquerda bancou o bobinho, levantando a bola dessa gente.
    E nossa Presidenta JENIAL, com essa inutilidade no MJ, continua fazendo isso.
    Depois de Joaquim Barbosa e Gilmar, eu aprendi algo que nunca esquecerei: Juiz e Procurador, para ter credibilidade, tem que ter uma biografia muito bem conhecida. Se não entendermos a armadilha que nos foi preparada desde o Governo FHC, dentro dessas instituições, vamos ajudar a levantar a bola dos novos agentes dos interesses externos
    Os interesses dos meios de comunicação sempre foram conhecidos por todos. Convém ser observador com os que estão dentro do estado para dinamitá-lo.

  18. Catargo

    Isto já aconteceu milhares de vezes na história. O Império esmaga e asfixia o sucesso de suas colonias. Aconteceu em Catargo, quando foi esmagada por Roma. Hoje Catargo é um local miserável, milhares de anos depois, ainda não se recuperou. Roma chegou a salgar o solo de catargo, para que nada mais nascesse lá.

    Hoje o Império são os EUA. A colonia é o Brasil. a única diferença entre Catargo e o Brasil, é que aqui o PT com seu republicanismo, facilitou as coisas para seus algozes.

     

  19. Se não fosse drástico …

    Seria interessante esse despudor tupiniquin(m?).

    Os inventores dessas palermadas são tão fora de órbita que eles colocam essas aberrações no jornal e no outro dia perguntam … Viu o que saiu no jornal hoje? Como? Foram eles mesmos que colocaram na mídia.

    Sai no JN uma mentira do Goebells e eles dão a informação como se saísse no PRAVDA/GRANMA/EL PAÍS/ETC.

    É surrealismo demais…

  20. Lição de casa

    Lição de casa: não faça qualquer negócio com governos do PT em nenhuma esfera pública (municipal, estadual ou federal) e, se for imperativo fazê-lo, associe-se a uma honesta empresa estrangeira. Os contratos de empresas nacionais ou estrangeiras com governos do PSDB estão livres de qualquer suspeita. Assim falou o Ministro Extraordinário dos Assuntos Republicanos do Brasil. 

  21. Qual foi, ou quais foram, efetivamente os ganhos do país com a Lava a Jato?
    Qual o sinal da resultante da soma algébrica de bônus + ônus, ou, custos + benefícios, ou lucros + prejuízos?
    Quanto a Petrobras EFETIVAMENTE perdeu? Sim, porque uma coisa é perder, outra é deixar de ganhar.
    Quantos foram as perdas reais do ERÁRIO? Sim, porque a Petrobras é uma empresa de economia mista, ou seja, de capital público e privado. O que não implica afirmar que as perdas do entes privados também não seja crime. Apenas não escamotear com o fito de politizar o esquema de corrupção que “tirou o leite das criancinhas”, numa abjeta apreciação demagógica e irreal.
    O Caso Petrobras, por mais que queiram colocá-lo no panteão dos escândalos de corrupção do país, foi apenas mais um. Sua gênese foi a mesma dos demais: as históricas relações promíscuas entre o Estado e o Capital. O diferencial foi apenas a extremada exploração política-ideológica.

  22. Ora, se tais empresas realmente pagaram e continuam livres, leves, soltas e podendo contratar com Petrobras, claro está que elas continuam pagando e alguém está recebendo. É bom lembrar que está amplamente divulgado pelo The Intercep que a tchurma da Farsa-Jato é muito chegada a uma mufunfa! rsrsrsrs

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